sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Parque Tecnológico de São José dos Campos

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A edição nº 3 da revista "Opinião", de São José dos Campos (SP), tem interessante reportagem sobre o Parque Tecnológico Riugi Kojima, instalado na cidade do Vale do Paraíba, e focado no desenvolvimento de capacitação tecnológica regional, principalmente nos setores aeroespacial e de energia. A iniciativa é considerada "o maior projeto aeroespacial em curso no hemisfério sul".

A reportagem, de capa, intitulada "Onde a Ciência tem vez" é assinada pelo experiente jornalista Julio Ottoboni, e foi construída com base em entrevista de Marco Antonio Raupp, atual presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Raupp é bastante respeitado no setor científico e tecnológico brasileiro, tendo exercido várias funções relevantes, dentre as quais a de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Para acessarem a íntegra da reportagem, cliquem aqui.

Também no número 3 da "Opinião", foi publicado um pequeno artigo de minha autoria, chamado "Parques tecnológicos, contribuições para o setor aeroespacial".
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Quarta revisão do PNAE

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Programa Nacional de Atividades Espaciais passará por sua quarta revisão

28/10/2009

Desde 8 de dezembro de 1994, o Brasil tem uma Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE). A política estabelece objetivos e diretrizes a serem materializados nos programas e projetos nacionais relativos à área espacial por meio do Programa Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (Pnae). O objetivo desse programa é capacitar o país para desenvolver e utilizar as tecnologias espaciais na solução de problemas nacionais e em benefício da sociedade brasileira, de modo a propiciar um aumento tangível na qualidade de vida da população.

A próxima revisão do Programa será dividida em duas fases. A primeira fase faz uma retrospectiva e avalia os principais resultados e deficiências do Programa Espacial Brasileiro. Em seguida, haverá a formulação de uma visão de longo prazo e uma política, que buscarão inserir o Programa, de maneira concreta, na estratégia de desenvolvimento social, econômico, geopolítico e tecnológico do país. Para isso, serão envolvidos setores como a sociedade, indústria, academia e quaisquer segmentos interessados no assunto.

“Queremos partir para uma discussão muito maior que identifique as demandas nacionais, em termos de informações e serviços a serem fornecidos por sistemas espaciais e, sobretudo, o papel do Programa e da Agência Espacial Brasileira (AEB) frente aos desafios a serem enfrentados, como por exemplo, as mudanças climáticas e o fortalecimento da soberania do país no cenário geopolítico atual”, ressalta o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, Himilcon de Castro Carvalho.

PROJETOS - A partir dessa análise, que abrange um horizonte de 20 anos, a carteira de projetos do Pnae será revisada, de modo que os satélites, foguetes e infraestrutura de centros de lançamento e laboratórios sejam alinhados com a nova visão estratégica. ”Podemos ter boas surpresas com propostas de novos projetos, de substituição ou adaptação de alguns projetos para que cumpram melhor sua função ou, mesmo, reestruturações organizacionais, que permitam melhor gestão das atividades espaciais e maior inclusão do setor privado e da sociedade”, completa.

Participarão, de maneira muito intensa, da organização da revisão do Programa os dois organismos executores do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (Sindae), coordenado pela AEB: o Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), subordinado ao Comando da Aeronáutica, do Ministério de Defesa e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério da Ciência e Tecnologia.

O resultado dessa revisão será submetido, em 2010, ao Conselho Superior da AEB, instância deliberativa da Política Espacial Brasileira, composto por representantes de vários ministérios, indústria e academia, que orientará e acompanhará todos os trabalhos.

Fonte: AEB

Comentários: a AEB contratou o trabalho de ao menos duas consultoras para auxiliar na revisão da PNAE. Aparentemente, a quarta revisão (as anteriores foram em 1996 - PNAE 1996-2005; 1997 - PNAE 1997-2007; e 2005 - PNAE 2005-2014) do Programa Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais promete ser a mais ampla de todas. Esta parece ser uma das prioridades de Carlos Ganem, presidente da AEB. Embora ainda não tenha alcançado uma grande marca em sua gestão, o blog constatou que Ganem tem recebido elogios reservados de críticos contumazes do Programa Espacial.
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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Propulsor de 75 kN do IAE/DCTA

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Pedro, leitor do blog postou comentário com o aviso de licitação reproduzido abaixo, publicado na edição de hoje (28) do Diário Oficial da União. O aviso chama interessados a prestar serviços técnico-especializados para apoio às atividades de desenvolvimento de motor-foguete de propulsão líquida com 75 kN de empuxo. Agradecimentos a Pedro pelo envio do extrato.

Na última edição da revista Espaço Brasileiro (vejam a postagem "Nova Edição da Revista Espaço Brasileiro"), editada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), há uma matéria sobre o motor líquido de 75 kN.

"GRUPAMENTO DE INFRA-ESTRUTURA E APOIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

AVISOS DE LICITAÇÃO
CONCORRÊNCIA Nº 20/2009

Objeto: Serviços técnico-especializado para apoio às atividades de desenvolvimento tecnológico de um motor-foguete a propelente líquido com 75 kN de empuxo sob a responsabilidade do Insti-tuto de Aeronáutica e Espaço - IAE. Total de Itens Licitados: 00001 . Edital: 28/10/2009 de 08h30 às 11h30 e de 13h às 16h30 . ENDEREÇO: Praça Marechal Eduardo Gomes ( Subdivisão de Licitação do GIA-SJ Vila das Acácias - SAO JOSE DOS CAMPOS - SP . Entrega das Propostas: 30/11/2009 às 14h00 . Endereço: Praça Marechal Eduardo Gomes ( Subdivisão de Licitação do GIA-SJ Vila das Acácias - SAO JOSE DOS CAMPOS - SP . Informações Gerais: O Edital estará disponível no site eletronico www.comprasnet.gov.br e a retirada do Projeto Básico em mídia pelos interessados será efetuada no GIA-SJ (Subdivisão de Licitações) mediante a comprovação da indenização de R$30,00 (trinta reais), que deverá ser recolhida através da Guia de Recolhimento da União GRU no site https://consulta.tesouro.fazenda.gov,br/gru/gru_simples.asp UG 120016, Gestão 0001, Código de Recolhimento 22048-5, Campo de Referencia 02003.

(SIDEC - 27/10/2009) 120016-00001-2009NE901128"
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Amazônia-1: novas licitações são aguardadas

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Segundo informações obtidas pelo blog, são aguardadas para as próximas semanas as publicações, no Diário Oficial da União, de avisos de aberturas de licitação para a compra de componentes do satélite de observação terrestre Amazônia-1, baseado na Plataforma Multimissão (PMM), e atualmente em construção pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e indústrias locais.

O INPE deve abrir licitação para a compra de três componentes, que somados devem superar o valor de R$ 20 milhões: (i) Transmissor em banda S (comunicação do satélite com o solo); (ii) Gravador de Dados Digital (Digital Data Recorder - DDR), espécie de disco rígido para o armazenamento de dados e posterior transmissão para o solo; e (iii) sensor de estrelas ("star tracker"), equipamento usado para se determinar a atitude (orientação) do satélite em relação às estrelas.

No final do ano passado, o INPE também adquiriu alguns subsistemas e carga útil para o Amazônia-1 (vejam aqui), como o sistema de controle de atitude e controle de órbita (ACDH, sigla em inglês), comprado da empresa argentina INVAP, e a câmera AWFI, a ser construída pela Opto Eletrônica, de São Carlos (SP).
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Workshop sobre Radiações Ionizantes

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IEAv promove workshop sobre Radiações Ionizantes

28-10-2009

O Instituto de Estudos Avançados (IEAv), vinculado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), promove, entre os dias 28 e 30 de outubro, o II Workshop sobre Efeitos das Radiações Ionizantes em Componentes Eletrônicos e Fotônicos de Uso Aeroespacial. A atividade ocorrerá no auditório do Parque Tecnológico da Universidade do Vale do Paraíba, em São José dos Campos (SP).

Serão realizados minicursos, ministrados por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do IEAv, além de palestras com representantes da Agência Espacial Brasileira (AEB), Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) e Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI).

O evento tem como objetivo ampliar as discussões já iniciadas, para identificar necessidades específicas da iniciativa privada, instituições de pesquisa e agências governamentais envolvidas com o Programa Espacial Brasileiro, com a finalidade de criar novos projetos voltados para atender demandas de curto prazo. Visa também discutir a importância de uma rede de pesquisa para o desenvolvimento de componentes resistentes à radiação.

