terça-feira, 31 de maio de 2011

INPE: Política espacial no setor de satélites

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Uma apresentação feita no início de maio pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Gilberto Câmara, acerca da política espacial no setor de satélites traz algumas informações interessantes. A apresentação foi realizada numa das várias reuniões que têm sido promovidas para a revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), sob responsabilidade da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Num dos slides, Câmara destaca o total já contratado junto a indústria espacial nacional: R$ 450 milhões, sendo que destes, pouco mais de R$ 320 milhões se referem aos satélites construídos em parceria com a China, o CBERS 3 e 4. Na imagem abaixo, há indicações sobre o montante de cada contrato outorgado às indústrias brasileiras no caso do programa sino-brasileiro:

Outro slide conta com uma tabela que demonstra ganhos, tanto em preço como em prazo, com a assinatura de contratos recorrentes com as indústrias. Diga-se de passagem, esta é uma tendência que tem sido muito discutida no exterior, especialmente nos Estados Unidos. A estrutura do Lattes, por exemplo, baseado na Plataforma Multimissão (PMM), foi contratada pelo valor de R$ 1,98 milhão, com prazo de execução de 21 meses, tendo por paradigma o Amazônia-1, também baseado na PMM, cujo contrato assinado foi de R$ 3,9 milhões e prazo de 27 meses. Houve, portanto, um ganho de 49% em preço e de 6 meses em prazo.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Avanços da Alcântara Cyclone Space

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Uma reportagem da agência de notícias russa Interfax do final de maio traz algumas informações sobre avanços no projeto da Alcântara Cyclone Space (ACS) e a intensificação de suas atividades, citando fonte presente na reunião do conselho de administração da binacional, realizada este mês.

"Na reunião, o Brasil apontou significativas realizações na cooperação e expressou confiança nas perspectivas futuras do projeto Cyclone 4", destaca a reportagem, citando fonte não identificada.

A seguir, reproduzimos mais alguns trechos do texto, vertidos para o português pelo blog Panorama Espacial:

"Infelizmente, em 2010 houve alguns atrasos no cronograma de criação do projeto internacional espacial do Cyclone 4. Uma das razões foi a demora em obter as licenças ambientais e de construção dos órgãos de supervisão do governo brasileiro, o que não possibilitou que as obras fossem iniciadas antes do período de chuvas no Brasil. Um atraso no financiamento do projeto pelo lado ucraniano também afetou".

"Cerca de 70% do território foi limpo para a construção das instalações e estradas de acesso. O trabalho no projeto e produção dos equipamentos das instalações e a construção de uma cidade para os construtores e um ponto de verificação já foram iniciados".

"A expectativa é que em dois anos o complexo seja aberto. Uma decisão final quanto aos termos do primeiro lançamento do foguete será tomada depois que o cronograma para a constraução do centro de lançamento for determinado."

"Companhias ucranianas estão desenvolvendo um conjunto de equipamentos para o transporte do foguete de duas maneiras - por mar ou pelo ar. O foguete destinado ao primeiro voo será transportado por meio aéreo em razão de um atraso na construção do porto próximo ao centro espacial de Alcântara."
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sábado, 28 de maio de 2011

Concluída a Operação Fogtrein I-2011

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Na quinta-feira (26), o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, realizou o lançamento de um Foguete de Treinamento Intermediário (FTI), como parte da Operação Fogtrein I-2011, iniciada em 16 de maio. O foguete alcançou uma altitude máxima (apogeu) de 56 km, e uma distância de 79 km da costa.

O segundo e último lançamento ocorreu ontem (27) e também envolveu um FTI, que alcançou um apogeu de 56,398 km, uma distância de 79,169 km num voo com 3,45 minutos de duração.

Iniciado em 2008, o desenvolvimento do FTI foi baseado no FTB (Foguete de Treinamento Básico), de menor capacidade. A empresa responsável pelo projeto é a Avibras Aeroespacial, de São José dos Campos (SP), sendo os modelos baseados nos foguetes lançados pelo sistema militar de saturação de área ASTROS (Artillery Saturation Rocket System). O FTI tem capacidade de transportar experimentos científicos de até 30 kg.
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sexta-feira, 27 de maio de 2011

INPE, Angola, Moçambique e Paraguai

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Técnicos de Angola, Moçambique e Paraguai aprendem no INPE a monitorar florestas por satélite

26/05/2011

As mudanças climáticas aceleraram a necessidade mundial de monitorar florestas e estudar sua evolução, algo que o Brasil, através do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), realiza há mais de vinte anos. Técnicos de Angola, Moçambique e Paraguai aprenderão a monitorar florestas com imagens de satélites durante curso no Centro Regional da Amazônia do INPE, em Belém (PA), de 30 de maio a 17 de junho.

“A tecnologia utilizada no monitoramento da Amazônia é compartilhada com técnicos de outros países interessados em também zelar por suas florestas e permite que reproduzam as técnicas em seus países”, diz Alessandra Gomes, pesquisadora que atua no INPE Amazônia, em Belém, local escolhido pelo instituto para consolidar seu centro internacional de difusão de tecnologia de monitoramento por satélite de florestas tropicais.

O INPE monitora por satélite cerca de 4 milhões de Km² de florestas na Amazônia todos os anos. O maior programa de acompanhamento de florestas do mundo permite ao país medir o desmatamento e divulgar com transparência todas as informações obtidas a partir dos satélites.

Este já é o segundo curso – o primeiro em português – dos nove previstos no acordo de cooperação entre INPE, Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Em outubro de 2010 aconteceu o primeiro curso, em espanhol, para técnicos da Guatemala, Peru, Equador e Colômbia. Nos próximos anos serão realizados também treinamentos em francês e inglês.

A capacitação internacional no monitoramento de florestas envolve a oferta gratuita de dados de satélites e a transferência das tecnologias para processamento das imagens e manipulação de grandes bancos de dados no sistema TerraAmazon, desenvolvido pelo instituto. Com estas ferramentas, os países detentores de florestas tropicais poderão implantar sistemas de monitoramento da cobertura e uso da terra similares ao do INPE.

