quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Retrospectiva 2009 - Parte II

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Encerramos hoje (31) a retrospectiva sobre o que aconteceu de mais importante nos programas e atividades espaciais desenvolvidas nos países sul-americanos em 2009. Para acessar a primeira parte, clique em "Retrospectiva 2009 - Parte I".

Para mais informações sobre os acontecimentos destacados, basta clicar sobre os seus títulos.

Julho

- EADS Astrium no Brasil: a companhia espacial europeia EADS Astrium indica o executivo Jean Noel Hardy para a Vice-Presidência de Business Development no Brasil.

- Certificação do VSB-30: o foguete de sondagem brasileiro VSB-30, do Instituto de Aeronáutica e Espaço, recebe certificação do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

- COSMO-SkyMed no Brasil: a Telespazio Brasil, dos grupos Finmeccanica e Thales é anunciada como representante no País das imagens dos satélites-radar da série COSMO-SkyMed.

Agosto

- Operação FogTrein I: Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, realiza a operação FogTrein I para treinamento de recursos humanos e testes operacionais e de equipamentos do centro.

- Centro do INPE na Amazônia: O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) inaugura o Centro Regional da Amazônia (CRA), em Belém (PA).

Setembro

- Cooperação Brasil - França: durante visita de comitiva francesa ao Brasil, novos acordos e parcerias na área espacial são discutidos.

- Avanços no Arsat: a companhia de comunicações argentina Arsat contrata a EADS Astrium e a Thales Alenia Space para o fornecimento de componentes e subsistemas para a série de satélites de comunicações Arsat, em desenvolvimento pela INVAP.

- CBERS: 1 milhão de imagens distibuídas: no mês que o CBERS 2B completa dois anos em órbita, o INPE atinge a marca de 1 milhão de imagens de satélite (CBERS e Landsat) distribuídas gratuitamente.

Outubro

- Amazonas 2 em órbita: satélite de comunicações Amazonas 2, da companhia brasileira Hispamar é colocado em órbita por um lançador Ariane 5.

- Cooperação Brasil - Bélgica: Agência Espacial Brasileira (AEB) firma com o Centro Espacial de Liège, na Bélgica, acordo de cooperação no âmbito de ciências e técnicas espaciais.

- Ensaio de motor no DCTA: é realizado com sucesso nas instalações do DCTA, em São José dos Campos, ensaio de queima em banca de provas do propulsor S40M, desenvolvido para o VS-40.

Novembro

- Venesat 1 completa um ano: o satélite de comunicações venezuelano Venesat 1 completa um ano em órbita.

- Repasse de recursos para o Amazônia 1: a AEB ao INPE repassa R$ 14 milhões para o projeto de desenvolvimento do satélite Amazônia 1.

- VSB-30 lançado na Europa: dois foguetes VSB-30, fabricados no Brasil, são lançados com sucesso no norte da Suécia.

Dezembro

- Visita de Lula à Ucrânia: Presidente Lula visita à Ucrânia e trata da parceria espacial para lançamento de foguetes Cyclone 4 a partir do CLA.

- Subvenção da FINEP: a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Ministério da Ciência e Tecnologia divulga lista final de projetos selecionados - alguns da área espacial - para seu programa de subvenção econômica.

- Orçamento de 2010 para a AEB: orçamento federal é aprovado pelo Congresso e AEB terá R$ 293 milhões.

- 30 anos de Ariane: família europeia de lançadores Ariane completa 30 anos.
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Retrospectiva 2009 - Parte I

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Damos início hoje (30) a uma retrospectiva sobre o que aconteceu de mais importante nos programas e atividades espaciais desenvolvidas nos países sul-americanos em 2009. A retrospectiva está dividida em duas partes (janeiro a junho, e julho a dezembro). A segunda parte será publicada amanhã (31).

Para mais informações sobre os acontecimentos destacados, basta clicar sobre os seus títulos.

Janeiro

- Contratos do Amazônia 1: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) contrata a Opto Eletrônica e a INVAP, da Argentina, para fornecer o imageador AWFI e o sistema de controle de atitude e órbita (ACDH, sigla em inglês) do satélite Amazônia 1.

- CBERS 2 deixa de operar: o segundo satélite da série CBERS encerra a sua vida útil, após mais de cinco anos de funcionamento.

Fevereiro

- Cooperação Brasil - Colômbia: os governos brasileiro e colombiano firmam instrumento de cooperação em ciência e tecnologia espaciais.

- UnB testa foguete: a UnB testa motor de propulsão híbrida para foguetes de sondagem, desenvolvido com recursos do Programa Uniespaço, da Agência Esácial Brasileira (AEB).

Março

- Impulso para a ACS: capital social da binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space (ACS) é aumentado em R$ 100 milhões.

- PPP do SGB: AEB e Ministério do Planejamento dão início a processo de contratação de consultoria para estudo de modelagem de Parcerias Público-Privadas (PPP) para o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).

Abril

- Spot Image no Brasil: a empresa francesa Spot Image, geradora e fornecedora de imagens de satélite abre uma subsidiária no Brasil, a primeira na América Latina.

- Satélites equatoriais para observação terrestre: Equatorial Sistemas, de São José dos Campos (SP), apresenta em simpósio do INPE sobre sensoriamento remoto um conceito de monitoramento de regiões tropicais com satélites de órbita equatorial.

Maio

- Cooperação Brasil - Israel: comitiva israelense visita o Brasil para a discussão de possível parceria na área espacial.

- CBERS: Brasil e China ampliam acordo prevendo a distribuição de imagens do CBERS para países africanos.

- Operação Maracati I: é realizado do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, a Operação Maracati I, envolvendo o lançamento de um foguete de treinamento Orion, de origem alemã

Junho

- Aquarius na Argentina: sensor Aquarius, construído pela NASA, é enviado à Argentina para integração ao satélite científico e de meio-ambiente SAC-D.

- Antena da ESA na Argentina: Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) anuncia escolha da cidade de Malargüe, Mendoza, na Argentina para a instalação de antena de apoio a missões interplanetárias.
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sábado, 26 de dezembro de 2009

Missão CoRoT no Jornal do Brasil

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Brasil ajuda a buscar exoplanetas

DA REDAÇÃO - A Agência Espacial Francesa CNES anunciou esta semana, durante a comemoração dos três primeiros anos em órbita do satélite franco-europeu-brasileiro CoRoT (Convection, Rotation and planetary Transits), a decisão de prosseguir com a missão por mais três anos. O projeto do satélite CoRoT é uma parceria internacional de laboratórios franceses e de mais seis países europeus, além do Brasil. O principal objetivo do projeto é buscar exoplanetas, ou seja, planetas que não fazem partem do Sistema Solar.

