segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Estudos do IEAv em propulsão a laser

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IEAv dá um grande passo rumo aos estudos da propulsão a laser

29/12/2008

No dia 22 de dezembro, os cientistas e engenheiros do Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) deram um grande passo rumo aos estudos do conceito da propulsão a laser: produziram um feixe de luz laser na região do infravermelho de aproximadamente 1 gigawatt (potência equivalente a dez milhões de lâmpadas incandescentes) e o guiaram de modo seguro para o interior da câmara de ensaios do maior túnel de vento hipersônico da América Latina, conhecido como T3.

A foto (abaixo) mostra o momento em que o feixe de luz laser é enviado para o interior da câmara de ensaios do T3, onde um alvo, material térmico utilizado para evidenciar a presença deste tipo de luz laser invisível ao olho humano, é literalmente queimado.

O próximo passo é sincronizar o feixe de luz laser e o escoamento hipersônico oferecido pelo T3, de maneira que o vôo hipersônico de um veículo lançador leve, propulsionado a laser, possa ser pela primeira vez duplicado em laboratório.

Estes experimentos visam avançar o entendimento básico e tecnológico desse conceito avançado de propulsão aeroespacial.


Fonte: IEAv
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Amazônia, R-99B e satélites radares

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Semana passada, foi colocado no web-site de T&D uma pequena reportagem que escrevi sobre o Projeto Cartografia da Amazônia (para lê-la, clique aqui), iniciativa coordenada pelo SIPAM com o objetivo de eliminar os chamados "vazios cartográficos" da região amazônica.

A matéria não trata diretamente de projetos espaciais, mas enquanto eu a preparava, num telefonema para a coleta de informações, um funcionário do SIPAM comentou comigo o bem-sucedido trabalho da Força Aérea Brasileira (FAB) na checagem de dados sobre o desmatamento em 36 municípios amazônicos. Estes municípios foram, segundo os dados gerados pelo sistema PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsáveis por mais de 50% do desmatamento da região em um dado período, o que causou no meio deste ano uma polêmica entre o INPE e o governo do Mato Grosso, que contestava tais dados.

Diante da polêmica, a FAB foi chamada a ajudar. Usou para tanto os aviões R-99B, fabricados pela Embraer e dotados de vários sensores, inclusive um radar de abertura sintética (SAR), que "penetra" as nuvens, produzido pela canadense MDA (fabricante dos satélites Radarsat). Os sobrevôos para a checagem das áreas exigiram vários dias e custaram ao todo mais de US$ 1 milhão. Um satélite radar faria este trabalho em menor tempo e por uma fração deste valor.

No melhor cenário, sem problemas técnicos, orçamentários (e de licitações!), o primeiro satélite brasileiro com sensor SAR, o MAPSAR, só estará em órbita em 2014. Até lá, o INPE e os outros órgãos responsáveis por observar o desmatamento amazônico deverão confiar em satélites estrangeiros (o PRODES e o DETER ainda não contam com imagens produzidas por radares orbitais) e, em escala mais limitada, nos aviões da FAB.
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sábado, 27 de dezembro de 2008

Arianespace lançará satélite chileno

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Arianespace lançará satélite de observação SSOT para o Chile

Evry, França, 20 de dezembro de 2008 - A EADS Astrium escolheu a Arianespace para lançar o satélite de observação terrestre SSOT (Sistema Satelital para Observación de la Tierra) para o governo do Chile.

O SSOT é um satélite de observação terrestre de alta-resolução. O satélite será lançado em órbita heliosíncrona por um foguete Soyuz a partir do Centro Espacial de Guiana, na Guiana Francesa.

Previsto para ser lançado durante a segunda metade de 2010, o SSOT será construído pela Astrium tendo por base a plataforma Myriade, dentro do escopo de um contrato conferido à empresa pelo governo do Chile. (nota do blog: para mais informações sobre o satélite chileno, vejam a postagem "Sistema satelital para Observación de la Tierra")

O SSOT proverá o Chile com imagens de mais alta-qualidade para aplicações tantos civis como militares, como mapeamento, agricultura, gerenciamento de recursos naturais, de desastres naturais e riscos, etc.

Sobre a Arianespace

A Arianespace é uma companhia líder em serviços e soluções de lançamento, entregando serviços inovadores e soluções para seus clientes desde 1980. Apoiada por seus 23 acionistas e pela Agência Espacial Européia, a Arianespace oferece uma família de lançadores formada pelo Ariane 5, Soyuz e Vega, e conta com uma equipe de trabalho internacional renomada por sua cultura de comprometimento e excelência. Até 15 de dezembro de 2008, a Arianespace havia lançado um total de 263 cargas úteis, incluindo mais da metade de todos os satélites comerciais hoje em serviço no mundo. A companhia tem uma carteira de lançamentos de 25 Ariane 5 e 10 Soyuz, equivalente a mais de três anos de serviço.

Fonte: Arianespace, com tradução livre do blog Panorama Espacial.
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Pravda e o VLS

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Pouco antes do Natal, no último dia 23, o jornal russo Pravda Ru publicou uma reportagem cheia de imprecisões sobre um suposto lançamento do foguete brasileiro VLS-1 em 20 de outubro deste ano.

Analisando-se as informações dadas na matéria, fica claro que o autor confundiu o teste do propulsor S 43 do VLS-1 (vejam a nota "Ensaio de motor do VLS é bem-sucedido"), realizado em 20 de outubro, com a execução de um lançamento.

Com todo respeito ao Pravda e ao autor, quem quiser se divertir lendo a reportagem, que não deve ser levada a sério, clique sobre o título "A mídia não noticiou".
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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Satélite Geoestacionário Brasileiro e Parcerias Público Privadas

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Planejamento viabiliza PPP para satélite nacional

Brasília, 22/12/2008 - Os Ministérios do Planejamento e da Ciência e Tecnologia assinaram termo de cooperação para contratar os estudos de modelagem do satélite geoestacionário brasileiro, sob a forma de parceria público-privada.

No Planejamento os trabalhos ficarão a cargo da Assessoria Econômica, órgão do Ministério responsável pelo desenvolvimento de PPPs no governo federal. No Ministério da Ciência e Tecnologia, o projeto será desenvolvido pela Agência Espacial Brasileira.

O objetivo do satélite é o fornecimento de serviços de telecomunicações seguras e de informações sobre meteorologia e controle de tráfego aéreo. De acordo com o projeto o satélite deverá ser desenvolvido com alto índice de participação da indústria nacional.

Os estudos para o desenvolvimento do projeto de parceria envolvem, além de uma análise do marco regulatório do setor, a apresentação de soluções para eventuais ajustes que necessitem ser feitos no Brasil.

Outro item importante nos estudos de modelagem da PPP consiste nas alternativas de financiamento que garantam a atratividade e a viabilidade do projeto num horizonte mínimo de quinze anos.

De acordo com a Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, os estudos serão viabilizados com recursos do Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), fruto de uma parceria com o Ministério do Planejamento onde cada um entra com 50% dos recursos necessários.

A modelagem de um projeto envolve a parte técnica (estudos de demanda, engenharia, ambientais, etc.), a parte econômico-financeira (a financiabilidade do projeto, considerando os seus custos, juros, prazo, tarifas a serem cobradas, impostos, modelo de negócio, etc) e a parte jurídica (edital e contratos).

Fonte: Ministério do Planejamento.

Comentário: a idéia de viabilizar o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro com Parcerias Público Privadas (Lei n. 11.079/04) já era "vendida" há alguns anos na Agência Espacial Brasileira (AEB) por um grande produtor mundial de satélites. Na Europa, esta modelagem financeira tem se tornado comum em projetos governamentais de satélites de telecomunicações e de sensoriamento remoto.
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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cooperação espacial na Parceria Estratégica Brasil - França

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Reproduzimos abaixo o item que trata sobre cooperação na área espacial, do documento "Parceria Estratégica entre a República Federativa do Brasil e a República Francesa", firmado hoje (23), no Rio de Janeiro (RJ).

Os pontos principais em termos de cooperação na área de espaço já haviam sido adiantados pelo blog no último final de semana (ver a nota "Acordos Brasil - França: o que esperar").

"IV – Cooperação na área espacial

O Brasil e a França decidem intensificar a cooperação no domínio da utilização pacífica do espaço e sublinham sua intenção de valorizar ainda mais a contribuição das tecnologias espaciais na área da agricultura, do desenvolvimento sustentável, do estudo dos fenômenos climáticos, do combate à mudança do clima, da prevenção de catástrofes naturais e da conservação do meio ambiente.

Nesse contexto, o Brasil e a França decidem lançar novos projetos de cooperação que permitam estreitar os laços entre as instituições espaciais de ambos os países e valorizar as tecnologias utilizadas no quadro desta cooperação, referindo-se especialmente aos quatro acordos assinados nesta data e destinados a:

- Desenvolver e fortalecer a cooperação entre as instituições nacionais de pesquisa científica nas tecnologias espaciais e suas aplicações industriais;

- Aprofundar a cooperação em matéria de sistemas satelitais geoestacionários de telecomunicações, de navegação e de meteorologia no quadro do projeto de desenvolvimento do satélite geoestacionário brasileiro (SGB);

- Iniciar estudo, essencial à compreensão e à modelagem da mudança do clima do planeta, no domínio do clima e da observação do ciclo da água por meio de satélites, no quadro do projeto de mensuração global das precipitações - GPM ("Global Precipitation Measurement");

- Iniciar cooperação no quadro das tecnologias dos sistemas orbitais aplicadas ao desenvolvimento da nova "plataforma multi-missão" brasileira, concebida para adaptar-se a diferentes aplicações científicas e a diferentes órbitas baixas."

A cooperação quanto ao SGB promete uma interessante "briga" comercial com resultados interessantes. Pode até dar "casamento".

Para ler todos os instrumentos assinados hoje pelos governos do Brasil e da França, clique aqui.
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Cooperação Brasil-França

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Firmado acordo com instituto francês

23/12/2008

Por ocasião da visita do presidente francês Nicolas Sarkozy ao Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Institut de Recherche por le Développement (IRD) firmam Memorando de Entendimento para ampliar e aprimorar a cooperação mútua em áreas específicas da ciência, tecnologia e inovação espaciais.

Gilberto Câmara e Michel Laurent, respectivamente diretores do INPE e do IRD, participam da solenidade em que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy assinam acordos bilaterais nesta terça-feira (23/12) no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

Em breve, através de suas estações de sensoriamento remoto instaladas em Cuiabá e Cayenne, na Guiana Francesa, INPE e IRD irão disponibilizar imagens dos satélites CBERS, SPOT e ENVISAT para o desenvolvimento de pesquisas na área de monitoramento de florestas tropicais.

