sexta-feira, 30 de abril de 2010

AEB: missão técnica à França

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AEB participa de missão técnica na França

30-04-2010

A Agência Espacial Brasileira (AEB) participa, entre os dias 3 e 7 de maio, em Toulouse, na França, da missão técnica Brasil-França. O evento, organizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), visa fomentar e profissionalizar a gestão das pequenas e médias empresas (PME´s) ligadas ao setor aeroespacial.

Conforme o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, Himilcon Carvalho, que participa da missão pela AEB, o setor espacial privado brasileiro vai beneficiar-se com esta iniciativa.

“Trata-se de um novo mercado no qual queremos inserir nossas empresas aeroespaciais, que já demonstram competência e maturidade suficientes para se lançar a novos desafios”, diz o diretor.

A previsão é de que 10 pequenas empresas nacionais - fornecedoras do setor aeroespacial - participem da missão, além do MDIC, Bndes, Inpi, Apex-Brasil, Sebrae, IEL, Consórcio HTA, Cecompi, Embraer, entre outras instituições de apoio ao setor.

GPM

O diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Thyrso Villela, participa em Toulouse de 1º a 9 de maio, de reunião na Agência Espacial Francesa (CNES) sobre o satélite GPM-Br. O satélite brasileiro fará parte de uma rede internacional de satélites que tem como objetivo medir os índices de precipitação ao redor do mundo, principalmente em áreas continentais. O objetivo deste encontro é avaliar cenários propostos para este projeto, ainda em fase de estudos preliminares, com o apoio da França. O diretor fará também visitas a empresas do setor espacial francês.

Fonte: AEB
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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Entrevista sobre missões do CLBI

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No website da Força Aérea Brasileira, foi disponibilizado um áudio com entrevista realizada com o Eng. Dolvim Dantas, do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), sobre a Operação Barreira II, prevista para ocorrer hoje (29). Para escutar a entrevista, de cerca de 7 minutos, clique aqui.

Dantas discorre sobre a operação, o foguete a ser utilizado na missão, e também sobre o próprio CLBI, destacando o papel do centro no rastreio de missões espaciais da Arianespace.

De acordo com o engenheiro do CLBI, serão realizados cinco lançamentos anuais do Foguete de Treinamento Básico (FTB), nos próximos cinco anos. Este foguete, desenvolvido e fabricado pela Avibras Aeroespacial, de São José dos Campos (SP), substituiu o SBAT 70, do mesmo fabricante, antes usado para missões de testes, treinamento e qualificação da equipe técnica dos centros de lançamento brasileiros. Em cada operação de lançamento, são normalmente mobilizadas cerca de 150 pessoas.

Em 2011, deverá ocorrer no CLBI um lançamento de um Foguete de Treinamento Intermediário (FTI), de maior porte, com capacidade de transporte de até 35 kg de cargas úteis para experimentos científicos. A partir de 2012, serão realizadas da Barreira do Infenro duas missões anuais do FTI. Tanto as missões do FTB como do FTI estão abertas a realização de experimentos por universidades e centros de pesquisa. "Universidades de todo país poderão testar em órbita projetos científicos", afirmou Dolvim Dantas.

Ao falar um pouco sobre o apoio do CLBI às missões espaciais europeias, Dantas mencionou um dado interessante: metade dos satélites comerciais hoje em órbita foram rastreados pela CLBI, em missões de lançamento executadas pela Arianespace a partir do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
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Cooperação Brasil - Venezuela

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Reproduzimos abaixo trecho sobre cooperação espacial do Comunicado Conjunto Brasil - Venezuela, divulgado ontem (28) pelo Ministério das Relações Exteriores, por ocasião da visita do presidente venezuelano Hugo Chávez à Brasília:

"Além disso, manifestaram sua vontade de trabalhar em conjunto para identificar projetos e/ou atividades de interesse comum que permitam iniciar, de maneira exitosa, as atividades de cooperação espacial no marco do Acordo de Cooperação em Ciência e Tecnologia Espacial firmado em junho de 2008, considerando que as aplicações pacíficas da ciência e tecnologia espacial constituem instrumento importante para o desenvolvimento de nossos países."

Para ler o acordo de cooperação em ciência e tecnologia espacial assinado entre os dois países em junho de 2008, clique aqui.
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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Operação Falcão I: FTB lançado de Alcântara

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Centro de Alcântara lança com sucesso foguete de treinamento

28-04-2010

O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) lançou com sucesso, às 15h de ontem, o Foguete de Treinamento Básico (FTB), de pequeno porte, que foi desenvolvido pela empresa brasileira AviBras. A campanha faz parte da Operação Falcão I, iniciada dia 19, com testes de materiais e equipamentos. O próximo lançamento de foguete deve acontecer no mês de julho.

A operação foi considerada perfeita. O foguete atingiu um apogeu de 31 km e 635 m de altura, caindo a uma distância de 17, 30 km do local de lançamento em apenas 4 segundos de vôo.

Com tecnologia 90% nacional, o FTB não apresentou falhas e cumpriu e alcançou vôo perfeito, atendendo às expectativas da comissão de técnicos que acompanhou o processo. Eu diria que tudo foi perfeito, do começo ao fim. Não houve falhas no sistema, muito menos na transmissão de dados , afirmou o diretor do CLA, o coronel-aviador Ricardo Rodrigues Rangel. Acompanharam o lançamento o brigadeiro Maurício Pazini Brandão, do Departamento Científico e Tecnológico Espacial, e estudantes da primeira turma de engenharia aeroespacial do ITA.

Treinamentos - De acordo com o coronel Rangel, a operação integra um conjunto de treinamentos iniciados no CLA há cerca de dois anos para aprimorar e testar os sistemas operacionais de protótipos - envolvendo telemetria e monitoramento -, além de preparar o centro para lançamentos de grande porte.

O lançamento do FTB foi o primeiro deste ano. A previsão é de que sejam realizados pelo menos mais quatro lançamentos ainda este ano, entre eles dois de médio porte, e um foguete VSB-30, que faz parte do Programa de Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB). Estão previstos também testes na Torre Móvel de Integração (TMI) que está sendo reestruturada para lançamento de foguetes de grande porte, com o Veículo Lançador de Satélites (VLS), cuja primeira operação está programada para 2012.

Segundo o coronel Ricardo Rangel, o CLA está trabalhando em vários projetos na área espacial para modernizar o centro de lançamento. Além de desenvolvermos os testes finais para a certificação do foguete de treinamento básico, estamos focados no desenvolvimento de tecnologia que substitua a alemã, hoje utilizada em parte dos nossos produtos , afirmou.

O lançamento do foguete de treinamento básico só foi possível por causa das condições climáticas e técnicas favoráveis. Para tanto, os ventos de superfície deveriam estar igual ou menor de 10m/s ou com chuvas moderadas menor ou igual a 10mm/h. As condições meteorológicas estavam sendo monitoradas desde a semana passada.

No vôo de testes, o foguete não levou carga útil científica, apenas tecnológica, e instrumentos para acompanhamento das estações de telemedidas, preparando, assim, as equipes para os próximos lançamentos.

Foguete pode ser exportado após testes, garante Rangel

O diretor do CLA, coronel Ricardo Rangel, afirmou, durante a entrevista coletiva, que a partir da finalização dos testes de certificação do FTB, o Brasil poderá exportar este tipo de tecnologia. Ele explicou que, para a certificação de um veículo é necessário que já tenha alcançado um determinado número de vôos com sucesso, algo que o FTB está próximo de atingir.

Todos os equipamentos têm sido testados durante a campanha e o resultado deste lançamento foi armazenado para a certificação. Este foi o quinto lançamento com sucesso. Provavelmente, a partir do sexto, nós já podemos passar para a fase final de certificação , disse.

Sítios - Para o Brasil, essa é a oportunidade de interagir ainda mais com outros países que dispõem de sítios de lançamentos. Nós já temos um produto nacional que pode ser exportado e utilizado para fase de testes em qualquer centro do mundo , finalizou.

Ainda de acordo com o coronel Ricardo Rangel, as etapas de modernização de sistemas e obras da Torre Móvel de Integração (TMI,) de onde deverá ser realizada mais uma operação de lançamento do Veículo Lançador de Satélites (VLS), serão concluídas no mês de outubro. Ele revelou que a estrutura da TMI está bem adiantada, porém, faltam algumas adequações. De outubro a dezembro, estaremos testando a torre com uma versão do VLS no estilo maquete. Na verdade uma casca, com todos os meios de conexão, numa operação sem lançamento , acrescentou.

Além dos preparativos para o lançamento do VLS, o ano de 2010 para o CLA também engloba outros projetos importantes, principalmente, os relacionados à consolidação da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Ele afirmou que a ACS já recebeu, no início deste mês, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Humanos (Ibama), a licença ambiental para a instalação do sítio de lançamentos.

Fonte: jornal O Estado do Maranhão, via AEB.
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terça-feira, 27 de abril de 2010

Cooperação Brasil - República Tcheca

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Uma nota na seção "In Orbit" da edição desta semana da revista norte-americana Aviation Week & Space Technology chama a atenção. Trata do programa espacial da República Checa ou, mais especificamente, as intenções do governo desse país europeu em ampliar seus projetos na área. A última linha da nota, traduzida livremente pelo blog, menciona o Brasil: "Os tchecos devem assinar acordos com o Brasil e Canadá, e pactos com o Japão e a França podem ser firmados".

Não foram dados mais detalhes sobre a natureza do acordo que poderia ser firmado com a República Tcheca. Mas é bastante provável que a origem da informação seja o próprio país europeu, uma vez que a notícia sequer havia circulado no Brasil. Numa rápida pesquisa na web, foi possível encontrar uma pequena notícia no site Czech Space Alliance (uma espécie de associação de indústrias espaciais tchecas), de 30 de outubro de 2009, sobre visita de representantes tchecos à residência oficial do embaixador brasileiro em Praga. Está escrito algo mais ou menos nesse sentido: "Nós tivemos a oportunidade de encontrar o representante europeu da Embraer, assim como várias personalidades políticas importantes do governo brasileiro, que demonstraram grande interesse em nosso esforço de concluir um acordo de cooperação em tecnologia espacial com a Agência Espacial Brasileira (AEB)."