A busca é principalmente por planetas pequenos rochosos, parecidos com a Terra, locais onde as superfícies sólidas ou líquidas poderiam oferecer condições para o surgimento de vida.

– É importante ressaltar que planetas maiores, como Júpiter e Saturno, no caso do Sistema Solar, têm sua camada mais externa composta por gases – explica o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, Eduardo Janot, presidente do comitê CoRoT-Brasil.

Alcântara

Outra função do CoRoT é o estudo de oscilações estelares através das variações de emissão de luz das estrelas, os estelemotos, algo como terremotos que ocorrem nas estrelas. Esses fenômenos permitem analisar a propagação dessas vibrações até o interior das estrelas, o que ajuda a entender o comportamento destes corpos celestes e até mesmo fazer algumas analogias com o comportamento do Sol.

Além da Agência Espacial Francesa, participam laboratórios científicos da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda e Itália, na Europa. No Brasil, os principais centros de pesquisas astronômicas nacionais participam do projeto.

Para França, foram enviados cinco pesquisadores brasileiros que auxiliaram no desenvolvimento de um software de tratamento dos dados enviados pelo satélite. Outra participação brasileira é com o Centro Espacial de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão, que abriga umas das três bases terrestres para as quais o satélite envia os dados coletados.

– Com a entrada da Base de Alcântara no projeto, houve um aumento de 80 para 120 mil estrelas observadas – aponta Janot.

Lançado em dezembro de 2006, a missão do satélite deveria durar três anos, mas os resultados foram tão positivos que os coordenadores do projeto dos diversos países participantes decidiram dar continuidade aos trabalhos do CoRoT.

Dentre as principais descobertas do satélite nos último três anos estão uma dezena de exoplanetas, além centenas de outros astros que necessitam de observações do solo para que possam ser enquadrados como exoplanetas. O principal destaque nesta área vai para o CoRoT 7-b, o primeiro planeta rochoso descoberto fora do Sistema Solar com massa e densidade próximas a da Terra.

Dentro sismologia estelar – aquela que analisa, entre outros fenômenos, os estelemotos, – o satélite descobriu novos tipos de variações de luz, muitas delas até então desconhecidas pela astronomia.

– A descoberta dessas novas variações abre espaço para novas perspectivas no conhecimento estelar e na física das estrelas – diz Janot.

Com a continuação do Projeto CoRoT, algumas pesquisas devem ser aprofundadas. Uma delas é o enfoque nos estudos destes pequenos planetas rochosos, planetas os quais podem abrigar alguma forma de vida. Outro enfoque da pesquisa com exoplanetas será a busca pelas chamadas “Super Terras quentes”, planetas com uma massa um pouco maior do que a Terra e mais próximos de suas estrelas.

Fonte: Jornal do Brasil

Comentário: para saber mais sobre a Missão CoRoT e as atividades de astronomia espacial desenvolvidas pelo País, acessem a postagem "Astronomia Espacial no Brasil".
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

30 anos de Ariane

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Hoje, 24 de dezembro, completam-se trinta anos do primeiro lançamento de um foguete da família Ariane, realizado a partir do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa. O primeiro lançador da série, Ariane 1, inseriu em órbita baixa uma carga-útil (CAT-1) com massa de 1,675 kg.

Nestes trinta anos de operações, os lançadores Ariane (1, 2, 3, 4 e 5) executaram 193 missões, colocando em órbita 277 cargas úteis para 73 diferentes clientes. A família europeia de foguetes tem sido reconhecida pela sua confiabilidade, flexibilidade e acurácia na inserção de cargas úteis, o que permanece com a atual versão Ariane 5. E esta história deve ter continuidade, com o aprimoramento da versão 5 (ver a notícia "EADS Astrium desenvolve nova versão do Ariane 5", disponibilizada no web-site de Tecnologia & Defesa no início desta semana).

"Com 49 lançamentos realizados até esta data, o Ariane 5 acumula 35 sucessos consecutivos - de longe, a mais alta confiabilidade do mercado", disse em nota o presidente e CEO da Arianespace, Jean-Yves Le Gall.

Em 2010, será a vez da Arianespace, operadora dos Ariane (e futuramente, do Soyuz e Vega) completar trinta anos. Por ocasião da data, o blog prepará uma matéria especial sobre a história da empresa e a relação com o Brasil. Todos os satélites de comunicações da Embratel (atual Star One), por exemplo, foram lançados pela Arianespace. E o rastreio de fase inicial das missões de lançamento é feito pelo Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), com base em acordo bilateral celebrado pelo País com a Agência Espacial Europeia há mais de trinta anos.
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Orçamento 2010: AEB terá R$ 293 milhões

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Foi aprovado na noite da última terça-feira (22), pelo plenário do Congresso Nacional, o orçamento federal para o ano de 2010, no valor de R$ 1,86 trilhão. O total destinado ao Ministério da Ciência e Tecnologia alcança a cifra de R$ 7,7 bilhões, sendo que deste montante, R$ 293 milhões irão para a Agência Espacial Brasileira (AEB).

Em breve, o blog fará uma análise detalhada, específica sobre o Programa Espacial Brasileiro, da peça orçamentária de 2010.
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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Programa Espacial: a falta de sorte de Lula

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Na postagem "Novos problemas para a ACS", de 21 de dezembro último, mencionamos as chances bastante remotas de que o primeiro voo do lançador ucraniano Cyclone 4 a partir de Alcântara (MA) ocorra em 2010. Assim, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, muito provavelmente não terá a sua expectativa atendida - assistir o lançamento do Cyclone 4 até o término de seu mandato. De fato, Lula parece não ter muita sorte em se tratando de materialização de projetos espaciais, assim entendidos os voos de lançadores e colocação de satélites em órbita.

Durante o seu governo, poderia ter havido outra chance de assistir a um voo de veículo-lançador a partir de solo brasileiro - do VLS-1 V03, em maio de 2003 - não fosse o trágico incêndio na torre de integração que acabou vitimando 21 técnicos do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA), três dias antes de sua decolagem.