Fonte: INPE
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A "maldição" do Estrela do Sul

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O nome Estrela do Sul parece não trazer muita sorte. Em 25 de maio, a operadora de serviços de comunicações Telesat (antiga Loral Skynet) divulgou nota informando que o satélite Estrela do Sul 2 (Telstar 14R), lançado ao espaço em 21 de maio, apresentou um problema na abertura de um de seus painéis solares. O problema é idêntico ao apresentado pelo Estrela do Sul 1 (Telstar 14), colocado em órbita há sete anos, em janeiro de 2004, e que desde então opera com capacidade parcial em razão de falha na abertura de um de seus painéis.

Ambos os satélites foram desenvolvidos e construídos pela companhia norte-americana Space Systems/Loral que, aliás, é também acionista controladora da Telesat, do Canadá. O objetivo dos canadenses com o Estrela do Sul 2 era atender a crescente demanda por serviços de dados na América do Sul, especialmente do Brasil, substituindo o Estrela do Sul 1 e ampliando a oferta de capacidade. A fabricante está analisando eventuais alternativas ao problema, mas com apenas um dos painéis solares funcionando, o satélite é capaz de atender toda a demanda suprida por seu antecessor, afirmou a Telesat. O Estrela do Sul 2 deve ser operado no Brasil pela Telesat Brasil Capacidade de Satélites Ltda.

A falha parcial do satélite da Space Systems/Loral, especializada em satélites de comunicações de grande porte, vem também num momento crítico, em que a companhia participa de uma concorrência promovida pela brasileira Star One para a contratação da construção de um novo satélite, o Star One C4.
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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Workshop sobre mapeamento do uso da terra na Amazônia

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INPE organiza workshop internacional sobre mapeamento do uso da terra na Amazônia

25/05/2011

O 1º ILUMA, workshop internacional “Issues on land use and land cover mapping in the Amazon using radar and optical data”, será realizado nos dias 31 de maio e 1º de junho no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP).

Organizado pela Coordenação de Observação da Terra do INPE, o workshop é parte das atividades previstas no projeto LUA (Land Use Change in Amazonia: Institutional Analysis and Modeling at multiple temporal and spatial scales), aprovado dentro do “Research Programme on Global Climate Change”, patrocinado pela FAPESP e pela NSF (National Science Foundation) dos Estados Unidos. O evento conta ainda com o apoio do INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) para Mudanças Climáticas.

O objetivo do workshop é discutir questões relevantes na discriminação de alvos de interesse em mapeamento do uso e cobertura do solo da Amazônia. Participarão parceiros do projeto, como Embrapa e Universidade de Indiana, além de pesquisadores convidados da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade Tsinghua, entre outros.
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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Brasil - Argentina: Avanços no Sabia-Mar

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Brasil e Argentina construirão dois satélites Sabiá-mar

23-05-2011

A cooperação Brasil-Argentina para a construção conjunta de dois satélites de observação oceanográfica, o Sabiá-mar 1 e 2, eleva-se a uma fase mais avançada, pois já conta com os recursos necessários para tornar-se realidade.

Na reunião do Mecanismo de Integração e Cooperação entre os dois países, realizada na Embaixada da Argentina, na última quinta-feira (19), o chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Monserrat Filho, relatou que o Brasil já dispõe dos recursos financeiros destinados ao desenvolvimento básico do projeto Sabiá-mar. O lado argentino, por sua parte, também está pronto para iniciar esse trabalho cooperativo, que, estima-se, terá forte impacto não apenas nos dois países, mas igualmente em toda a América Latina. “Será a primeira vez que dois países latino-americanos se unirão para construir satélites, usando tão somente suas competências e capacidades”, comentou Monserrat.

Segundo o coordenador-geral do Programa de Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Marco Chamon, as áreas de engenharia dos dois países já aprofundaram o detalhamento técnico do projeto. Ao Brasil, caberá a Plataforma Multimissão para os dois satélites (de pequeno porte). E a Argentina responderá pelas cargas úteis. No entanto, cada parte poderá participar ativamente nos itens de responsabilidade da outra parte. As próximas tarefas a serem cumpridas serão definidas no encontro de Buenos Aires.

De parte da Argentina, a reunião do Mecanismo de Integração e Cooperação dos dois países foi conduzida pelo ministro Sérgio Pérez Gunella e contou com a presença de vários diplomadas argentinos.

O próximo passo será a realização de um seminário técnico, em Buenos Aires, nos dias 30 de junho e 1º de julho, com as equipes de engenheiros encarregadas de concretizar o projeto.

Fonte: AEB

Comentários: em sua palestra na LAAD 2011, em abril, o presidente da AEB, Marco Antonio Raupp, já havia revelado que o programa Sabia-MAR envolveria o desenvolvimento e construção de dois satélites, e não apenas um como inicialmente planejado. Interessante observar que o escopo de participação de cada país no projeto conjunto também parece ter mudado. Em entrevista concedida ao blog Panorama Espacial em novembro de 2010, Thyrso Villela Neto, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, afirmou que ao Brasil caberia o fornecimento das cargas úteis, enquanto que a Argentina seria responsável pela plataforma. O blog acredita que esta mudança esteja relacionada à decisão de se construir dois satélites ao invés de um, adequando-se assim às dimensões e potência atendidas pela Plataforma Multimissão (PMM), desenvolvida pelo INPE em parceria com indústrias nacionais. Tão logo tenhamos mais informações sobre o racional desta mudança, divulgaremos aqui no blog.
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Cooperação Brasil - Rússia

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Presidente da AEB retorna de viagem à Rússia

23-05-2011

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, retornou na semana passada, de viagem realizada à Rússia, com novidades. Raupp estava em Moscou junto com delegação brasileira chefiada pelo vice-presidente da República, Michel Temer. A comitiva participou da V Comissão Brasileiro-Russa de Alto Nível de Cooperação (CAN). De volta ao País, a delegação trouxe um acordo de cooperação com a Rússia na área espacial que aborda, principalmente o aperfeiçoamento do Veículo Lançador de Satélite brasileiro (VLS-1).