Apesar de receber algumas críticas pela quantidade de acordos internacionais firmados pelo Brasil no setor espacial, a AEB continua a focar suas ações nessa direção. O presidente da Agência, aliás, em entrevista concedida no início deste ano à Tecnologia & Defesa, defendeu o posicionamento de sua organização:

"T&D - Sua gestão tem sido marcada pela busca de novos acordos de cooperação e o senhor já afirmou que seu objetivo é firmar tantos quantos forem possíveis, de modo a beneficiar o País. Ao mesmo tempo em que um maior número de parceiros significa maior leque de oportunidades, há quem veja isso de maneira negativa, por indicar falta de foco e divisão dos parcos recursos em diferentes atividades. O que o senhor pensa a respeito?

Carlos Ganem - A lógica dos acordos internacionais é bem simples. Esses acordos abrem inúmeras perspectivas de novos mercados, visto que apenas a demanda nacional não tem sido suficiente, ao menos neste momento, para estruturar um setor industrial sustentável no Brasil. Alianças estratégicas com alguns países podem trazer benefícios pelo lado da política internacional possibilitando, inclusive, desenvolvimento de grandes projetos conjuntos, como já ocorre com o CBERS e a ACS.

Em áreas de ponta e repercussões estratégicas, o sectarismo e o isolamento não permitem que o País possa esperar soluções autóctones que compensem o atraso e a perda de papel protagonista que o Brasil deveria exibir."
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Panorama da ACS pelo lado ucraniano

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Em 14 de abril, dirigentes da Agência Espacial da Ucrânia (NSAU, sigla em inglês) realizaram uma conferência de imprensa em Kiev, com um balanço sobre os principais acontecimentos do país em matéria espacial, e perspectivas para 2010. Um dos temas abordados foi a parceria comercial com o Brasil para a exploração do centro espacial de Alcântara, no Maranhão, por meio da joint-venture binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Reproduzimos abaixo o trecho sobre a ACS divulgado no web-site da NSAU, com tradução livre do blog:

"A joint-venture ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space recebeu licença ambiental prévia para iniciar os trabalhos de construção da plataforma de lançamento do foguete Cyclone 4, capaz de colocar em órbita satélites multipropósitos em órbitas terrestres. Esta tese foi destacada pelo diretor geral da NSAU, Yuriy Alekseyev na conferência de imprensa realizada em Kiev:

"Um grande passo foi dado em relação ao período recente - três dias atrás nós finalmente recebemos uma licença ambiental prévia para o início das obras da plataforma. Antes disso, toda sorte de estudos ambientais foi conduzida. Esta foi uma vitória comum para a Ucrânia e Brasil, nós superamos todas as dificuldades burocráticas e recebemos a licença para iniciar as obras".

Nesse meio tempo, Yuri Alekseyev afirmou que havia um atraso naquele momento em relação à execução do projeto Cyclone 4. "Se tratamos do equipamento, então nós estamos um pouco atrasados no desenvolvimento de cada unidade separada hoje, mas eu acho que depois de nossa reunião no Brasil, nós anunciaremos uma data aproximada para o primeiro lançamento", afirmou Yuriy Alekseyev.

Em geral, de acordo com o chefe da NSAU, a implementação bem sucedida do projeto conjunto com o Brasil permitirá à Ucrânia alcançar um novo nível em desenvolvimento espacial industrial, e fortalecer suas posições no mercado global."
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segunda-feira, 26 de abril de 2010

CLBI: Operação Barreira II

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CLBI lança novo foguete

No próximo dia 29 de abril, às 15h 30min, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), será lançado, como parte da Operação Barreira II, novo Foguete de Treinamento Básico (FTB), o segundo neste ano.

O novo foguete, assim como o primeiro, (lançado durante a Operação Barreira I, no último mês de fevereiro), também tem como objetivo exercitar toda a estrutura de coordenação, além de validar os procedimentos e de garantir o treinamento das equipes nas áreas de logística, telecomunicações, preparação, integração, montagem, lançamento, rastreio, segurança de voo, segurança de superfície, coleta e tratamento de dados.

O CLBI já participou em 2009 de quatro lançamentos desse tipo (dois em São Luiz, no Maranhão, e dois em Natal), e todos alcançaram o resultado esperado: garantir a qualificação técnica dos recursos humanos e a manutenção dos meios operacionais necessários às atividades do Programa Nacional de Atividades Espaciais – PNAE.

Além da preocupação de aprimorar a excelência técnica do efetivo do centro, a campanha preserva a operacionalidade dos equipamentos para futuros lançamentos de foguetes de maior porte. Outro benefício de igual importância é o desenvolvimento da indústria nacional, pois é a Avibras, empresa brasileira localizada em São José dos Campos (SP), que desenvolve esses foguetes de treinamento.

Fonte: CLBI
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quinta-feira, 22 de abril de 2010

O VLS "alemão"

No chat sobre o Programa Espacial Brasileiro promovido pela Câmara dos Deputados em 26 de março (veja aqui), uma informação divulgada pelo representante da direção do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA) sobre o projeto de um lançador de pequeno porte em parceria com a DLR, a agência espacial da Alemanha, chamou a atenção de muitos que acompanham o programa brasileiro.

Até então desconhecida inclusive por algumas pessoas que acompanham de perto as iniciativas brasileiras em lançadores, a informação levava a crer que o IAE/DCTA trabalhava com outras possibilidades na área, além daquelas reveladas na matéria "Lançadores espaciais: Os planos do IAE/CTA", publicada com exclusividade no web-site de Tecnologia & Defesa em agosto de 2009. Basicamente, o IAE trabalhava com três possibilidades principais, envolvendo acordos de cooperação ou mesmo comerciais com empresas e centros de pesquisa da França, Rússia ou Ucrânia. A ideia seria desenvolver, tomando por base tecnologias e conhecimentos adquiridos com o VLS, um foguete de pequeno porte, superior em capacidade ao VLS-1, com condições de competir no crescente mercado de lançamentos de pequenas cargas úteis para órbitas baixas.

Nas últimas semanas, o blog conversou com algumas pessoas sobre essa possível parceria com a Alemanha para entender o seu escopo, e também como ela se relacionaria com as outras iniciativas em estudo. Segundo pudemos apurar, o estudo envolvendo os alemães está sendo realizado pelas equipes envolvidas com os projetos brasileiros em foguetes de sondagem, e não pelo time do IAE responsável por veículos orbitais, sendo, portanto, esforços distintos. A ideia teria origem no projeto SHEFEX (SHarp Edge Flight EXperiment) (ilustração), um dos vários projetos conjuntos entre o Brasil e Alemanha em matéria espacial, relacionado também ao projeto do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA).

Com o objetivo de testar novos conceitos e tecnologias em proteção termal para reentrada atmosférica, tecnologia, diga-se de passagem, bastante sensível, os dois países realizaram em outubro de 2005 a primeira missão SHEFEX, executada a partir do centro de lançamento de Andoya, na Noruega, envolvendo o voo de um foguete VS-30 Orion. Uma segunda missão, maior e mais complexa, a SHEFEX 2, estava programada para ocorrer no início deste ano, mas foi adiada para não antes que março ou abril de 2011. Nesta etapa, ao invés de um VS-30 Orion, seria utilizado como veículo um foguete VS-40.

A etapa final, SHEFEX 3, envolveria o lançamento de carga útil de maior porte com perfil de missão ainda suborbital, mas muito próximo da capacidade de entrada em órbita. É daí, unindo-se o útil ao agradável, que surgiu a ideia de aproveitar os desenvolvimentos necessários para a realização da SHEFEX 3 e avançar com o projeto de um foguete orbital de pequeno porte.

De acordo com o apurado pelo blog, a ideia é ainda bastante preliminar e teria surgido do lado brasileiro, não havendo por este momento maiores definições futuras ou mesmo indicativos de continuidade.
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terça-feira, 20 de abril de 2010

Brasil no Programa GPM

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Participação brasileira no Programa Internacional de Medidas de Precipitação

20-04-2010

O Programa Internacional Medidas Globais de Precipitação (GPM, sigla em inglês) é uma missão conjunta internacional com objetivo de entender a precipitação global e seu impacto sobre o meio ambiente. Desenvolvido pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) e pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa), o GPM é aberto à participação internacional. Atualmente, a Agência Espacial Brasileira, a Agência Espacial Europeia (ESA) e o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (Cnes) são alguns dos participantes.

A última ação do GPM, no Brasil, foi o Experimento Chuva, realizado no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, entre os dias 1º e 25 de março. O objetivo foi medir a precipitação de nuvens de topo quente (com temperaturas maiores que 0º Celcius). Na ocasião, cerca de 50 especialistas nacionais e de outros países, entre técnicos e pesquisadores, participaram do experimento.

Coube à AEB coordenar as atividades do Chuva, assegurar livre acesso aos dados coletados, manter um responsável por receber e avaliar os dados e, ao final, elaborar um relatório técnico. A coordenação científica do programa ficou sob a responsabilidade do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), do Inpe.

Os resultados preliminares do projeto serão apresentados em junho, em Helsinque, na Finlândia, no Workshop Global Precipitation Measurement (GPM) Ground Validation (Validação de Solo). A partir de então, as medidas feitas em Alcântara poderão ser usadas em modelos de estimativa de chuvas e na previsão do tempo. Segundo o responsável técnico pelo GPM Brasil, Nelson Arai, esse foi um projeto piloto. Uma segunda campanha poderá ser realizada ainda este ano, em São Luís do Paraitinga (SP). "No estado de São Paulo será medida a precipitação de nuvens de topo frio, com a presença de gelo", observa.

Estiveram presentes o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA); o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP); o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Tecnológico Simepar; a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Entre as instituições estrangeiras destacaram-se a Nasa; a Colorado State University (EUA) e a University of Bonn (Alemanha).

GPM - Os experimentos estão inseridos no Programa Internacional de Medidas de Precipitação (GPM), que pretende medir as precipitações usando satélites com resolução de 25km por 25km, a cada três horas, em todo o globo terrestre. Os dados coletados serão discutidos com o intuito de validar medidas de instrumentos levados a bordo dos satélites do programa GPM. O projeto prevê sete satélites. Está em análise pela AEB a possibilidade de o Brasil participar do Programa com o desenvolvimento de um satélite, com uso da Plataforma Multimissão (PMM). A PMM é uma plataforma de serviços multiuso, ou seja, um módulo que fornece todas as funções de um satélite, exceto pela carga útil. A esse módulo deverão ser adicionadas cargas úteis, com sensores ópticos ou não-ópticos, por meio de interfaces padronizadas, de forma que o conjunto constituirá um satélite operacional.