O Memorando

O memorando de entendimento firmado entre o INPE e o IRD pretende promover o acesso livre a dados de satélites; ampliar o conhecimento científico e a capacitação com o intercâmbio de estudantes, pesquisadores e técnicos; e cooperar, no interesse comum, para compreender e solucionar problemas sobre o uso do sensoriamento remoto para o desenvolvimento sustentável e pacífico.

Também é objetivo aprofundar a compreensão mútua de questões científicas, econômicas e sociais nas seguintes áreas: impacto da degradação do meio ambiente na epidemiologia; monitoramento e avaliação das mudanças de cobertura terrestre; gerenciamento de recursos naturais e diversidade biológica; modelagem e monitoramento hidrológico; planejamento urbano; adaptação da sociedade às mudanças climáticas; gerenciamento integrado da zona costeira; gerenciamento sustentável das florestas; construção de bancos de dados para apoio a convenções internacionais sobre meio ambiente; e impacto das atividades humanas sobre o clima.

Para isso, os institutos brasileiro e francês devem promover a compatibilidade nos processos de coleta, análise, arquivamento e disseminação de informações ambientais, para que os dados possam ser facilmente acessados, analisados e integrados.

Sobre o Institut de Recherche por le Développement, acesse http://www.ird.fr/

Fonte: INPE
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Subvenção Econômica da FINEP em 2009

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A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública ligada ao Ministério da Defesa já liberou o edital para subvenção econômica (recursos não reembolsáveis) de projetos inovadores em 2009. Para acessá-lo, clique aqui.

Serão disponibilizados R$ 450 milhões para o desenvolvimento de produtos, processos e serviços em seis áreas estratégicas, as mesmas do edital passado, a saber: Tecnologias da Informação e Comunicação; Biotecnologia; Saúde; Defesa Nacional e Segurança Pública; Energia e Desenvolvimento Social.

Para a área de Defesa Nacional e Segurança Pública serão destinados R$ 80 milhões, para projetos nos seguintes temas:

- Desenvolvimento de armas não letais; desenvolvimento de sistemas estratégicos de informação, armas, e inteligência de máquina e robótica; desenvolvimento de sistemas de posicionamento, navegação, controle, guiamento e propulsão (incluindo artefatos espaciais).

- Desenvolvimento de tecnologia de materiais emissores de elétrons, de materiais de alta densidade energética e de processos industriais para fabricação de propelentes sólidos, peças e sistemas estruturais utilizando materiais compostos, fibras de carbono, semicompósitos e cerâmicas, e de materiais para blindagem.

- Desenvolvimento de tecnologias e artefatos de emissão e detecção de ondas eletromagnéticas; monitoramento, controle, interceptação e bloqueio decomunicações, imagens e sinais.

Como se vê, iniciativas em tecnologia espacial estão mais uma vez presentes no edital da FINEP, particularmente em sistemas de navegação, guiagem e controle de artefatos espaciais (foguetes e satélites), críticos para o desenvolvimento de tecnologia espacial.

Cada proposta de projeto deve ter o valor mínimo de R$ 500 mil, para micro e pequenas empresas, e de R$ 1 milhão para média e grande empresa, até o máximo de R$ 10 milhões, com prazo de execução de 36 meses. As empresas devem ainda dar uma contrapartida, que varia entre 5% e 20% do valor do projeto em empresas menores, e entre 100% e 200% para empresas de médio e grande porte.
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Código de Conduta para Atividades Espaciais

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Por que apoiar o código europeu de conduta no espaço?

José Monserrat Filho

A União Européia lançou um projeto de Código de Conduta para Atividades Espaciais e convidou os países envolvidos com programas espaciais, inclusive o Brasil, para debatê-lo. A meta declarada é fortalecer a segurança dessas atividades contra atos de guerra e dejetos espaciais.

De fato, há em curso hoje nova corrida armamentista no espaço, provocada sobretudo pela decisão norte-americana de instalar armas em órbitas da Terra. Se isso ocorrer, o espaço se tornará teatro de guerra, como já são, há muito tempo, a terra, os mares e o espaço aéreo. Até hoje não houve por lá nenhuma ação bélica. Mas poderá haver, se a colocação de armas for admitida.

O mais provável é que um conflito espacial, uma vez iniciado, seja incontrolável. E cause um “apagão” na Terra, destruindo ou danificando satélites que nos prestam serviços essenciais de comunicação, previsão do tempo e estudos climáticos, observação das riquezas naturais, monitoramento das florestas, dos mares e dos recursos hídricos, e por aí vai.

Não por acaso, a Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, em 2 de dezembro, uma resolução que propõe medidas de transparência e fomento à confiança nas atividades espaciais para impedir que o pior aconteça. Nada menos de 180 países apoiaram a resolução que, embora não obrigatória, revela a clara preferência do mundo. Só os Estados Unidos votaram contra. Israel se absteve. A posição norte-americana, diga-se de passagem, é coerente com a que tem sido exposta na Conferência sobre Desarmamento, onde não dá chance à discussão do projeto apresentado pela Rússia e China, em fevereiro deste ano, para vetar a instalação de armas no espaço, bem como o uso e ameaça de uso da força contra objetos espaciais.

Há, portanto, um perigo à vista. Que se agrava ante a notícia de que os programas espaciais governamentais despenderam em 2008 mais de 62 bilhões de dólares, cifra que poderá chegar a 70 bilhões em 2012, apesar da crise. Espera-se, também, o aumento de 8% no lançamento de satélites nos próximos dez anos em relação à última década. É o que a Euroconsult, conceituada empresa de pesquisas sobre o mercado espacial, anunciou em 19 de dezembro. Assim, cuidar da segurança espacial significa garantir altos negócios, algo que a política espacial do agora quase ex-presidente Bush subestimou ao extremo nos últimos oito anos.

O código proposto pela Europa poderia ter vindo mais cedo, mas ainda chega em boa hora. Ele não se opõe abertamente à instalação de armas no espaço, como seria o ideal, pois tenta-se garantir o apoio dos Estados Unidos. Mas, em compensação, valoriza “as iniciativas dirigidas a promover a segurança, as garantias e a paz no espaço exterior, por meio da cooperação internacional” e reitera “o compromisso de solucionar por meios pacíficos qualquer conflito em torno de ações espaciais”.

Além disso, defende o livre acesso ao espaço para fins pacíficos; o total respeito à segurança e à integridade dos objetos espaciais em órbita; a responsabilidade dos países de promover a exploração pacífica do espaço, e de adotar “todas as medidas adequadas para impedir que o espaço torne-se área de conflito”; e o direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva, segundo a Carta das Nações Unidas (Art. 51), o que proíbe os ataques preventivos.

Tais princípios se chocam com a “Política Nacional Espacial” do governo Bush, de 31 de agosto de 2006, sobretudo quando ela reza que “os Estados Unidos preservarão seus direitos, capacidades e liberdade de ação no espaço; de dissuadir ou deter outros voltados a impedir estes direitos ou desenvolver capacidades dirigidas a alcançar este objetivo; de adotar as ações necessárias para proteger suas capacidades espaciais; de responder a interferências; e de negar, se necessário, aos adversários o uso de capacidades espaciais hostis aos interesses nacionais dos Estados Unidos”.

Esta política veio reforçar a conduta unilateral do governo Bush, que se atribuiu o direito de definir por si próprio contra quem e como agir no espaço. O código, por sua vez, visa fortalecer um estado de direito no espaço, centrado em atividades pacíficas – admitindo ações militares, desde que defensivas, não guerreiras – com normas e critérios a serem respeitadas igualmente por todos os países. Isto é difícil de executar na prática, mas é imprescindível. A expectativa, com certeza, é de que o novo presidente dos EUA, Barack Obama, mude a conduta do país inclusive nesta área.

Creio que o Brasil deve apoiar o código, sob a condição de que ele passe a reconhecer também, não só os Princípios do Sensoriamento Remoto – inexplicavelmente omitido –, como o Acordo da Lua, de 1979, um dos cinco grandes tratados da ONU considerados a base da legislação espacial em vigor. Os Estados Unidos têm todo o direito de não assinar e até de criticar o Acordo da Lua. Mas não se pode negar que se trata de um instrumento em vigor, que tem sua vigência reconhecida pela ONU. Afinal, a Assembléia Geral da ONU, ao apelar aos países para firmarem e ratificarem os acordos em vigor que regulam o espaço e as atividades ali exercidas, faz questão de citar o Acordo da Lua.

Este texto, aliás, ainda que firmado por quatro países e ratificado por 13 países – um apoio realmente pouco significativo –, configura a única experiência da ONU sobre como ordenar a exploração e uso das riquezas lunares, e será muito útil na hora, cada vez mais próxima, de enfrentar a tarefa de organizar a volta da humanidade à Lua, desta vez para ficar.

Outra questão polêmica no código é que não está previsto o seu exame pelo Comitê da ONU para o Uso Pacífico do Espaço (Copuos) e pelo Subcomitê Jurídico. É difícil imaginar que se possa assinar um documento de tanta relevância que não reforçe nem prestigie de algum modo o papel do Copuos na formação e preservação da legalidade espacial.

Criado em 1959 e responsável por todos os tratados e declarações criados até hoje para reger a era espacial, o Copuos não pode nem merece ser marginalizado, sob pena de cometermos uma injustiça histórica e debilitarmos uma instituição multilateral fundamental como a ONU, em temas vitais para a consolidação da paz, da segurança e da democracia no mundo.

Seja como for, o projeto europeu cria excelente oportunidade para se abordar de modo amplo e profundo o que os franceses estão chamando, com muita perspicácia, de sustentabilidade das atividades espaciais. É isto, precisamente, o que está em jogo: como manter o céu limpo e seguro por um período de tempo a perder de vista, sem ameaças e atropelos, e com as maiores garantias possíveis, para que o espaço possa prestar a todos os povos da Terra os incontáveis e indispensáveis benefícios que só ele é capaz de oferecer?

José Monserrat Filho é Professor de Direito Espacial, diretor do Instituto Internacional de Direito Espacial e, atualmente, Chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Fonte: JC E-mail
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sábado, 20 de dezembro de 2008

Acordos Brasil - França: o que esperar

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Na próxima segunda-feira (22), chegará ao Brasil uma comitiva do governo francês liderada por seu presidente, Nicolas Sarkozy. Diversos acordos de cooperação serão assinados nas mais variadas áreas, como Defesa, Meio Ambiente, Educação, e Ciência e Tecnologia.

Haverá alguns acordos na área espacial. O blog apurou junto a um diretor da Agência Espacial Brasileira (AEB) que o acordo com o governo de Paris envolverá projetos como o do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), a Plataforma Multimissão (PMM), e o satélite GPM (Global Precipitation Measurement).

O acordo sobre a PMM envolve o desenvolvimento da plataforma, desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em conjunto com diversas indústrias nacionais, e não cargas-úteis para algumas das missões orbitais, como a do Amazônia 1 e MAPSAR (sensoriamento remoto).