Em matéria de satélites, durante o governo Lula foi lançado ao espaço apenas um satélite, o sino-brasileiro CBERS-2B, construído com o objetivo de ocupar o hiato entre o seu antecessor CBERS 2 e sucessor CBERS 3, este último com previsão de colocação em órbita não antes de 2011. O Presidente da República, no entanto, não pôde assistir ao lançamento de satélites "totalmente" nacionais, como Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso puderam com o SCD-1 (1993) e SCD-2 (1998), respectivamente. Provavelmente, a exemplo dos lançadores, Lula não terá a oportunidade de comemorar no exercício de seu atual mandato novos feitos espaciais, como possivelmente farão seus colegas da Argentina (SAC-D/Aquarius) e Chile (SSOT).

Curiosamente, Lula e seus ministros tiveram a oportunidade este ano de entrar num projeto que daria a chance de assistirem ao lançamento de um satélite construído no País, com considerável índice de nacionalização, ainda em 2010. Por variadas razões, a iniciativa não teve a velocidade desejada, o que praticamente acabou com o seu maior apelo.

Apesar dos longos períodos sem lançamentos, não se pode deixar de reconhecer o mérito do atual governo quanto ao aumento de investimentos. De fato, desde a tragédia do VLS-1 V03, o orçamento do Programa Espacial passou a receber volumes mais substanciais de recursos, ainda que insuficientes para toda a gama de projetos espaciais desenvolvidos ou ambicionados pelo País.
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Subvenção econômica da FINEP: lista final

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A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) divulgou na sexta-feira passada (18) a lista final de projetos aprovados para receber recursos não-reembolsáveis de seu programa de subvenção econômica. Foram 53 projetos aprovados na área de Defesa Nacional e Segurança Pública, que abrange o setor espacial. Não houve muitas novidades em relação à lista preliminar divulgada em julho deste ano (leiam a postagem "Subvenção econômica da FINEP").

Alguns projetos específicos sobre espaço, como uma estação de telemetria-solo para o VLS e sistemas de comunicação via satélites estão na lista de selecionados. Vários outros projetos, na área de sistemas inerciais, por exemplo, acabam tendo aplicação dual e podem beneficiar projetos do Programa Espacial Brasileiro.

Para acessarem a relação completa dos projetos e empresas selecionadas (a partir da página 11), cliquem aqui.
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Ensaios do projeto SARA

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Grupo SARA apresenta resultados de ensaios do Subsistema de Recuperação

18/12/2009

O projeto SARA (Satélite de Reentrada Atmosférica), que se destina ao desenvolvimento de uma plataforma espacial para experimentos em ambiente de microgravidade, encontra-se na fase de ensaios do seu Subsistema de Recuperação.

Os testes, denominados Ensaios Dinâmicos, realizados entre os dias 23 de novembro e o dia 11 de dezembro de 2009, tiveram por objetivo analisar o comportamento dinâmico dos paraquedas desse subsistema, no momento da extração.

O Subsistema de Recuperação é constituído por dois tipos de paraquedas: o Paraquedas de Arrasto, o qual será o primeiro evento a ser disparado durante o voo suborbital e que reduzirá a velocidade de reentrada da cápsula até a velocidade adequada para o segundo evento, equivalente à abertura dos dois paraquedas principais, os quais terão a função de diminuir e manter a velocidade especificada no momento de impacto com a água.

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Trem de Pouso (LTP) do IAE, com o apoio da Subdivisão de Ensaios Estruturais da Divisão de Sistemas Aeronáuticos (ASA-E). A coordenação, integração e execução dos ensaios foram realizados por engenheiros da Divisão de Integração e Ensaios (AIE) e bolsista da Divisão de Sistemas Espaciais (ASE). O registro das imagens em alta resolução, realizado por servidores do Laboratório de Registro de Imagens (AIE-LRI), possibilitaram a análise detalhada da velocidade no momento de abertura dos paraquedas.

A Koldaev Desenvolvimento e Serviços Ltda, empresa especializada no Desenvolvimento e Ensaios de Sistemas Aeronáuticos, é a contratada para prestar serviços de consultoria durante o desenvolvimento e os testes do subsistema de recuperação para o veículo de reentrada atmosférica.

O diretor do instituto, coronel Pantoja, o vice-diretor de espaço, coronel Kasemodel, e o coordenador do projeto VLS-1, coronel Demétrio, observaram um dos ensaios executados pelo grupo. O Projeto SARA é coordenado pelo doutor Eduardo Vergueiro Loures da Costa, da Divisão de Sistemas Espaciais (ASE) do IAE.

Resultados dos ensaios

Os ensaios também tiveram por objetivo qualificar o pessoal envolvido nas atividades de dobragem e de integração; os resultados foram bem-sucedidos em resposta ao desdobramento completo de todos os eventos pertencentes ao subsistema de recuperação.

Terminada essa fase, o grupo envolvido irá elaborar os documentos de conclusão dos ensaios, de acordo com gráficos gerados da carga em função da distância e do tempo, além de discuti-los.

O projeto possui dois documentos importantes para a garantia de abertura, que são eles: documento de Análise de Riscos e o documento de Procedimento de montagem. Tais documentos informam aos operadores os meios e as etapas da integração e os riscos e problemas encontrados durante a integração dos componentes do Subistema de Recuperação.

Previsão

O SARA Suborbital, que está previsto para ser lançado em 2010, é constituído de quatro subsistemas: o Subsistema Estrutural, o Subsistema de Redes Elétricas, o Subsistema de Recuperação e o Subsistema do Módulo de Experimentação (MEXP).

No MEXP, também conhecido por subsistema de carga útil (payload) do SARA Suborbital, são instalados os instrumentos e experimentos científicos e tecnológicos a serem executados durante o voo suborbital em ambiente de microgravidade.

Fonte: IAE/DCTA
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Novos problemas para a ACS

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A empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), já experiente na resolução de vários imbróglios (questões orçamentárias, quilombolas, dentre outros) começa a enfrentar novos problemas para a implementação do complexo espacial do foguete ucraniano Cyclone 4 no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.

No início de dezembro, durante visita oficial do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ucrânia, chegou a ser anunciado que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiaria parte dos investimentos dos parceiros ucranianos (as empresas estatais Yuzhnoye e Yuzhmash) na ACS (leiam a postagem “Visita de Lula à Ucrânia: ACS”). Politicamente, essa é a intenção, mas o blog apurou que existem limitações legais para a materialização do financiamento. Inclusive, pessoas que acompanham o tema afirmam ser pouco provável que se encontre uma solução para a liberação dos recursos do BNDES. Existem alternativas sendo consideradas, mas a maioria delas alteraria significativamente os termos do tratado binacional sobre o binômio Alcântara/Cyclone 4 assinado em outubro de 2003. Acredita-se que a busca de uma solução para este problema será uma das prioridades dos dirigentes da ACS e do Programa Espacial Brasileiro ao menos nos primeiros meses de 2010.