Esta é a principal missão para a pesquisa da água global disponível e do ciclo de energia. "Atualmente, as pessoas estão muito preocupadas com as mudanças climáticas. Amanhã a preocupação será com a água potável", diz Arai. Segundo ele, esse estudo é a principal missão existente para a pesquisa da água global disponível e do ciclo de energia.

Fonte: AEB
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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cooperação Argentina - Rússia: Glonass

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Dando andamento a sua estratégia de ampliar os acordos de cooperação em matéria espacial na América do Sul, o governo da Rússia firmou com a contraparte argentina na semana passada um memorando de entendimentos ("MoU", sigla em inglês) para a utilização e desenvolvimento do Sistema Satelital Global de Navegação (GLONASS).

O MoU sobre o sistema de posicionamento russo foi assinado no último dia 14, em Buenos Aires, por ocasião da visita do presidente da Rússia, Dimitri Medvedev à Argentina. O documento foi subscrito pelo ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, e pelo presidente da Agência Espacial Russa (Roscosmos), Anatoly Perminov.

Para saber mais sobre a cooperação entre o Brasil e a Rússia em relação ao Glonass, acesse a postagem "Cooperação Brasil - Rússia: Glonass".
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Mais informações sobre os satélites IBSA

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Praticamente nenhuma informação oficial mais detalhada sobre os satélites que devem ser desenvolvidos por Brasil, Índia e África do Sul foi divulgada. A imprensa especializada sul-africana, no entanto, traz algumas notícias e especulações sobre as cargas úteis dos satélites e seus períodos de lançamento. Recomendamos a leitura da reportagem "SA, Brazil and India agree to joint satellite programme at trilateral summit".

Especula-se que a África do Sul será responsável por fornecer a plataforma dos micossatélites, sendo que o primeiro, de clima espacial, seria lançado em 212, e o segundo, de observação terrestre, a partir de 2014.

De acordo com o informativo sul-africano The Engineering News, as principais cargas úteis do primeiro satélite serão fornecidas pelo lado brasileiro. Quanto ao satélite de imageamento, há menos informações. Acredita-se que um dos sensores óticos seria de origem sul-africana, mas é provável que ao menos outra câmera integre a missão. Os lançamentos ficariam a cargo do lado indiano, que conta com tecnologia considerada madura em termos de transporte espacial.
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Cooperação Brasil - Índia - África do Sul

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Brasil, Índia e África do Sul vão construir 2 satélites

15 de abril de 2010 • 19h17 • atualizado às 19h17

Laryssa Borges e Luciana Cobucci
Direto de Brasília
Especial para o Terra

Brasil, Índia e África do Sul vão construir dois satélites para estudos climáticos e observação da Terra. O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira, durante a 4ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Ibas - bloco econômico que reúne os três países.

"Esses dois satélites ajudarão o Ibas e outras nações amigas com os nossos avanços em matéria de agricultura, navegação, transportes e telecomunicações. Vão também reforçar o trabalho dos centros espaciais dos nossos três países. É o projeto-símbolo da nova etapa da nossa parceria", disse Lula em anúncio à imprensa.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, afirmou estar "especialmente animado" com a possibilidade da construção dos dois satélites. Segundo Zuma, esta é uma oportunidade de expandir a cooperação entre os países e é uma iniciativa que vai ajudar, especialmente, no acompanhamento das mudanças climáticas.

Durante a 4ª Cúpula do Ibas, os governantes dos três países assinaram dois memorandos de entendimento para cooperação em energia solar, ciência, tecnologia e inovação.

Fonte: Portal Terra

Comentários: no documento divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores ("IV Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do IBAS – Declaração de Brasília"), há mais informações sobre o projeto conjunto, ainda bem inicial na área de satélites:

"IBSA Satellites

41. The Leaders decided to the early development of satellites in the areas of space weather, climate and earth observation. These satellites will address common challenges in climate studies, agriculture and food security. The IBSA micro satellites aim to promote and strengthen space programs amongst the three countries."

O Brasil já possui alguma cooperação com o governo indiano em matéria espacial, especialmente em sensoriamento remoto. A África do Sul, em si, é uma grande surpresa nesse projeto conjunto, tendo em vista sua incipiente experiência em tecnologia espacial. Em breve, o blog postará mais informações sobre esses satélites.
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domingo, 18 de abril de 2010

Workshop sobre a Missão ASTER

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Workshop: Instrumentação Cientifica para a Missão ASTER

Local: UNESP - Guaratingueta, SP
Periodo: 13 e 14 de maio 2010

A missao ASTER é uma missão espacial exploratória de nosso sistema solar próximo, tendo por objetivo primário o desenvolvimento e a qualificação de tecnologias nacionais, bem como, a aquisição e o aprimoramento de "know-how" em procedimentos e sistemas voltados para a engenharia espacial. Associado ao seu objetivo primário, existe outro, não menos importante, mas de cunho científico por excelência, que é a observação em loco de um sistema de asteroides multiplos. Trata-se de uma missao de pequeno porte. A massa da sonda em configuração de lançamento é aproximada de 150 kg e potencia elétrica total de 2100 W, sendo que a parcela disponivel para a carga util é de 30 kg e 110 W.

As metas do workshop são fazer uma discussão sobre:

1) os objetivos científicos a serem cumpridos pela missão em sua trajetória e em órbita do alvo;
2) os experimentos a serem realizados pela sonda;
3) os equipamentos e instrumentos científicos a serem embarcados como carga útil;
4) os grupos responsáveis por instrumentos e experimentos.

Inscrições:

As inscrições para participação neste evento devem ser feitas por email para ocwinter@pq.cnpq.br, ocwinter@pq.cnpq.br ou elbert@lac.inpe.br

Fonte: Boletim da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB)

Comentários: em breve, o blog disponibilizará mais informações sobre a Missão ASTER, ora em estudo.
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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Brasil e China: expansão da cooperação espacial

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Brasil e China definem política para distribuição de dados espaciais

15/04/2010

Durante o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao, em Brasília nesta quinta-feira (15/04), Brasil e China reafirmaram o desejo de expandir a cooperação na área espacial. Foram anunciados quatro memorandos de entendimento durante a cerimônia em que o CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) foi destacado como um dos programas de cooperação tecnológica e científica mais bem-sucedidos entre países em desenvolvimento.

Um dos memorandos define a política de dados CBERS, tornando global a distribuição gratuita de suas imagens. Firmado entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Chinês para Dados e Aplicações de Satélites de Recursos Terrestres (CRESDA), o documento visa a fortalecer a cooperação entre os dois países na utilização pacífica da tecnologia espacial, ao mesmo tempo em que consolida o Programa CBERS como um importante instrumento para a cooperação internacional.

Com as imagens do CBERS-2, em junho de 2004, o INPE iniciou a distribuição gratuita de dados de satélite pela internet para usuários brasileiros. Com o apoio do parceiro chinês, os dados em seguida puderam ser oferecidos da mesma forma a países da América Latina e, mais tarde, ao continente africano. Com a assinatura do memorando, os dados dos satélites poderão ser distribuídos a outros países.

Outros memorandos

Além do destinado à política de dados CBERS, o INPE também estabeleceu outros três memorandos com centros ligados à Academia Chinesa de Ciências para cooperações nas áreas de Observação da Terra, Aplicações de Sensoriamento Remoto e Clima Espacial.

O memorando firmado entre o INPE e o Centro de Observação da Terra e da Geoinformação Digital (CEODE) deve propiciar a colaboração em áreas como: mapeamento de aplicações para a agricultura; desenvolvimento de acesso aberto e gratuito de ferramentas computacionais; modelagem ambiental; sistemas de monitoramento de desastres naturais e tecnologia espacial para o estudo das mudanças ambientais globais. Outro destaque é a recepção pelo Brasil dos dados dos satélites chineses HJ-1A e HJ-1B.

Com o Centro de Ciência Espacial e de Pesquisa Aplicada (CSSAR), o memorando permitirá a realização de observações conjuntas e estudos da ionosfera e atmosfera média e alta em baixas latitudes.

Ainda deve ser assinado um quarto memorando, que firma cooperação entre o INPE e o Centro Nacional de Satélites Meteorológicos da Administração Meteorológica da China (CMA).

Fonte: INPE
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Cooperação Brasil - China

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Reproduzimos abaixo o trecho sobre cooperação espacial do "Plano de Ação Conjunta entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China, 2010-2014", assinado hoje (15) pelos chefes-de-Estado do Brasil e China:

"Artigo 11 - Área de Cooperação Espacial

1. Continuidade e expansão da cooperação espacial. As Partes reiteram o desejo de continuar e aprofundar a cooperação espacial. As Partes destacam o CBERS (“China-Brazil Earth Resources Satellite”) como um dos programas de cooperação tecnológica e científica mais bem-sucedidos entre países em desenvolvimento e reafirmam o desejo de expandir e enriquecer a cooperação no âmbito desse programa.

2. Fortalecimento da parceria estratégica. As Partes implementarão ativamente o Protocolo para a Continuidade, Expansão e Aplicação do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres entre a Agência Espacial Brasileira do Governo da República Federativa do Brasil e a Administração Espacial Nacional da República Popular da China.

3. Política de dados. China e Brasil expandirão o programa CBERS e suas aplicações por meio da assinatura de um acordo que defina a política de dados para distribuição de imagens produzidas pela série de satélites CBERS à China, Brasil e outros países. Essa política de dados cobre os dados obtidos pelo CBERS-1, CBERS-2 e CBERS-2B bem como pelos futuros CBERS-3 e CBERS-4." .