Em relação ao GPM, uma missão meteorológica, o acordo prevê a possibilidade do desenvolvimento conjunto entre os dois países de cargas-úteis.
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Desmatamento na Amazônia

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apresentou hoje (19) um novo sistema de mapeamento de áreas degradadas na Amazônia, em complemento aos já conhecidos PRODES (Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite) e DETER (Detecção de Desmatamento em Tempo Real). O sistema é chamado de DEGRAD e foi desenvolvido para mapear anualmente, e em detalhe, as áreas em processo de desmatamento não computadas pelo PRODES. O DEGRAD identifica áreas de degradação na floresta amazônica com base em imagens produzidas pelos satélites Landsat (EUA) e CBERS (China/Brasil). Para mais informações, leiam a notícia "Novo sistema do INPE mapeia áreas degradadas na Amazônia", disponível no web-site do INPE.

Possível corte no orçamento

No mesmo dia em que é anunciado um novo sistema para o monitoramento da Amazônia, foi publicada no jornal O Globo uma reportagem preocupante, intitulada "Cortes no Orçamento de 2009 afetam combate ao desmatamento, dizem ministros". Segundo a matéria do jornal carioca, citando os ministros da Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente, cerca de R$ 1 bilhão e R$ 400 milhões das verbas de suas respectivas pastas foram cortadas do relatório-geral do Orçamento de 2009, em análise pelo Congresso Nacional.

"O ministro de Ciência e Tecnologia afirmou que os cortes vão prejudicar o desmatamento porque atingem a verba dos satélites que monitoram as áreas degradadas", informa a reportagem.
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Convênio da EADS/USP para estágios na Europa

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Ao ler a nota da Agência Espacial Brasileira sobre bolsas de estudos para a área espacial, lembrei-me de notícia circulada há alguns dias sobre um interessante convênio firmado entre a EADS e a unidade da Universidade de São Paulo (USP) de de São Carlos (SP) (ver a notícia abaixo, extraída do web-site de T&D).

A EADS é um dos maiores conglomerados aeroespaciais e de defesa do mundo, tendo vários negócios no setor espacial, como a sua divisão Astrium (satélites), participação na Arianespace, Spot Image, entre outros negócios. Talvez o convênio com a USP envolva estágios de uspianos são carlenses em unidades espaciais do grupo na Europa, contribuindo assim para a possível formação de mão-de-obra brasileira especializada na área.

EADS e USP firmam convênio para estágios na Europa

Sex, 12 de Dezembro de 2008 00:00

A EADS (European Aeronautic Defence and Space Company) firmará convênio com a Universidade de São Paulo nesta sexta-feira, dia 12, para a realização de estágios de estudantes do curso de Engenharia Aeronáutica da USP de São Carlos nas instalações do Grupo na Europa. A solenidade de assinatura do convênio será realizada às 14h15, no anfiteatro Jorge Caron da Escola de Engenharia - Campus I da USP.

Segundo o diretor geral da EADS Brasil, o convênio é resultado da visita ao Brasil, em outubro, do vice-presidente de Gestão de Executivos e Talentos da EADS, Thorsten Möllmann, que veio conferir a qualidade da capacitação de técnicos de nível superior no Brasil. "Até o ano de 2020, a EADS tem planos para transferir 40% das compras e 20% de sua mão-de-obra para países fora da Europa, entre os quais o Brasil", afirma Eduardo Marson Ferreira. "Para operar o processo de expansão da EADS no Brasil, é fundamental a preparação de mão-de-obra qualificada, e a qualidade da capacitação de técnicos de nível superior oferecida pela USP de São Carlos foi reconhecida pelo Grupo", diz o executivo.

Para Marson Ferreira, uma das características marcantes do setor aeroespacial em todo o mundo é o intenso relacionamento entre os setores acadêmico e industrial, a partir de parcerias voltadas para a pesquisa científica e tecnológica. "No Brasil não é diferente", afirma. "Por isso a EADS decidiu firmar esse convênio que vai qualificar jovens universitários brasileiros, através de um processo de disseminação de conhecimento científico e tecnológico que será muito útil para os futuros planos do Grupo no Brasil".

O curso de Engenharia Aeronáutica da USP de São Carlos é de excelência. São 200 alunos, 40 formandos por ano, e a nota de corte do curso é a maior na área de Exatas, com exceção do curso de Medicina. Segundo o Prof. Fernando Martini Catalano, coordenador da Comissão Organizadora do curso e gestor do convênio, a escolha dos estagiários será baseada em currículo, notas, domínio de inglês e, principalmente, engajamento em relação à especialidade.

Fonte: T&D, com informações da EADS
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Programa de bolsas para a área espacial

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AEB fecha acordo com CNPq para programa de formação e capacitação

18/12/2008 14:23:00

A Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançaram hoje (17/12) uma ação conjunta para a criação de um programa de bolsas para a área espacial.

O objetivo é restaurar as competências necessárias ao Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) por meio de ações para estímulo e valorização de profissionais, fortalecimento de equipes, treinamento e capacitação de especialistas e formação de quadros em áreas estratégicas.

O capital humano na área espacial conta, atualmente, com aproximadamente 3.100 profissionais, atuando no governo e na indústria. Esta quantidade se mostra insuficiente para cobrir as necessidades atuais e futuras do Programa Espacial. A carência de recursos humanos deve-se, principalmente, à falta de contratações para o setor governamental, impedindo a reposição de especialistas que, na maioria, já atingiram o tempo para a aposentadoria.

Na primeira etapa, serão liberados cerca de R$ 1 milhão do orçamento da AEB que será repassado para o CNPq e beneficiarão, principalmente o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e o Instituto Nacional de Atividades Espaciais (Inpe).

“A idéia é que o programa seja estendido para outras instituições que trabalham no programa espacial, e para a comunidade científica e empresas”, segundo o presidente da AEB, Carlos Ganem.

A estimativa é que sejam destinados cerca de R$ 5 milhões por ano para essa iniciativa.

Intercâmbio

Em uma segunda fase, a AEB, junto a outros instituições governamentais, estuda a possibilidade de intercâmbio com outros países que fazem parte do seleto grupo com programas espaciais. Entre eles, já existem tratativas com a França, Suécia, Ucrânia e Alemanha.

Fonte: AEB
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Concorrência do ACDH está de volta

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) agiu rápido. Poucas semanas após a decisão da Justiça Federal que encerrou o processo licitatório para o desenvolvimento e fabricação do subsistema de Controle de Atitude e Supervisão de Bordo (ACDH, sigla em inglês) do satélite Amazônia 1 (vejam a nota postada aqui na semana passada), o INPE já publicou um novo aviso reabrindo o prazo da concorrência. Bom para o Programa Espacial Brasileiro.

Abaixo, leiam o aviso de reabertura de prazo da referida concorrência, publicado na edição de hoje (17) do Diário Oficial da União:


"AVISO DE REABERTURA DE PRAZO
CONCORRÊNCIA Nº 414/2008

Comunicamos a reabertura de prazo da licitação supracitada, publicada no D.O.U de 26/08/2008. OBJETO: Contratação da empresa ou consórcio de empresas que apresentar a proposta mais vantajosa para a contratação de serviços de desenvolvimento, projeto, fabricação, testes e validação do Subsistema de ACDH (Controle de Atitude e Supervisão de Bordo) a ser utilizado no satélite Amazônia 1. Novo Edital: 17/12/2008 das 08h30 às 11h30 e 13h30 às 16h30 - Endereço: Av. dos Astronautas, 1758, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP. Entrega das Propostas: 02/02/2009 às 10h00.


DIANGELES BORGES
Chefe"
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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Boas Festas

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Aos leitores do blog, os meus mais sinceros votos de Feliz Natal e um Ano Novo pleno de realizações!

Aproveito a oportunidade para fazer um balanço sobre o blog. Lançado em 12 de abril, após a maturação de uma idéia surgida enquanto cobria a Feria Internacional del Aire y del Espacio - FIDAE, em Santiago do Chile, pela revista Tecnologia & Defesa, o Panorama Espacial já superou a marca de 10 mil acessos, de todos os continentes.

Gostaria de agradecer a todos os leitores, apoiadores, incentivadores e colaboradores. Teremos muitas novidades para 2009, aguardem.

André M. Mileski
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Testes no modelo mecânico do CBERS 3 e 4

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INPE realiza testes no modelo mecânico dos satélites CBERS 3 e 4

15/12/2008

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) iniciou os testes do modelo mecânico dos satélites CBERS-3 e 4, com lançamentos previstos para 2010 e 2013, respectivamente. Realizados no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE, em São José dos Campos (SP), o objetivo é simular com ensaios vibratórios e acústicos as condições que atuam na estrutura do satélite durante a fase de lançamento.

O projeto, fabricação e testes da estrutura mecânica dos satélites é responsabilidade do Brasil, que divide igualmente com a China o desenvolvimento dos CBERS-3 e 4. Para essa etapa, o INPE contratou o consórcio CFF - Cenic/Fibraforte, que segue projeto preliminar e requisitos estabelecidos pelo Instituto.

Os CBERS-3 e 4 representam uma evolução dos satélites CBERS-1, 2 e 2B, este último lançado em setembro de 2007. Para o CBERS-3 e 4, serão utilizadas no módulo carga útil quatro câmeras (Câmera PanMux - PANMUX, Câmera Multi Espectral - MUXCAM, Imageador por Varredura de Média Resolução - IRSCAM, e Câmera Imageadora de Amplo Campo de Visada - WFICAM) com desempenhos geométricos e radiométricos melhorados. A órbita dos dois satélites será a mesma que a dos CBERS-1, 2 e 2B.

O Programa CBERS

O INPE é responsável no Brasil pelo Programa CBERS (sigla para China-Brazil Earth Resources Satellite; em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). O acordo de cooperação espacial com a China, que em 2008 completou 20 anos, resultou na construção, lançamento e operação conjunta de três satélites de sensoriamento remoto, o último no ano passado. Outros dois serão lançados em 2010 e 1013.

Os CBERS-1 e 2 são idênticos em sua constituição técnica, missão no espaço e em suas cargas úteis (equipamentos que vão a bordo, como câmeras, sensores e computadores, entre outros equipamentos voltados para experimentos científicos). Os satélites foram dimensionados para atender às necessidades de China e Brasil, mas também para ingressar no emergente mercado de imagens orbitais até então dominado pelos que integram o bloco das nações desenvolvidas.

Em 2002, foi assinado um acordo para a continuação do programa, com a construção de dois novos satélites - os CBERS-3 e 4, com novas cargas úteis e uma nova divisão de investimentos de recursos entre o Brasil e a China - 50% para cada país (nos CBERS-1 e 2 a divisão foi de 70% para a China e 30% para o Brasil). Porém, em função de o lançamento do CBERS-3 ser viável apenas para 2010, e diante de um possível final de vida útil do CBERS-2 ocorrer antes deste prazo - com grande prejuízo para ambos os países e para os inúmeros usuários do CBERS -, o Brasil e a China, em 2004, decidiram construir o CBERS-2B e lançá-lo em 2007.