Outra notícia negativa para a ACS veio na semana passada, quando deveria ter sido realizada uma audiência pública no município de Alcântara para a discussão do Estudo de Impactos Ambientais (EIA/RIMA) relacionado à implantação do complexo de lançamento. A audiência foi cancelada pela Justiça Federal, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal (leiam a notícia aqui), em razão do horário da reunião (18h30), “tido como inviável e perigoso para o deslocamento das pessoas interessadas”.

Com os problemas de capitalização da binacional e o atraso nas licenças ambientais, o objetivo de se lançar o primeiro Cyclone 4 até o final de 2010 torna-se ainda mais remoto. Tanto que, privadamente, já se reconhece que o primeiro voo não ocorrerá durante o governo Lula.

Foguete ainda não existe fisicamente

De acordo com uma fonte familiar ao projeto ucraniano-brasileiro consultada pelo blog, o foguete Cyclone 4 já está com quase todo o seu desenvolvimento concluído, restando ainda apenas algumas partes. O lançador, porém, ainda não existe fisicamente, o que só corrobora as remotas chances de vir a voar em 2010.
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Cooperação Brasil - Ucrânia: UnB assina acordo

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UnB e da universidade da Ucrânia assinam acordo de estudos espaciais

Parceria irá qualificar estudantes da UnB na área de ciência e tecnologia aeroespacial

Bernardo Monteiro Rebello - Da Secretaria de Comunicação da UnB
16/12/2009

O acordo de cooperação em ciência e tecnologia aeroespacial entre a UnB e a Universidade Dnipropetrovs´k, da Ucrânia, foi assinado hoje (16) pelos reitores de ambas as instituições. Com a confirmação da parceria, a UnB irá receber o apoio de cientistas ucranianos na criação de uma pós-graduação na área, além de abrir espaço para o intercâmbio de professores, alunos e de conhecimento entre as universidades.

“A importância desse acordo é tal que já está se pensando em criar uma área de engenharia espacial a partir de 2011 na UnB”, afirma o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Júnior. Na opinião do reitor, a parceria irá possibilitar que a UnB participe de ações estratégicas no desenvolvimento aeroespacial brasileiro.

Para o reitor da Universidade Nacional Dnipropetrovs´k, o professor Polyakov Viktorovych, a Instituição de Ensino de seu país está pronta para colaborar com o Programa Espacial Brasileiro. “Nós faremos o possível para que a realização desse acordo seja um sucesso e que sua continuidade seja assegurada”, afirma.

Na opinião do embaixador da Ucrânia, Volodymyr Lakomov, o documento fortalece os laços de amizade entre as duas nações. “O interesse em avançar na temática espacial contribui para que o bom relacionamento entre os países se fortaleça”, argumenta.

Também participaram da cerimônia a decana de pesquisa e pós-graduação, a professora Denise Bomtempo, o chefe do Departamento de Física da Universidade Nacional da Ucrânia, o professor Olexandr Petrenko e o professor Carlos Gurgel, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB.

POSSIBILIDADES - “O acordo entre a UnB e a Universidade Nacional da Ucrânia é uma parceria de cooperação padrão da universidade e com um âmbito bastante abrangente”, afirma o professor do Instituto de Física, José Leonardo Ferreira, um dos idealizadores do acordo.

Segundo o professor, a primeira iniciativa a partir de agora é criar o curso de pós-graduação na área de tecnologia aeroespacial.

O professor explica que existe um universo de inúmeras possibilidades de pesquisa, como por exemplo, a construção de satélites, foguetes, lançadores e as tecnologias de ciência associadas. “O acordo não é específico em detalhes”, complementa.

A formação de profissionais que atuem em ambos os países associados também é uma preocupação dos professores brasileiros. “No que concerne a graduação em tecnologia aeroespacial, nós vamos tentar fazer um currículo que atenda não só às necessidades do Programa Espacial Brasileiro, mas que também tenha alguma relação com a Ucrânia”, explica o professor Carlos Gurgel.

Fonte: UnB Agência
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COP-15 e o setor espacial

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O setor espacial (além do meio-ambiente e do planeta como um todo, evidentemente!) deve ser uma dos grandes beneficiados com a decisões e objetivos buscados na Cúpula das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas (COP-15), realizada este mês em Copenhague, na Dinamarca.

A edição de dezembro da revista Space Intelligence News, editada pela Ascend Worldwide, traz uma pequena nota ("Despite 'Climategate' scandal space industry is set to be a winner in global warming research") sustentando, num enfoque mais industrial, esta afirmação que, aliás, é também embasada por algumas notícias vindas de Copenhague.

Dada a crescente preocupação mundial com o aquecimento do Globo, projetos de satélites científicos e meteorológicos para estudos e medições sobre os impactos e consequências do aquecimento global tendem a ganhar ainda mais importância. Satélites de observação terrestre para a medição do desmatamento, desertificação e derretimento de geleiras também são citados por especialistas e autoridades como instrumentos essenciais para o combate ao aquecimento.

As preocupações com o meio-ambiente já há algum tempo têm se mostrado um forte apelo para justificar (e angariar recursos) para projetos de satélites de sensoriamento remoto, inclusive no Brasil. Na visão de muitos analistas, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) acertou ao optar por orientar suas principais ações a temas ambientais, embora definições e recursos para alguns projetos essenciais, como o de um satélite-radar, ainda não tenham sido alcançados.

Já há algum tempo, existe a expectativa de que o satélite Amazônia-1, baseado na Plataforma Multimissão (PMM) tenha o seu cronograma acelerado com o recebimento de recursos oriundos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), questão que parece ter saído da mídia. Talvez, com tudo o que se discutiu no COP-15, alguns projetos e necessidades nacionais recebam mais um importante impulso, não apenas político, mas principalmente financeiro.

Paralelamente às questões internas, o governo brasileiro busca ampliar junto à comunidade internacional o seu papel de colaborador nos esforços de redução do desmatamento. Há pouco mais de uma semana, o INPE assinou com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) um acordo para repasse de tecnologia e experiência brasileiras no monitoramento por satélite do desmatamento (saibam mais na matéria "Inpe vai repassar tecnologia brasileira de monitoramento por satélite do desmatamento", da Agência Brasil), iniciativa certamente louvável. Ao mesmo tempo em que realiza estes atos de política externa, é fundamental que o governo não se esqueça de que existem deficiências internas nos sistemas de monitoramento disponíveis que de algum modo precisam ser supridas.
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Boas Festas!