O IEAv é responsável por gerenciar o projeto de pesquisa denominado PEICE - Estudo dos Efeitos da Radiação Ionizante em Componentes Eletrônicos e Fotônicos, financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), voltado ao desenvolvimento de uma plataforma para o estudo dos efeitos da radiação ionizante em diversos tipos de componentes e dispositivos de aplicação aeroespacial. O IEAv estuda os problemas causados pela ação contínua e cumulativa das radiações, como a radiação solar, em materiais e equipamentos eletrônicos utilizados nas atividades aeroespaciais para, assim, criar medidas corretivas.

Mais informações: www.ieav.cta.br/peice/index.php

Fonte: AEB
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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Avanços no projeto do satélite boliviano

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Na última quinta-feira (22), o presidente da Bolívia, Evo Moralez assinou na capital La Paz um memorando de entendimentos com o governo e indústrias chinesas tratando da construção e lançamento do primeiro satélite boliviano, o Tupac Katari (vejam a postagem do início desse mês, "Bolívia também quer o seu satélite geoestacionário"), de comunicações. A cerimônia contou com a presença de Yin Liming, presidente da China Great Wall Industry Corporation (CGWIC), responsável pela construção do satélite geoestacionário, e de representantes da União Internacional de Telecomunicações (ITU, sigla em inglês).

O memorando de entendimentos precede a um contrato definitivo, que deve ser assinado pelas partes envolvidas nos próximos meses. Não foram divulgadas informações sobre o modelo do satélite geoestacionário, mas pelas imagens divulgadas parece se tratar de uma plataforma DHF-4, a mesma usada pelo satélite Venesat 1, da Venezuela.

A previsão é que o satélite seja colocado em órbita em 2013, ao custo total (construção e lançamento) de US$ 300 milhões.

A concretização de mais esse negócio pela indústria espacial da China na América Latina é uma importante conquista do gigante asiático. Além da parceria com o Brasil no Programa CBERS, nos últimos anos Pequim conseguiu fechar importante contrato com a Venezuela, e agora está próximo de outro de mesma dimensão. Têm-se também notícias sobre alguns esforços chineses na região em matéria de lançamento de satélites.
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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nova edição da Revista Espaço Brasileiro

A Agência Espacial Brasileira (AEB) disponibilizou em seu web-site a mais recente edição da revista Espaço Brasileiro (Edição nº 5), publicação institucional sobre o Programa Espacial. Para acessá-la (são mais de 25 mega bytes), cliquem aqui.

Dentre os principais textos e reportagens, destaques para uma entrevista com o presidente da AEB, Carlos Ganem, a revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), programa do veículo waverider, do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), propulsão líquida no País, e outros.

sábado, 24 de outubro de 2009

Cooperação Brasil - Angola

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O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) divulgou ontem (23) nota (vejam aqui) sobre reunião realizada no último dia 22 com autoridades do governo de Angola para a avaliação de cooperação em matérias de Ciência e Tecnologia, como a área espacial. Participaram do encontro o secretário executivo do MCT, Luiz Antonio Rodrigues Elias, o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, além do ministro das Telecomunicações e Tecnologias da Informação de Angola, José Carvalho da Rocha.

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, falou da área espacial, destacando as cooperações feitas com a China, Argentina e Alemanha. Disse ainda que a AEB sustenta a meta de fomentar a indústria interna e ser fornecedora mundial de tecnologia espacial. “Somos um País com uma área espacial também recente, mas já conseguimos muitos avanços. Construímos dois satélites (Cbers 1 e 2) em parceria com outros países. Hoje, estamos fabricando os Cbers 3 e 4, com tecnologia praticamente toda nacional”, disse.

Já o ministro angolano, José Carvalho da Rocha, destacou a importância da cooperação na área espacial. “Temos uma missão que nos foi delegada pelo presidente de nosso país que é procurarmos avançar em tecnologia espacial e criar um plano estruturado que envolva diversos setores da economia. Entendemos que essa área colocou vários países como potências mundiais”, frisou. Rocha revelou que seu país busca cooperação com parceiros internacionais nas áreas de meteorologia e geofísica.

Em meados de setembro, uma comitiva angolana liderada pela ministra da Ciência e Tecnologia do país aficano, Maria Cândida Teixeira, fez uma visita ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

O Brasil já manteve ou estuda cooperações espaciais com países do continente africano, como Moçambique (plataformas do Sistema de Coleta de Dados na bacia do rio Zambeze), Gabão (imagens do CBERS) e África do Sul (imagens do CBERS).

Alguns países africanos já buscam dar maiores passos em tecnologia espacial, como o desenvolvimento e construção de satélites. A África do Sul, por exemplo, teve em 18 de setembro o seu segundo satélite (Sumbandila) lançado ao espaço. O microssatélite tem finalidades científicas e de observação terrestre.
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Acesso ao espaço e soberania nacional

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Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB)

Carlos Ganem

A capacidade de lançar satélites artificiais ao espaço é um dos fatores de fortalecimento da soberania nacional. Para entender a razão, é útil lembrarmos o caso do lançador europeu Ariane, que é lançado da Guiana Francesa, vizinha do Brasil. Sua história começa no início dos anos 1970, quando a Europa tinha duas organizações espaciais: a Organização Europeia de Pesquisas Espaciais (Esro) e a Organização Europeia de Desenvolvimento de Lançadores (Eldo). Essa última já havia sofrido 11 falhas de lançamento com seu foguete, o Europa, quando os países membros da Eldo decidiram que o projeto todo era um fracasso e seria descontinuado, frustrando o ideal europeu de se tornar independente dos Estados Unidos. Era a época da guerra fria e somente a União Soviética e os EUA detinham capacidade de lançamento de satélites.

Mas um fato importante fez a Europa mudar de ideia. Os EUA decidiram não permitir o lançamento de satélites europeus de comunicação, a não ser com severas restrições sobre como eles seriam utilizados. Na verdade, estava em jogo o interesse de proteger a indústria americana e impedir o desenvolvimento de uma indústria europeia de fabricação de satélites de comunicações. Assim, em 1973, as duas agências desapareceram para dar lugar à Agência Espacial Europeia (ESA), que aprovou a criação da empresa Arianespace, na França, onde começou o desenvolvimento do foguete Ariane.

Em 1978, o novo foguete foi lançado com sucesso a partir do centro de lançamentos europeu de Kourou, na Guiana Francesa. Aliás, cabe notar que a escolha de Kourou deveu-se à sua posição próxima da linha do equador, com o oceano a leste. Essa posição permite lançamento sobre o mar (mais seguro), aproveitando ainda a rotação da Terra, que dá velocidade adicional ao foguete. Em 1980, a Arianespace tornou-se a primeira empresa comercial de lançamento de satélites — hoje é a maior delas.

Essa história nos faz refletir sobre a nossa própria situação. Sabemos fazer satélites, como os de coleta de dados, SCD 1 e 2, ou os Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres (Cbers), desenvolvidos em cooperação com a China. Temos um centro de lançamentos em Alcântara, no Maranhão, com condições até melhores que Kourou, por estar mais próximo da linha do equador. Também fazemos veículos de sondagem, como o excelente VSB-30, e estamos desenvolvendo nosso próprio Veículo Lançador de Satélites, o VLS. Entretanto, enquanto ele não estiver pronto e a tecnologia plenamente dominada, vamos continuar dependendo de lançadores estrangeiros e estar sujeitos a qualquer tipo de restrição, seja comercial, como a Europa sofreu, seja política.

Não estamos mais na guerra fria, mas a lógica Leste-Oeste que prevalecia naquela época, baseada em ideologias, deu lugar a uma separação Norte-Sul, em que as barreiras comerciais e o cerceamento tecnológico são ingredientes preponderantes. Daí a importância do tema para o nosso Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), sob coordenação da Agência Espacial Brasileira, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O desenvolvimento autóctone das tecnologias necessárias, levado a cabo pelos executores do Pnae, o Instituto Nacional de Atividades Espaciais (Inpe) e o Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), além da manutenção e atualização dos Centros de Lançamento de Alcântara (CLA) e da Barreira do Inferno (clbi), em Natal (RN), são prioridades do programa. Além disso, como parte da política externa brasileira, começamos a estabelecer ou renovar parcerias estratégicas com outros países, entre os quais a França e a Rússia. Em um mundo em que o poder está cada vez mais fragmentado, essas alianças permitirão projetos conjuntos dentro de um quadro de proteção e salvaguarda mútua da propriedade intelectual.