Com a política de dados gratuitos adotada pelo INPE em 2004, o Programa CBERS fez do Brasil o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo. Apenas pelo Brasil já foram distribuídas cerca de 450 mil imagens CBERS para aproximadamente 15 mil usuários de várias instituições públicas e privadas, comprovando os benefícios econômicos e sociais da oferta gratuita de dados.

As imagens CBERS também são fornecidas gratuitamente para países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do INPE em Cuiabá (MT). Na China, após a adoção de uma política similar à brasileira, foram distribuídas mais de 200 mil imagens, sendo o Ministério da Terra e de Recursos Naturais seu principal usuário.

No final de 2007, Brasil e China decidiram oferecer gratuitamente as imagens do CBERS para todo o continente africano. A distribuição das imagens vai contribuir para que governos e organizações na África monitorem desastres naturais, desmatamento, ameaças à produção agrícola e riscos à saúde pública.

Fonte: INPE
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Balão atmosférico sobre o Brasil

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Um experimento executado por um balão estratosférico europeu sobre a floresta amazônica brasileira apoiou a preparação de um projeto de experimento orbital da Agência Espacial Européia (ESA). É o que informa a reportagem Balloon over Brazil checks out pollutants in atmosphere, publicada no web-site da ESA no último dia 12.

Em julho, reproduzimos no blog uma notícia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) sobre a Campanha de Balões SCOUT, parceria entre o INPE e o Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), da França.
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ACDH do Amazônia 1: mais informações

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No final de outubro, postamos uma nota sobre a suspensão da licitação para o desenvolvimento e aquisição do subsistema de Controle de Atitude e Supervisão de Bordo (ACDH, sigla em inglês) do satélite de sensoriamento remoto Amazônia 1, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

A licitação havia sido suspendida em decorrência de decisão liminar proferida pela Justiça Federal em 24 de outubro, a pedido de um dos consórcios participantes, formado pela empresa Aeroeletrônica, de Porto Alegre (RS), e pela italiana Carlo Gavazzi Space. O consórcio questionou alguns itens do edital de concorrência, em especial os que tratam da qualificação econômico-financeira das empresas consorciadas

Em 19 de novembro, a Advocacia-Geral da União (AGU), em benefício do INPE, tentou derrubar a liminar por meio de recurso ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo (SP). Em 25 de novembro, o Tribunal negou o provimento do recurso proposto pela AGU, com o argumento de que faltavam algumas partes do edital da concorrência anexado no documento de defesa do INPE (!).

O processo deve ser arquivado, e agora o INPE provavelmente terá que reiniciar o processo de licitatório com a publicação de um novo edital. Haverá também implicações financeiras: estavam empenhados para este ano R$ 5,5 milhões no orçamento da União para o projeto da ACDH, montante este "perdido". A conseqüência é óbvia: mais atrasos no cronograma do Amazônia 1.
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

S30/Orion lançado com sucesso na Noruega

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Na última sexta-feira (5), foi lançado com sucesso um foguete de sondagem S30/Orion, a partir do centro de Andoya, localizado em Ny-Âlesund, Svalbard, na Noruega. A operação, que teve início em 27 de novembro, foi promovida pela agência espacial alemã (DLR). O artefato atingiu o apogeu de 330 km, num vôo de duração estimada de dez minutos. Todos os sistemas a bordo e o experimento funcionaram bem, segundo divulgou o Andoya Rocket Range (ARR).

De acordo com informações divulgadas pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o objetivo do lançamento era "investigar a estruturação de elétrons que formam nuvens em associação com auroras boreal diurnas."

O S30/Orion era composto do motor S30 (primeiro estágio), fabricado nas instalações do IAE em São José dos Campos (SP), do motor Orion (segundo estágio), de origem alemã e da carga útil ICI-2.
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sábado, 6 de dezembro de 2008

Novos centros do INPE

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INPE institui Centro Regional da Amazônia e Centro de Ciência do Sistema Terrestre

04/12/2008

A publicação no Diário Oficial do novo regimento interno do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) oficializa a criação do Centro Regional da Amazônia (CRA) e do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CST). A portaria nº 897, publicada nesta quinta-feira (4/12), detalha as atribuições de toda a estrutura organizacional do Instituto, incluindo as novas unidades sobre pesquisas de mudanças climáticas e monitoramento orbital de florestas.

Através do CRA, o INPE implantará um núcleo de apoio em Manaus, uma estação de recepção de dados de satélites em Boa Vista e, principalmente, um centro de monitoramento global das florestas tropicais em Belém, que irá medir e mapear o desmatamento em todo o planeta, com o uso de imagens orbitais. A estação de recepção de dados de satélites, em Boa Vista, irá receber, processar e disseminar imagens de satélite em sua área de cobertura, que alcança a parte Norte da América do Sul, o Caribe e a América Central. Já o núcleo de monitoramento ambiental terá como missão ampliar e apoiar os estudos em modelagem de mudanças climáticas na Amazônia.

O CRA também irá apoiar atividades de campo e de mapeamento realizadas pelo INPE na região amazônica, mantendo infra-estrutura de coleta e processamento de dados em suas instalações. Ao aprimorar o conhecimento em geotecnologias na Amazônia, esta nova unidade do INPE deverá se tornar um centro internacional de difusão de tecnologia de monitoramento por satélite de florestas tropicais.

No CST, instalado em São José dos Campos, serão desenvolvidos novos modelos para os sistemas de supercomputação do INPE, para elaborar cenários futuros de mudanças ambientais globais de interesse do país. Para isso, irá coordenar e realizar pesquisas de excelência em Modelagem e Observações do Sistema Terrestre, especialmente do Sistema Climático, Mudança de Uso e Cobertura da Terra, Hidrologia, Química Ambiental, Energias Renováveis, Eletricidade Atmosférica, Oceanografia e Zonas Costeiras, Queimadas, Desastres Naturais, Adaptação, Mitigação e Políticas Públicas.

O CST realizará estudos para avaliação de impactos das mudanças ambientais globais e regionais nos sistemas sócio-econômico-ambientais, especialmente aqueles associados às implicações no desenvolvimento nacional e na qualidade de vida. Irá desenvolver tecnologias aplicáveis ao monitoramento, mitigação e adaptação às mudanças ambientais e formar recursos humanos na área. O CST tem ainda a missão de apoiar as atividades da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais.

Confira aqui a Portaria nº 897, de 03/12/2008, publicada no D.O.U. de 04/12/2008

Fonte: INPE
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Início das obras da plataforma do VLS

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Começam as obras para a reconstrução da Torre Móvel de Integração


05/12/2008 13:52:00

Assinado nessa quinta-feira (4) pelo Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) a autorização para o início das obras para a reconstrução da Torre Móvel de Integração (TMI) – equipamento que possibilita o lançamento do Veículo Lançador de Satélites. A última torre foi incinerada junto com o VLS-1 V03, em um acidente ocorrido em 2003, no Centro de Lançamento de Alcântara (MA).

A obra deve ser concluída em 18 meses e deverá custar cerca de R$ 40 milhões. A licitação para a construção da TMI havia sido concluída em 2006, já com novo projeto. Entretanto, uma das empresas que perdeu a concorrência, entrou na Justiça Federal questionando a lisura do processo. Passado dois anos, a Justiça entendeu, em todas as instâncias, que o procedimento de contratação estava correto.

VLS

O Veículo Lançador de Satélites (VLS) é um foguete brasileiro criado para propiciar o lançamentos dos satélites fabricados no País, e assim, garantir a autonomia em vários setores estratégicos. Já foram realizados dois lançamentos testes, em 1997 e 2001, ambos para a qualificação e desenvolvimento do veículo.

O próximo lançamento está previsto para ocorrer a partir do término da construção da TMI- Torre Móvel de Integração. O VLS mede cerca de 19 metros e tem quatro estágios. O seu peso, antes do lançamento, é de 50 toneladas e é capaz de satelitizar uma carga de 350 Kg a uma órbita de 300 Km.

Fonte: AEB
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Revisão do PNAE em 2009

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Brasil irá revisar o PNAE em 2009

04/12/2008 14:20:00

Começam no início de 2009 os trabalhos para a revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), documento que norteia as atividades espaciais no País. A informação foi dada durante a 59ª Reunião do Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira, que aconteceu nessa quarta-feira (3), em Brasília. “Será feito um amplo estudo sobre as demandas e capacidade técnica do programa espacial que será usado para basear as ações que deverão contemplar o novo PNAE”, informou Carlos Ganem, presidente da AEB.

O novo PNAE deverá ser concluído em aproximadamente um ano e sua elaboração envolverá a participação da sociedade, dos setores acadêmico e industrial além de atores importantes do executivo e legislativo. Já na próxima reunião do Conselho, marcada para maio, haverá a apresentação do andamento das ações.

As ações do programa espacial de 2008 também foram discutidas na reunião. O diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, Himilcon Carvalho, informou aos conselheiros sobre a atual situação do Complexo Espacial de Alcântara (CEA), que recentemente teve seu território reduzido por uma medida do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que concedeu a titularidade das terras a comunidades quilombolas. E sobre a demarcação do sítio destinado a empresa binacional Alcântara Cyclone Space.

Sobre os foguetes brasileiros, Himilcon disse que já está autorizado o início das obras para a reconstrução da Torre Móvel de Integração (TMI), que irá lançar o Veículo Lançador de Satélites (VLS). E ainda, que aconteceu com sucesso o lançamento dos veículos de sondagem Orion e VSB-30.

No caso dos satélites, ele ressaltou que já foi lançada licitação para a contratação de subsistemas para a Plataforma Multimissão (PMM), que os testes de recepção dos dados do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers), na África do Sul e Egito, foram bem-sucedidos, e que os modelos de engenharia dos Cbers 3 e 4 já estão prontos. Himilcon ainda apresentou o andamento dos estudos para o Satélite Geoestácionário Brasileiro (SGB), que está em fase de estudo de demandas.

Fonte: AEB
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Brasilsat A2 e a fitinha do Senhor do Bonfim

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Na década de oitenta, a Embratel, na época ainda estatal, deu início ao Sistema Brasileiro de Telecomunicações por Satélite - SBTS, colocando o Brasil no rol de países detentores de satélites de telecomunicações.

Os primeiros satélites do SBTS foram os Brasilsat da série A, que utilizavam a plataforma (bus) HS-376 (ver imagem acima) da norte-americana Hugues (comprada pela Boeing em 2000), e transpônderes desenvolvidos e produzidos pela Spar Aerospace, do Canadá. Foram dois satélites da série A, lançados em 1985 e 1986. Entre 1994 e 2000, outros quatro Brasilsat, da série B (1 a 4) foram também lançados, alguns deles ainda hoje em operação.