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O blog Panorama Espacial deseja aos seus leitores, amigos e colaboradores os mais sinceros votos de Feliz Natal e um 2010 repleto de realizações!

André M. Mileski
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Diretor da AEB fala no workshop Brasil-Ucrânia

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Diretor da AEB participa de palestra na UnB

15-12-2009

Nesta segunda-feira (14), teve início o I Brazilian-Ukrainian Workshop on Aerospace Science and Technology. A abertura ocorreu no auditório da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), com a presença de pesquisadores brasileiros, ucranianos, estudantes e do embaixador da Ucrânia no Brasil, Volodymyr Lákomov, que abordou a importância do evento e da cooperação entre os países.

O diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB), Himilcon Carvalho, em palestra, destacou o Programa Espacial Brasileiro e a necessidade do país desenvolver seu próprio lançador. Himilcon também apresentou os satélites Cbers e SCD, além dos satélites previstos para o futuro: Amazônia - 1, GPM, Lattes, Mapsar e SGB. Ele explicou a cooperação com a Ucrânia, por meio da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). “O objetivo é entrar no mercado internacional de lançamentos com o foguete ucraniano Cyclone-4, sendo lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)”, observou.

O workshop, que termina nesta quarta-feira (16), é uma oportunidade para apresentação de trabalhos e resultados na área aeroespacial de ambos os países. No evento, organizado pelo Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação, os participantes também poderão se atualizar sobre as tendências e tecnologias relacionadas à propulsão, controle e automação, veículos de lançadores e satélites.

Segundo o professor Carlos Alberto Gurgel, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB, a proposta é semear o conhecimento na área espacial. “A parceria visa desenvolver atividades em todos os níveis da área aeroespacial.” A intenção é criar cursos de mestrado e doutorado em Ciência e Tecnologia Aeroespacial na Universidade.

Fonte: AEB
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Artigo de Carlos Ganem no jornal O Globo

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Investimento estratégico

15-12-2009

CARLOS GANEM*

O Brasil é um país grande. Não só pela sua extensão territorial, de aproximadamente oito milhões e meio de quilômetros quadrados e sua costa marítima de oito mil quilômetros, mas, também, pelo seu Produto Interno Bruto de um trilhão de dólares e pela sua população de quase 190 milhões de pessoas.

Somente quatro outros poderiam se comparar ao Brasil, quando se leva em conta estes fatores: Estados Unidos, China, Índia e Rússia. Além dessas características, há, porém, uma que cabe destacar. Todos eles, com exceção do Brasil, podem ser considerados "potências espaciais" - ou seja, completaram o ciclo de domínio das tecnologias de foguetes e satélites, que são utilizadas como elementos essenciais para atingir seus objetivos de crescimento econômico sustentável, desenvolvimento social e de política internacional.

É fácil concordar que países do porte do Brasil não podem prescindir de uma capacidade própria de geração de imagens do seu território. Sem isso, não há como fazer avançar as grandes políticas nacionais, sejam as de proteção ambiental, de comércio exterior ou de defesa. Mas é impossível ter imagens de um território tão grande se não o fizermos a partir do espaço.

A economia do setor espacial movimentou no mundo, somente em 2008, algo como 250 bilhões de dólares. A fabricação de satélites e foguetes, os lançamentos, os serviços bancários de financiamento e de corretagem de seguros, os equipamentos de solo para o controle e recepção de dados e imagens, a comercialização desses dados e os serviços de comunicação, mapeamento, localização e de previsão de tempo formam os elos de uma cadeia produtiva dominada por vários países.

Nosso programa espacial, coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), atua para capacitar o Brasil nessas tecnologias, sempre com foco nos grandes problemas nacionais, contribuindo para sua solução, e na utilização do espaço em benefício da sociedade.

A cooperação internacional é direcionada à formação de parcerias de alto valor estratégico, como ocorre com a China, na construção do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers) para termos imagens da Amazônia, por exemplo, e com a Ucrânia, com a empresa binacional Alcantara Cyclone Space (ACS), que lançará foguetes ucranianos a partir de nosso centro de lançamentos em Alcântara (MA) com parte dos lucros revertida ao programa. Além desses projetos, há o desenvolvimento nacional, em satélites de coleta de dados e foguete lançador.

Quando concluído, dará ao país acesso autônomo e garantido ao espaço.

Sejam quais forem os motivos - ter capacidade autônoma de gestão territorial, desenvolver novos nichos comerciais, aumentar o prestígio internacional, prover segurança e defesa nacionais - investir na área espacial tem sido a tendência daquelas nações que querem fazer a diferença no cenário geopolítico e é o caminho para deixarmos de ser apenas mais um país grande e chegarmos a ser um grande país

* CARLOS GANEM é presidente da Agência Espacial Brasileira

Fonte: Jornal O Globo, via web-site da AEB
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Matéria sobre sistemas inerciais no Valor

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A edição de hoje (14) do jornal Valor Econômico traz uma interessante reportagem ("Brasil desenvolve sistema de navegação de satélites e foguetes"), de autoria de Virgínia Silveira, sobre os esforços brasileiros para o desenvolvimento de tecnologia de sistemas inerciais.

Para programas aeroespaciais e militares que busquem autonomia, o desenvolvimento de tecnologia de sistemas inerciais é mais do que estratégico. De nada adianta, por exemplo, desenvolver localmente um foguete-lançador e comprar no exterior o sistema de guiagem, componente com mercado altamente regulado. Vejam a postagem "Sistemas inerciais: o calcanhar-de-aquiles do VLS", de julho de 2008.
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Resenha do livro sobre o SCD-1

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No início de novembro, publicamos no blog pequena resenha sobre um livro do Programa CBERS (vejam em "Resenha do livro sobre o Programa CBERS"), escrito pela jornalista Fabíola de Oliveira, também autora de outro livro de temática espacial ("O Brasil chega ao Espaço: SCD-1 Satélite de Coleta de Dados"), sobre o primeiro satélite brasileiro, o SCD-1. Apesar de o livro ter sido publicado há mais de dez anos, publicamos abaixo uma pequena resenha com algumas informações de caráter mais histórico sobre o programa brasileiro.

O livro está organizado em seis capítulos, os primeiros com uma perspectiva histórica das atividades espaciais brasileiras, e o terceiro em diante sobre o desenvolvimento do SCD-1, seu lançamento, aplicações e o que viria após ele. Certamente, a obra tem grande valor histórico.