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ACS: IBAMA concede licença

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O jornal Folha de S. Paulo informa em sua edição de hoje (14), que a Alcântara Cyclone Space (ACS) recebeu do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), licença prévia para a implantação do "Complexo Terrestre Cyclone IV", em Alcântara, no Maranhão. O comunicado da ACS informando sobre a licença, datado de 8 de abril, foi publicado na edição de ontem (13) do Diário Oficial da União. Reproduzimos abaixo:

"ALCÂNTARA CYCLONE SPACE
CNPJ: 07.752.497/0001-43

AVISO DE LICENÇA

A Empresa Binacional ALCÂNTRA CYCLONE SPACE - ACS, CNPJ: 07.752.497/0001-43, com sede no Setor Comercial Norte Qd. 02 Ed. Corporate Financial Center 6º Andar, Brasília, DF,
CEP: 70.712-900, torna público que recebeu do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, a LICENÇA PRÉVIA N° 352/2010, com validade de oito meses, para o projeto de implantação do COMPLEXO TERRESTRE CYCLONE IV que visa a execução de atividades de lançamento de satélites, a ser instalado no Centro de Lançamento de Alcântara, no município de Alcântara, MA.

Brasília-DF, 8 de abril de 2010.

ROBERTO AMARAL
Diretor-Geral

OLEKSANDR SERDYUK
Diretor-Geral"
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Novo supercomputador do INPE

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Modelagem brasileira

14/4/2010

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – O Brasil deu um passo fundamental para se tornar um agente central na elaboração do próximo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O motivo é que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) concluiu o processo de licitação para a compra de um supercomputador que será usado em previsões meteorológicas e estudos sobre mudanças climáticas.

O supercomputador, que deverá estar em funcionamento até o fim do ano, colocará o país entre os primeiros do mundo em aplicações de modelagem climática. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (12/4), pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, na presença do pelo diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, durante a Conferência Paulista de C&T&I, realizada na sede da Fundação.

“Quando recebemos o supercomputador anterior chegamos ao 25º lugar no mundo em estudos climáticos e previsões de tempo. Quando o novo estiver plenamente operacional, ficaremos entre os três ou quatro no cenário mundial”, disse Carlos Nobre, pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe e coordenador executivo do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais.

Segundo Nobre, esse é o quarto computador comprado pelo Inpe com essa finalidade – o anterior foi adquirido em 2003 – e a cada quatro ou cinco anos as máquinas precisam ser renovadas.

A empresa norte-americana Cray ganhou a concorrência, com um supercomputador com 1.272 nós, cada um com dois processadores de 2 GHz e velocidade máxima de 192 gigaflops (bilhões de operações de ponto flutuante) por segundo. Além da Cray, a japonesa NEC apresentou proposta.

O desempenho teórico máximo do novo supercomputador do Inpe é de 244 teraflops (trilhões de operações) por segundo, e o desempenho efetivo no benchmark do CPTEC foi de 15,8 teraflops.

“Ele tem cerca de 30 mil processadores instalados, o que seria equivalente a dezenas de sistemas de grande porte que o CPTEC tem instalado atualmente”, disse Nobre.

O valor total do investimento é de cerca de R$ 50 milhões, sendo que o Ministério da Ciência e Tecnologia entrará com R$ 35 milhões, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e R$ 15 milhões serão provenientes da FAPESP. O preço do sistema da Cray ficou em R$ 31,3 milhões e o restante será usado na infraestrutura, suporte e atualização dos equipamentos.

O preço do supercomputador foi um dos pontos destacados pelo ministro. “A proposta da Cray foi mais interessante que a da NEC, que pediu cerca de R$ 50 milhões. A máquina oferecida pela empresa vencedora tem velocidade três vezes maior do que a outra e apresenta menor consumo de energia”, disse.

Segundo o ministro, a compra do supercomputador vai permitir ao país dar um salto tecnológico significativo em termos de serviços meteorológicos. "Sem dúvida, é parte importante do esforço que o país realiza na superação de problemas ligados ao monitoramento e às previsões meteorológicas. Nesse sentido, a parceria com a FAPESP foi fundamental para ajudar a responder a esse e outros desafios da ciência brasileira nessa área", destacou Rezende.

Previsões a cada hora

Nobre ressalta que a capacidade de previsão do tempo existente hoje no Brasil é boa e, ao lado da China, é a melhor entre os países em desenvolvimento. “Mas, com essa nova máquina, muda a resolução das imagens projetadas, o tempo para apuração dos dados e, principalmente, a precisão das informações”, destacou.

Segundo ele, com o modelo atual as previsões são feitas, em média, com três dias de antecedência. “Por dia, são feitas duas previsões. Para analisar todas as situações de códigos gerados, demoramos dois dias em média para concluir as análises. Com o novo sistema, vamos conseguir gerar previsões com resolução muito melhor em uma hora. Ou seja, teremos condições de fazer previsões a cada hora, diariamente”, disse.

Segundo Nobre, melhor resuloção significa que será possível prever e modelar muito melhor a quantidade de chuva que poderá cair em determinadas regiões. “Com o sistema atual, é possível ver a média do volume de chuva por áreas, mas não se vai chover dez vezes mais a 10 quilômetros do ponto analisado, por exemplo”, explicou.

Outro destaque é que o Brasil será capaz de projetar cenários com modelos globais. Segundo Nobre, até então o Inpe projetava esses cenários de forma limitada, utilizando modelos regionais.

O grande obstáculo para o país fazer parte do seleto grupo do IPCC, segundo Nobre, era computacional. “Já temos uma comunidade científica que tem condição de desenvolver o modelo matemático necessário”, afirmou.

Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, destacou que boa parte da discussão sobre mudanças climáticas globais está pautada em resultados científicos recentes. “Quem está mais à frente da ciência está em melhor situação no debate mundial sobre os efeitos dessas mudanças e precisamos pôr o Brasil em uma posição mais favorável nessa discussão”, disse.

Brito destacou que parte do Programa FAPESP de Mudanças Climáticas Globais consiste no desenvolvimento de um modelo climático global.

“Isso é muito relevante, porque para fazer pesquisa competitiva em assuntos relacionados com mudanças climáticas ajuda muito se tivermos capacidade de rodar modelos próprios, que olhem melhor para a Amazônia e para o Atlântico Sul, por exemplo”, disse.

Concluída a licitação, agora a Cray tem seis meses para entregar o supercomputador. O próximo passo será montar a estrutura de energia elétrica. A previsão é que até o fim do ano o sistema esteja funcionando. “Em dois anos, deveremos iniciar os testes das primeiras versões do modelo brasileiro para a previsão climática global”, disse Nobre.

Fonte: Agência FAPESP

Atualização, 14/04, às 17h10: mais informações sobre o novo supercomputador do INPE podem ser encontradas no press release divulgado hoje: "Novo supercomputador amplia em 50 vezes a capacidade de processamento no INPE".
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segunda-feira, 12 de abril de 2010

SGB: "será uma briga de foice"

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Logo após postar a nota "Cooperação Brasil - Itália", ao reler os parágrafos sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), lembrei-me de uma daquelas frases que a gente guarda com o tempo. Há um ou dois anos, ao conversar sobre o SGB com um executivo do setor aeroespacial lotado aqui no Brasil, este afirmou algo mais ou menos assim: "será uma briga de foice".

Na época, tinha uma dimensão um pouco menor do que seria a disputa pelo SGB, considerando a hipótese de compra direta pelo governo, e não via Parceria Público-Privada (PPP), como se considera hoje: restrita apenas aos fabricantes de satélites, algo como cinco ou seis nomes, se muito.

Foi apenas no 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro (RJ) em outubro de 2009, que foi possível ter uma dimensão um pouco mais clara do que pode vir a ser a "briga" pelo SGB. Em debate específico sobre o projeto, notava-se o interesse das companhias de telecom brasileiras em participar da PPP, possivelmente "parcerizadas" com os fabricantes (ou não, a depender do formato e das combinações de interesses). Uma questão feita por um diretor de uma dessas companhias (a dos 200 milhões de clientes na América Latina...), que sentiu que sua empresa não estava na melhor posição para o SGB, dava um pouco a noção de como pode ser a "briga". E isto numa fase ainda bem preliminar, em que nem sequer existe algo mais concreto. A conferir.
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Cooperação Brasil - Itália

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Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Itália, Silvio Berlusconi, assinaram hoje (12), em Washington (DC), nos EUA, um instrumento de parceria estratégica entre os dois países. Dentre os vários itens de cooperação, destacam-se as de matéria militar e na área espacial. Nos dois campos, alguns itens chamam a atenção, especificamente comunicações militares via satélite, e observação terrestre via satélite-radar (SAR, sigla em inglês).

Nas duas prioridades, do ponto de vista comercial e industrial, o acordo Brasil - Itália tem por objetivo melhor posicionar a indústria italiana para futuros negócios no Brasil. O grupo italiano Finmeccanica, maior grupo aeroespacial e de defesa da Itália e um dos maiores da Europa, tem considerável presença em matéria de comunicações por satélite, com participação minoritária (33%) na Thales Alenia Space, e de 67% na provedora de serviços Telespazio.

Já há alguns anos, o lado italiano da Thales Alenia Space promove no País suas soluções em comunicações militares por satélite (sistema SICRAL), sendo logicamente um dos grandes interessados no futuro projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Resta saber como os lados italiano e francês da Thales Alenia irão se conciliar para buscar participar do projeto, que também tem outros interessados, na própria Europa Ocidental (EADS Astrium), Ucrânia/Canadá, Rússia e talvez EUA. Sobre o interesse dos italianos no SGB, recomendamos a leitura da postagem "De olho no SGB", publicada aqui no blog em abril de 2009.

Quanto aos satélites-radar, em especial em termos de hardware, existem também esforços locais do lado italiano da Thales Alenia Space, tanto no Ministério da Defesa, como no setor civil do Programa Espacial Brasileiro (Agência Espacial Brasileira - AEB, e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE).

Oportuno lembrar da parceria entre a Itália e a Argentina no projeto dos satélites SAOCOM. Em março de 2009, em entrevista concedida ao blog, o diretor do INPE, Gilberto Câmara, levantou a possibilidade de parceria entre o Brasil e a Argentina para a construção de um satélite-radar (leia aqui).

Quanto ao fornecimento de imagens geradas por satélites-radar, em meados de março a Telespazio Brasil, em parceria com a empresa brasileira Imagem, venceu um pregão para o fornecimento de imagens-radar geradas pela constelação Cosmo-SkyMed para o Sistema de Proteção da Amazônia - SIPAM. A notícia foi divulgada pela assessoria do grupo Finmeccanica apenas hoje, mas o blog já a havia dado com exclusividade desde 26 de março (vejam a postagem "Imagens COSMO-SkyMed para o SIPAM").