Por uma questão de branding, a terceira geração de satélites geoestacionários da Star One, sucessora da Embratel na comercialização de serviços de comunicações via satélite deixou de ser chamada Brasilsat e passou a ser denominada Star One C (o “C” indica a terceira geração). Duas unidades foram contratadas junto à européia Thales Alenia Space e lançadas em novembro de 2007 e julho deste ano, respectivamente. Um terceiro satélite ainda deve ser contratado, muito provavelmente também com a Thales Alenia.

Sobre os satélites geoestacionários da Embratel, existe uma história curiosa que mais parece lenda, mas quem me contou - um engenheiro que trabalhou no projeto – jura que é verdade.

Em março de 1986, o Brasilsat A2 foi lançado por um foguete Ariane 3 a partir do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa, sem seguro, por decisão do então ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães. A razão era o alto custo do prêmio exigido pelas seguradoras. Para “segurar” o satélite, ACM mandou colocar uma fitinha do Senhor do Bonfim. A fitinha parece ter funcionado: o satélite operou até fevereiro de 2004, quase dez anos a mais do que sua vida útil projetada.
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

IAE/CTA celebra contratos

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A edição de hoje (1) do Diário Oficial da União (DOU) traz algumas informações sobre contratos celebrados pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), ligado ao Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), sobre projetos espaciais.

Há um extrato de inexigibilidade de licitação em favor da companhia russa "Konstruktorskoe Buro Khimavtomatiky" - OSC KBKha, tendo como objeto a elaboração de concepção de complexo de testes e banco de testes para motores-foguete a propelente líquido, aquisição no valor de € 850 mil. É uma medida concreta em relação à já anunciada parceria Brasil – Rússia na área de foguetes com propulsão líquida.

Outro contrato interessante, assinado em 20 de novembro, mas divulgado no DOU apenas hoje foi celebrado com a Mectron, de São José dos Campos (SP). Seu objeto é a prestação do serviço de elaboração do projeto, documentação, fabricação e testes das redes elétricas para o veiculo SARA Suborbital a ser aplicado no foguete de sondagem VS-40, negócio de pouco mais de R$ 1,2 milhão.

O projeto SARA, acrônimo de SAtélite de Reentrada Atmosférica tem como objetivo desenvolver uma plataforma espacial para a realização de experimentos em ambiente de microgravidade em órbita circular baixa (300 km), por um período máximo de 10 dias.

Uma das etapas de desenvolvimento do sistema será a realização de um vôo suborbital a bordo de um VS-40 modificado, a ser lançado do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) em 2009 ou 2010. Neste vôo, vários dos subsistemas da plataforma serão verificados. O contrato com a Mectron se refere justamente a esta etapa.

Agradecimentos a Raul Pereira Micena, leitor do blog pelo envio de informações sobre a publicação no DOU.
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Reportagem sobre a Opto Eletrônica

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Na semana passada, entrou no ar no web-site de T&D uma pequena reportagem sobre a Opto Eletrônica, indústria localizada em São Carlos (SP), com atuação nos setores Ótico, Aeroespacial e de Defesa. A matéria é bastante genérica e tem como objetivo apresentar um perfil da companhia, áreas de atuação, produtos e projetos em que está envolvida (em Espaço, o programa CBERS, por exemplo). Foi escrita com base em informações públicas. T&D tentou por algumas vezes contatar a direção da empresa, mas não teve retorno.

Com esta reportagem, T&D dá início a uma série de pequenos artigos com perfis sobre empresas que integram os setores Aeroespacial e de Defesa brasileiros. Todos estes artigos serão publicados em seu web-site na média de um por mês.

Para acessar o artigo sobre a Opto Eletrônica, clique aqui.
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sábado, 29 de novembro de 2008

Macapá Cyclone Space?

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) estuda a possibilidade de substituir o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) por outro sítio de lançamento para a instalação da plataforma do foguete ucraniano Cyclone 4, segundo a matéria "AEB admite substituir Alcântara por outra base", publicada na sexta-feira (28), no jornal "O Estado de S. Paulo". A informação foi dada pelo presidente da AEB, Carlos Ganem, em evento sobre ciência e tecnologia realizado em São Luís (MA).

Ganem teria inclusive mencionado que a cidade de Macapá (AP) reuniria condições favoráveis de lançamento. Daí o título desta postagem: "Macapá Cyclone Space?", trocadilho com o nome da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Afinal, se a idéia tiver mesmo algum fundamento (imaginamos que não, por ser irrealista e impraticável), o custo do projeto com a Ucrânia seria maior em algumas centenas de milhões de reais. Além da proximidade com a linha do Equador, o CLA possui alguma infra-estrutura (centros de controle e de rastreio, instalações para integração e montagem, etc.), ainda que limitada, útil ao projeto da ACS. Isto foi considerado quando da celebração dos acordos que culminaram na constituição da empresa binacional.

Outra reportagem também publicada na sexta-feira passada ("Agência Espacial Brasileira investirá R$ 300 milhões em áreas de Alcântara"), do Jornal Pequeno, do Maranhão, destaca outros pontos da apresentação de Carlos Ganem, dando a entender que a base do Cyclone 4 será construída em Alcântara, como planejado. Abaixo, reproduzimos alguns trechos da palestra do presidente da AEB, extraídos da referida matéria:

“Até 2010, construiremos a pista do VLS e a nova base de lançamento do foguete Ciclone 4, que faz parte do acordo entre o Brasil e a Ucrânia. Esse investimento também possibilitará melhorias e programas que viabilizem as atividades sociais, culturais e turísticas da cidade de Alcântara. As comunidades quilombolas serão a base de programas sociais, culturais e tecnológicos”.

Sobre a construção de um porto na Baía de São Marcos, para atender as necessidades do CLA, e outras obras no centro, Ganem declarou: “É um grande negócio que vai movimentar outros investimentos, até quatro vezes mais do que o atual. O poço do VLS de 30 metros de profundidade está praticamente pronto, como também a pista para receber os aviões que irão fazer as entregas das peças da nova base, que se chamará Complexo Espacial de Alcântara”.

Em sua apresentação, Ganem ainda lamentou as dificuldades do Programa Espacial Brasileiro: “Existe um enorme atraso do governo brasileiro para a soberania dos povos no espaço. Quando vejo a catástrofe que ocorreu em Santa Catarina (inundação), pela incapacidade de prevenção de um fenômeno natural, vejo também o quanto estamos atrasados tecnologicamente. Hoje, nossas previsões estão nas mãos de satélites estrangeiros, que controlam nossa tráfego aéreo, nossa meteorologia e até informações diplomáticas”.
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Treinamento no INPE

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AGI ministra no INPE o primeiro curso de STK no Brasil

27/11/2008

Desde segunda-feira (24/11), a Coordenação Geral de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) do INPE promove o primeiro curso no Brasil de STK (Satellite Tool Kit), uma poderosa ferramenta de análise e de operação de missões espaciais e de defesa. O curso é ministrado por Diogo Rodrigues e Aaron Weiser, ambos da Analytical Graphics Inc (AGI), dos Estados Unidos, que vieram a convite da Divisão de Sistemas Espaciais da ETE e do Serviço de Gestão de Competências do INPE. O curso, de 40 horas, termina nesta sexta-feira (28).

Nas instalações do INPE, em São José dos Campos (SP), 27 pessoas participam do curso, entre engenheiros e técnicos da Divisão de Eletrônica Aeroespacial (DEA), Divisão de Mecânica Espacial e Controle (DMC), Divisão de Desenvolvimento de Sistemas de Solo (DSS) e Divisão de Sistemas Espaciais (DSE) da ETE, do Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC), estes do INPE, do ITA e das empresas Embraer, Equatorial Sistemas, LatinMedia, Mectron e Orbital Engenharia.

Diogo Rodrigues, mestre pela Universidade Internacional do Espaço (ISU) e engenheiro de Sistemas da AGI, é responsável por avaliação de requisitos, suporte técnico, treinamento e serviços de desenvolvimento de aplicações para os clientes da empresa na Europa e na América do Sul. Possui experiência na indústria aeroespacial, tendo realizado análises de missões espaciais para o Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) da Agência Espacial Européia, Jet Propulsion Lab (JPL) da NASA e Dassault Aviation.

Aaron Weiser, bacharel em geografia física e gerenciamento ambiental pela Universidade de Maryland, é executivo de contas internacionais da AGI e responsável pela expansão da empresa no mercado internacional. Aaron tem experiência de mais de 10 anos no mercado aeroespacial e de defesa. Trabalhou durante sete anos na Space Imaging (GeoEye) como afiliado internacional e gerente de operações.

Fonte: INPE
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Mais sobre a cooperação espacial com a Rússia

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Durante a visita oficial do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev ao Brasil, foi também firmada uma declaração conjunta dos Chefes de Estado dos dois países. Como de praxe, estas declarações contêm os principais pontos que envolvem as relações entre os signatários, abordados de maneira pouco detalhada. Um dos itens do ato firmado hoje trata de cooperação espacial (ver o item 13 abaixo). Foram mencionados os projetos de modernização do VLS e desenvolvimento de veículos lançadores de nova geração, navegação por satélite (vejam a nota sobre o GLONASS), treinamento de especialistas (propulsão líquida) e experimentos em microgravidade no segmento russo da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês).

"13. Os Presidentes reiteraram o caráter prioritário que atribuem ao uso e à exploração do espaço exterior para fins pacíficos e salientaram a disposição dos dois Governos de aprofundarem o intercâmbio nessa área de especial relevância. Os dois Mandatários manifestaram pleno apoio aos trabalhos bilaterais em curso para a moderniz$ação do Veículo Lançador de Satélites brasileiro (VLS) e expressaram sua determinação em promover a parceria tecnológica para o desenvolvimento de veículos lançadores de nova geração. Expressaram, igualmente, sua satisfação com as conversações em andamento relacionadas às áreas de telecomunicações, navegação por satélites, capacitação em áreas técnicas e de engenharia, bem como à realização de experimentos brasileiros no segmento russo da Estação Espacial Internacional. Os Presidentes consideraram de extrema importância a entrada em vigor do Acordo sobre Proteção Mútua de Tecnologias Associadas à Cooperação na Exploração e Uso do Espaço Exterior para Fins Pacíficos, o que propiciará o início da efetiva implementação dos projetos almejados pelos dois países."