O VLS, inclusive, foi o tema mais discutido no encontro. Segundo Raupp, o interesse do Brasil é viabilizar um programa de lançadores do CTA. “Este documento espelha a vontade dos dois países de aprofundarem a cooperação existente na área do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) em conjunto com várias empresas e institutos ligados à Agência Espacial Russa (Roscosmos, sigla em russo). A intenção, agora, é aprofundarmos essa cooperação visando, em uma segunda fase, termos um programa conjunto de desenvolvimento de lançadores de pequeno porte”, revelou Raupp. O presidente da AEB pretende agendar reuniões com especialistas do DCTA para formular ações a serem desenvolvidas dentro dessa cooperação.

A CAN constitui o foro mais elevado de diálogo e acompanhamento do conjunto das relações bilaterais entre Brasil e Rússia. A comitiva é responsável por supervisionar os trabalhos da Comissão Intergovernamental entre ambos os países para Cooperação Econômica, Comercial, Científica e Tecnológica (CIC), dedicada a estimular a cooperação bilateral nas áreas de economia e de comércio, de finanças, de agricultura, de energia, de espaço, de defesa, de ciência, de tecnologia e de inovação, de educação, de cultura e de esportes.

Como resultado deste encontro, foi assinada pelo vice-presidente do Brasil, Michel Temer e, pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, uma declaração conjunta que visa incrementar a cooperação mútua em vários setores. Para área espacial, ficou acertado a continuação do auxílio de especialistas russos no aperfeiçoamento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e sua modernização com o auxílio de estágio russo de combustível líquido no último estágio do foguete. Para Raupp “a ideia é aproveitar o desenvolvimento de motores a combustível sólido já feitos com domínio de tecnologia pelo DCTA e ajustar com os motores a combustível líquido que os russos são especialistas”. Segundo o presidente da AEB deter essa tecnologia será importante pois facilitará o controle da navegação do foguete para injetar satélites em órbita . Outro ponto acordado foi a ajuda por parte de técnicos russos no desenvolvimento de satélites brasileiros meteorológico e de comunicações.

A próxima reunião será realizada no fim de 2012, no Brasil, conforme ao princípio de alternância de sedes.

Fonte: AEB
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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Operação Fogtrein I/2011

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20-05-2011

No período de 16 a 31 de maio de 2011 ocorre, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), a Operação Fogtrein I/2011. Na operação serão lançados e rastreados dois veículos FTI (Foguete de Treinamento Intermediário - Experimental), com a finalidade de treinar operacionalmente o Centro de Lançamento e avaliar o projeto de desenvolvimento do veículo, incluindo o motor e a carga útil e, ainda, obter dados para qualificação e certificação do foguete.

No dia 26 de maio, será lançado um foguete FTI, como parte do programa de testes, para a avaliação de seu desempenho aerodinâmico. Ainda há a possibilidade de, no dia 28, ocorrer um segundo lançamento, que dependerá das avaliações técnicas referentes à primeira etapa da Operação Fogtrein I/2011.

Fonte: CLA, via AEB.
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T&D: Cinco perguntas sobre a Opto Eletrônica

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Na edição nº 124 da revista Tecnologia & Defesa, que está nas bancas, foi publicada uma entrevista com Mario Stefani, diretor da Opto Eletrônica, indústria nacional com sede em São Carlos (SP) com considerável atuação nos setores aeroespacial e de defesa. No campo espacial, por exemplo, a Opto desenvolve e fabrica imageadores para os satélites da série CBERS e o Amazônia-1, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Abaixo, reproduzimos a entrevista, que traz interessantes informações sobre a empresa, seus projetos e planos para o futuro:

Opto Eletrônica

Conhecendo uma empresa de alta tecnologia, em cinco perguntas respondidas por Mário Stefani, seu diretor de Pesquisa & Desenvolvimento

Tecnologia & Defesa - O senhor poderia comentar um pouco sobre a história e o momento atual da Opto?

Mário Stefani - A Opto foi fundada em 1986 por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos (SP), e tinha por objetivo a fabricação de laser de hélio neônio (HeNe). Na época, era a única empresa de seu gênero no hemisfério sul. Logo, a equipe percebeu que o laser em si era uma “solução à espera de problemas”, comercialmente inviável, e não era suficiente para manter a firma. Então, a empresa modificou a sua forma de atuação. Como a fabricação de laser de HeNe exigia uma série de tecnologias avançadas que permitiam um grande leque de atuação, a Opto começou a propor produtos para as mais diversas aplicações práticas que lhe eram apresentadas. Desde o início, a equipe tinha considerável competência em óptica, filmes finos, eletrônica avançada, mecânica fina, materiais e, mais tarde, processamento de sinais e softwares embarcados. Esse rol de competências permitiu que se buscasse produtos em que a junção otimizada de todas essas tecnologias permitisse vantagem competitiva significativa. Assim, logo a firma começou a ter produtos eletro-ópticos nas áreas médicas, industriais e de defesa. Hoje, a Opto tem um amplo leque de produtos desenvolvidos “in house”, exportando para mais de 60 países. São produtos competitivos e certificados pelos mais rigorosos órgãos internacionais reguladores, tais como FDA e CE Europeu. Hoje, empresa conta com cerca de 450 funcionários, cinco fábricas, filiais no exterior, e pretende ser importante ator no mercado de defesa nacional no setor de eletro–óptica.

A atuação na área de defesa vem desde 1990, onde iniciando parceria de longa data com a Mectron, atuou nos programas MAA, MAR, MSS, e, mais recentemente, sendo membro efetivo do programa A-Darter, projeto de cooperação entre a Força Aérea Brasileira e a Força Aérea da África do Sul.