Reproduzimos abaixo os itens mais interessantes do documento:

"IV – Cooperação em matéria técnico-militar e de defesa

[...]

À luz desta crescente cooperação, as Partes decidem desenvolver um relacionamento privilegiado no campo da defesa, embasado na parceria industrial e transferência de tecnologia. Este relacionamento privilegiado entre os dois países no campo da defesa será matéria de acordo específico entre os respectivos Ministérios da Defesa. Deverá conferir, em princípio, prioridade aos seguintes projetos de colaboração:

[...]

- aplicações espaciais militares e de segurança referentes a: comunicações militares via satélite; ou observação da Terra via satélite-radar e serviços baseados no SAR (Radar de Abertura Sintética).

V – Cooperação na área espacial

As Partes se comprometem a aprofundar a cooperação entre suas respectivas instituições nacionais de pesquisa e desenvolvimento científico em tecnologias espaciais e suas aplicações industriais. Nesse contexto, as Partes saúdam a disposição mútua de implementar o Protocolo de Intenções entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Italiana (ASI), assinado em 11 de novembro de 2008, relativo a iniciativas em áreas de interesse comum, tais como observação da terra para prevenção e gestão de desastres naturais e mudança do clima; telecomunicações; e navegação via satélite, assim como a cooperação em tecnologias espaciais e suas aplicações.

Para dar implementação aos objetivos acordados, as Agências Espaciais dos dois países prosseguirão no exame conjunto de oportunidades de colaboração e, em particular, considerarão os itens relacionados a seguir, identificados preliminarmente, como potenciais áreas de cooperação de claro interesse e relevância para os dois lados:

- utilização e recepção dos dados de satélite “COSMO-SkyMed” para aplicações civis;
- observação da terra por satélite radar e serviços baseados no SAR (Radar de Abertura Sintética) para aplicações civis;
- colaboração na área de balões meteorológicos; e
- seminários e capacitação conjunta."
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"Arianespace - 30 anos de sucesso"

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Entrou no ar hoje (12), no website da revista Tecnologia & Defesa, uma pequena reportagem, de minha autoria, sobre os 30 anos da primeira empresa comercial de lançamentos espaciais, a Arianespace. A ideia era "publicar" esta reportagem no último dia 26, data em que de fato os 30 anos foram completados, mas o excesso de trabalho nas últimas semanas acabou causando certo atraso.

O texto faz uma abordagem geral sobre a Arianespace, desde a sua criação até o momento atual. Ainda este ano, a empresa europeia deve estrear dois novos lançadores a partir de seu centro espacial, em Kourou, na Guiana Francesa: o Soyuz ST, de origem russa; e o Vega, uma das primeiras experiências italianas na área de veículos espaciais. Falamos um pouco também sobre a relação da companhia com o Brasil, em seu aspecto comercial (a Arianespace foi responsável pelo lançamento de todos os satélites da Embratel, hoje Star One), e a parceria com o País no rastreio de missões, por meio do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), que se situa a leste de Kourou. Por fim, há ainda alguns parágrafos sobre o futuro sucessor do Ariane 5, comumemente chamado de Ariane 6.

Fica aí esta pequena homenagem à Arianespace, referência nos dias de hoje em termos de lançamentos espaciais e, especificamente para o meu caso, fonte de ótimas lembranças!

Para acessar a reportagem, clique aqui.
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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Programa Espacial no Correio Popular

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Brasil quer conquistar o seu lugar no espaço

09/04/2010

O governo brasileiro vai dar o primeiro passo para entrar no mercado de lançamento comercial de satélites, com a construção de um segundo sítio para o lançamento de foguetes de médio porte no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, previsto para ser entregue em 2011. Até agora, os lançamentos feitos a partir do CLA eram de equipamentos de teste e pesquisa. O plano prevê que o foguete Cyclone 4, um veículo lançador de satélite (VLS), construído pela empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), que tem a Ucrânia como parceira, esteja pronto no ano que vem, quando inicia os testes necessários para os lançamentos comerciais.

O governo mostrou que os setores nuclear, espacial e de tecnologia da informação estão sendo tratados como estratégia nacional. Se continuar assim, em pouco tempo o Brasil terá dois sítios com condições favoráveis para lançar foguetes , diz o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem.

O segundo sítio será erguido em uma área da base cedida pela Aeronáutica e a construção vai consumir recursos de US$ 247 milhões. Esperamos que tudo esteja pronto em 2011 , prevê.

O Brasil também está construindo o Veículo Lançador de Satélite (VLS)1 para substituir o VLS, que explodiu em 2003 e matou 21 pessoas. O Cyclone 4 coloca em órbita satélites de médio e grande porte, com cargas de até 5 mil quilos. A família de foguetes Cyclone tem uma história de sucesso no lançamento de satélites. Foram lançados 223 satélites sem falhas, diz Ganem.

Vários cientistas brasileiros e de outros países trabalham na construção do VLS 1. A previsão da agência é de que ele fique pronto em 2011. O veículo começará a ser testado em 2012 e no ano seguinte está previsto um voo com carga em caráter experimental. Somente em 2014 é que os lançamentos poderão ser feitos. O foguete terá capacidade para colocar em órbita objetos de até 400kg.

O mercado mundial de lançamento de satélites movimentou US$ 280 bilhões em 2008 [nota do blog: este valor não condiz com a realidade. Grosso modo, o mercado de lançamento de satélites movimenta pouco mais de US$ 2 bilhões por ano]. Se o Brasil trabalhar pensando também no lado comercial, poderá conquistar até 10% desse mercado, avalia Ganem. Apesar de ainda engatinhar no setor de tecnologia espacial, o País pode ocupar posição de destaque. Os centros de lançamento daqui estão em posição privilegiada e têm uma vantagem geográfica porque estão próximos da linha do Equador e ao lado do oceano , explica.

Essas vantagens se traduzem em qualidade de lançamento e uma economia de até 30% no uso de combustível. Cada lançamento feito com o VLS 1 pode render ao Brasil US$ 10 milhões, estima o presidente da AEB. Os lançamentos feitos pelo Cyclone 4 podem chegar a US$ 50 milhões , diz.

No último ano, o governo brasileiro intensificou os investimentos no setor espacial.

Em 2009 foram investidos R$ 85 milhões no CLA e reforma do Centro de Lançamento Barreira do Inferno. Este ano, os investimentos serão de R$ 160 milhões , diz Ganem. No ano passado, foi construída uma moderna sala de controle para o lançamento, a pista de aviação da base foi recuperada e a estrada que leva ao centro foi reformada. Ainda serão feitos investimentos em hotelaria para hospedar as pessoas que vierem à cidade para o lançamento , comenta.

Estratégia e desenvolvimento

Ganem destaca a importância do investimento no programa espacial para o desenvolvimento do Brasil. Quando uma criança é operada num local distante do Acre via satélite, estamos falando do espaço. O tráfego aéreo, as comunicações de uma forma geral e a previsão do tempo, necessária para evitar tragédias como a que ocorreu no Rio de Janeiro, são algumas das infinitas aplicações , comenta.

Segundo o presidente da AEB, o programa espacial brasileiro é essencial para a população brasileira.

Ele é importante para a saúde, educação, dá suporte para várias pesquisas e para a rede de pesquisas nacional. É a única maneira de olhar o Brasil por inteiro, o que é vital para um país com as dimensões do nosso , diz.

Pnae investe na reforma do Centro Barreira do Inferno

Parte da verba destinada ao Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae) foi aplicada na reforma e modernização do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), localizado em Parnamirim, no Rio Grande do Norte. Este ano, serão investidos R$ 6 milhões em projetos de modernização dos sistemas de preparação, lançamento e rastreio. As melhorias já realizadas incluem reformas de equipamentos e novas instalações. Segundo a Agência Espacial Brasileira (AEB), estão previstas reformas no Lançador Universal, ampliação da casamata e construção do prédio de montagem de motores, de um laboratório para experimentos científicos e de outro prédio de apoio. O Lançador Universal atende à grande maioria dos foguetes suborbitais espalhados pelo mundo, com capacidade para lançamentos de até 12 toneladas. A sua reforma abre portas para que a comunidade internacional utilize o sítio. As obras devem estar concluídas este ano, quando está previsto o lançamento do VSB-30.

SAIBA MAIS

O Brasil tem três satélites em órbita. O SCD 1 e SCD captam informações ambientais de centenas de estações espalhadas pelo País. O CBERS-2B, fabricado em parceria com a China, ajuda a monitorar o desmatamento da Amazônia.

Outros satélites estão sendo desenvolvidos no programa espacial. O Amazônia-1, explica o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, terá uma câmera com maior ângulo de visão do que o CBERS. O outro equipamento, denominado Lattes, irá analisar partículas nocivas do espaço.

O NÚMERO: 440 FOGUETES

Foram lançados a partir do Centro de Lançamento de Alcântara desde a sua inauguração, em 1989.

Estudantes de universidades desenvolvem projeto Itasat

O Brasil deve lançar em 2012 o primeiro satélite produzido com participação de estudantes. Batizado de Itasat, o equipamento ajudará na transmissão de dados ambientais e está sendo desenvolvido por estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O projeto é coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e tem como objetivo formar profissionais habilitados a desenvolver tecnologia aeroespacial.

O equipamento fornecerá informações para diversos fins, como meteorologia, telecomunicações, meio ambiente e operação de sistemas. Com um orçamento de R$ 5 milhões, o Itasat deve pesar cerca de 85 kg e será colocado em órbita baixa (até 600km de altitude). Ele deve ficar em órbita por cerca de um ano e a cada 90 minutos dará uma volta completa no planeta.

Uma equipe de cinco cientistas da Unicamp, coordenada pelo professor Yuzo Iano, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), trabalha com processamento digital de sinais e definição de codificação no projeto Itasat. Do satélite para os receptores brasileiros, as imagens precisam ser protegidas dos ruídos gerados termicamente. Otimizar o tempo de transmissão das imagens é um dos desafios do grupo.