Em relação à modernização do VLS, é pública e notória a colaboração de institutos e empresas russas na revisão e aperfeiçoamento do VLS-1, e desenvolvimento de uma versão híbrida, com os últimos estágios do lançador com propulsores de combustível líquido. Tal cooperação ganhou maior intensidade após o acidente com o VLS-1 V03, em maio de 2003. Antes disso, porém, já se discutia a versão híbrida do VLS-1, e inclusive, vários especialistas em propulsão do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/CTA) foram treinados na Rússia com a finalidade de apoiarem o projeto brasileiro. Quanto ao desenvolvimento de veículos lançadores de nova geração (algo equivalente ao esquecido Programa Cruzeiro do Sul), convém destacar que o governo brasileiro têm criado (ou dado) expectativas com dois diferentes projetos, um com a Ucrânia (Cyclone 5), e outro com a Rússia. Vale as questões: são projetos viáveis? Haverá recursos para as duas iniciativas? O sucesso de qualquer iniciativa dependerá da decisão, até hoje não tomada, de concentrar todos os esforços e recursos num único projeto.

O ponto mais curioso da declaração, talvez até inédito, seja a realização de experimentos brasileiros no segmento russo da ISS. Pela natureza da atividade, muito provavelmente está relacionado ao Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB). Normalmente, experimentos científicos e tecnológicos de universidades e centro de pesquisas nacionais são realizados a bordo de foguetes de sondagem construídos pelo IAE, às vezes em parceria com a entidades alemãs, com o patrocínio da AEB. Acontece que alguns experimentos precisam de um tempo maior em gravidade reduzida (minutos versus horas/dias), daí a necessidade de se contar com satélites (o russo Foton, por exemplo), vôos em ônibus espaciais (reduzidos desde o acidente com o shuttle Columbia, em 2003), e missões a bordo da ISS. Como o Brasil não está mais no projeto da ISS, perdeu todos os direitos de tempo e espaço para a realização de experimentos na estação, dependendo, portanto, de acordos com outros países. Parece ser este o caso.
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Glonass, Rússia e Brasil

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Foi assinado nesta quarta-feira (26), um ato genérico de cooperação entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Federal Espacial da Federação da Rússia (Roscosmos) sobre o desenvolvimento e uso do sistema de posicionamento global por satélite russo, o GLONASS.

O sistema russo é equivalente ao GPS (Global Positioning System) dos Estados Unidos, e ao europeu Galileo, este último ainda não-operacional. Trata-se de cooperação apenas para o uso do sistema de navegação pelo País, não envolvendo desenvolvimento de satélites da constelação. Abaixo, segue a íntegra do ato assinado, disponível no web-site do Ministério das Relações Exteriores:

"Programa de Cooperação no Campo da Utilização e Desenvolvimento do Sistema Russo de Navegação Global por Satélite entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Federal Espacial da Federação da Rússia (Roscosmos)

A Agência Espacial Brasileira e a Agência Federal Espacial,

GUIADAS pelo Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da Federação da Rússia de Cooperação na Exploração e Uso do Espaço Exterior com Fins Pacíficos, assinado em 21 de novembro de 1997;

LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da Federação da Rússia sobre Proteção Mútua de Tecnologias Associadas à Cooperação na Exploração do Espaço Exterior para Fins Pacíficos, assinado em 14 de dezembro de 2006, e

CONSIDERANDO o desejo recíproco de ampliar a cooperação no campo do desenvolvimento e utilização da navegação por satélite e das aplicações práticas das tecnologias de navegação por satélite, empregando o Sistema Global de Navegação por Satélite russo GLONASS (doravante chamado sistema GLONASS),

Convieram o que se segue:

1. Explorar as possibilidades de criar condições de cooperação mutuamente vantajosa para o desenvolvimento e a utilização do sistema GLONASS.
2. Buscar desenvolver projetos conjuntos relativos ao desenvolvimento e utilização do sistema GLONASS.
3. Intercambiar especialistas para participar em estudos e atividades conjuntos.
4. Promover contatos entre instituições e indústrias envolvidos no setor espacial.
5. Criar um Grupo de Trabalho Conjunto, até o final do ano de 2008, para implementar o presente Programa.
6. Cada Agência será responsável pelo financiamento dos trabalhos e atividades a ela cometidos.
7. As Agências deverão realizar consultas recíprocas, em caso de necessidade, sobre assuntos de interesse comum na implementação do presente Programa.


Feito em 26 de novembro de 2008, na cidade do Rio de Janeiro, em dois exemplares originais em Português, Russo e Inglês, sendo todos os textos igualmente autênticos."
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Cooperação Brasil - Rússia

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O presidente da Agência Espacial russa (Roscosmos), Anatoly Perminov assinou um artigo em que defende parceria espacial entre o Brasil e a Rússia. O texto foi disponibilizado no web-site do jornal "O Estado de S. Paulo" ontem (25). Duas áreas de cooperação são mencionadas expressamente: veículo lançador de satélites e sistema de posicionamento global via satélite (GLONASS). Para ler o artigo, clique sobre o nome "Brasil e Rússia, juntos em órbita e na exploração espacial".
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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Certificação do Cyclone 4

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GT irá assessorar AEB nos procedimentos de Certificação do Sítio de Lançamento e do foguete Cyclone 4

Serviços do GT serão secretariados pela Diretoria de Transporte Espacial e Licenciamento da agência A Agência Espacial Brasileira (AEB) acaba de criar um Grupo de Trabalho que irá assessorar a instituição nos procedimentos de Certificação do Sítio de Lançamento e do Foguete Cyclone 4, que será lançado do Centro de Lançamento de Alcântara. Os serviços do GT serão secretariados pela Diretoria de Transporte Espacial e Licenciamento da AEB.

O grupo conta com a participação dos seguintes membros: Antonio Hugo Pereira Chaves e Antonio Olavo Caetano, da AEB; Cel. Av. Sebastião Gilberti Maia Cavali e Mário Niwa, do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (IFI/CTA); Ana Lourdes Silva de Araujo, do Centro de Lançamento de Alcântara do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CLA/CTA); Paulo Roberto Sakai, do Instituto de Aeronáutica e Espaço do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (IEA/CTA); Carlos de Oliveira Lino, do Laboratório de Integração e Teste do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); Reinaldo José de Melo e João Luiz de Azevedo, da Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS).

Fonte: Gestão C&T, n.785, via JC E-mail.
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Novidades sobre a AWFI

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Foram entregues na última sexta-feira (22), na sede do INPE em São José dos Campos (SP) as propostas para o fornecimento da câmera Advanced Wide Field Imaging (AWFI) para o satélite de sensoriamento remoto Amazônia 1. Para relembrar o tema, leiam a nota "A vez da AWFI", postada aqui no início de outubro.

Há dois candidatos: um consórcio formado pela Equatorial Sistemas, de São José dos Campos, e pela OptoVac, de Osasco (SP); e a Opto Eletrônica, de São Carlos (SP). A Equatorial e a Opto Eletrônica já são velhas conhecidas no setor, ambas com considerável experiência em sensores orbitais de imageamento. Inclusive, trabalham juntas no desenvolvimento e construção da câmera WFI que equipará o CBERS 3, previsto para ser lançado em 2010. O "casamento" das duas empresas para o projeto do Amazônia 1, porém, não se repetiu.

A Optovac, por sua vez, é menos conhecida, mas nem por isto neófita em tecnologia espacial. A empresa tem experiência em pesquisas com o INPE na área de sensor de estrelas, astronomia, e também no setor de defesa (mísseis). É uma importante "player" brasileira no mercado de lentes especiais.

Espera-se em breve uma definição da licitação.
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domingo, 23 de novembro de 2008

Estação Espacial Internacional: 10 anos

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Em 20 de novembro de 1998, o primeiro módulo da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês), o Zarya, de origem russa, foi colocado em órbita por um foguete Proton, lançado do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. Era o início da concretização do maior projeto científicos multinacional do planeta. Após dez anos, diversos atrasos e estouros orçamentários, a ISS ainda não foi concluída. Sobre o décimo aniversário da ISS, vejam a matéria "Estação espacial faz dez anos", publicada na edição da última quinta-feira (21), do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outubro de 1997, o Brasil se comprometeu com o governo dos EUA a participar do projeto, contribuindo com a construção de seis tipos de peças para a estação, inicialmente avaliadas em mais de US$ 120 milhões. Depois de alguns anos, descobriu-se que ficariam mais caras, o que levou o governo brasileiro a renegociar sua participação. Ao invés dos seis componentes, produziria outros menos complexos, denominados Flight Support Equipments (FSE). Por várias razões, que merecem ser abordadas detalhadamente no futuro, o acordo não foi adiante, e o Brasil foi excluído do programa...
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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ensaio em túnel de vento do IAE

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O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), ligado ao Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP) realizou o primeiro ensaio de maquete de um veículo de sondagem, o Sonda III, no Túnel Transônico Piloto (TPP), da Divisão de Aerodinâmica do IAE.

A campanha tem por objetivo imediato fornecer dados experimentais sobre o Sonda III, e também capacitar tecnicamente a equipe para a realização de ensaios no auxílio a projetos de veículos de sondagem desenvolvidos pelo IAE. Para mais informações sobre o TPP e o ensaio, clique aqui.
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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tese sobre o INPE

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Entre turbulências e céu de brigadeiro

Tese mostra como Inpe consolidou-se, a despeito dos períodos de instabilidade política e institucional

Luiz Sugimoto escreve para o “Jornal da Unicamp”:

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) chega aos 47 anos com a legitimidade de uma instituição que consegue transformar conhecimento em benefícios diretos para a sociedade, graças à competência adquirida em áreas como de meteorologia e de sensoriamento remoto.

Em tese de doutorado, o pesquisador Guilherme Reis Pereira procurou responder a uma questão central: como o Inpe, ao longo de sua trajetória, conquistou estabilidade para se desenvolver, se consolidar e garantir a sua sustentabilidade em um contexto de instabilidade política e institucional?

Segundo o autor da tese Política espacial brasileira e a trajetória do Inpe (1961-2007), o instituto progrediu apesar dos percalços sofridos pelo programa espacial brasileiro devido a conflitos entre seus atores e a mudanças políticas e econômicas profundas nos cenários nacional e mundial.

“Com o fim da Guerra Fria, os países desenvolvidos adotaram uma política de controle da comercialização de tecnologias sensíveis – aquelas de duplo uso: civil e militar. No plano nacional houve a redemocratização do país, a crise econômica dos anos 1980 e início dos 90, e a reforma neoliberal que reduziu o poder do Estado, provocando atraso no programa espacial”.

Guilherme Pereira defendeu a tese no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, com orientação da professora Leda Maria Caira Gitahy e co-orientação da professora Sandra de Negraes Brisolla, ambas do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT). Formado em ciências sociais pela Unesp, o autor tem mestrado também pelo DPCT e trabalha no Inpe há cinco anos, os três últimos na coordenação de Planejamento Estratégico e Avaliação.

A conclusão do pesquisador é de que o Inpe conseguiu estabilidade diversificando suas atividades, integrando a pesquisa ambiental com a pesquisa espacial e mobilizando atores portadores de competências e recursos para programas e projetos, atendendo assim a demandas científicas, sociais, econômicas e de proteção ambiental.