Os dois primeiros capítulos ("O início da engenharia espacial no país"; e "A opção pela MECB") trazem informações difíceis de encontrar em outros livros sobre o Programa Espacial Brasileiro. Em alguns parágrafos do primeiro capítulo, por exemplo, é abordado o pouco conhecido projeto SACI (não confundir com o projeto de satélite científico do INPE) das décadas de sessenta e setenta, surgido de estudos de especialistas brasileiros na Universidade de Stanford, nos EUA, e que tinha como objetivo desenvolver e construir localmente um satélite de comunicações para fins educacionais. O projeto acabou sendo extinto em 1976, considerado bastante ambicioso e inviável ao País na época, dado o alto custo e o nível tecnológico exigido para a sua construção.

Com enfoque histórico, o segundo capítulo dá um retrato do surgimento da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), que por muitos anos capitaneou praticamente todos os esforços nacionais na área espacial. A MECB, aliás, surgiu poucos anos depois do governo brasileiro ter buscado juntar todas as atividades espaciais desenvolvidas no País por diferentes setores e órgãos do governo, esforço este que teve como marco o 1º Seminário de Atividades Espaciais - SAE, realizado em agosto de 1977.

Paralelamente, já se considerava dentro do governo uma parceria tecnológica com a França, que acabou não avançando, mas que influenciou sobremaneira a MECB. Entre os meses de abril e junho de 1979, vários especialistas brasileiros participaram de missão técnica em Toulouse, no sul da França, ocasião em que foram preparadas todas as especificações técnicas do Satélite de Coleta de Dados (SCD), do Laboratório de Integração e Testes (LIT), e do Centro de Controle de Satélites (CCS).

A cooperação com a França não avançou por variados motivos, dentro os quais o custo (na época, acreditava-se que a parceria francesa teria custo 4 ou 5 vezes maior do que o programa nacional, lógica que possivelmente se mostrou incorreta), elevado nível de importações (algo que se considerava negativo para a imagem do programa brasileiro, que buscava transmitir uma imagem de autonomia e independência), e também a questão da propulsão dos lançadores (a França estava propondo um foguete-lançador com estágios de propulsão líquida, mas o Brasil insistia na propulsão sólida, talvez pelo caráter dual do VLS à época).

A MECB como hoje é conhecida, com três áreas principais, a de lançadores (programa VLS), satélites (dois SCDs e dois satélites de sensoriamento remoto, os SSRs), e infraestrutura (sítios de lançamento de Natal (RN) e Alcântara (MA)), foi aprovada no 2º SAE, em setembro de 1979. Os primeiros recursos orçamentários para o seu desenvolvimento, no entanto, demoraram a aparecer, uma das razões pelo seu considerável atraso e, de certo modo, insucesso em alguns aspectos.

O quarto capítulo ("O engenho brasileiro em órbita") tem explicações detalhadas sobre o projeto do SCD-1 e sua construção. Um dado bastante interessante é a história da contratação do lançamento do satélite, uma vez que o VLS brasileiro estava bastante atrasado. No início da década de noventa, depois de solucionar questões políticas, o governo enviou cartas-consulta para fornecedores dos EUA, França, URSS, China, Japão e Israel. Três opções foram pré-selecionadas: (i) lançamento a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), ou de submarino soviético pelo consórcio Alport, que envolvias as empresas Glavkosmos (URSS), Elebra (Brasil) e Space Commerce Corporation (EUA); (ii) lançamento por meio do sistema Pegasus/B-52, da Orbital Sciences Corporation (EUA), a partir dos EUA; e (iii) lançamento de Wallops Island (EUA) pelo lançador Scout, da LTV Aerospace and Defense Company. A decisão recaiu sobre a proposta da Orbital, tendo o contrato sido assinado em setembro de 1991, ao custo de 14 milhões de dólares.

É curioso observar o panorama que se tinha em 1996 sobre o futuro do Programa Espacial Brasileiro. No sexto e último capítulo, a autora discorre sobre os futuros satélites do INPE, citando o SCD-2, o SCD-3, que além do transponder de coleta de dados teria uma carga-útil para comunicações móveis, a constelação de satélites de comunicações para órbita baixa ECO-8, os satélites científicos SACI e FBM (French-Brazilian Microsatellite), CBERS, o de sensoriamento remoto SSR-1, e a expectativa quanto à Plataforma Multimissão (PMM). Enfim, muitos projetos.

Sobre o ECO-8 (qualquer dia, trataremos mais a fundo desse projeto), é interessante notar que havia muita expectativa do INPE e de vários de seus dirigentes (isso pode ser percebido nos depoimentos publicados no livro) quanto às constelações de satélites de órbitas baixas para comunicações, que pareciam ser a tendência da época (projetos como o Iridium, Globalstar e Teledesic). Tendência esta que, ao menos na época, não se confirmou.

Outro ponto muito interessante é que vários dos dirigentes do Programa Espacial Brasileiro daquele período mencionaram em seus depoimentos o objetivo de se transferir projetos de satélites para a indústria nacional, elegendo um contratante-principal (“prime-contractor”). Ideia bastante avançada para a época, e ainda bastante atual.
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sábado, 12 de dezembro de 2009

INPE no COP-15

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COP 15: INPE e CEOS discutem como monitorar as mudanças ambientais globais

11/12/2009

Evento promovido pelo Comitê de Satélites de Observação da Terra (CEOS, na sigla em inglês) durante a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), em Copenhague, discutirá a disseminação global de dados de satélites para monitoramento dos efeitos das mudanças ambientais. Às 17h (hora de Brasília) desta sexta-feira (11/12), o evento será conduzido por Gilberto Câmara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O INPE assume em 2010 a presidência do CEOS, que reúne 28 agências espaciais e 20 organizações nacionais e internacionais, com o objetivo de coordenar o intercâmbio global de dados de satélites de observação da Terra. Gilberto Câmara apresentará as perspectivas do CEOS para o monitoramento climático a partir do lançamento de novos satélites de sensoriamento remoto. O diretor do INPE também falará sobre as emissões de gases de efeito estufa provocadas pelo desmatamento das florestas.

O evento tem como principal palestrante o professor holandês Paul J. Crutzen, vencedor do Prêmio Nobel de Química em 1995 por suas pesquisas relacionadas à destruição da camada de ozônio. Também participam Takashi Moriyama, da agência espacial japonesa (JAXA), e José Achache, do GEO (sigla em inglês do Grupo de Observação da Terra).