Como solução intermediária e ao mesmo tempo grande oportunidade de negócio, o Brasil estabeleceu, em 2004, um tratado com a Ucrânia. Eles têm o foguete Cyclone-4, e nós, a melhor localização para lançamentos do mundo. Foi criada então a empresa binacional Alcantara-Cyclone Space (ACS), responsável pela comercialização dos lançamentos no mercado mundial. Com isso teremos, em curto prazo, maior grau de autonomia no acesso ao espaço e uma fonte de recursos para o programa espacial, vinda dos lucros da ACS.

No passado se dizia que dominar os mares era dominar o mundo. Hoje, até por força de tratados internacionais, como o Tratado da Lua e dos Corpos Celestes, não se pode dominar o espaço, pois ele pertence a toda a humanidade. Mas a plena capacidade de acesso e, consequentemente, de participar dos benefícios de se colocar em órbita satélites que servirão para comunicações, meteorologia, observação da Terra e posicionamento, por exemplo, ainda é privilégio de poucos. Dessa capacidade e de recursos estáveis e permanentes depende o nosso poder de decidir quando e o que colocar no espaço. E isso é soberania.

Fonte: Jornal Correio Braziliense, 22/10/2009, via NOTIMP.
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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

GPS para foguetes de sondagem

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UFRN desenvolve GPS exclusivo para foguetes

21/10/2009

Uma parceria entre o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) poderá garantir melhor desempenho nos lançamentos de foguetes. O receptor de GPS, projetado pelo professor Francisco Mota, do Departamento de Engenharia da Computação e Automação da UFRN, substitui as plataformas inerciais, que têm a função de informar a posição e a velocidade dos foguetes.

Patrocinado em 2004 pelo programa Uniespaço, da Agência Espacial Brasileira (AEB), este GPS – específico para artefatos espaciais – leva vantagem pelo baixo custo e pela alta precisão. “O uso do GPS é uma tendência mundial e por restrições de outros países não tínhamos acesso a essa tecnologia”, comenta Mota. O GPS da UFRN custa apenas 10% do valor de um equipamento, caso fosse comprado no exterior.

O professor estuda a possibilidade de incorporar este novo sistema nos futuros lançamentos dos foguetes de treinamento – o segundo lançamento está previsto para hoje (21) às 17 horas no CLBI. “Os FTBs são mais freqüentes, com condições mais dinâmicas e severas, e o GPS seria um componente perfeito”, diz o professor da UFRN.

O primeiro protótipo do GPS foi embarcado, em dezembro de 2007, no VS-30 durante a operação Angicos. Além da possibilidade do dispositivo ser utilizados nos FTBs, o GPS, com software nacional, deve ser embarcado no lançamento do VSB 30.

Na tarde de ontem, o primeiro FTB foi lançado, com sucesso, da plataforma do CLBI. O foguete atingiu o seu apogeu com 32 quilômetros de altitude, a uma velocidade de 4.200 km/h (quatro vezes a velocidade do som), caindo a 16 km da costa.

Conforme o chefe da Divisão de Operações, tenente coronel aviador Ricardo Rangel, a operação também visa certificar foguetes instrumentados para o aprimoramento, além da manutenção da capacidade operacional do Centro e do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Nesta quarta-feira (21), às 17 horas, está previsto o lançamento do segundo do FTB, fabricado pela empresa brasileira Avibras.

A operação Fogtrein 2, além dos efetivos do CLBI e do CLA, conta ainda com a participação da Agência Espacial Brasileira (AEB), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).

Fonte: AEB, via comunicação social do CLBI
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FogTrein II: primeira etapa bem-sucedida

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De acordo com a imprensa local ("Foguete é lançado com sucesso no CLBI"), a primeira etapa da Operação FogTrein II, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) foi realizada com sucesso na tarde de ontem (20), com o lançamento de um FTB (Foguete Básico de Treinamento), desenvolvido e fabricado pela Avibras, tradicional indústria aeroespacial e de defesa brasileira da região do Vale do Paraíba (SP).

“A operação começou com sucesso. O apogeu -altura - do foguete chegou a 32 km como o previsto e o equipamento caiu a 500 metros de distância do ponto determinado, que era 16 km da costa”, disse ao Tribuna do Norte o coordenador geral da operação, Tenente-Coronel-Aviador, Ricardo Rangel.

A Operação FogTrein II tem por objetivo treinar e qualificar os equipamentos e equipes do CLBI. Antes do FTB, cujo primeiro teste foi realizado no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) em agosto passado, a qualificação dos equipamentos dos sítios espaciais brasileiros era realizada com lançamentos de pequenos foguetes do modelo SBAT 70, também fabricados pela Avibras.

A FogTrein II precede a missão Maracati II, a ser realizada possivelmente a partir do CLBI entre o final deste ano e o começo de 2010, e que envolverá o lançamento de um foguete de sondagem VSB-30 para experimentos de microgravidade. A missão conta com o apoio da agência espacial alemã (DLR). O sítio de lançamento do foguete brasileiro ainda não foi definido, e se for realizado do CLBI, será a primeira vez que um VSB-30 é lançado do primeiro sítio espacial brasileiro.
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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Avanços na licitação de infraestrutura da ACS

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Licitação: nomes das empresas pré-qualificadas são divulgados

19/10/2009

A Alcântara Cyclone Space divulgou, na semana passada, o resultado da 1ª Fase (Pré-qualificação) da 1ª Etapa da Concorrência nº 1/ACS/2009, que trata da licitação para a construção do sítio de lançamento da empresa binacional em Alcântara, no Maranhão.

O Presidente da Comissão Especial de Licitação informa que os licitantes abaixo relacionados estão pré-qualificados:

CONSÓRCIO CYCLONE - SPACE (SERVENG, SCHAHIN, S.A. PAULISTA)
CONSÓRCIO ENCALSO - CONVAP - HAPq
CONSÓRCIO NOVA ALCÂNTARA (CR ALMEIDA, CESBE)
CONSÓRCIO OAS - CONSTRAN
CONSÓRCIO ODEBRECHT - ANDRADE GUTIERREZ
CONSÓRCIO QUEIROZ GALVÃO - CARIOCA - VITAL
CONSTRUCAP - CCPS ENGENHARIA E COMÉRCIO
CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO CAMARGO CORRÊA
EMSA - EMPRESA SUL AMERICANA DE MONTAGENS S/A

Terá início, agora, a segunda fase da primeira etapa da licitação, que é a qualificação técnica das empresas. Restará, para a segunda e última etapa, a apresentação das propostas comerciais. É o final da licitação e o início das obras. Mais: é o início de mais um sonho brasileiro. A empresa vencedora terá a honra de construir uma das maiores e mais importantes obras da história deste País.

Estima-se que as obras sejam iniciadas ainda neste ano de 2009. O objetivo é cumprir a determinação do presidente Lula para que o primeiro foguete Cyclone-4 seja lançado até o final do ano que vem.

Fonte: ACS

Comentários: em entrevista concedida à revista Tecnologia & Defesa no início de setembro, o diretor-geral da ACS, Roberto Amaral, deu alguns detalhes sobre as obras de infraestrutura que serão executadas no sítio de Alcântara. Para saber mais, acessem a postagem "T&D: entrevista com Roberto Amaral, da ACS".
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Operação FogTrein II


O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) iniciou no dia 13 de outubro a Operação FogTrein II, que consiste no lançamento de dois foguetes de treinamento previstos para serem lançados nos dias 20 e 21 de outubro.

O objetivo da Operação é desenvolver e certificar foguetes instrumentados para treinamento do CLBI e do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), visando o aprimoramento e a manutenção da capacidade operacional dos Centros de Lançamentos para o cumprimento das atividades previstas no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).

Além do efetivo do CLBI, esse evento conta com a participação de engenheiros da Avibras, o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e envolvimento do Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA), Centro de Lançamento da Alcântara e do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).