“Foi um meio de justificar a sua existência. A cooperação com instituições nacionais e internacionais trouxe recursos financeiros e humanos. Com isso, o Inpe continuou se desenvolvendo apesar das mudanças de regime e de governos”.

Para chegar a esta conclusão, Guilherme Pereira discute e utiliza os conceitos de arranjo institucional e rede de atores para reconstituir a trajetória do Inpe e analisar o processo de formulação e implementação da política espacial em diferentes períodos. Baseou-se em documentos e entrevistas, associando esta discussão ao contexto político nacional e internacional dos diversos períodos.

O autor também levantou a situação atual do Inpe, com foco nas aplicações espaciais, além de promover um estudo de caso da relação entre o programa Cbers e a indústria nacional.

O início

O Inpe surge no contexto da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética, tendo como embrião o grupo de organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais, criado por decreto de Jânio Quadros em 1961. Formado por membros da Aeronáutica e por civis ligados à Sociedade Interplanetária Brasileira, o grupo era liderado por Fernando de Mendonça, que abriu mão da insígnia de capitão da Força Aérea para fazer doutorado e se tornar pesquisador. Ele foi o primeiro diretor do Inpe.

Guilherme Pereira informa que na década de 1960 havia grande interesse da comunidade internacional em fenômenos que acontecem sobre território brasileiro, como a Anomalia Magnética do Atlântico Sul. “A Nasa oferecia o foguete e o treinamento para nossos pesquisadores. O Inpe nasceu neste ambiente de redes internacionais de pesquisa”.

De acordo com o autor da tese, desde o início foi se conformando uma divisão de trabalho no programa espacial brasileiro, entre um instituto de pesquisa civil e outro militar: a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE), constituída em 1963 e vinculada ao CNPq, e o Instituto de Atividades Espaciais, do atual Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

O pesquisador afirma que são característicos da primeira década do programa espacial os conflitos associados à disputa pela coordenação das atividades e à definição de competências e atribuições entre a CNAE e a Aeronáutica. “A CNAE tinha a competência de formular a política espacial e estabelecer acordos de cooperação internacional com instituições dos Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra”.

Mudança

Em 1971, a CNAE seria extinta para dar lugar ao Instituto de Pesquisas Espaciais, que não teria as mesmas atribuições. Para definir a política e coordenar as atividades espaciais criava-se a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (Cobae), presidida por um representante do Estado Maior das Forças Armadas. “Com isso, o Inpe perdia autonomia para realizar cooperação com outros países”.

Guilherme Pereira recorda que, neste período, houve intensa colaboração da Cobae e do CTA com agências internacionais, visando o desenvolvimento dos foguetes Sonda, além de lançamentos da Barreira do Inferno, em Natal. “Também houve cooperação com o Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), a agência espacial da França, para rastreio do lançador Ariane e formação de pesquisadores brasileiros para o desenvolvimento de tecnologias como o sistema de controle de atitude do Sonda IV”.

A Cobae, acrescenta o autor da pesquisa, conduziu as negociações de cinco anos entre Brasil e França para a realização conjunta de uma missão espacial completa, envolvendo o desenvolvimento de satélites e veículo lançador. “No entanto, a comissão decidiu pela realização da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), atribuindo a coordenação do programa espacial apenas a instituições brasileiras”.

Em 1979, com a aprovação MECB, também se formalizou a divisão no programa espacial, ficando estabelecido que o Inpe desenvolveria satélites de coleta de dados e de sensoriamento remoto, cabendo ao CTA produzir o veículo lançador de satélites (VLS) e implantar um centro de lançamentos brasileiro (de Alcântara, no Maranhão).

Diversidade

Guilherme Pereira observa que, entretanto, o Inpe já havia se orientado para diversificar as atividades desde o programa Meteorologia por Satélite (Mesa), iniciado em 1966, envolvendo recepção de imagens meteorológicas. Os cursos de pós-graduação no instituto começaram em 1968 e, no ano seguinte, as atividades de sensoriamento remoto. A estação de recepção de dados de satélite de sensoriamento remoto ficou pronta em 1973, em Cuiabá (MT).

Conforme o autor, na área de meteorologia e climatologia, a previsão do tempo é apenas um dos serviços diários prestados à sociedade. “Em sensoriamento, desde a década de 70 são realizados estudos úteis para previsões de safra, identificação de jazidas minerais, prospecção de petróleo e detecção de taxas de desmatamento. Havia ainda o projeto Saci, que tinha cunho social e visava capacitar professores em regiões remotas com os telecursos transmitidos no início dos 70, através de satélite da Nasa”.

Novo recorte

Um dos recortes feitos por Guilherme Pereira em seu estudo vai de 1985 a 1993, período da redemocratização do país e em que houve um rearranjo institucional no programa espacial. “A criação em 1985 do Ministério da Ciência e Tecnologia, ao qual o Inpe acabou vinculado como órgão autônomo, facilitou a retomada da cooperação internacional, desta vez com a China, em 1988, envolvendo o desenvolvimento dos satélites Cbers de sensoriamento remoto”.

Pereira afirma que o Brasil foi o terceiro país a tratar imagens de satélites, desde a época da série Landsat na década de 70. “De lá para cá, o país se tornou o maior usuário de imagens de satélites.

Quando começou a pressão pela preservação do meio ambiente nos anos 80, o Inpe já estava capacitado a oferecer conhecimento e serviços aos órgãos de fiscalização e proteção ambiental, atualizando seus programas para esta nova agenda política”.

Hoje já estão disponíveis na Internet as imagens do sistema de monitoramento da Amazônia e o catálogo Cbers, que distribui aproximadamente 100 mil imagens por ano, já superou a casa de 350 mil desde meados de 2004.

As restrições para a construção de foguetes

Em 1994 foi criada a Agência Espacial Brasileira (AEB) para assumir o papel da extinta Cobae na formulação da política e coordenação das atividades espaciais.

Segundo o pesquisador Guilherme Pereira, as mudanças institucionais foram condicionadas pelo processo de redemocratização do país e pelo aumento da pressão dos países desenvolvidos para o controle da comercialização das tecnologias que poderiam ser utilizadas também no desenvolvimento de artefatos militares.

Este embargo ocorreu quando o Brasil iniciava o desenvolvimento de um lançador de satélites.
“As barreiras internacionais se apóiam no discurso da não-proliferação de armas de destruição em massa. No entanto, o que está em jogo é a conservação das desigualdades tecnológicas e da concentração de poder de um grupo de países desenvolvidos liderados pelos EUA. Ademais, programas como as que envolviam o VLS foram perdendo prioridade”.

Esta perda de prioridade, afirma o pesquisador, ocorreu nos governos neoliberais, mais preocupados com a integração econômica ao mundo globalizado e em implantar reformas para reduzir o tamanho do Estado e para um novo tipo de inserção internacional.

“Lembre-se que os programas espaciais nasceram justamente como instrumento de demonstração do poder do Estado. O Brasil aceitou alguns tratados, como o regime de controle de tecnologia de mísseis, que restringiam o acesso às tecnologias de uso dual”.

O Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial tinha obtido sucesso com o programa de foguetes Sonda, iniciado em 1965. Eram foguetes de sondagem utilizados para missões suborbitais, capazes de lançar cargas úteis (do Inpe) compostas por experimentos científicos e tecnológicos.

Todo este aprendizado, que vinha sendo utilizado para chegar ao VLS, além do desenvolvimento de mísseis e outras aplicações civis foi o que sofreu mais restrições. Foram realizados três testes, em 1997, 1999 e 2003, sendo que o último resultou na tragédia de Alcântara, em que morreram 21 engenheiros e técnicos.

Fonte: Jornal da Unicamp nº 416, via JC E-mail.
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

FINEP: R$ 31,3 milhões para o CBERS

FINEP vai investir R$ 31,5 milhões em programa de satélites sino-brasileiros

A diretoria da FINEP, reunida esta semana na sede da agência no Rio, aprovou 11 novos projetos que vão receber recursos não-reembolsáveis.

O maior aporte, no valor de cerca de R$ 31,5 milhões, será destinado à Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais, vinculada ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para o desenvolvimento do Programa CERBS (sigla para China-Brazil Earth Resources Satellite), em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres.

O programa de satélite sino-brasileiro é fruto de um acordo fechado entre os dois países há vinte anos para projetar, desenvolver, lançar e operar satélites em conjunto. A missão de desenvolver e construir satélites no Brasil cabe ao INPE, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Já foram lançados três satélites no âmbito deste programa.

Segundo o INPE, o CBERS fez do Brasil o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo. Além dos usuários brasileiros, as imagens CBERS são fornecidas gratuitamente para países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do INPE em Cuiabá (MT).

Pesquisa

O restante dos recursos será destinado, basicamente, a fundações de amparo e desenvolvimento de pesquisa, universidades e institutos de ciência e tecnologia.

O total de recursos não-reembolsáveis aprovados pela FINEP chega a quase R$ 33 milhões.

Fonte: FINEP

Interesses da China na América Latina

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No início de novembro, o governo chinês liberou um documento ("China's Policy Paper on Latin America and the Caribbean") sobre a sua política futura para a América Latina e o Caribe. O documento não apresenta grandes novidades, apenas confirma as diretrizes a serem adotadas pela China para a região nos próximos anos, com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento pacífico de parcerias nos mais variados setores, como meio-ambiente, diplomacia, comércio, defesa, etc.

O "policy paper" não entra em detalhes sobre projetos possíveis para cooperação, mas o interesse em tecnologia espacial, mais especificamente astronáutica, é citado no item "cooperação em ciência, tecnologia e educação". Diz o documento: "o lado chinês também fortalecerá a cooperação com a América Latina e o Caribe em aeronáutica e astronáutica, biocombustíveis, tecnologia em recursos e meio ambiente, tecnologia marítima e outras áreas de interesse conjunto."

Na América Latina, a China tem projetos em tecnologia espacial com o Brasil (satélites sino-brasileiros de recursos terrestres - CBERS), e também com a Venezuela (construção do satélite de telecomunicações Venesat-1, lançado no final de outubro, e de centros de rastreio; e treinamento de pessoal. O governo venezuelano já anunciou sua intenção de ter um satélite de observação terrestre na próxima década, sendo a China uma potencial fornecedora.
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Cooperação Brasil - Itália

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Entre os dias 10 e 12 deste mês, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva realiza uma visita à Itália. Ontem (10), o Ministério das Relações Exteriores distribuiu nota com o inteiro teor de seis instrumentos assinados durante a visita oficial, sendo um deles sobre cooperação em tecnologias e aplicações espaciais.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Italiana (ASI) celebraram uma carta de intenção ("letter of intent") tratando dos seguintes temas: (a) ciência espacial; (b) aplicações e pesquisas sobre observação terrestre, em particular monitoramento do meio ambiente, meteorologia, geodésia e gerenciamento de desastres; (c) comunicações espaciais; (d) atividades estratosféricas; e (e) educação e treinamento de pessoal.