Em 2009, a Opto iniciou sua atuação no setor de visão termal, campo em que vem lançando diversos produtos destinados aos mercados de defesa e civil. Nesta área, temos parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx).

O atual momento da Opto é muito desafiador e decisivo. Sabemos que o Brasil não poderá mais negligenciar a sua capacidade de autodefesa. Os mega eventos, tais como a Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos são apenas os mais publicitados. O fato concreto é que não existe país entre as maiores economias do mundo que não seja forte na sua indústria nativa em defesa e espaço. Se o Brasil quer ser um país relevante no cenário internacional, sua área de defesa não poderá mais ser negligenciada ou insuficiente. E um país relevante tem que ter indústria nacional forte. A descoberta do pré-sal evidenciou a necessidade de olhar a defesa de sua soberania e recursos econômicos com maior atenção, sem contar a sempre evidente fragilidade de nossas fronteiras secas. E no estado atual da tecnologia militar, a eletro-óptica é parte fundamental. A Opto quer ser a casa genuinamente brasileira de eletro-óptica, e como nossos congêneres no exterior, atuando tanto no mercado de defesa quanto no mercado civil.

T&D - A Opto é considerada uma das principais indústrias espaciais brasileiras, hoje desenvolvendo e construindo sensores óticos para satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Quais são os planos da empresa para o setor espacial?

Mário Stefani - Vencemos três licitações para o desenvolvimento de câmeras destinadas a uso embarcado em satélites do INPE. São produtos de extrema complexidade, cuja tecnologia somente é dominada por poucos países no mundo. O INPE teve uma decisão corajosa e histórica ao determinar, em 2004, que as câmeras destinadas ao Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS), nas edições 3 e 4 fossem na sua porção brasileira integralmente desenvolvidos por firmas nacionais. Esta decisão foi na época considerada arrojada, porém, hoje, já se mostrou que se tornou um marco no desenvolvimento da tecnologia nacional.

A câmera MUX, destinada aos CBERS 3 e 4, tem arquitetura e recursos sofisticados e permitiu a criação de importante massa critica humana, bem como significativa infraestrutura industrial, permitindo que o Brasil seja independente no segmento de sensoriamento remoto óptico. Não é necessário destacar a importância desta área no monitoramento ambiental, bem como em aplicações estratégicas de defesa. A Opto desenvolve integralmente o subsistema MUX, bem como a câmera do satélite Amazônia -1, baseado na Plataforma Multimissão (PMM) do INPE, que atuará na função de monitoramento ambiental da Amazônia. Também participa da câmera WFI, em consórcio com a Equatorial Sistemas, onde é responsável por toda a eletro-óptica do subsistema.

É importante salientar que também aqui o rol de tecnologias, massa crítica humana e infraestrutura industrial criada para esses programas, permitiram uma série de spin-offs e difusão de tecnologias no mercado civil. Como ocorreu no programa Apolo, no caso brasileiro do CBERS, o desenvolvimento da tecnologia da câmera MUX permitiu que uma série de soluções fossem empregadas em instrumentos médicos oftalmológicos. Um dos produtos da Opto, o retinógrafo Kiron, foi patenteado nos Estados Unidos e compete em desempenho com os melhores produtos disponíveis no mercado internacional. Este produto foi desenvolvido usando as mesmas técnicas e ferramentas desenvolvidas para o produto espacial. Sem este investimento, feito pelo programa espacial, dificilmente a Opto teria margem de investimento requerido para lançar um produto no mercado internacional competindo em desempenho e tecnologia. Assim, novamente como nossos concorrentes no exterior, a Opto pretende ter sempre atuação destacada no setor espacial brasileiro, desejando ser sempre a escolha preferencial para os sistemas eletro-ópticos requeridos pelos potenciais clientes brasileiros no setor.

T&D - Considerando os ramos em que atua - ótica e optrônica, as atividades e iniciativas de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) são essenciais para a perenidade da empresa e de sua tecnologia. Como a Opto tem trabalhado em matéria de P&D e também em termos de mão de obra especializada?

Mário Stefani - A Opto tem um setor de P&D grande e atuante, sendo que esta área possui diretoria específica desde a sua fundação. A Opto investe cerca de 17% de seu faturamento em desenvolvimento de novos produtos. Hoje, são mais de 70 profissionais, em sua grande maioria com alto grau acadêmico. Curiosamente, descobrimos recentemente que a Opto possui em seus quadros mais da metade dos PhDs em óptica do Brasil. A equipe de P&D da Opto é multidisciplinar, atuando nas áreas de óptica, laser, filmes finos, mecânica de precisão, mecânica estrutural e térmica, eletrônica avançada, processamento de sinais, software embarcado, materiais, gestão de projetos e certificações. O plano de carreira da Opto no setor de P&D premia o desenvolvimento pessoal contínuo, sendo que a maioria das teses de mestrado e doutorado foram realizados nos laboratórios da Opto e defendidas em instituições de renome, como a USP.

A organização das equipes de projetos são dinâmicas e matriciais, e isso permite rápida e ampla difusão de tecnologias e soluções entre os produtos destinados a diferentes mercados tais como o de defesa, aeroespacial e civil. A formação de mão de obra na área é lenta e onerosa. Para se formar um PhD em óptica ou eletro-óptica, são necessários cerca de 12 anos, incluindo programas remunerados em instituições no exterior. A seleção de candidatos é rigorosa e é feita por acompanhamento dos potenciais candidatos, desde sua graduação. Programas ou competições como o AeroDesign, SAE Baja, e similares, têm patrocínio de equipes feita pela Opto, onde as habilidades dos candidatos são observadas.

A perenidade de programas nas áreas de defesa e aeroespacial são fundamentais para a manutenção dessas equipes. Porém, a Opto sabe que, historicamente, esses mercados no Brasil são instáveis e, até hoje, a atuação no mercado civil sempre foi a solução para a retenção do pessoal qualificado, mantida à duras penas. Espera-se que a Estratégia Nacional de Defesa seja efetivamente implementada e que permita o planejamento de longo prazo. Sem a perenidade de programas a carreira se torna pouco interessante e não se estabelece independência tecnológica no setor.