O INPE adotou como política distribuir gratuitamente pela internet seus dados de satélites em 2004. Hoje o fácil acesso a dados que contribuam para o melhor entendimento das mudanças ambientais globais é o principal objetivo de organismos internacionais como o CEOS e o GEO, que pretendem disponibilizar e compartilhar informações para monitoramento de níveis de carbono, mudanças climáticas, perda de biodiversidade, desmatamento, recursos hídricos, temperaturas do oceano e outros indicadores críticos para a saúde do planeta e bem-estar da humanidade.

Monitoramento global

Nesta quinta-feira (10/12), INPE e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) assinaram em Copenhague memorando de entendimento que possibilitará a transferência de tecnologia e capacitação aos países interessados em monitorar florestas por satélites.

Com o PRODES do INPE, o Brasil monitora por satélite 4 milhões de Km² de florestas na Amazônia todos os anos. O maior programa de acompanhamento de florestas do mundo permite ao Brasil medir o desmatamento e divulgar com transparência todas as informações obtidas a partir dos satélites.

Para a FAO, o Brasil abre caminho para o controle do desmatamento e da degradação florestal em todo o mundo quando, por meio do INPE, oferece ajuda aos demais países a avançar na vigilância de suas próprias florestas.

O memorando proporcionará a capacitação técnica necessária ao monitoramento para REDD - Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação em Países em Desenvolvimento. Um dos principais objetivos da FAO, REDD é também um dos temas mais importantes em discussão COP-15.

Os cursos de capacitação serão realizados no Centro Regional da Amazônia (CRA/INPE), inaugurado recentemente em Belém (PA) com a missão de se tornar um centro internacional de difusão de tecnologia de monitoramento por satélite de florestas tropicais. Os técnicos estrangeiros aprenderão a utilizar o TerraAmazon, sistema desenvolvido pelo INPE para seus programas de monitoramento e que estará disponível gratuitamente.

Fonte: INPE
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Workshop Brasil-Ucrânia sobre propulsão

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Workshop discutirá propulsão de foguetes

10-12-2009

O I Workshop Brasileiro-Ucraniano sobre Ciência Aeroespacial e Tecnologia, que ocorrerá na Universidade de Brasília (UnB), de 14 a 17 de dezembro, apresentará os resultados sobre propulsão elétrica, líquida, sólida e híbrida em foguetes, controle e automação, entre outros assuntos. O evento, que terá início às 9h, será no auditório da Faculdade de Tecnologia.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) participará das atividades na segunda-feira (14), por meio de um representante da Diretoria de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, que abordará o Programa Espacial Brasileiro. Estarão em debate temas como a construção de veículos espaciais e foguetes, microsatélites e sistemas de propulsão elétrica para veículos espaciais.

O workshop, que contará com a participação de cientistas do programa espacial ucraniano e da UnB , é uma promoção do Ministério de Ciência e Tecnologia, Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal (SECT/DF) e Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF) e Alcântara Cyclone Space (ACS).

Informações: www.lara.unb.br/buw2009

Fonte: AEB
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Opto Eletrônica leva prêmio da FINEP

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A indústria Opto Eletrônica foi a primeira colocada na categoria média empresa do Prêmio FINEP de Inovação 2009. A entrega do troféu ocorreu na última terça-feira (08), em Brasília (DF). A empresa, com sede em São Carlos, interior de São Paulo, atua fortemente no setor ótico e também está envolvida com sensores de imageamento de satélites do Programa Espacial Brasileiro, como o CBERS e o Amazônia-1. Abaixo, reproduzimos a descrição da Opto disponibilizada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia:

"Categoria Média Empresa
Opto Eletrônica (SP)

A Opto Eletrônica S/A desenvolve, fabrica e comercializa equipamentos que combinam alta tecnologia óptica e eletrônica. Há três áreas de desenvolvimento dentro da empresa: a de equipamentos para Oftalmologia (médicos), a de equipamentos aeroespaciais e a de filmes antirreflexo em lentes de óculos. Na empresa, o tempo gasto em mestrados e doutorados conta como hora trabalhada."

Para conhecer um pouco mais sobre os negócios da Opto, acessem a matéria "Sistemas Óticos Made in Brazil", publicada em 2008 no web-site de Tecnologia & Defesa, e pesquisem pelo argumento "Opto" no sistema de busca do blog, no canto superior esquerdo.
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Seria uma indústria também "espacial"? - Parte II

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Uma atualização referente às informações dadas na postagem "Seria uma indústria também "espacial"?", de 13 de novembro: o blog recebeu esta semana a informação de que a empresa-alvo da companhia israelense Rafael Advanced Defense Systems não seria nenhuma das que o blog chegou a especular (embora não tenhamos mencionado os nomes), todas com atividades também na área espacial, mas sim uma majoritariamente atuante no setor de defesa, e instalada fora do Estado de São Paulo. A informação veio de uma fonte considerada bastante confiável. Uma confirmação de fato, porém, só será possível com a concretização da operação e sua divulgação ao público.

E já que falamos em aquisições, reproduzimos abaixo nota publicada na coluna "Defesa & Negócios", da revista Tecnologia & Defesa nº 119, que está nas bancas. O grupo referido na nota não atua apenas em defesa, mas também na área aeroespacial:

"O governo manda

"Vamos comprar quem o governo disser que devemos comprar". A afirmação, reservada, foi feita por um executivo de um grupo com negócios no setor de defesa no Brasil e revela a dinâmica das fusões e aquisições em setores estratégicos no País, sempre chanceladas pelo governo. Nada diferente do que acontece nos Estados Unidos e Europa."
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vídeo sobre a Alcântara Cyclone Space

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A narração do vídeo, disponibilizado no web-site da Agência Espacial Ucraniana (NSAU, sigla em inglês) está em ucraniano, mas algumas imagens são interessantes, como a infraestrutura em Alcântara, trechos de reuniões entre autoridades brasileiras e ucranianas, animações de inserção de cargas úteis em órbita, vídeos dos propulsores, lançamento do Cyclone 3 (versão anterior ao 4 e na qual é baseada), entre outras.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Projeto REDD: interesse da EADS e Spot Image

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Governador apresenta projeto REDD em audiência

03/12/2009

O governador Blairo Maggi recebeu na manhã desta quinta-feira (03.12), em seu gabinete, no Palácio Paiaguás, o vice-presidente da European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), Jean Noel Hardy; o diretor geral, Pierre Duquesne da EADS, e o secretário da Casa Militar, coronel PM Alexander Torres Maia, para uma audiência a respeito da proposta de implantação do projeto de Redução das Emissões do Desmatamento e da Degradação da Floresta (REDD).