Os pesquisadores trabalham com a codificação do canal, o percurso da imagem a partir do satélite até alcançar a antena de recepção, e da fonte, o transmissor instalado no Itasat. A codificação é usada para preservar o conteúdo do sinal. (AAN) Pesquisa avalia uso de etanol como combustível Cientistas do IAE estudam e testam propulsores de foguetes que utilizam propelentes líquidos Além das pesquisas para a construção de satélites e de veículos lançadores, cientistas do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) desenvolvem um programa de pesquisa em propulsão líquida, que tem como base o etanol nacional. O objetivo é desenvolver combustível para foguetes mais seguro que o combustível à base de hidrazina empregado atualmente. Liderado pelo engenheiro José Miraglia, professor da Faculdade de Tecnologia da Informação (FIAP), o grupo de cientistas se uniu para desenvolver propulsores de foguetes que utilizem propelentes líquidos e testar tais combustíveis.

Os propelentes líquidos usados atualmente no Brasil estão restritos à aplicação no controle de altitude de satélites e à injeção orbital. Eles têm como base a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio, ambos importados, caros e tóxicos , disse Miraglia.

Na primeira fase do projeto, o grupo testou motores e foguetes de propulsão líquida com impulso de 10 newtons (N), com o objetivo de avaliar propelentes líquidos pré-misturados à base de peróxido de hidrogênio combinado com etanol ou querosene. Cada newton equivale a um quilo acelerado a um metro por segundo ao quadrado. Os testes mostraram que o projeto é viável tecnicamente. Os propulsores movidos com uma mistura de peróxido de hidrogênio e etanol, ambos produzidos em larga escala no Brasil e a baixo custo, apresentaram o melhor rendimento , disse.

Segundo Miraglia, a mistura apresenta algumas vantagens em relação à hidrazina e ao tetróxido de nitrogênio, usados atualmente. O peróxido de hidrogênio misturado com etanol apresenta densidade maior do que a maioria dos propelentes líquidos, necessitando de menor volume de reservatório e, consequentemente, de menor massa de satélite ou do veículo lançador, além de ser compatível com materiais como alumínio e aço inox , explicou.

Na segunda fase do projeto, o grupo pretende construir dois motores para foguetes de maior porte, com 100N e 1.000N. Nossa intenção é construir um foguete suborbital de sondagem que atinja os 100 quilômetros de altitude e sirva para demonstrar a tecnologia , disse.

O grupo também pretende produzir motores para foguetes de sondagem que tenham baixo custo.

Eles seriam importantes para as universidades, com aplicações em estudos em microgravidade e pesquisas atmosféricas, por exemplo , disse Miraglia.

Fonte: Correio Popular (Campinas, SP), via website da AEB.

Comentários: alguns pontos nesta reportagem que chamam mais a atenção. É curiosa a insistência de autoridades em afirmar que até 2011 o sítio de lançamentos da ACS em Alcântara estará pronto. A reportagem menciona o valor do investimento (US$ 247 milhões) para a construção do novo sítio, que, aliás, nem sequer foi iniciada. Apenas a título de exemplo, a infraestrutura necessária para a operação do lançador russo Soyuz ST em Kourou, na vizinha Guiana Francesa (centro espacial bem maior e mais moderno que o CLA), está em construção há vários anos.

Outro ponto também curioso da matéria é a afirmação, atribuída a Carlos Ganem, presidente da AEB, de que a família Cyclone colocou 223 satélites em órbita sem falhas ("Foram lançados 223 satélites sem falhas"). Seria conveniente saber a base desta afirmação, uma vez que segundo a "Encyclopedia Astronautica", fonte de referência em matéria de veículos e artefatos espaciais, foram executados mais de 400 lançamentos da família Cyclone (Tsyklon), com dezenas de falhas. Diga-se de passagem, falhas com foguetes são bastante naturais, sendo raros os lançadores que acumulam um elevado número de missões sem falhas em seus históricos. Importa ressaltar que o número inclui todas as diferentes versões do Cyclone, inclusive aquelas desenvolvidas como mísseis intercontinentais da época da Guerra Fria, que diferem bastante do Cyclone 4, que será uma nova versão, mais moderna e capaz. A versão mais próxima do 4, o Cyclone 3, já realizou 121 lançamentos, com 10 falhas.

Afirma-se também que o frete de lançamento de um VLS-1 pode chegar a US$ 10 milhões, o que é, de fato, preço de mercado para esta categoria de foguete. O ponto crítico desta afirmação, porém, é tentar considerar o VLS-1, por si só, como apto a disputar o mercado comercial, algo que definitivamente, por razões inclusive técnicas, não reflete a realidade.
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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Reportagem T&D: equipe SAR do IAE/DCTA

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Foi disponibilizado no web-site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA) uma reportagem publicada na última edição de Tecnologia & Defesa, sobre a equipe de busca e salvamento (SAR, sigla em inglês) do IAE, que atende as missões de lançamento de foguetes realizadas nos centros espaciais de Alcântara (MA), e Barreira do Inferno (RN). Para conhecer mais sobre esse trabalho, altamente especializado, clique aqui (arquivo em formato PDF, Acrobat Reader).
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Perspectivas para o Programa Espacial Brasileiro

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Otavio Durão*

O futuro chegou para o Brasil? Sim, ao que tudo indica, ou está bem próximo. Talvez até com data marcada! O País hoje é visto como capaz de influir nas decisões mundiais que se avizinham em vários setores: economia, meio ambiente, energia, diplomacia e segurança, por exemplo. Isso é fruto de bons desempenhos dos últimos governantes e do potencial existente. O “dever de casa” tem sido feito! Outros ainda estão por vir, mas as perspectivas de investimentos em grandes projetos de infraestrutura e a realização de grandes eventos esportivos globais são uma demonstração desse bom desempenho nacional.

O reflexo disso já se faz sentir em alguns setores estratégicos como, por exemplo, o militar. O reaparelhamento das Forças Armadas nacionais indica essa preocupação. E como fica o setor espacial nesse novo cenário que se avizinha? O País vai realmente querer um programa espacial de maior porte que o atual? E quem tomaria a decisão? Esta, no meu entender, é a maior dificuldade: o dimen-sionamento do Programa Espacial Brasileiro para o futuro. Ou melhor, quem faria esse dimen-sionamento? Que autoridade dentro do governo efetivamente tomaria e implementaria essa decisão?

Parto do princípio que um programa espacial é estratégico para um país que pretende ser um ator importante no cenário mundial. O conjunto do desenvolvimento tecnológico, educacional, científico e de disseminação de informação que este setor fornece não tem paralelo. Isso reflete uma capacidade que fortalece a sua imagem internacionalmente. O problema é que programa espacial o país quer ter? De que montante de orçamento e para quais aplicações?

Algumas aplicações se sobressaem no cenário atual. São aquelas para o monitoramento do meio ambiente. Se ficássemos só nessas, o Brasil já teria um programa consideravelmente de maior porte do que o atual. Isso porque seriam necessários satélites de imageamento com câmeras e também com radar, para se evitar a impossibilidade de operação sob nuvens, o que é muito comum na região amazônica. O conjunto de tecnologia envolvido para o desenvolvimento desses dois tipos de satélites (câmeras, antenas, processamento, infraestrutura de solo e também para a plataforma do satélite – controle, propulsão e outros subsistemas) já constituiria um programa espacial de alta relevância. Em parte, hoje, o País já faz isso, para as aplicações com câmeras, mas, aqui trata-se de desenvolver uma rede de infraestrutura de coleta de dados de maior capacidade do que a atual. De novo, parte-se do princípio de que o desenvolvimento desses satélites é estratégico, uma vez que vai além da mera obtenção de imagens, sejam, inclusive, de outros satélites. Outros satélites, não de imageamento, mas sim com sensores para outras medidas, como monitoramento de precipitação e umidade também estão nesse tipo de aplicação. Outra opção para imageamento é para os oceanos, grande sorvedouros de CO2 e que vêm perdendo tal capacidade, o que poderá ser tema de discussões pós COP-15. Um programa com esse perfil permitirá também a inserção em redes mundiais de coleta de dados por satélites, que ficam disponibilizados aos participantes com o objetivo de monitorar os recursos naturais do planeta, sua utilização e efeitos sobre o meio ambiente e o futuro do clima. Ou seja, um programa espacial com esse objetivo, com significativo desenvolvimento de hardware e tecnologia, já seria um programa relevante. Mas é pouco!

Duas outras aplicações também se impõem: telecomunicações e meteorologia. No primeiro caso, para o fluxo de dados públicos, principalmente das Forças Armadas. Neste caso, a complexidade do desenvolvimento é bem maior do que a dos satélites para monitoramento do meio ambiente devido ao seu maior porte e ponto de operação em órbita (36 mil quilômetros contra 700 quilômetros). Atualmente esse fluxo é feito limitadamente em termos de canais no satélite e operação em solo, devido ao uso de equipamento pertencente a uma empresa do setor privado e de um grupo econômico multinacional. Obviamente o País não poderá operar seus dados estratégicos de Defesa e outros, públicos, nessas condições se quiser fortalecer sua relevância mundial.

De porte equivalente em termos de custos, complexidade e órbita são os satélites meteorológicos geoestacionários. O Brasil já possui uma meteorologia de primeiro mundo, com sua capacidade de processamento, rede de dados e pessoal capacitado. Porém, ainda enfrenta a deficiência de utilizar satélites da série GOES, da NOAA, Estados Unidos, como um de seus principais fornecedores de dados. E isso é feito por “cortesia” dos proprietários dos satélites mas, em consequência, fica sujeito às decisões operacionais da NOAA como agora, quando o satélite que servia ao País (GOES-10) está sendo realocado de sua posição orbital para atender exclusivamente ao continente norte americano e, outro satélite (GOES-12), no local de interesse nacional, só estará em operação nominal em junho do presente ano.

Isso tudo só para um programa espacial de aplicações, sem se falar em satélites científicos ou tecnológicos, também de muito interesse. E mais ainda, sem se falar de um programa de lançadores! Estimo grosseiramente, baseado em elementos parciais de hoje, que um programa espacial para o Brasil, como delineado acima, custaria cerca de duas vezes mais, por ano e nos próximos dez anos, do que o que é gasto com o setor espacial brasileiro hoje (cerca de 300 milhões de dólares por ano incluindo salários, o que é um valor bastante significativo). Caso se deseje desenvolver lançadores para também ter autonomia nesse campo, esse valor, no mínimo, seria o dobro. Talvez o País não possa arcar com todos esses montantes.