T&D - E no setor de defesa, quais são os principais projetos?

Mário Stefani - A Opto tem hoje em seu portfólio mais de uma dezena de projetos em andamento nas áreas de defesa e espaço. São, em sua maioria, destinados às Forças Armadas brasileiras e ao INPE. Estamos focando nossa atuação em soluções eletro-ópticas, tais como visores termais, imageadores infravermelhos para uso em mísseis, imageadores para uso embarcado em aeronaves e VANTs, telêmetros laser, apontadores laser, “beam riders” e câmeras de sensoriamento remoto. Para alguns clientes, parceiros tradicionais, como a Mectron, fabricamos subsistemas completos, tais como as espoletas de proximidade a laser destinados ao programa MAA, desde 1994. Lançamos recentemente um visor termal para armas leves, desenvolvido com financiamento da FINEP, em parceria com o CTEx, que atingiu níveis de desempenho superiores aos seus congêneres internacionais.

A Opto participa do programa A-Darter, tendo uma equipe trabalhando na África do Sul junto com as respectivas equipes da Mectron e da Avibras, participando do desenvolvimento do míssil. Este programa vai abrir importantes oportunidades para o País e a Opto pretende que sua equipe se torne o repositório nacional de conhecimento no setor de imageadores infravermelhos avançados.

T&D - Qual a opinião do senhor sobre o momento atual para o setor de defesa no Brasil, com a Estratégia Nacional de Defesa, importantes programas de modernização e reequipamento, entre outros, em particular quanto à indústria nacional?

Mário Stefani - Os produtos na área de defesa levam anos para serem efetivamente desenvolvidos, demandam contínuo investimento, previsibilidade orçamentária e de demanda e progressividade de abrangência. A Estratégia Nacional de Defesa vai permitir que os principais atores nacionais realizem planejamento efetivo de programas de desenvolvimento tecnológico e humano de longo prazo, visando suprir produtos dentro das necessidades do País. Basta saber se realmente será implementado como programa de Estado e não seja contingenciado por interesses políticos passageiros ou visão de curto prazo. Esperamos que seja um programa voltado para a obtenção efetiva de independência nacional, como se deseja que venha a agir um país de relevância no mundo futuro.

O que a Opto quer é a oportunidade de competir dentro de um programa de Estado visando a obtenção progressiva e efetiva da independência nacional. Salientamos o termo competir, pois não queremos simplesmente empurrar produtos defasados, não desejados pelos nossos clientes, meramente por sermos empresa nacional. Sabemos que grande parte dos clientes nas Forças Armadas nacionais quer o que de melhor existe no mercado. Porém, devido ao pouco investimento ocorrido no setor nos últimos anos, as indústrias nacionais ficaram com seus produtos defasados com relação aos similares dos grandes grupos internacionais. No entanto, ao simplesmente se adquirir soluções prontas e acabadas no mercado internacional, nunca vai se obter independência e sempre vai haver a possibilidade do produto ou recurso ter seu uso negado ou impedido no momento critico. Assim, cria-se um círculo vicioso onde não é dada a oportunidade de desenvolver produtos nacionais,e nunca o cliente vai estar satisfeito e seguro com estes produtos. Para romper este ciclo, a Opto julga que programas como o Subvenção Econômica FINEP e a criação de linhas específicas de financiamento pelo BNDES são vitais para a obtenção de independência e competitividade para as indústrias nacionais. Esses programas funcionam como equalizadores de competitividade. Programas similares são largamente empregados por diversos governos no exterior, aliados a programas de lotes mínimos e demonstradores de tecnologia, que em conjunto acabam por permitir a constante e progressiva competitividade das suas respectivas indústrias. A imposição de programas de offset, bem como a existência legal de margem de preferências aos produtos nacionais ajudam, porém, somente programas de subvenção e financiamento podem permitir a reversão da situação de baixa competitividade dos produtos nacionais a longo prazo. Em resumo, basta que a Estratégia Nacional de Defesa seja efetivamente perseguida que ferramentas auxiliares serão implementadas. Queremos a oportunidade de planejar, investir, desenvolver e produzir produtos competitivos e de alta tecnologia, visando à independência tecnológica no setor.

Fonte: revista Tecnologia & Defesa nº 124
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Israel interessado em Alcântara? - Parte II

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O website da revista Veja publicou uma reportagem sobre o interesse israelense em lançar satélites a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. No início do mês, postamos no blog uma nota sobre o tema ("Israel interessado em Alcântara?") referindo a matéria da Space News. O texto da Veja (ver abaixo) detalha a informação e a confirma com os representantes da IAI no Brasil, a EAE Soluções Aeroespaciais, joint-venture da estatal israelense com a Synergy Defesa & Segurança, do empresário German Efromovich.

Israel planeja lançar satélites de base no Brasil

Aliança entre empresas dos dois países estuda o lançamento de um novo satélite-espião, o Ofeq-10, a partir da base de Alcântara, no Maranhão

Um acordo de cooperação militar que está sendo fechado entre Brasil e Israel, poderá viabilizar o lançamento de satélites israelenses no Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA), no Maranhão. O projeto está sendo discutido entre o Ministério da Defesa e a EAS Soluções Aeroespaciais – uma joint venture entre a estatal Israel Aerospace Industries (IAI) e o grupo Synergy, que controla a companhia aérea Avianca. “Estamos no estágio de pesquisa técnica e ainda não há previsão de quando será o lançamento. Mas essa vontade existe há muito tempo”, afirma Renato Cianflone, diretor de Novos Negócios da EAS. O objetivo é colocar em órbita, a partir da base maranhense, o satélite-espião Ofeq-10 – o equipamento, que será utilizado para comunicação militar, ainda está em fase de testes.