A cooperação será implementada dos seguintes modos: (a) intercâmbio de especialistas para participarem de estudos e atividades conjuntas; (b) realização de conferências e simpósios conjuntos; (c) promoção de atividades educacionais em ciência e tecnologia espaciais; (d) promoção de contats entre institutos e indústrias atuantes no setor espacial; e (e) consideração de possíveis projetos conjuntos.

Do ponto de vista comercial, alguns projetos do Programa Espacial Brasileiro que interessam indústrias espaciais italianas: satélite de imageamento radar (MAPSAR) e o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).

O inteiro teor da carta de intenção, em inglês, pode ser acessado aqui.
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domingo, 9 de novembro de 2008

Mercado da ACS e Cyclone 5

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Aos poucos, surgem maiores detalhes sobre o projeto ucraniano-brasileiro para a exploração comercial de Alcântara (MA). Na edição n° 4 da revista Espaço Brasileiro (esta edição saiu no meio deste ano, mas só recentemente pude lê-la), editada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), foi publicada uma entrevista com Roberto Amaral, ex-ministro de Ciência e Tecnologia e atual diretor-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS). Alguns trechos estão abaixo reproduzidos:

A ACS irá fornecer serviços de lançamentos de satélites. Que tipo de satélite poderá ser levado pelo foguete Cyclone 4?

A missão da ACS é, efetivamente, lançar satélites. Este é um mercado extremamente competitivo. O custo de um lançador está relacionado ao custo de um satélite. Por exemplo, um satélite de 600 kg, em órbita a 800 km de Terra, tem custo estimado entre 15 a 25 milhões de dólares.

O foguete Cyclone 4, em construção, poderá colocar em órbita um satélite de até 5,3 toneladas em órbita baixa, de até 2 mil km da Terra, ou um satélite de até 1,8 toneladas em órbita de transferência geoestacionária, sendo que a órbita geoestacionária está a 36 mil km da Terra. O tipo de satélite que poderemos lançar vai depender do pedido de nossos futuros clientes.

Mas, retornando ao foco de sua pergunta, posso dizer que os clientes para este mercado são as TVs, internet e monitoramentos, como aqueles voltados às questões do meio ambiente: queimadas, desmatamentos, inundações, secas, etc. [...]”


Um comentário em relação à afirmação “o custo de um lançador está relacionado ao custo de um satélite”: na realidade, o custo do frete de lançamento está mais relacionado à órbita, massa e às características do lançador do que ao custo do satélite em si. Mas o mais relevante da questão acima é que a ACS disputará não apenas o mercado de lançamentos geoestacionários, mais lucrativo, mas também os de órbita baixa (satélites de monitoramento e observação terrestres).

Em outro trecho da entrevista, respondendo a uma questão sobre a projeção do projeto da ACS na economia brasileira, Amaral mencionou a possibilidade do desenvolvimento conjunto pela Ucrânia e Brasil de um lançador mais capaz, chamado Cyclone 5:

“Finalmente, existe a possibilidade de o empreendimento com a Ucrânia ser expandido no futuro, de forma a incluir o desenvolvimento conjunto de um veículo lançador de capacidade superior àquela do Cyclone 4. Neste caso, seria um desenvolvimento conjunto, portanto, contemplando a única forma efetiva de transferência de tecnologia, em função do trabalho, lado a lado, de especialistas brasileiros e ucranianos, e com propriedade conjunta do veículo resultante. A possibilidade de desenvolvimento deste novo veículo, que por enquanto está sendo denominado Cyclone 5, ainda está nas fases iniciais de análise e, certamente, o prosseguimento neste empreendimento depende do sucesso alcançado com a efetivação do complexo de lançamento do Cyclone 4 em Alcântara.”
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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Quilombolas de Alcântara

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Incra reconhece Território Quilombola de Alcântara (MA)

Brasília, 04 de novembro de 2008.

O Incra reconheceu e delimitou nesta terça-feira (4) o território da comunidade remanescente do Quilombo Alcântara, no Maranhão. O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) de Alcântara está publicado na edição do Diário Oficial da União desta terça-feira.

O RTID aponta a destinação de 78,1 mil hectares para as comunidades Quilombolas e 9,3 mil hectares para a o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), de forma a assegurar a continuidade do programa espacial brasileiro.

Na área determinada aos remanescentes de Quilombo, vivem cerca de 3.500 famílias, divididas em 106 comunidades que, segundo o presidente do Incra, Rolf Hackbart, a partir de hoje são reconhecidas como cidadãs. “Esta é uma vitória histórica. Após 300 anos, essas comunidades começam a fazer parte da república federativa do Brasil”.

Hackbart lembrou ainda que a partir do reconhecimento, a vida dessas comunidades muda. “Agora, as famílias poderão acessar créditos e as políticas públicas chegarão efetivamente”. O próximo passo do Incra é identificar todos os posseiros e proprietários de títulos verdadeiros que ocupam essas áreas. As terras dos proprietários serão pagas por Títulos da Dívida Agrária (TDA). E as benfeitorias, sejam de proprietários ou dos posseiros, serão pagas em dinheiro.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário / INCRA

Comentário: a questão quilombola de Alcântara, um dos problemas para a exploração comercial do CLA parece "estar entrando nos eixos". Novidades, não só sobre os quilombolas, mas sobre o projeto da Alcântara Cyclone Space em geral são aguardados para breve. Agradecimento a J.O pelo envio da nota do MDA.
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INPE e a sonda Chandrayaan-1

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INPE termina sua participação no suporte à Missão Chandrayaan-1

04/11/2008

O Centro de Rastreio e Controle de Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) encerrou sua participação no suporte operacional à Chandrayaan-1, prestado durante a Fase de Lançamento e Órbitas Iniciais (LEOP, na sigla em inglês) da missão à Lua. Com a realização da última manobra de órbita em relação a Terra, nesta terça-feira (4/11), a sonda lunar indiana Chandrayaan-1 iniciou sua trajetória de transferência lunar a aproximadamente 375 mil quilômetros do nosso planeta.

O INPE executou com sucesso todas as operações solicitadas pela ISRO, a agência espacial indiana. O suporte incluiu recepção de dados de telemetria, envio de telecomandos e execução de medidas de distância e de velocidade.

As estações do INPE, localizadas em Cuiabá (MT) e Alcântara (MA), fizeram parte de uma rede mundial de estações terrenas que acompanharam a sonda Chandrayaan-1 desde o seu lançamento, no dia 22 de outubro do Centro Espacial de Sriharikota, na Índia, até este momento de entrada na órbita da Lua. A operação em órbita lunar cabe apenas à agência espacial indiana, que pretende com a sonda inspecionar a superfície da Lua durante dois anos.

“A experiência adquirida no suporte à Chandrayaan-1 será aproveitada nos lançamentos, a partir do território nacional, dos futuros satélites do INPE. Nossa equipe não pode deixar de desejar à equipe da ISRO boa sorte e sucesso na próxima fase da missão, que é a colocação da Chandrayaan-1 em órbita lunar cumprindo, desta maneira, todos os seus objetivos científicos”, disse Pawel Rozenfeld, chefe do Centro de Rastreio e Controle de Satélites do INPE.

Fonte: INPE
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Projeto argentino SAOCOM cumpre mais uma etapa

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Entre os dias 27 e 30 de outubro, foi realizada em Buenos Aires a revisão do desenho preliminar (PDR, sigla em inglês de Preliminary Design Review) do satélite argentino de observação terrestre SAOCOM. Uma vez aprovado no PDR, o projeto segue para a fase de engenharia para seu detalhamento.

O SAOCOM será um satélite radar, equipado com um sensor radar de abertura sintética (SAR), e integrará o chamado sistema Ítalo-Argentino de Satélites para a Gestão de Emergências (SIASGE), uma parceria entre a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE) e a Agência Espacial Italiana (ASI). A contribuição da Itália ocorrerá através de uma constelação de quatro satélites Cosmo-Skymed, sendo que três já estão em órbita.

A previsão é de que o SAOCOM 1A, primeiro satélite da série (ao menos outros dois já são planejados) seja lançado em maio de 2012. Além da CONAE, trabalham no projeto algumas universidades, a Comissão Nacional de Energia Atômica e empresas da base tecnológica argentina, como a INVAP e a Consulfem. Participam também entidades estrangeiras, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que deve dar apoio na realização de ensaios ambientais, um centro espacial da Bélgica e a Agência Espacial do Canadá. A missão SAOCOM tem ainda financiamento parcial do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Lançamento de VSB-30 em maio de 2009

Estudantes de São Paulo apresentam experimentos que irão voar no VSB-30

03/11/2008 12:35:41

Cerca de 50 professores participantes da Jornada Espacial irão conhecer, nessa terça-feira (04/11), o Projeto Educacional em Microgravidade, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos (SP). Esses professores orientaram os alunos vencedores da XI Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Em 2008, aproximadamente 500 mil estudantes de todo o País participaram das provas.

O Projeto Educacional em Microgravidade está sendo desenvolvido por mais de 400 alunos do município em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Eles estão desenvolvendo três experimentos didáticos que irão voar no foguete brasileiro VSB-30, marcado para maio de 2009. O Projeto foi selecionado em 2007, pelo terceiro Anúncio de Oportunidade do Programa Microgravidade, desenvolvido pela AEB.

Os três experimentos de Física são: Sistema de Corda, Sistema de Mola e Interação entre as Forças Magnética e Gravitacional. Segundo a professora Elisa Saeta, coordenadora do projeto, são idéias simples, mas que vão ajudar os alunos a apreenderem os conceitos.

“O primeiro experimento é um peso preso a uma corda que durante a microgravidade irá ‘perder o peso’. Já a mola, também será presa a um peso, mas perderá a tensão quando passar pelo ambiente de microgravidade. O último experimento é mais complexo. Serão três imãs, colocados de forma que haja repulsão entre eles. Com a gravidade o imã 1 e 2 apresenta uma distância maior que o 2 e 3. Durante o experimento, essa distância deverá se igualar”, explica.

Todos os acontecimentos serão filmados e seus dados mandados por telemetria. Todos os alunos participantes desse projeto são de quatro Escolas Municipais de Ensino Fundamental de São José dos Campos, e estão cursando entre o 6º e 9º períodos.

Para Ivette Rodrigues, gerente do Programa AEB Escola, um dos apoiadores do projeto, é muito importante essa experiência de participar de um estudo de fato, ao invés de apenas simular os conceitos por meio de aulas teóricas. “Nesse projeto pode-se vivenciar concretamente as diferentes etapas de uma pesquisa , como o planejamento, a observação e o registro, contribuindo, assim, para instituir a prática da pesquisa no ambiente escolar”, disse.

Fonte: AEB

Comentário: a notícia acima é interessante por informar que haverá um vôo do VSB-30 em maio de 2009. O vôo deve ocorrer a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.