O FTB é um foguete mono-estágio, não guiado, com 3,05 m de comprimento e 67,8 kg. O motor propulsor é composto de combustível sólido e tem apenas uma fase de queima de 4 segundos, alcançando mais de 30 km de altura e caindo em alto mar a mais de 16 km da costa. Nesse vôo, os Foguetes Básicos de Treinamento já estão preparados para disponibilizar 5kg de carga útil para experimentos tecnológicos, além de instrumentos para acompanhamento das estações de telemedidas, preparando assim as equipagens para os próximos lançamentos.

“Estes lançamentos permitirão avaliar, mais uma vez, a estabilidade aerodinâmica dos veículos e verificar a qualidade dos sistemas de bordo que compõe m a carga útil. Todos os dados obtidos servirão como base para os processos de certificação de projeto de desenvolvimento dos veículos FTB.” Concluiu o Coordenador Geral da Operação, Tenente-Coronel-Aviador Ricardo Rodrigues Rangel.

Fonte: CLBI

Comentário: em agosto, operação similar (FogTrein I) foi realizada no Centro de Lançamento de Alcântara (vejam em "FogTrein I e Alcântara").

sábado, 17 de outubro de 2009

Programa Espacial corre o risco de parar, diz AEB

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Especialista: programa espacial brasileiro corre o risco de parar

Luiz Alves

16/10/2009

O programa aeroespacial brasileiro corre o risco de ser paralisado em breve, segundo afirmou na quinta-feira (15) o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB), Himilcon Carvalho, em audiência pública promovida pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Segundo ele, o programa carece de falta de investimentos nas áreas de formação e capacitação em recursos humanos e de pesquisa científica e tecnológica.

Carvalho considera a situação grave. "Hoje, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e a indústria contam com aproximadamente três mil especialistas, o que não é muito. Além disso, há o envelhecimento e a evasão do quadro de pessoal dos institutos públicos, sem a devida reposição e as novas contratações. E não há formação específica para a área espacial", enumerou.

Pesquisa e ficção

Segundo ele, as duas principais linhas de ação do programa aeroespacial brasileiro são, de um lado, os projetos na área de foguetes e de satélites e, de outro, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que antes ficavam em torno de 14% do total do programa, mas caíram para 8%. "Não estamos fazendo pesquisa de ficção, mas de tecnologia crítica sem a qual o programa vai parar", alertou.

Ele acrescentou que, para a capacitação de recursos humanos, o investimento não passa de 2% do orçamento total do programa espacial. "A solução seria aumentar o orçamento, pois não há como realocar os recursos", ponderou. Ainda de acordo com o diretor, a agência seria um retrato da carência do setor, pois não tem quadro próprio: conta com apenas 90 servidores, todos ocupando cargos comissionados.

Pouca transferência

Também segundo Carvalho, sem um investimento real em formação de talentos o Brasil nunca vai atingir o seu principal objetivo no programa espacial, que é o de atingir autonomia tecnológica. Ele observou que os acordos internacionais são muito limitados para a transferência de tecnologia, até porque não é do interesse dos outros países transferir conhecimentos.

"Faltam tecnologias para aplicação de sensores óticos (usados no exterior para aplicações de defesa); radares de abertura sintética (para monitorar o desmatamento através das nuvens); propulsão líquida para foguetes (para entrar na área da competição comercial); e navegação de satélites", detalhou.

Entre outros problemas, ele citou a falta de domínio de tecnologias críticas, legislação de compras não adaptada à complexidade do setor e mercado insuficiente para estruturar a cadeia produtiva.

"Cada satélite custa algo como 150 milhões de dólares; os projetos são arriscados", ressaltou.

Aposentadoria próxima

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Vale do Paraíba, Fernando Morais, disse que 327 servidores do Inpe e do DCTA estarão em condições de se aposentar em 5 anos, o que equivale a um terço do quadro de pessoal dos dois órgãos. Ele observou que a média de idade dos pesquisadores já é superior a 50 anos.

Para o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que pediu a realização da audiência, o programa espacial está muito aquém das necessidades e das possibilidades do País, inclusive no que se refere ao retorno econômico à sociedade. Ele concordou que a idade média dos pesquisadores é elevada e apontou que falta sinergia entre as instituições da área.

O deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP) atribuiu a situação ao que chamou de falta de visão de longo prazo. "Há muito tempo não temos uma política de Estado. Faltam projetos catalisadores, as tecnologias críticas são importantes e ninguém vai passá-las para nós", lamentou. Ele disse que o governo deve criar uma solução para os próximos 4 ou 5 anos.

Fonte: Agência Câmara
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VSB-30 certificado e teste do S40M

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Aeronáutica certifica foguete e testa propulsor espacial

16/10/2009

Dois eventos ocorridos simultaneamente nesta quinta-feira, 15, no Departamento Geral de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), foram responsáveis por aproximar o país do domínio completo do ciclo espacial.

Um deles foi a primeira certificação de um veículo espacial ocorrida no Brasil, para o VSB-30, foguete de sondagem brasileiro desenvolvido desde 2001 pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), capaz de transportar 400 quilos a 276 quilômetros de distância da terra, permitindo experimentos em microgravidade por um tempo de até cerca de seis minutos.

Custando cerca de R$ 750 mil a unidade, o diretor do Instituto, Coronel Engenheiro Francisco Carlos Melo Pantoja, garante haver interesse do mercado mundial nesse produto para realização de experimentos científicos diversos.

O segundo evento, denominado Operação Ômega, resultou na queima, em um banco de provas, do propulsor S40M [para assistir o vídeo, clique aqui], que representa o terceiro estágio de um futuro lançador de satélites brasileiro (VLS).

Esse teste causava expectativa porque era necessário comprovar a funcionalidade desse equipamento que, com 5,6 metros de comprimento e um metro de diâmetro, recebeu ao longo dos últimos anos alterações diversas, principalmente no aspecto segurança.

O Ministro da Defesa, Nelson Jobim, que participou dos eventos, destacou que a certificação e a Operação materializam um dos principais objetivos da Estratégia Nacional de Defesa, o domínio do conhecimento na área espacial para o futuro lançamento de satélites brasileiros em veículos produzidos no país. Emocionado, destacou a audácia e a coragem dos pesquisadores que “olham muito para frente”, explicando que somente dessa forma o país deixará de depender dos outros.

Fonte: FAB
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Relatório sobre setores Aeroespacial & Defesa

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No web-site do Projeto PIB - Perspectivas do Investimento no Brasil, foi recentemente disponibilizado um documento setorial sobre os setores Aeroespacial & Defesa, elaborado pelo pesquisador Marcos José Barbieri Ferreira, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

O documento, que cita em sua bibliografia matérias da revista Tecnologia & Defesa e conteúdo deste blog, apresenta em quatro capítulos e 74 páginas a dinâmica global dos investimentos na indústria aeroespacial, um perfil da indústria setorial brasileira, perspectivas e proposições. Para acessá-lo na íntegra, cliquem aqui.

O Projeto PIB é realizado em consórcio por duas das maiores universidades do País, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a UNICAMP, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os objetivos desse projeto, segundo o seu web-site, são analisar as perspectivas de investimento na economia brasileira em médio e longo prazo, avaliar as oportunidades e ameaças à expansão das atividades produtivas no País, e sugerir estratégias, diretrizes e instrumentos de política industrial que possam auxiliar o desenvolvimento produtivo nacional.
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Candidatos à diretoria do INPE: correção

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O blog recebeu a pouco uma informação de pessoa que acompanha de perto o processo de seleção do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) dando conta de que Eduardo Janot Pacheco, ex-diretor do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP), não é candidato como o blog havia apontado na última terça-feira (13) (leiam aqui).

O candidato, na realidade, é José Antônio de Freitas Pacheco, também astrofísico e com extenso histórico acadêmico e de pesquisas (vejam o seu currículo clicando aqui).

A notícia anterior publicada aqui no blog circulou inicialmente em informativo do Sindicado dos Servidores Públicos Federais em C&T (SindCT). Nossas sinceras desculpas aos leitores por este engano.
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Ensaio de motores em São José dos Campos

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Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial realiza Operação Ômega em São José dos Campos

14/10/2009

O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da Aeronáutica (DCTA) realizará, quinta-feira, dia 15, na Usina Coronel Abner, a Operação Ômega. Durante o evento, haverá um ensaio de queima em banco de provas do propulsor S40M e a certificação do foguete sub-orbital VSB-30. O evento contará com a presença do Ministro da Defesa, Nelson Jobim e do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Juniti Saito.