Um programa como este não se desenvolve em um ambiente como o existente, de restrições de contratação de pessoal, impedimentos burocráticos excessivos e legislação inadequada para algo considerado estratégico para o País. Naturalmente, essas condições serão modificadas caso se deseje realmente o desenvolvimento no setor espacial. Não creio ser esta a maior dificuldade. No meu entender, o grande problema está na falta de uma autoridade competente para assumir essa postura. Ao contrário do que aconteceu quando da decisão do desenvolvimento e compra de caças e de submarinos nucleares e da Estratégia Nacional de Defesa, feita pelo Ministério da Defesa e pela atual Secretaria de Assuntos Estratégicos, o setor espacial no Brasil não parece ser capaz de sensibilizar as autoridades federais para uma posição sobre um programa que tenha um caráter estratégico em termos de sua projeção geopolítica. O que está acontecendo é que setores isolados tomam suas decisões baseadas em interesses específicos. Não me parece ser possível, entretanto, continuar com esse processo desintegrado de decisão para um programa de maior porte.

* N. da R.: Otavio Durão é Ph.D. e tecnologista sênior do INPE. Este artigo é de caráter pessoal e não reflete necessariamente a posição da instituição onde seu autor trabalha.

Fonte: Tecnologia & Defesa, edição especial sobre Espaço, fevereiro de 2010.
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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ensaio dinâmico do SARA suborbital

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IAE realiza ensaio dinâmico da estrutura do Sara Suborbital

07/04/2010

O IAE realizou o ensaio dinâmico do Módulo de Experimentação (MEXP) e da Estrutura Interna do Sara Suborbital, um satélite de reentrada atmosférica destinado a operar em órbita baixa para a realização de experimentos em microgravidade.

No ensaio foram utilizados modelos de engenharia do MEXP, fabricado em parceria com a empresa Cenic Engenharia, e massas Dummies, peças que emulam fisicamente os componentes reais do satélite. Esses equipamentos permitem salvaguardar a estrutura real do satélite dos impactos submetidos durante os experimentos.

O MEXP é composto por estruturas honeycomb constituídas de alumínio e fibras de carbono, de elevada relação de resistência mecânica em relação ao peso. Uma espécie de estrutura sanduíche cuja superfície comporta os experimentos e cujo interior aloca os componentes elétricos.

No ensaio dinâmico, realizado no Laboratório de Vibrações da Divisão de Integração e Ensaios (AIE), o MEXP foi instalado em um shaker ou vibrador eletrodinâmico responsável por simular níveis de excitação provocados por forças aerodinâmicas e vibrações resultantes do voo, além de operações dos motores foguetes.

Nos esforços dinâmicos aplicados à estrutura do Sara, níveis de amplitude e de frequência pré-estabelecidos permitiram a verificação do comportamento estrutural de modo a evitar o abalo em suas partes eletrônicas e nos experimentos durante o voo.

Durante os ensaios de vibração, a rigidez da espessura foi testada através de uma varredura de várias frequências, amplificada até o limite máximo suportado e a descoberta da frequência natural de operação. Os esforços de aceleração foram aplicados à parte eletrônica, destinada ao controle do satélite em órbita e à aquisição de dados durante os experimentos.

Dependendo das condições de ensaio e das posições de voo, a aceleração pode ultrapassar o limite estabelecido de 15 m/s ou 15 g´s, causando desgastes também nos componentes eletrônicos. As acelerações resultantes do ensaio foram obtidas de sensores (acelerômetros) instalados nas massas Dummies.

Segundo o coordenador do ensaio de vibração do Sara, Leandro Ribeiro de Camargo, os sinais foram processados via software para cada ponto de frequência e aceleração correspondentes, resultando em uma análise numérica das simulações virtuais. Os esforços aplicados aos subsistemas do Sara demonstraram a elevada capacidade de resistência estrutural e, mesmo a níveis de excitação elevados, não provocaram falhas ou danos estruturais no modelo.

Após a análise dos resultados, os engenheiros do IAE poderão verificar a necessidade de alterações no projeto e a construção de um protótipo para que o ensaio em sua estrutura real seja realizado. Os testes serão os mesmos, mas em uma estrutura mais adequada para o lançamento.

Fonte: IAE/DCTA
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Etanol para o espaço

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7/4/2010

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – O Brasil acumula um atraso de meio século na propulsão de foguetes espaciais em relação aos norte-americanos e russos. Para tentar dar um impulso no setor, há cerca de 15 anos o país iniciou um programa de pesquisa em propulsão líquida e que tem como base o etanol nacional.

O desafio do programa, liderado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), é movimentar futuros foguetes com um combustível líquido que seja mais seguro do que o propelente à base de hidrazina empregado atualmente. Esse último, cuja utilização é dominada pelo país, é corrosivo e tóxico.

O desafio da busca por um combustível “verde” e nacional também conta com o apoio de um grupo particular de pesquisadores, formado em parte por engenheiros que cursam ou cursaram o mestrado profissional em engenharia aeroespacial do IAE – realizado em parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica e com o Instituto de Aviação de Moscou.

Liderado pelo engenheiro José Miraglia, professor da Faculdade de Tecnologia da Informação (FIAP), o grupo se uniu para desenvolver propulsores de foguetes que utilizem propelentes líquidos e testar tais combustíveis.

“Os propelentes líquidos usados atualmente no Brasil estão restritos à aplicação no controle de altitude de satélites e à injeção orbital. Eles têm como base a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio, ambos importados, caros e tóxicos”, disse Miraglia à Agência FAPESP.

Miraglia coordena o projeto “Desenvolvimento de propulsor catalítico propelente utilizando pré-misturados”, apoiado pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

Na primeira fase do projeto, o grupo, em parceria com a empresa Guatifer, testou motores e foguetes de propulsão líquida com impulso de 10 newtons (N), com o objetivo de avaliar propelentes líquidos pré-misturados à base de peróxido de hidrogênio combinado com etanol ou querosene.

“Os testes mostraram que o projeto é viável tecnicamente. Os propulsores movidos com uma mistura de peróxido de hidrogênio e etanol, ambos produzidos em larga escala no Brasil e a baixo custo, apresentaram o melhor rendimento”, disse.

Segundo Miraglia, a mistura apresenta algumas vantagens em relação à hidrazina ou ao tetróxido de nitrogênio, usados atualmente. “Ela é muito versátil, podendo ser utilizada como monopropelente e como oxidante em sistemas bipropelentes e pré-misturados. O peróxido de hidrogênio misturado com etanol apresenta densidade maior do que a maioria dos propelentes líquidos, necessitando de menor volume de reservatório e, consequentemente, de menor massa de satélite ou do veículo lançador, além de ser compatível com materiais como alumínio e aço inox”, explicou.

Na segunda fase do projeto, o grupo pretende construir dois motores para foguetes de maior porte, com 100 N e 1000 N. “Nossa intenção é construir um foguete suborbital de sondagem que atinja os 100 quilômetros de altitude e sirva para demonstrar a tecnologia”, disse.

A empresa também está em negociações para uma eventual parceria com o IAE no projeto Sara (Satélite de Reentrada Atmosférica), cujo objetivo é enviar ao espaço um satélite para o desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas e especialidades, como biologia, biotecnologia, medicina, materiais, combustão e fármacos.

“Nosso motor seria utilizado na operação de reentrada para desacelerar a cápsula quando ela ingressar na atmosfera. Atualmente, não existe no Brasil foguete de sondagem a propelente líquido. Todos utilizam propelentes sólidos”, disse.

Kits educativos

O grupo também pretende produzir motores para foguetes de sondagem que tenham baixo custo. “Eles seriam importantes para as universidades, com aplicações em estudos em microgravidade e pesquisas atmosféricas, por exemplo”, disse Miraglia.

Em trabalhos de biotecnologia em microgravidade, por exemplo, pesquisas com enzimas são fundamentais para elucidar processos ligados a reações, fenômenos de transporte de massa e calor e estabilidade das enzimas. Tais processos são muito utilizados nas indústrias de alimentos, farmacêutica e química fina, entre outras.

“Queremos atingir alguns nichos, ou seja, desenvolver um foguete movido a propelente líquido que se possa ajustar à altitude e ser reutilizável. Esse é outro ponto importante, porque normalmente um foguete, depois de lançado, é descartado”, disse.

O grupo já construiu um motor de 250 N, que será utilizado em testes. Como forma de difundir e reunir recursos para o projeto, a empresa comercializa kits de minifoguetes e material técnico. “São direcionados principalmente para estudantes”, disse Miraglia.

No site www.foguete.org, a empresa oferece também apostilas técnicas e livros digitais sobre foguetes com informações sobre astronáutica, exploração espacial e aerodinâmica.

Mais informações: www.edgeofspace.org

Fonte: Agência FAPESP
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terça-feira, 6 de abril de 2010

Cooperação Brasil - Rússia: Glonass

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial da Rússia (Roscosmos) promoveram hoje (06), na capital paulista, o Encontro Empresarial sobre o Glonass. O objetivo do encontro, nas palavras do coordenador técnico-científico da AEB, Raimundo Mussi, era "casamenteiro", isto é, aproximar empresas brasileiras e russas interessadas em parcerias para a produção de receptores terrestres do sistema, além da oferta de serviços e aplicações no Brasil.

O evento contou com a presença de cerca de quinze integrantes da Roscosmos e de empresas de seu país, liderados por Vladmir Putkov, vice-diretor de assuntos internacionais da agência russa, além de dezenas de empresários e interessados brasileiros. Representantes de ao menos uma indústria espacial brasileira, a Atech, compareceram ao encontro, embora o blog tenha obtido a informação de que existem outras empresas nacionais do setor interessadas no Glonass, inclusive uma, de controle estrangeiro, também bastante atuante na área de Defesa.

Dividido em duas partes, pela manhã foi apresentado um panorama e perspectivas do Glonass, enquanto que a parte da tarde foi dedicada à promoção de encontros específicos entre os empresários presentes. Na apresentação inicial, Putkov, que fala português, recordou a parceria entre Rússia e Brasil na área espacial, destacando o caso da revisão crítica do projeto do VLS-1 após o trágico acidente em 2003, e a cooperação para o desenvolvimento de propulsores de combustível líquido.