As relações militares entre Brasil e Israel tiveram grande avanço no final de 2009, quando o ministro da Defesa, Nelson Jobim, recebeu o presidente de Israel, Shimon Peres, em Brasília. Na época, Jobim afirmou que um acordo na área de Defesa estava sendo negociado. O documento está na etapa final de elaboração e precisa ser ratificado pelos dois países antes de ir para aprovação no Congresso Nacional.

O acordo fornece base legal para projetos no campo aeroespacial, o que abre caminho para que lançamentos, de fato, ocorram em Alcântara. A partir de então, a IAI – que há duas décadas vem demonstrando interesse em realizar projetos no país – pode concretizar a parceria com o grupo Synergy, que pertence ao empresário German Efromovich, para explorar este mercado no Brasil.

Interesses no Brasil – O Centro de Lançamentos de Alcântara despertou a atenção da IAI por inúmeras razões. Segundo a publicação americana Space News, Israel tem buscado opções de lançamento de satélites ao redor do mundo. Com apenas 20.700 quilômetros quadrados de área, um pouco menor que o estado de Sergipe, as autoridades locais preocupam-se em ocupar, ao máximo, seu território com indústrias. Assim, o governo do país busca a cooperação de outras nações para conseguir operar seu lançador Shavit 2. A escolha do Brasil, segundo fontes do setor aeroespacial, dá-se por duas razões: a localização de Alcântara – considerada privilegiada se comparada a outras bases da América Latina – e a possibilidade de conseguir estreitar relações comerciais com o país, sobretudo no que se refere à demanda brasileira por serviços de satélite.

O interesse de Israel em fortalecer laços econômicos com o país resultou também em encontros com o empresariado brasileiro. Uma missão comandada pelo ministro da Indústria, Comércio e Trabalho israelense, Shalom Simhon, chegou ao país na última segunda-feira para se reunir com presidentes de empresas de São Paulo. O foco do encontro foi a discussão de oportunidades nas áreas de biocombustíveis e telecomunicações. Outro ponto de interesse da missão foi o oferecimento de parcerias com empresas israelenses que têm intenção de investir em projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016.

Base de Alcântara – O Centro de Lançamento de Alcântara é vinculado aos ministérios da Defesa e de Ciência e Tecnologia. A base nunca colocou em órbita um satélite, apenas sondas e pequenos foguetes. O primeiro a ser lançado de lá deverá ser o Ciclone, previsto para 2012, e que resulta de um acordo bilateral entre Brasil e Ucrânia. A base de lançamento está sendo construída por um consórcio de construtoras brasileiras – liderado pela Andrade Gutierrez e Odebrecht – e será operado pela estatal binacional Alcântara Cyclone Space. Em 2003, uma explosão durante o lançamento de uma sonda meteorológica em Alcântara matou 21 pessoas.

Fonte: Veja Online.
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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Desmatamento na Amazônia

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MCT apoia operação de combate ao desmatamento na Amazônia

18/05/2011 - 15:52

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, anunciou hoje (18) novos instrumentos que vão auxiliar no combate ao desmatamento na Amazônia. Os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), via monitoramento por satélites, passam a ser informados online para reforçar o trabalho de fiscalização em campo, em especial, nas áreas embargadas.

Durante apresentação dos dados do Deter (sistema baseado em monitoramento por satélites do Inpe), Mercadante informou que a pasta trabalha de forma integrada para fortalecer a operação dos órgãos ambientais, para o fornecimento de informações de qualidade e em tempo real, com foco nos municípios críticos.

Os dados foram apresentados pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no Ministério do Ambiente, em Brasília. A avaliação, durante os meses de março e abril, indicou para o alerta de desmatamento de 593 km2 na Amazônia. Deste total, 480 km2 foram verificados no Mato Grosso, 67,2 Km2 no Pará, 41,3 km2 em Rondônia, 2,3 Km2 no Acre, 1,1 Km2 em Roraima e 0,9 Km2 no Maranhão.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, considerou a situação atípica depois de um longo período com registro de queda na taxa de desmatamento na região amazônica, com destaque para o estado mato-grossense, onde estão sendo utilizadas práticas legalmente proibidas (inclusive com o uso de correntes e tratores) e durante o período de chuvas, quando as nuvens prejudicam a visualização.

“Os dados apresentados mostram 62% dos municípios com redução do desmatamento e 15% dos municípios com aumento do desmatamento em áreas que tradicionalmente não tinha esse desmatamento”, frisou. Ela informou que o combate tem sido feito por meio de várias ações, com o deslocamento de mais agentes de fiscalização ao local, parceria da Polícia Federal, instalação de um gabinete de crise, avaliações, relatórios e reuniões semanais, além da cooperação com o Inpe e antecipação das atividades planejadas.

Na ocasião, Mercadante anunciou lançamentos de satélites para os próximos anos na intenção de tornar os dados fornecidos pelo Inpe ainda mais precisos. “No ano que vem nós vamos ver com cinco vezes mais eficiência do que já vemos” ressaltou. No total, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1 bilhão de reais para a uma nova geração de satélites, com ganho para o monitoramento de florestas, nos próximos três anos: o satélite Cibers 3, em 2012, do Amazônia 1, em 2013 e do Cibers 4, em 2014.

“Esse trabalho conjunto vai trazer respostas bem rápidas e mais eficientes pra gente poder documentar o que aconteceu, sustentar juridicamente o Ministério Público e, ao mesmo tempo, melhorar a nossa política de prevenção com dados de qualidade em tempo real. E nós estamos trabalhando integralmente, mobilizados e juntos”, destacou Mercadante.

Sistema de alerta

Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, o Inpe não recomenda a comparação entre dados de diferentes meses e anos obtidos pelo Deter.

Este sistema registra tanto áreas de corte raso, quando os satélites detectam a completa retirada da floresta nativa, quanto áreas classificadas como degradação progressiva, que revelam o processo de desmatamento na região.

Em operação desde 2004, o Deter é um sistema de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento. Embora os dados sejam divulgados em relatórios mensais ou bimestrais, os resultados do Deter são enviados quase que diariamente ao Ibama, responsável por fiscalizar as áreas de alerta.