O Propulsor S40M foi desenvolvido para compor o veículo VS-40 que será utilizado no lançamento do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA) Suborbital. O SARA Suborbital foi concebido para qualificar sistemas do SARA Orbital, tais como o sistema de recuperação e eletrônica embarcada (sensores inerciais, atuadores de controle e telemetria). O ensaio com o S40M tem por objetivo comprovar experimentalmente a funcionalidade das alterações realizadas em itens como ignitor, dispositivo mecânico de segurança, tampa traseira e proteção térmica da região cilíndrica do motor além de avaliar o desgaste de alguns materiais e verificar o nível de vibração do propulsor.

Após o ensaio com o S40M, haverá também a certificação do foguete sub-orbital VSB-30, primeiro produto espacial submetido a este procedimento no Brasil, pelo Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI). “Certificação é o processo pelo qual uma organização credenciada verifica e atesta o cumprimento de requisitos estabelecidos para um produto. Representa uma atividade de grande importância no desenvolvimento tecnológico e industrial” afirma o diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial, Cel Av Sebastião Gilberti Maia Cavali.

O foguete VSB-30 foi desenvolvido a partir de 2001, pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) em parceria com a Agência Espacial Alemã, para levar uma carga útil de 400 kg com experimentos científico-tecnológicos a um apogeu de 230 km. Este desempenho equivale a uma permanência de seis minutos acima da altitude de 110 km, em ambiente de microgravidade. Já foram lançados sete foguetes VSB-30, todos com êxito, sendo dois no Centro de Lançamento de Alcântara e cinco no Campo de Lançamento de Esrange, na Suécia.

A aplicação da metodologia utilizada na certificação do VSB-30 em outros projetos permitirá uma maior garantia da qualidade, bem como o desenvolvimento e a melhoria dos processos da própria atividade de certificação. “Um importante benefício obtido ao se implantar o processo de certificação no VSB-30 foi uma melhor estruturação da documentação de projeto, seguindo normas de segurança aplicáveis”, afirma o vice-diretor de Espaço do Instituto de Aeronáutica e Espaço, Cel Eng Carlos Antonio de Magalhães Kasemodel. Além desses, existem outros ganhos tais como os resultantes da cultura da certificação adquirida pelo IAE e do aprendizado sobre a área espacial adquirido pelo IFI.

Fonte: DCTA
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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Seleção para novo diretor do INPE: 5 candidatos

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Segundo informações extraoficiais que circulam entre os servidores federais da área de Ciência e Tecnologia, são cinco os candidatos à direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a saber:

(i) Gilberto Câmara Neto, atual diretor, buscando a reeleição;
(ii) Udaya Bhaskharam Jayanti, pesquisador do INPE;
(iii) José Marques da Costa, pesquisador aposentado do INPE;
(iv) Eduardo Janot Pacheco, astrofísico e ex-diretor do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP); e
(v) Vítor Fernandes de Melo, engenheiro mecânico e membro da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB).

Caso estes nomes sejam confirmados, é desta lista que sairá o novo diretor, uma vez que a entrega dos documentos para a candidatura foi encerrada em 30 de setembro. Para mais informações sobre o comitê de busca, processo de seleção e capacidades que serão consideradas na escolha, vejam a postagem "Seleção para diretor do INPE".

Atualização (15/10/2009, 11h45): vejam uma correção na lista de possíveis candidatos. Acessem "Candidatos à diretoria do INPE: correção".
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Panorama sobre o SISCOMIS

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O Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) foi concebido em 1983 para prover às Forças Armadas um sistema de comunicações estratégicas de alta capacidade, confiabilidade e segurança, atendendo às necessidades da estrutura militar de guerra. De início, o SISCOMIS operava com bandas C dos satélites Brasilsat de primeira geração, sendo que a banda X, de uso exclusivo militar, passou a ser utilizada apenas em 2000, com a rede móvel, composta na época por 9 estações de banda X, sendo 8 transportáveis e uma naval. O sistema conta ainda com estações terrenas localizadas em Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e Manaus.

Desde 2005, o governo passou a dar mais atenção ao sistema de comunicações militares, investindo recursos adicionais para a compra de novos terminais. Atualmente, o SISCOMIS tem mais de 40 terminais em operação, e o objetivo é chegar a 50 já nos próximos anos. Recentemente, foi anunciado novo contrato para a compra de mais terminais (vejam em "Estações para o SISCOMIS"). O SISCOMIS passou a ser bastante demandado com a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), que tem forte envolvimento das Forças Armadas brasileiras.

O segmento espacial do SISCOMIS está baseado em dois transpônderes em banda X a bordo dos satélites Star One C1 e C2, da Star One, subsidiária da Embratel. Anualmente, o Ministério da Defesa paga em torno de R$ 12,5 milhões pela prestação do serviço, valor que necessariamente deve ser negociado todos os anos, tendo em vista que o contrato é renovado anualmente. O próximo satélite da terceira geração da Star One (a primeira geração foram os Brasilsat A, a segnda os Brasilsat B e a terceira passou a se chamar Star One C), o C3, que está em fase de licitação não contará com um transpônder de banda X.

A capacidade dos dois transpônderes atualmente em órbita permite a operação de em torno de 50 a 60 estações, número que deve ser alcançado em breve, razão pela qual o Ministério da Defesa obrigatoriamente deve considerar alternativas de ampliação. A projeção do governo é que até 2019 seja alcançado o número de 200 terminais em operação no Brasil, quantidade condizente com os objetivos do país de se envolver em outras missões de paz e ter maior relevância no exterior (busca por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, por exemplo).

O projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), obviamente, é visto como a alternativa mais lógica para a continuidade e ampliação do SISCOMIS. No painel sobre o SGB do 9º Congresso Latinoamericano de Satélites, o Cel. Paulo Mourão Pietroluongo, gerente da divisão de projetos especiais do Ministério da Defesa informou que o SGB deverá contar com 8 transpônderes de banda X para suprir as necessidades em comunicações militares das Forças Armadas, tendo ressaltado ainda que não está sendo considerada o uso de banda Ka, visto que não há aplicação militar para este tipo de banda no Brasil.

Na América Latina, o único usuário de banda X é o Brasil, mas, segundo Pietroluongo, as Forças Armadas do Chile também estão interessadas em usar a banda.
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domingo, 11 de outubro de 2009

Programa Espacial na TV Câmara

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Na próxima terça-feira (13), o programa "Expressão Nacional", da TV Câmara, apresentará um debate sobre o Programa Espacial Brasileiro. Segundo apurou o blog, participarão do debate os deputados federais Ribamar Alves (PSB-MA), Domingos Dutra (PT-MA), Roberto Amaral, diretor-geral da binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cylone Space, e José Nivaldo Hinckel, engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e membro do conselho deliberativo da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB) (vejam o artigo "Brasil e o Espaço", de Hinckel, publicado no blog mês passado).

O programa será exibido ao vivo das 21h30 às 22h30. A programação da TV Câmara pode ser assistida em tempo real pela internet (cliquem aqui).
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sábado, 10 de outubro de 2009

Notícias sobre o CBERS

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Lançamento do CBERS-1: 10 anos

Na próxima quarta-feira, 14 de outubro, comemoram-se dez anos do lançamento do primeiro Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, sigla em inglês). O CBERS-1, segundo divulgou em nota o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) (cliquem aqui para lê-la), esteve operacional até 2003, ano em que foi lançado o CBERS-2, que deixou de operar no início deste ano.


CBERS-3: testes vácuo-térmicos

Além da notícia comemorativa dos dez anos de lançamento do CBERS-1, o INPE também divulgou hoje (09) texto sobre a conclusão do primeiro teste vácuo-térmico do CBERS-3 na nova câmara de simulação espacial do Laboratório de Integração e Testes (LIT). O teste ocorreu entre os dias 21 de setembro e 5 de outubro, mas toda a campanha levou nove meses, tendo envolvido mais de cinquenta profissionais com dedicação de cerca de 35 mil horas de trabalho.

Com este teste, a nova Câmara de Simulação Espacial LIT foi inaugurada em situação real, demonstrando a adequação de seu projeto e sua qualificação para a realização de testes de vôo em satélites de grande porte. Para conhecerem mais detalhes sobre a campanha, certamente uma das mais importantes e complexas executadas este ano pelo LIT, leiam a notícia "Concluído primeiro teste vácuo-térmico do CBERS-3 na nova câmara de simulação espacial".

