domingo, 3 de junho de 2012

A posse de Perondi no INPE

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Saia justa e cobrança marcam posse do novo diretor do Inpe


02/06/2012


Arthur Costa / São José Campos

O novo diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Leonel Perondi, tomou posse ontem em cerimônia que reuniu a cúpula do programa espacial brasileiro em São José, com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e do presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), José Raimundo Coelho.

Perondi direcionou seu discurso de 45 minutos a Raupp e, em um texto de 11 páginas, apresentou as prioridades de sua gestão à frente do instituto e voltou a cobrar a necessidade de repor o quadro de colaborações do Inpe.

“Cada pessoa que se aposenta leva uma bagagem de conhecimento. Se não repormos, perderemos esse conhecimento. Nossa média de idade é de 54 anos”, disse Perondi. Ele salientou que seria necessária a contratação de 200 a 300 pessoas nos próximos dois ou três anos para manter a operacionalidade do Inpe.

“Marco Antonio Raupp já foi diretor do Inpe e presidente da AEB. José Raimundo Coelho atuou por muitos anos no Inpe. Assim, são profundos conhecedores das necessidades do programa espacial brasileiro e deste instituto”, disse o novo diretor.

Resposta. Raupp, que discursou depois de Perondi, reconheceu a necessidade de repor o quadro, mas destacou a importância de envolver a iniciativa privada neste processo.

“(A reposição é) absolutamente necessária. A situação do Inpe não é uma normal, mas o governo não tem condições de arcar com tudo isto, nem a sociedade quer encher as instituições com funcionários públicos. Quando falo de empresas parceiras, essas empresas vão contratar gente e participar do programa. Temos que renovar o Inpe”, disse Raupp.

Saia justa. O ministro finalizou seu discurso com uma frase que causou certa ‘saia justa’ e desconforto entre servidores presentes à cerimônia. “Perondi, tenha certeza de que (o Inpe) se integrando com o DCTA, com a agência (AEB) e comigo no ministério, vocês estarão bem”, disse Raupp.

União. O presidente da AEB adotou discurso mais conciliador e destacou a necessidade da integração de todos os órgãos envolvidos no programa espacial brasileiro.

“Essa ideia de subordinação (do Inpe à AEB) não faz sentido para mim. Sei trabalhar em conjunto e é isso que vou fazer. Não vamos escrever mais cartas sozinhos aos nossos superiores, mas em conjunto”, disse Coelho.

Prioridades. Entre os itens citados por Perondi em sua apresentação estão o fortalecimento da indústria brasileira nos projetos espaciais, o cumprimento dos prazos para lançamentos de satélites e a manutenção dos programas desenvolvidos pelo Inpe.

Reação. O SindCT (Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia) considerou o discurso de Raupp muito ‘otimista’ e agendou uma reunião com Perondi para a próxima semana.

“Perondi é um cientista capacitado, mas que está numa posição em que se vê obrigado a cumprir a política proposta pelo MCTI e pela AEB. (...) O Raupp, como mentor dessa nova política, tem uma leitura muito otimista desse modelo”, disse Ivanil Barbosa, presidente do sindicato.

Meta é satélite 100% nacional

O Brasil planeja o lançamento de um satélite 100% nacional na próxima década, afirmou ontem o ministro Marco Antonio Raupp. Ele planeja que o país adquira a expertise necessária para produzir os componentes com o sucesso dos programas do satélite geoestacionário, do Cyclone (em parceria com a Ucrânia) e do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélite).

“O DCTA está junto com a AEB trabalhando na possibilidade de parcerias com empresas internacionais e nacionais para ter capacidade para lançar um satélite médio. Temos vários projetos com empresas francesas, italianas e outras em estudo. Neste satélite de 2012 (geoestacionário), teremos 20% , 30% de composição nacional. No próximo (2019), será um número bem maior”, disse Raupp.

O ministro também falou sobre a necessidade de lançar entre 2012 e 2019 um satélite meteorológico. “Esta é uma reivindicação tão antiga quanto a do satélite de telecomunicações (geoestacionário). Temos que conseguir no governo essa aprovação”, disse Raupp. O custo estimado do satélite meteorológico é de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões.

Fonte: jornal "O Vale".

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