Segundo Alexandre Martynov, chefe de divisão do Departamento de Navegação por Satélite da Roscomos, a constelação Glonass conta atualmente com 23 satélites em órbita, sendo 21 operacionais. Sua disponibilidade global está em torno de 99%, devendo ser ampliada para 99,7% em outubro, quando mais um satélite será lançado, e 99,9% em dezembro, mês em que a constelação estará completa, com 24 satélites. O objetivo é que o sistema de geoposicionamento russo seja equivalente ao GPS em termos de disponibilidade global até o final de 2011. Martynov destacou que nos últimos três anos, a acurácia do Glonass melhorou cinco vezes, estando hoje na mesma categoria que o GPS norte-americano.

Em suas apresentações, os representantes da Roscosmos focaram bastante na interoperabilidade e compatibilidade do Glonass com outros sistemas existentes ou futuros, como o GPS e o europeu Galileo, o que, aliás, possibilitaria uma sensível redução de riscos. Inclusive, a expectativa é que se opere no Brasil receptores combinados, isto é, com sinais tanto do Glonass como do GPS. Além do sinal padrão do Glonass, o blog apurou que a Roscosmos está oferecendo ao Brasil a liberação de sinal mais preciso (L2) em casos específicos e por períodos limitados de tempo, que poderia ser útil, por exemplo, em atividades de geodésia em Petróleo & Gás.

Ao conversar com o blog, Raimundo Mussi informou que existe interesse na instalação de uma pequena estação de monitoramento da constelação de satélites em território brasileiro, possivelmente na região central do País. A materialização dessa possibilidade, no entanto, dependerá das evoluções do encontro empresarial e da aceitação do sistema pelos usuários brasileiros. Pesquisas científicas relacionadas ao sistema também são um dos itens de cooperação.

Atualização, 07/04, às 11h15: a AEB divulgou um press release sobre o evento. Para acessá-lo, clique em "Brasil e Rússia debatem cooperação na área espacial". A edição da "Folha de S. Paulo" de hoje também traz uma reportagem a respeito: ""GPS" russo busca parceria com empresas brasileiras".
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O novo Diretor de Transporte Espacial da AEB

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Nas últimas semanas, tomou posse na Agência Espacial Brasileira (AEB), o novo Diretor de Transporte Espacial e Licenciamento, Nilo Sérgio de Oliveira Andrade. A indicação de Andrade para uma das quatro diretoria da AEB não foi publicamente anunciada, mas hoje, em conversa do blog com representante da Agência, a posse foi um dos itens da pauta. O nome de Nilo Andrade já consta, inclusive, na estrutura organizacional da AEB, disponível em seu website.

De acordo com informações da própria AEB, Nilo Sergio de Oliveira Andrade, coronel da reserva da Força Aérea Brasileira, "coordenou, até 2005, a seção de inteligência de imagens do Centro de Inteligência de Combate do Comando-Geral de Operações Aéreas (Comgar). Entre 1995 e 2001, foi pesquisador, chefe de subdivisão e adjunto de divisão do Instituto de Estudos Avançados (IEAv). Foi, ainda, Chefe da Divisão de Operações e Diretor do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em Alcântara (MA), durante quatro anos. Pós-graduado em Processamento de Sinais de Radar pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em Sensoriamento Remoto pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e doutorando em Geociências pela Universidade de Brasília (UnB)."
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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Roberto Amaral, da ACS, na FIESP

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O diretor-geral brasileiro da Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, ministrou hoje (05), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, palestra sobre o Programa Espacial Brasileiro e o projeto da ACS. A palestra foi realizada na reunião plenária do Comitê da Indústria de Defesa (COMDEFESA), integrada por militares, membros do governo, academia e indústrias do setor.

A apresentação de Amaral teve por objetivo apresentar a parceria espacial Brasil - Ucrânia, o status atual do projeto, além de seus perspectivas futuras. O blog esteve presente, embora não tenha acompanhado a reunião até o final.

Como de se esperar, não houve novidades. Amaral destacou o caráter estratégico da ACS, o atraso do Programa Espacial Brasileiro (frente a outros países), seu enquadramento na Estratégia Nacional de Defesa (END), e a burocracia que emperra os avanços de vários projetos nacionais. Citando dados de 2009, o ex-ministro de C&T destacou que dos BRICs, o Brasil é o que menos investe em espaço: US$ 164 milhões, número que se reduz a frações dos US$ 2,4 bilhões da Rússia, US$ 1,3 bilhão da China, e US$ 1,01 bilhão da Índia.
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Tupac Katari: contrato assinado

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O contrato para a fabricação do satélite Tupac Katari, da Bolívia, foi finalmente assinado no último dia de março, em La Paz, no palácio presidencial. O contrato foi firmado pelos chefes da agência espacial boliviana e da China's Great Wall Industry Corporation, que irá fabricá-lo. "Este satélite de comunicações ajudará a prover segurança para os bolivianos", declarou o presidente Evo Morales.

O Tupac Katari, primeiro satélite boliviano e o segundo vendido pela China na América do Sul nos últimos anos (o outro foi o Venesat-1, para a Venezuela), deve ser colocado em órbita em 2013.

sábado, 3 de abril de 2010

Fact sheet do Star One C3

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A companhia norte-americana Orbital Sciences Corporation finalmente disponbilizou em seu web-site o fact sheet do satélite Star One C3, contratado pela empresa de telecomunicações brasileira Star One, em dezembro de 2009. Para acessar o documento, que contém informações gerais sobre o satélite, clique aqui.

Como já havíamos antecipado, o satélite terá cargas úteis híbridas, de bandas C (28 transpônderes) e Ku (16 transpônderes), tendo massa total de 3.200 kg. O Star One C3 será baseado na plataforma STAR 2.4, a maior e mais potente (cerca de 5 kW) dentro da categoria geoestacionária disponível no "catálogo" da Orbital. Seu lançamento, a cargo de um Ariane 5, está previsto para 2012, e uma vez em órbita, terá vida útil estimada de 15 anos.
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Cooperação Venezuela - Rússia

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Putin e Chávez discutem cooperação espacial

Segundo líder venezuelano, Rússia ajudará seu país a lançar satélites; EUA ironizam e recomendam concentração em "assuntos mais terrestres"

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, chegou ontem a Caracas prometendo avaliar a possibilidade de ajudar o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a desenvolver a sua própria indústria espacial - que incluiria um sistema de lançamento de satélites.

O anúncio da oferta foi feito por Chávez, horas antes da chegada de Putin. Essa é a primeira viagem do líder russo à Venezuela, onde ele foi recebido com uma parada militar.

Segundo Chávez, a proposta da cooperação na área de tecnologia espacial seria discutida por autoridades russas e venezuelanas. "A Rússia ofereceu apoio para que a Venezuela tenha sua própria indústria para o uso de seu espaço extraterrestre", afirmou Chávez.

A declaração foi ironizada pelo porta-voz da Casa Branca, Philip Crowley. "Nos permitimos lembrar que o governo da Venezuela esteve em grande parte inativo esta semana por causa da escassez de energia", disse Crowley, referindo-se ao fato de que Chávez declarou feriado para economizar energia nos escritórios do governo e estatais. "Já que ele pretende gastar recursos para atender aos interesses do povo venezuelano, talvez devesse se concentrar em assuntos terrestres mais do que nos extraterrestres."

Chávez e Putin também pretendiam discutir a compra de dois hidroaviões Beriev Be-200 russos pela Venezuela e uma série de acordos nas áreas comercial, agrícola, industrial e energética.

Acordo nuclear

De acordo com Chávez, Moscou ajudará a Venezuela a desenvolver a tecnologia para obter energia nuclear. "Não vamos fazer uma bomba atômica, mas vamos desenvolver energia atômica com fins pacíficos" afirmou o presidente venezuelano. "Estamos nos preparando para a era pós-petróleo."

Além disso, também estão sendo negociados novos acordos na área de defesa. Desde 2005, o governo venezuelano adquiriu US$ 4 bilhões em armamentos de Moscou, tornando-se o principal cliente da indústria bélica russa na América Latina. As compras incluem helicópteros, 100 mil fuzis Kalashnikov. 24 caças Sukhoi e 92 tanques T-72.

No ano passado, Chávez anunciou que a Rússia estaria disposta a emprestar para a Venezuela mais US$ 2,2 bilhões para a financiar novos contratos na área de segurança.

Retórica multipolar

O presidente venezuelano tem procurado se aproximar de países como a Rússia, o Irã e a China enquanto mantém suas críticas ao governo americano. Segundo analistas, a retórica antiamericana agrada a Moscou.

Em Caracas, Putin também deve se reunir com o presidente boliviano, Evo Morales, para discutir a concessão de um empréstimo de US$ 100 milhões que serviria para a compra de um avião Antonov para uso presidencial. Os dois países também vêm discutindo acordos que permitiriam à Bolívia adquirir equipamentos militares e helicópteros.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 03/04/2010, via NOTIMP.

Comentários: a possibilidade de cooperação espacial entre a Venezuela e a Rússia foi noticiada por várias agências e jornais internacionais. Uma das reportagens, da Associated Press, reproduzem declarações de Hugo Chavez, presidente da Venezuela: "A Venezuela já tem um satélite, entrou na corrida espacial. A experiência russa é enorme nesse campo", disse Chavez. "Nós poderíamos inclusive instalar um centro de lançamentos aqui e uma fábrica. Nós já estamos fazendo algo com a China, mas a Rússia está oferecendo apoio à Venezuela para construir sua própria indústria (espacial)", acrescentou.

Tendo a Venezuela se tornado um importante mercado para a indústria de defesa russa, nada mais natural a tentativa da ex-república soviética em angariar negócios também no setor espacial. Interessante observar que em matéria espacial, a Rússia conseguiu muito pouco na América do Sul (possibilidades no Brasil), certamente não apenas por questões políticas, mas também pela falta de competitividade de alguns de seus produtos, em especial satélites. Venezuela e Bolívia, países com quem Moscou tem se aproximado mais nos últimos anos optaram por satélites de comunicações chineses.
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