Como o Deter utiliza dados do sensor Modis do satélite Terra, com resolução espacial de 250 metros, é possível detectar polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares. Nem todos os desmatamentos maiores que 25 hectares são identificados pelo sistema, devido à eventual cobertura de nuvens.

A menor resolução dos sensores usados pelo Deter é compensada pela capacidade de observação diária, que torna o sistema uma ferramenta ideal para informar rapidamente aos órgãos de fiscalização sobre novos desmatamentos.

Os números apontados pelo Deter são importantes indicadores para os órgãos de controle e fiscalização. No entanto, para computar a taxa anual do desmatamento por corte raso na Amazônia, o Inpe utiliza o Prodes (www.obt.inpe.br/prodes), que trabalha com imagens de melhor resolução espacial capazes de mostrar também os pequenos desmatamentos.

A cada divulgação sobre o sistema de alerta Deter, o Inpe apresenta também um relatório de avaliação amostral dos dados. Os relatórios, assim como todos os dados relativos ao Deter, são públicos e podem ser consultados em www.obt.inpe.br/deter

Fonte: MCT

Comentário: o aumento no desmatamento da Amazônia, destacado desde ontem (18) pelos principais órgãos de imprensa do País, só reforça a necessidade do Brasil contar com um sistema de satélites mais efetivo de observação terrestre, tanto em termos de revisitas (maior número) como em tecnologia, não apenas com sensores óticos, mas também com imageadores radares, capazes de produzir imagens mesmo com cobertura de nuvens, que é algo frequente na região amazônica.
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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cooperação Brasil - Rússia

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No último dia 17 de maio, foi realizada em Moscou, na Rússia, a V Reunião da Comissão Russo-Brasileira de Alto Nível de Cooperação, que contou com a presença do vice-presidente brasileiro, Michel Temer, e do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Na declaração conjunta divulgada pelo Itamaraty, há um parágrafo destacando a cooperação espacial entre os dois países. Reproduzimos-a abaixo:

"14. A Parte Brasileira expressou satisfação pela decisão da Parte Russa de designar representante da Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos) junto à Representação Comercial da Federação da Rússia em Brasília. As Partes reafirmaram sua disposição de continuar a promover a cooperação na área espacial, especialmente no que se refere ao aperfeiçoamento do veículo lançador de satélites brasileiro (VLS-1) e sua modernização com o auxílio de estágio russo de combustível líquido; à possível utilização e desenvolvimento do sistema de navegação por satélites GLONASS no Brasil e aos estudos relativos a parceria no desenvolvimento de satélites brasileiros meteorológico e de comunicações."
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terça-feira, 17 de maio de 2011

José Monserrat Filho na AEB

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Monserrat assume a Cooperação Internacional da AEB

17-05-2011

A Assessoria de Cooperação International da Agência Espacial Brasileira (AEB) tem novo titular. É o professor José Monserrat Filho que, nos últimos três anos, dirigiu a Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), durante a gestão do Ministro Sergio Rezende. Ele sucede o Embaixador Carlos Campelo que ocupou o cargo desde a fundação da AEB, há 17 anos.

Monserrat é especialista em direito espacial; vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), onde coordena o Núcleo de Estudos de Direito Espacial; membro da diretoria do Instituto Internacional de Direito Espacial, com sede em Amsterdam ( Holanda), membro da Academia Internacional de Astronáutica, bem como do Comitê de Direito Espacial da International Law Association (ILA). Desde 1997, integra a delegação oficial do Brasil que participa das reuniões anuais do Subcomitê Jurídico do Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS), com sede em Viena, Áustria. É autor, entre outros, do livro “Direito e Política na Era Espacial – Podemos ser mais justos no espaço do que na Terra?” (2007) e de vários artigos sobre temas de direito espacial.

Como jornalista, foi diretor da revista “Ciência Hoje” e editor do “Jornal da Ciência” e do “JC e-mail”, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Em 1993, recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, do CNPq.

Fonte: AEB

Comentário: em postagem de 17 de abril, logo após a LAAD 2011, o blog já havia adiantado que o advogado e jornalista José Monserrat Filho iria assumir a assessoria de cooperação internacional da AEB.
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Entrevista de Takashi Muta, da Atech

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Em razão de problemas técnicos com o Blogger, que hospeda o blog Panorama Espacial, estamos publicando novamente uma postagem feita no meio da semana passada, deletada indevidamente:

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Reproduzimos abaixo um vídeo da TV Estadão com uma entrevista feita pelo jornalista Roberto Godoy, do "Estado de S. Paulo", com Takashi Muta, presidente da Atech, organização brasileira que atua nos segmentos aeroespacial e defesa e em soluções de integração.


Dentre os vários assuntos abordados, como a parceria com a Embraer e a experiência da Atech, no final, Takashi fala um pouco sobre os tão comentados futuros sistemas brasileiros de vigilância e monitoramento (Sisfron e SisGAAz), e também sobre o papel do domínio espacial neste contexto. Transcrevemos um trecho:

“Já temos dois sistema operando, que é justamente o tráfego aéreo e defesa aérea, o SIVAM que está aí, então vem agora o sistema SisGAAz, da Marinha, e o Sisfron para fronteiras, do Exército. Estes sistemas todos, na realidade, vão fazer parte de um grande sistema de comando e controle brasileiro. E o que une essas soluções? Une justamente a inteligência da informação e o tratamento da informação para a decisão estratégica. E isso só será possível através de outro sistema, que seria o domínio do sistema satelital, não só de comunicações, como de monitoramento. Este é um quinto projeto estratégico brasileiro que está sendo trabalhado pela área de defesa. Então a participação nossa, no caso, seria na integração desses grandes sistemas. Na integração de cada sistema per si, e na integração de todos eles. Traduzindo, então, num grande sistema de comando e controle.”