Livro sobre o Programa CBERS

A propósito do Programa CBERS, mês passado foi lançado o livro "Brasil - China - 20 anos de Cooperação Espacial: CBERS - O Satélite de Parceria Estratégica", de autoria de Fabíola de Oliveira, conceituada jornalista científica e ex-assessora de imprensa do INPE. A obra é oficial, tem pouco menos de 100 páginas e foi patrocinada por entidades do Programa Espacial Brasileiro (MCT, AEB e INPE).

Em breve, será postada aqui no blog uma pequena resenha analisando o livro.
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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Propulsão Líquida no Brasil

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Para aqueles que se interessam em conhecer os projetos de propulsão líquida espacial desenvolvidos no Brasil pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), recomendamos a leitura do artigo "Propulsão líquida no IAE: Visão das atividades e perspectivas futuras", publicado na primeira edição do Journal of Aerospace Technology and Management (JATM), periódico editado pelo IAE.

O texto apresenta um detalhado panorama sobre a tecnologia de propulsão líquida no IAE, destacando inclusive alguns dos projetos de motores em desenvolvimento.
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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Diretor da ACS na Câmara dos Deputados

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Burocracia emperra projeto estratégico, afirma diretor de Alcântara

06/10/2009

O diretor da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, afirmou nesta terça-feira (6), em audiência da Comissão de Relações Exteriores, que o País não tem projetos estratégicos consequentes fora da área econômica. "Qualquer burocrata de terceiro escalão nos ministérios da Fazenda ou do Planejamento barra os recursos para um projeto nacional estratégico", lamentou Amaral. "O detonador que provocou o acidente (em Alcântara) foi a dieta de recursos", acusou.

A empresa Alcântara Cyclone Space foi criada em 2006 pelo Brasil e a Ucrânia para operar e comercializar serviços de veículos lançadores de satélites a partir de Alcântara, no Maranhão. O mercado mundial de lançamentos de satélites é da casa de 6 bilhões de dólares (cerca de R$ 10,4 bilhões) por ano.

Entraves

O diretor Roberto Amaral mencionou os entraves que têm impedido a concretização do lançamento brasileiro. Problemas de localização, de logística - o governo desistiu da construção do porto previsto -, de formação e manutenção de pessoal, de conflitos com a comunidade local e de licenciamento ambiental vêm atrasando o programa de lançamentos. Também existe a pressão dos países detentores da tecnologia, que chega até à proibição do fornecimento de componentes.

A atuação do Ibama foi fortemente questionada pelo diretor. Os custos para o licenciamento já chegam a R$ 20 milhões, o que não se justificaria em se tratando de um projeto estratégico, de interesse nacional. "É o governo trabalhando contra o governo" resume o deputado Ribamar Alves (PSB-MA), que sugeriu que a Câmara, e especialmente o Partido Verde, auxiliassem na solução desse entrave junto ao Ibama e ao próprio ministro do Meio Ambiente.

Mas, segundo Amaral, de todas as dificuldades, a falta de uma política permanente e de recursos adequados é a principal. "O Brasil foi ultrapassado por Israel, Irã e Coreia do Sul, e agora, ao que tudo indica, também pela Coreia do Norte".

O programa espacial brasileiro foi iniciado em 1961, quando foi criada a Comissão Nacional de Atividades Espaciais. "Estávamos à frente da Índia e da China", informa Amaral. "A China lançou seu primeiro satélite em 1970; hoje lança um voo tripulado, tem 27 mil empregados; e nós não conseguimos cumprir nenhuma das metas estabelecidas em 1961", compara.

Em 1977, o Brasil estava em condições de igualdade em tecnologia de veículos espaciais com a Índia. Hoje, a Índia domina a tecnologia de propulsão líquida criogênica, e junto com a China se destaca pelos seus programas espaciais com lançamentos de veículos e satélites de grande porte e o domínio completo da tecnologia espacial.

Perspectivas comerciais

O Brasil paga, por lançamento, de 25 a 50 milhões de dólares a outros países toda vez que precisa colocar um satélite em órbita. Ao dominar a tecnologia de lançamento, poderá cobrar isso para lançar satélites de terceiros. O custo do lançamento em Alcântara, pela proximidade com o Equador, pode ser 30% mais barato do que nos países lançadores do hemisfério norte.

Segundo Amaral, temos os mercados "cativos" brasileiro e ucraniano; também há perspectivas comerciais no mercado latinoamericano. Argentina, Venezuela e Colômbia têm planos de lançamento, e o próprio mercado americano, apesar das fortes restrições políticas e de segurança, é um cliente potencial.

Quilombolas não são obstáculo, diz diretor

O diretor da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, afirmou hoje que a demarcação das terras quilombolas, que chegou a ser objeto de uma disputa judicial de seis anos com a empresa, não é mais problema. A Cyclone tem uma área dentro do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), sem nenhum conflito com a comunidade.

Amaral concorda com o deputado Domingos Dutra (PT-MA), ligado a essa comunidade, da qual foi advogado desde 1983, para quem a relação com os quilombolas não é a componente fundamental do atraso no lançamento brasileiro. Para Dutra, uma solução seria titular a área quilombola; posteriormente, caso o Estado venha a precisar dela, poderia negociar com a comunidade, como faz com qualquer proprietário.

Quanto à população urbana das redondezas, também já foram aparadas eventuais arestas, segundo Amaral. "A prefeitura cedeu um prédio, onde a empresa vai instalar um centro de atendimento à comunidade, inclusive com atividades culturais", explicou o diretor.

Fonte: Agência Câmara (Reportagem - Rejane Xavier; Edição - Patricia Roedel)
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Atualizações sobre o Programa Espacial Brasileiro

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Reproduzimos abaixo algumas informações colhidas no 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro na semana passada, sobre projetos do Programa Espacial Brasileiro. As informações foram colhidas na apresentação do Diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, Himilcon Carvalho, e do Diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento, Thyrso Villela, ambos da Agência Espacial Brasileira (AEB), e também em conversas com outras pessoas presentes envolvidas com o programa governamental.

LIT/INPE: a infraestrutura atual do Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), é, em geral, com exceção de algumas poucas áreas, capaz de atender satélites com massa na faixa de 2 a 3 toneladas. Um tipo de teste cuja estrutura deve ser ampliada em futuro próximo é o de vibração, executado por meio dos chamados "shakers". O "shaker" atual do LIT é de 160 kN, e o ideal seria ter um da ordem de 300 kN.

Participação do LIT/INPE na missão SAC-D: o satélite argentino SAC-D, da Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), deve chegar ao LIT/INPE em março de 2010, onde será submetido a alguns testes. Em julho do mesmo ano, será enviado para os EUA, para lançamento a partir do final de setembro. Em apresentação feita por representante da INVAP, foi reconhecida a importância do LIT para o Programa Espacial Argentino. Existem também conversas entre o LIT/INPE e a Argentina para a realização de testes e/ou integração dos satélites geoestacionários da família ARSAT nas instalações do LIT.

MAPSAR: o projeto de construção de satélite com sensor-radar (Synthetic Aperture Radar - SAR) em conjunto com a Alemanha está na fase B (projeto detalhado da missão). A agência espacial alemã deve dar uma posição sobre a continuidade ou não da missão até dezembro deste ano. Já existem alguns países e empresas se posicionando para o caso da Alemanha não prosseguir com o projeto.

GPM: o GPM (Global Precipitation Measurement) será uma missão de meteorologia baseada na Plataforma Multimissão (PMM). O pequeno satélite deverá ter a bordo sensores para medição de precipitação. A missão está em fase de concepção, com término previsto para janeiro de 2010. A ideia é fazê-la em parceria com a França, que também alocaria recursos para o projeto.

Amazônia-1: o satélite de sensoriamento remoto baseado na PMM está em construção. A AEB espera que o seu lançamento ocorra em 2011. Ainda não existe qualquer definição sobre qual será o lançador utilizado (o Cyclone 4, embora muito mais capaz, é uma possibilidade).

