quinta-feira, 23 de junho de 2011

Notícias do Salão de Le Bourget

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Abaixo, destacamos algumas notas sobre notícias do salão de Le Bourget, que acontece esta semana em Paris, França, sobre o que mais de importante aconteceu em termos de atividades espaciais.

Brasil e Itália

Numa conferência para jornalistas, Giuseppe Orsi, presidente da Finmeccanica, destacou que o mercado brasileiro é considerado chave para o grupo, e listou o mercado de imagens de satélites, de responsabilidade da Telespazio, como um dos segmentos de interesse dos italianos. O interesse neste segmento foi reforçado por Paolo Pozzessere, vice-presidente de vendas internacionais da Finmeccanica. "O COSMO-SkyMed poderia ser um ativo muito importante ao Brasil para vigilância marítima", afirmou em entrevista concedida à Tecnologia & Defesa. No entanto, a ênfase para o desenvolvimento conjunto de uma missão espacial para imageamento radar, como a do COSMO-SkyMed, aparenta não ser a mesma que a de serviços. Embora haja interesse industrial do lado italiano (Thales Alenia Space), segundo uma pessoa consultada pelo blog e que acompanha o tema, o desenvolvimento conjunto e/ou construção de um satélite radar depende da celebração de um acordo de cooperação entre os dos paises. E faltaria celeridade, ou talvez prioridade, dos dois lados.

Thales, Finmeccanica, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa...

E as conversas dos grandes grupos aeroespaciais e defesa com os conglomerados de engenharia (conhecidos pela sigla "EPC", de Engineering, Procurement and Construction) brasileiros para atuação conjunta nos mercados de defesa e segurança (Sisfron, SisGAAz, defesa aérea, grandes eventos) continuam. Depois da Thales falar que mantém conversas com a Andrade Gutierrez, foi a vez da Finmeccanica mencionar a Camargo Corrêa e a própria Andrade Gutierrez, grupos com os quais estaria discutindo. Foi esclarecido que os italianos vão ter algum parceiro local, não necessariamente um dos dois mencionados, mas provavelmente uma empresa EPC. Em maio de 2010, a Cassidian, do grupo EADS, fechou acordo com a Odebrecht para a criação de uma joint-venture. Importante observação: Thales e Finmeccanica são sócias na Thales Alenia Space, o que talvez explique a citação da mesma empresa brasileira por dois grupos estrangeiros que em muitos mercados concorrem entre si. Provavelmente até o final do ano, o cenário das parcerias, cada player com seu parceiro local, estará definido.

Saito e Pohlmann em Le Bourget

Estiveram no salão autoridades do governo brasileiro, como o Brig. Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, e o Brig. Ailton dos Santos Pohlmann, diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Na pauta do diretor do DCTA, instituição responsável pelas atividades espaciaisda Aeronáutica, reuniões e apresentações para discutir eventuais parcerias em lançadores.

Veículo de reentrada europeu

Em 22 de junho, a Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) e a unidade italiana da Thales Alenia Space anunciaram um acordo para a construção de um veículo reutilizável de transporte espacial, o IXV (Intermediate EXperimentel Vehicle), cujo voo está previsto para 2013. O objetivo europeu é dispor de um veículo capaz de executar missões em órbita baixa e retornar autonomamente para a Terra, abrindo um leque variado de aplicações, como transporte e exploração espacial, serviços robóticos e infraestrutura espacial. O veículo experimental, que testará tecnologias para reentrada atmosférica, terá 2 toneladas de massa e alcançará altitudes de até 450 km, com velocidade de 7,5 km por segundo quando entrar na atmosfera. O design detalhado e tecnologias críticas do IXV já estão prontas, e o acordo alcançado permitirá a sua fabricação, montagem, integração e qualificação. O IXV deve voar em 2013 a bordo de um lançador Vega, em trajetória suborbital.

A espaçonave da Astrium

Desde 2006 trabalhando no conceito de uma nave para voos de "turistas" ao espaço, a Astrium, do grupo EADS, está em busca de recursos para avançar com o seu desenvolvimento. "O conceito do Spaceplane é muito maduro. Nós agora estamos em busca de recursos para o desenvolvimento", disse a jornalistas François Auque, presidente da Astrium. Um consórcio de empresas de Cingapura construirá um modelo em menor escala da nave, e é uma potencial parceira da Astrium caso o desenvolvimento seja viabilizado. Conceitualmente, o Spaceplane terá capacidade de levar até 4 passageiros a uma altitude de até 100 km, numa viagem com duração de duas horas, que permitiria vários minutos em ambiente de microgravidade.

Contrato da Arianespace

Em 21 de junho, a Arianespace anunciou ter sido escolhida pela operadora de serviços de comunicações SES, de Luxemburgo, para o lançamento do satélite Astra 5B em meados de 2013. A missão ficará a cargo do bem sucedido Ariane 5. "Nós estamos tanto orgulhosos como honrados mais uma vez pela oportunidade de trabalhar com uma operadora líder de satélites. A escolha da SES pela Arianespace é um claro reconecimento da qualidade e excelência de nosso serviço e soluções em lançamento", afirmou o presidente da Arianespace, Jean-Yves Le Gall.

Presença da Alcântara Cyclone Space

Apesar do momento conturbado por que passa, a binacional Alcântara Cyclone Space, que comercializará e operará missões do Cyclone 4 a partir do centro espacial de Alcântara (MA), está presente com um pequeno estande no pavilhão ucraniano do Paris Air Show. O blog questionou um dos representantes sobre as perspectivas de negócios e também visitas de possíveis parceiros e clientes. Embora o projeto ainda esteja em fase de concretização, o executivo afirmou: "Há interessados". Em 1º de julho, uma comitiva com integrantes da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do DCTA, do Comando da Aeronáutica, embarca para a Ucrânia com o objetivo de discutir o momento por que passa a joint-venture. A comitiva será liderada pelo presidente da AEB, Marco Antonio Raupp, e pelo Brig. Ailton dos Santos Pohlmann, diretor do DCTA.

CBERS

No estande da China Great Wall Industry Corporation, o mais importante player industrial chinês no campo espacial, um painel destacava a cooperação entre Brasil e China, iniciada em 1988, com o projeto do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, sigla em inglês). Diz o painel: "A China e o Brasil desenvolveram conjuntamente e lançaram com sucesso três satélites CBERS (ZY-1). Estes satélites enviaram centenas de milhares de imagens para a Terra, sendo tais dados sido amplamente usados em áreas tais como agricultura, atividades florestais, conservação de recursos hídricos, planejamento urbano, meio-ambiente, desastres, ciência, educação, meteorologia, comunicações e oceanografia. O CBERS é o precursor da cooperação em áreas de alta tecnologia entre países em desenvolvimento e é tido como um modelo para a cooperação sul-sul."
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