Segundo Maia, a audiência serviu para fortalecer os laços do governo com o grupo EADS. “O encontro fortaleceu os laços que nós já temos com o grupo desde a nossa visita a Paris. Naquela oportunidade nós mostramos o avanço com que o governo do Estado de Mato Grosso tem registrado questões políticas e ambientais”, disse.

O grupo EADS está presente há 30 anos no mercado aeroespacial e de defesa brasileiro. Para o vice-presidente do grupo, Hardy, o encontro foi uma oportunidade para conhecer a intenção do projeto REDD. “Nós adquirimos uma percepção clara sobre o projeto REDD e o governador passou a impressão de querer fazer alguma coisa realmente concreta, que funcione, e assim, o projeto poderá se tornar um modelo para a comunidade”, ressaltou.

O REDD é um projeto pioneiro do Estado em que a região do Noroeste de Mato Grosso (Juruena e Cotriguaçu) foram escolhidas como os pontos estratégicos para a aplicação do projeto. O secretário Maia destacou que há uma possibilidade de uma parceira com o EADS. “Não sabemos ainda qual a extensão da participação do EADS dentro do nosso projeto REDD, mas temos certeza que o grupo estará presente de uma forma ou de outra, seja como patrocinador do projeto, com apoio tecnológico, medições que deverão ser feitas, certificações. Existem muitas possibilidades desta parceria”, acrescentou.

Maia afirmou que o governo pretende "até metade do ano que vem ter efetivamente, os primeiros produtores recebendo pelos serviços ambientais emprestado à humanidade”, finalizou. O projeto REDD será apresentado pelo governador na 15ª Conferência de Mudanças do Clima (COP 15) da ONU, no dia 14 de dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

A conferência acontecerá entre os dias 7 e 18 dese mês, e é considerada o mais importante da história recente dos acordos multilaterais ambientais, pois tem por objetivo estabelecer o tratado que substituirá o Protocolo de Quioto, vigente de 2008 a 2012.

Fonte: Secretaria de Comunicação do governo de Mato Grosso, Thaiza Araújo

Comentários: grosso modo, o projeto REDD envolve a redução do desmatamento da Floresta Amazônica e como compensação, o recebimento de recursos financeiros com a comercialização de créditos de carbono em razão da redução do desmate. A participação da EADS e da Spot Image (empresa da qual a EADS Astrium detém 81%) no projeto muito provavelmente se daria com o fornecimento de serviços de imageamento da região sujeita ao projeto, o que possibilitaria a comprovação (ou não) da redução no desmatamento.
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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Visita de Lula à Ucrânia: ACS

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Como já era esperado, um dos destaques da visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ucrânia esta semana foi o anúncio de que o governo brasileiro, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) irá financiar parte do investimento ucraniano na Alcântara Cyclone Space. No início deste ano, o blog já havia informado sobre estas negociações ("ACS: aumento do capital social"), à medida em que as visitas de dirigentes da ACS à sede do BNDES, no Rio de Janeiro, ocorriam.

O financiamento brasileiro foi a solução encontrada para dar continuidade ao projeto, dada à dificuldade dos parceiros ucranianos em integralizar o capital subscrito na joint-venture binacional, o que gerou, aliás, muitos momentos de tensão em Brasília. O programa espacial ucraniano não tem recebido muitos investimentos, e alguns projetos que contam com envolvimento de empresas do país europeu enfrentam problemas. É o caso, por exemplo, do consórcio de lançamentos espaciais Sea Launch, que pediu proteção judicial nos EUA (Chapter 11, uma espécie de recuperação judicial), e que tem como sócias as duas empresas ucranianas, estatais que também participam da ACS - Yuzhnoye e Yuzhmash. A norte-americana Boeing, uma das outras sócias, ameaçou inclusive abrir processo arbitral contra os parceiros ucranianos por não se responsabilizarem por parte da dívida do Sea Launch.

Abaixo, links para duas notícias de hoje sobre a visita de Lula à Ucrânia:



Na Declaração Conjunta do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do Presidente da Ucrânia, Victor Yushchenko, emitida em razão da viagem, a parceria espacial é mencionada em vários parágrafos. Destacamos abaixo os dois principais:

"13. O Presidente da República Federativa do Brasil e o Presidente da Ucrânia congratularam-se pela intensificação das relações bilaterais em diferentes áreas. No que diz respeito à área espacial, reafirmaram o compromisso com a parceria em curso para o lançamento do veículo Cyclone-4, pela empresa binacional "Alcântara Cyclone Space", a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Estado do Maranhão, empreendimento considerado de importância estratégica para os dois países.

14. Os dois mandatários manifestaram seu apoio ao desenvolvimento conjunto de novas tecnologias e projetos na área espacial e tomaram nota, com interesse, da proposta brasileira de Protocolo sobre cooperação espacial de longo prazo e da proposta ucraniana de Memorando de Entendimento sobre Cooperação no Desenvolvimento do Sistema de Lançamento Espacial Cyclone-4 no Centro de Lançamento de Alcântara."
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cooperação Brasil - Ucrânia

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MCT busca ampliar cooperação científica na Europa

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, acompanha nesta semana o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem ao continente europeu

Nesta terça-feira, dia 1º, o presidente Lula e o ministro Rezende desembarcam em Kiev, capital da Ucrânia. Brasil e Ucrânia desenvolvem em conjunto diversos projetos, entre eles o de cooperação espacial. O Brasil oferece condições geográficas especiais para o lançamento de foguetes, enquanto a Ucrânia desenvolve a tecnologia para o Cyclone-4, um foguete com capacidade para colocar um satélite em órbita.

Em outubro último, a empresa binacional Âlcantara Cyclone Space (ACS), que é gerenciada pelos dois países, apresentou uma proposta para desobstruir os entraves de transferência de tecnologia, com isso existe a possibilidade de o Brasil participar do desenvolvimento do Cyclone-4.

Na quarta-feira, dia 2, o ministro Rezende deve assinar acordos de cooperação em áreas consideradas prioritárias com os ucranianos, como energia nuclear, além do campo espacial. No mesmo dia, o ministro e o presidente Lula embarcam para Berlim, na Alemanha.

O Brasil é o principal parceiro da Alemanha para cooperação científica e tecnológica na América do Sul. Na visita ao País, o ministro Rezende e o presidente tratam com autoridades alemãs possíveis acordos de cooperação bilateral.

Fonte: JC E-mail, 1º de dezembro de 2009, com informações da Assessoria de Comunicação do MCT.
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