SABIA-MAR: embora parceiros na área espacial há vários anos, o Brasil e a Argentina não chegaram a desenvolver um satélite conjunto. O projeto SABIA-MAR, para observação marítima, existe desde 1998, mas apenas recentemente passou a ser considerado com mais atenção. Em parte, o seu “atraso” também se deve a possibilidade, hoje descartada, da participação espanhola na missão, o que chegou a ser considerado há muitos anos. Inicialmente, desde que as discussões entre o INPE e a CONAE foram retomadas, o Brasil seria responsável pelo fornecimento da plataforma (possivelmente a PMM), enquanto que a responsabilidade pelas cargas-úteis seria argentina. Aparentemente, houve uma inversão, devendo o Brasil agora se responsabilizar pelas cargas-úteis. De todo modo, isto ainda está sujeito a mudanças, tendo em vista que o projeto ainda está em fase preliminar. A expectativa é que haja novidades no primeiro trimestre de 2010.

VLS-1: na apresentação feita pelo Diretor da AEB, um quarto voo do VLS-1 (VO4) está previsto para 2014. A plataforma do lançador brasileiro, chamada Torre Móvel de Integração (TMI) deve estar concluída já no ano que vem. “É um projeto antigo..., mas é imprescindível que o Brasil tenha uma capacidade autônoma de lançamento”, disse Carvalho.

Glonass: possibilidade de produção no Brasil de receptores do sistema russo de posicionamento por satélites Glonass. Discute-se também com a contraparte russa a instalação de uma estação de referência do sistema no País.

Cooperação internacional: num dos últimos slides da apresentação de Carvalho, foram destacados num mapa os países com os quais a AEB discute acordos de cooperação. São eles: EUA, Canadá, Uruguai, África do Sul, Espanha, Suécia, Itália, Egito, Israel e Índia. O escopo dos projetos conjuntos é bastante amplo e varia conforme o país. Destaque para aplicações relacionadas aos satélites CBERS e de outros satélites de observação terrestre. A Itália, por exemplo, se interessa em fazer uma missão SAR com o Brasil.
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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cooperação Brasil - Bélgica

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Presidente da AEB assina Programa de Cooperação na Área Espacial na Bélgica

06-10-2009

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, assinou, nesta terça-feira (6), o Programa de Cooperação na Área Espacial entre a AEB e o Centro Espacial de Liège, na Bélgica. Composto por nove artigos, o acordo foi assinado, também, pelo diretor-geral do Centro de Liège, Jean-Marc Defise.

O quadro preliminar da cooperação refere-se a área de educação - principalmente no âmbito das ciências e técnicas espaciais-; técnicas de observação da Terra; concepção de instrumentos espaciais; testes de instrumentos, cargas úteis e satélites; nanossatélites com participação de estudantes; técnicas ópticas e tecnologias específicas ligadas ao setor espacial.

Com a assinatura, o Brasil e a Bélgica se comprometeram em buscar os meios técnicos e financeiros adequados para fazer avançar ações de colaboração. Ficou acordado, ainda, que, na medida do possível, será obtida isenção dos direitos e taxas aduaneiras, bem como impostos de importação e exportação dos equipamentos necessários para às atividades de cooperação.

Segundo Ganem, este é o primeiro acordo que o Brasil assina com a Bélgica na área espacial. “A Bélgica, apesar de não produzir satélites e foguetes, é um parceiro importante pela qualidade dos serviços apresentados no âmbito das universidades, óptica e espaço. Além disso, as empresas belgas colaboram com o programa espacial de países como a França e a Argentina”, completa o presidente da AEB.

O Programa de Cooperação na Área Espacial entre a AEB e o Centro Espacial de Liège entrou em vigor na data da assinatura e tem duração inicial de quatro anos. Ele pode ser prorrogado a cada ano.

Fonte: AEB
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CLBI lançará foguetes este mês

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O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), situado em Natal, no Rio Grande de Norte, lançará nos próximos dias 20 e 21 dois foguetes do tipo FTB (Foguete de Treinamento Básico), desenvolvidos e construídos pela Avibras Aerospacial. Os lançamentos têm por objetivo proporcionar treinamento da equipe do centro, além testar os seus recursos operacionais e equipamentos.

Para mais informações sobre o CLBI e o seu futuro, acessem a reportagem "Barreira do Inferno lançará dois foguetes", publicada na edição de hoje (06) do Diário de Natal.
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bolívia também quer o seu satélite geoestacionário

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O mercado de satélites governamentais de telecomunicações está bastante aquecido na América Latina. Além da Argentina, Venezuela e Colômbia, países que já têm seus projetos oficiais, a Bolívia está prestes a oficializar o seu programa.

Seguindo o exemplo da vizinha Venezuela, que adquiriu um satélite de comunicações chinês, o Venesat-1, o governo boliviano negocia com Pequim a compra de satélite similar, negócio que segundo fontes locais pode chegar a US$ 300 milhões, incluindo o lançamento. O contrato ainda não foi assinado, mas o satélite já tem até nome: Tupac Katari, uma homenagem a um líder indígena sul-americano do século XVIII.

“Com o satélite de comunicações, seremos também soberanos, não precisaremos alugar e nem negociar com as empresas transnacionais para acessar estes serviços”, disse no início de outubro Walker San Miguel, ministro da Defesa da Bolívia.

No mês passado, o governo boliviano obteve uma posição orbital geoestacionária junto a União Internacional de Telecomunicações (UIT, sigla em inglês), entidade internacional responsável pela distribuição das posições. De acordo com recentes declarações, a Bolívia também considera ter um satélite de sensoriamento no futuro.

No 9° Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro na semana passada, o blog ouviu de pessoa bastante familiarizada com o setor que o Peru também está estudando a compra de um satélite geoestacionário.
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domingo, 4 de outubro de 2009

Star One C3: Thales X Orbital

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A Star One, subsidiária da Embratel e maior provedora de serviços de comunicações via satélite no Brasil, está próxima de determinar o modelo e o fabricante de seu próximo satélite geoestacionário, o Star One C3. No 9° Congresso Latino-Americano de Satélites, o blog apurou que dois fabricantes ainda disputam o contrato: a europeia Thales Alenia Space, e a norte-americana Orbital Sciences Corporation.

A licitação já está em sua fase final, e a expectativa é que o contrato seja assinado até o final deste ano. A Orbital está concorrendo com a sua plataforma (“bus”) Star 2, que, sem combustível (“dry mass”), tem massa de 800 kg, o que indica que o Star One C3 será menor que os seus antecessores (o C1 e C2 foram baseados na plataforma SB 3000 – B3 e tinham massa total superior a 4.000 kg).

A Thales fabricou os dois primeiros satélites de terceira geração da Star One, o C1 e C2, lançados em novembro de 2007 e abril de 2008, respectivamente. Caso a Star One opte pelo satélite da Orbital, será um retorno às origens dos satélites da primeira e segunda gerações (Brasilsat A e B) operados pela Embratel, que foram fabricados da Hugues (comprada pela Boeing) e da canadense Spar Aerospace.

A Star One já planeja o quarto satélite da terceira geração, que pode ter seu processo de contratação iniciado já no ano que vem.
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Panorama sobre o SGB

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Num dos debates do 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, foi possível ter uma visão clara e atual sobre a situação do projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) e também sobre o caminho mais provável para a sua viabilização, as Parcerias Público-Privadas (PPP). O caminho até o SGB, no entanto, não será fácil. Existem muitas dúvidas que precisam ser respondidas, além de interesses a serem conciliados, conforme detalhamos a seguir.

Status atual

No início da atual década, foi realizado um estudo preliminar sobre o SGB, e ao seu término, o projeto foi transferido para a Agência Espacial Brasileira (AEB), onde ficou em segundo plano até que o novo presidente da Agência, Carlos Ganem, assumisse em 2008.

Basicamente, como já por diversas vezes abordado aqui no blog, o SGB consiste num sistema de satélites geoestacionários para atender várias demandas nacionais, como telecomunicações militares e estratégicas, meteorologia e controle de tráfego aéreo.

No momento, considera-se fortemente a ideia de se concretizar o SGB por meio de PPP. Com este objetivo, foi lançada em março deste ano uma chamada pública para a contratação de consórcio responsável pela elaboração de um estudo jurídico e de viabilidade econômico-financeira da iniciativa.