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domingo, 15 de maio de 2011

IstoÉ: "Brasil devassado"

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Sem um satélite próprio, o País depende de estrangeiros para proteger suas riquezas, fluir informações militares e até controlar o tráfego aéreo

Claudio Dantas Sequeira

Apesar dos avanços e recuos, uma das prioridades do governo brasileiro é reaparelhar as Forças Armadas. Pelos planos, em breve o Brasil ganhará um submarino de propulsão nuclear para patrulhar a costa, em especial a região do pré-sal, um grupo de caças de quinta geração para proteger o espaço aéreo do país; e armamentos de última geração para equipar os soldados que monitoram a porosa fronteira brasileira. Como em qualquer país com um poderio militar moderno, o plano do governo prevê que toda a comunicação entre as três forças seja feita via satélite, permitindo a troca rápida e segura de informações. Na teoria, a estratégia de defesa brasileira parece não ter falhas graves e obedece aos procedimentos das melhores forças armadas do mundo. Na prática, no entanto, existe um nó difícil de ser desatado e que, em tese, compromete todo o investimento bilionário que o País se prepara para fazer.

Ao contrário das principais nações desenvolvidas e emergentes do mundo, o Brasil não tem controle nem ao menos sobre um dos quase mil satélites que estão em órbita no mundo hoje. A Índia, por exemplo, tem seis deles dedicados a ela e a China, outros 60. Hoje, todas as informações brasileiras que trafegam pelo espaço – sejam elas militares, governamentais ou de empresas privadas nacionais – passam por satélites privados, controlados por uma única empresa, a Star One, do bilionário mexicano Carlos Slim. Na prática, o Brasil é um simples locador de um retransmissor espacial que tem como função principal gerar lucros para o seu dono. Em uma situação de conflito, seja ele militar ou econômico, em última instância o locador tem o poder de simplesmente cortar o sinal do satélite, fazendo com que todo o moderno aparato militar que o País pretende adquirir se torne completamente inútil.

Desde que o Brasil perdeu o controle sobre seus satélites, com a privatização da Embratel em 1998, nenhum caso semelhante ocorreu. Mas o que preocupa especialistas brasileiros em segurança é a mera possibilidade de que isso venha a acontecer. “Não há como negar, é uma ameaça à segurança nacional”, diz o engenheiro José Bezerra Pessoa Filho, do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e ex-diretor da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB). Sua opinião é compartilhada por diversos analistas e autoridades. “São informações fundamentais para a proteção de milhares de pessoas”, afirma Thyrso Villela, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB).

A dependência a satélites estrangeiros não é um problema restrito à área militar. O governo também depende da boa vontade alheia, ao custo de vários milhões de dólares, para obter dados meteorológicos vitais para a prevenção de desastres naturais como enchentes, furacões e tempestades tropicais. Ficam ameaçadas também a transmissão de dados bancários e as comunicações sobre tráfego aéreo, que em poucos anos terá de ser feito via satélite, conforme determina o padrão internacional. Algumas vozes argumentam que os contratos comerciais firmados pelo governo com empresas de satélites, como a Star One que comprou a Embratel, contêm salvaguardas que garantem a prestação do serviço. Nesse sentido, o descumprimento das cláusulas contratuais prevê multas milionárias. No entanto, numa situação extrema, seja de guerra ou de catástrofe natural, quem vai pagar a fatura pela perda de vidas humanas? O histórico recomenda cautela.

Ao menos em duas ocasiões o Brasil sofreu os efeitos da dependência. Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, um dos satélites meteorológicos que fornecia imagens para o governo foi reposicionado pelos Estados Unidos e deixou de fornecer informações sobre o clima em todo o Hemisfério Sul durante dois meses. Em 2005, por conta do furacão Katrina, os americanos precisaram usar toda a potência de varredura de seus satélites para rastrear o fenômeno, reduzindo a frequência das imagens da América do Sul e do Brasil. “Se fossemos atingidos naquela época por um evento da magnitude do ciclone Catarina, que varreu a região Sul em 2004, ficaríamos no escuro”, afirma Villela, da AEB.

A história de dependência começou com a privatização do sistema Telebrás, em 1998. A Embratel, que operava os satélites BrasilSat, passou às mãos da americana Verizon e depois da América Movil, do magnata mexicano Carlos Slim, dona da Star One. Embora fossem satélites comerciais, o governo brasileiro detinha dois transponders de banda X, exclusivos para comunicações militares, instalados nesses satélites. Com a privatização da estatal, todo o controle passou para as mãos privadas.

Há, logicamente, salvaguardas pelas quais a operação desses satélites é feita somente por brasileiros. Mas os militares não têm controle sobre esses equipamentos, não podem desligar o satélite ou mudar sua posição. “As salvaguardas servem para mitigar o problema da soberania”, reconhece o coronel da reserva Edwin Pinheiro da Costa, chefe da seção de Telemática do Ministério da Defesa e responsável pelo Sistema de Comunicações Militares (Siscomis). Vale lembrar que a Verizon foi arrolada nos EUA numa polêmica sobre fornecimento de dados telefônicos de seus clientes ao FBI e a agências de inteligência do governo.

Uma das diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa (END) é o desenvolvimento do Satélite Geoestacionário Brasileiro, o SGB. Para tirar o projeto do papel é preciso empenho político e recursos financeiros. Uma das tentativas é construir um foguete próprio capaz de lançar o satélite brasileiro. As primeiras tentativas terminaram com a destruição da Base de Alcântara, no Maranhão, após a explosão de um protótipo. O mais próximo que o Brasil chegou para voltar a ter satélites próprios foi uma minuta de intenções para firmar uma parceria com a França. No entanto, as negociações para que o acordo saia estão paradas há dois anos. Enquanto isso, todo o sistema de comunicações do País continua nas mãos do bilionário Carlos Slim.


Comentário: embora a Star One seja uma empresa controlada por um grupo estrangeiro, todos os seus satélites são operados e controlados do Brasil por pessoal brasileiro, a partir da estação terrena de Guaratiba, no Estado do Rio de Janeiro.
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