Inicialmente, seis consórcios demonstraram interesse na chamada, tendo este número sido reduzido posteriormente para quatro. Destes, apenas três apresentaram propostas formais, e a expectativa é que ainda este mês seja assinado o contrato com o consórcio selecionado. Uma vez oficializada a contratação, o consórcio terá nove meses para realizar os estudos, que então serão apresentados para avaliação do Conselho Superior da AEB, e posterior decisão política sobre o seu lançamento. A oficialização do projeto ainda neste governo é pouco provável.

Questão-chave: conciliação de objetivos

O SGB tem dois objetivos principais: fomento do desenvolvimento espacial nacional (formação de mão-de-obra, desenvolvimento tecnológico-espacial industrial), e atendimento da demanda identificada no País (comunicações militares, meteorologia, tráfego aéreo). Conciliar estes dois objetivos não será tarefa fácil. Segundo Himilcon Carvalho, diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, estas demandas podem ser alinhadas, mas várias questões precisam ser respondidas (e o estudo sobre as PPPs deve responder algumas delas).

Curiosamente, e como já é característico do Brasil, existiram ou ainda existem duas discussões paralelas sobre o SGB não necessariamente convergentes entre si. Enquanto a AEB, outros órgãos do governo e alguns integrantes da iniciativa privada discutiam e planejavam o SGB, altas instâncias do governo federal se envolveram na criação de um grande player nacional em comunicações para fazer frente a grupos estrangeiros, como a Telefonica (Espanha) e a Embratel (México). Este player nacional surgiu com a compra da Brasil Telecom pela Oi (antiga Telemar), em abril de 2008, operação que contou com participação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e costura política comandada pelo Palácio do Planalto.

Para a compra da Brasil Telecom pela Oi, o governo federal impôs algumas obrigações e condicionantes, e um deles "foi olhar de uma maneira mais ampla um sistema de satélites brasileiro", disse Luiz Perrone, da Oi. A visão ou proposta da Oi foi elaborada e apresentada ao governo, tendo identificado três necessidades principais que justificam um satélite de comunicações brasileiro:

1) demanda nacional comercial por dezenas de transpônderes em banda Ku para os próximos anos (2012 a 2015), o que exigirá ampliação da capacidade hoje disponível;
2) necessidade de banda X, para uso pelas forças armadas também irá crescer; e
3) haverá demanda por transpônderes para comunicações relacionadas ao controle de tráfego aéreo, atendendo exigências da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI).

Perrone explicou que estas necessidades justificam o desenvolvimento de um sistema nacional de satélites, mas desde que sejam harmonizadas entre si. Na visão da Oi, pela exigüidade do prazo, algumas necessidades poderiam ser atendidas com uma maior participação da indústria nacional, enquanto que outras não.

A visão da Oi é fortemente baseada em aspectos comerciais, enquanto que a iniciativa comandada pela AEB tem grande foco em capacitação espacial no País. A tendência é que as duas visões sejam harmonizadas, o que exigirá concessões dos dois lados.

Contradição?

Um interessante ponto levantado por um dos presentes no congresso foi a alegada contradição entre os objetivos do SGB de capacitação espacial e de atendimento à demanda nacional. Haveria aí um risco considerável em se contratar o desenvolvimento e construção de componentes de satélites de comunicações junto a indústrias nacionais, tecnologia não dominada pelo Brasil, o que conflitaria com os interesses dos parceiros privados na PPP.

Thyrso Villela, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB disse que existe uma visão clara por parte do governo daquilo que pode ou não ser feito no País em termos de sistemas espaciais. Segundo Villela, haveria de fato dificuldade em envolver a indústria nacional na construção das cargas úteis, mas este não seria o caso em relação a alguns dos subsistemas dos satélites.

Preocupações

No painel sobre o SGB, ficou bastante clara a preocupação dos operadores de telecomunicações via satélite com uma eventual concorrência entre o SGB e a iniciativa privada, ou mesmo uma reestatização disfarçada do setor brasileiro de comunicações por satélite. Isto ocorreria caso os satélites do SGB tivessem transpônderes de banda C (ou outras bandas comerciais) ofertando capacidade para empresas ou mesmo órgãos públicos usuários de serviços comerciais, como exemplificou um diretor da Star One, subsidiária da Embratel.

Oficialmente, porém, o governo nega qualquer intenção neste sentido. "SGB não é reestatização do setor de comunicações brasileiro", argumentou Jovino Francisco Filho, do Ministério das Comunicações.

Possibilidades

Embora ainda seja cedo para se falar sobre possíveis interessados em participar da PPP, caso viável, para o Satélite Geoestacionário Brasileiro, o envolvimento de operadoras de telecomunicações nas discussões é indicativo de que estas podem de alguma forma participar do projeto.

Dada a suposta variedade de interessados no SGB, é bem possível que uma vez lançada a PPP, sejam formados consórcios entre provedoras de serviços de telecomunicações, fabricantes de satélites e outros investidores.

O blog já tratou no passado sobre PPPs para o setor espacial, discorrendo brevemente sobre as regras no Brasil e alguns casos estrangeiros. Para saber mais, cliquem aqui.
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Congresso sobre comunicações via satélite

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O blog esteve hoje (02) no segundo e último dia do 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro, com o objetivo de discutir os temais cruciais do setor de comunicações por satélite.

Com cerca de uma centena de participantes, o público presente era bastante selecionado, proporcionando discussões de altíssimo nível. Participaram do congresso representantes de operadoras de telecomunicações, usuários, do governo (Ministério da Defesa, Ministério das Comunicações, AEB, INPE, SIPAM, DECEA, entre outros), de indústrias de satélites e outros especialistas e interessados no setor.

Nos próximos dias, serão publicadas aqui postagens abordando alguns dos temas discutidos, como o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), o Sistema de Comunicações Militares via Satélite (SISCOMIS), o andamento do Star One C3, e também sobre outras informações colhidas no evento, não diretamente relacionadas a telecomunicações, como projetos do Programa Espacial Brasileiro.
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Amazonas 2 em órbita

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O satélite de comunicações Amazonas 2, da companhia espanhola Hispasat, foi lançado com sucesso hoje (1°), a partir do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa, por um lançador europeu Ariane 5.

O Amazonas 2, construído pela EADS Astrium, cobrirá a América do Norte, o Brasil e outros países sul-americanos, e ocupará a posição orbital brasileira 61° Oeste (mesma posição do Amazonas 1, lançado em agosto de 2004).

Este foi o 33° lançamento consecutivo bem-sucedido realizado pela Arianespace (e o quinto deste ano), reforçando a posição bastante confortável da provedora europeia de lançamentos no mercado comercial, hoje rivalizada apenas pela International Launch Services (ILS) com o foguete russo Proton. O contínuo sucesso da Arianespace também comprova a afirmação da companhia, feita por seu presidente, Jean-Yves Le Gall, de que "qualidade tem o seu preço".

Para mais informações sobre a missão de hoje, vejam o launch-kit disponibilizado pela Arianespace.
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Estações para o SISCOMIS

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Indra fecha contrato para o SISCOMIS brasileiro

A companhia espanhola Indra anunciou hoje (01) ter conquistado um importante contrato junto ao Ministério da Defesa brasileiro para o fornecimento de terminais terrestres do Sistema de Comunicações Militares via Satélite (SISCOMIS).

Além do fornecimento de terminais terrestres, a Indra também implementará uma estação no navio-aeródromo A-12 São Paulo, da Marinha do Brasil, o que permitirá comunicações por voz e data-link e uma alta velocidade em banda SHF. Segundo informou a companhia, esta solução é similar à fornecida para fragatas e navios de outras marinhas. A confiabilidade da estação de comunicação a ser instalada no A-12 já foi demonstrada no navio Ary Rongel, usado para missões ao continente antártico.

Em relação aos terminais terrestres, serão fornecidos diferentes modelos, especificamente terminais táticos com grande capacidade de transmissão de dados, sistemas pessoais que podem ser facilmente transportados e operados, além de terminais portáteis que podem ser operados a bordo de veículos.

A Indra tem trabalhado com o Ministério da Defesa brasileiro desde 2006 no desenvolvimento da rede de comunicações militares via satélite do país. O segmento espacial do SISCOMIS está baseado em satélites da família Brasilsat, e também no Star One C1 e C2, lançados há alguns anos e operados pela Star One, subsidiária da Embratel.

Fonte: web-site de Tecnologia & Defesa
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