sexta-feira, 29 de junho de 2012

CBERS: Raupp, Coelho e Perondi na China


Programa de satélites CBERS é discutido na China

Sexta-feira, 29 de Junho de 2012

Entre os dias 2 e 6 de julho, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Leonel Perondi, estará na China com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, e o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho.  Em Pequim, será discutida a continuidade do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres).

Os dirigentes brasileiros se encontrarão com o ministro de Ciência e Tecnologia, Wan Gang, e com o ministro e vice-ministro de Indústria e Tecnologia da Informação, Miao Wei e Chen Qiufa, entre outras reuniões com especialistas de ambos os países.

Estão programadas visitas à Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), à Administração Nacional de Espaço da China (CNSA) e ao Centro Espacial Chinês, onde se encontra o satélite CBERS-3, que tem lançamento previsto para o final deste ano.

A parceria espacial entre Brasil e China, iniciada em 1988, garantiu a ambos os países o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto para observação da Terra.

Política industrial

Conduzido no Brasil pelo INPE, o CBERS é importante indutor da inovação no parque industrial brasileiro, que se qualifica e moderniza para atender aos desafios do programa espacial. O desenvolvimento do CBERS-3 e do CBERS-4 (este previsto para 2014) propiciou cerca de R$ 400 milhões em investimentos na indústria nacional.

A política industrial adotada pelo INPE permite a qualificação de fornecedores e contratação de serviços, partes, equipamentos e subsistemas junto a empresas nacionais. Assim, além de exemplo de cooperação binacional em alta tecnologia, o CBERS se traduz na criação de empregos especializados e crescimento econômico.

O CBERS também tornou o Brasil o primeiro país do mundo a distribuir, pela internet, imagens de satélites sem custo ao usuário. Desde 2004, os dados distribuídos pelo INPE são usados no monitoramento de florestas, mapeamentos de áreas agrícolas e do crescimento urbano, entre outros. A disponibilidade dos dados resulta na criação de novas aplicações, com reflexos no desenvolvimento socioeconômico do país.

Mais informações sobre o CBERS: www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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quarta-feira, 27 de junho de 2012

MDA, do Canadá, leva a Space Systems/Loral


A companhia canadense MDA anunciou hoje (27) a aquisição da Space Systems/Loral (SS/L), dos EUA, considerada a maior fabricante de satélites comerciais de comunicações, pelo valor de 875 milhões de dólares. Já há meses, a MDA procurava uma aquisição de porte significativo no mercado norte-americano.

No campo espacial, a MDA tem forte atuação em robótica espacial, sensoriamento remoto via radar (satélites da série Radarsat) e cargas úteis de satélites geoestacionários de telecomunicações, dentre outras áreas.

No Brasil, a SS/L é responsável pela construção do satélite Star One C4, da Star One, subsidiária da Embratel. Há alguns meses, os americanos também estiveram em Brasília (DF) para conhecer melhor o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). A MDA, por sua vez, tem um relacionamento próximo com o programa espacial ucraniano, sendo a contratante principal de um satélite de comunicações para o governo daquele país. Num passado não muito distante, aproveitando-se da parceria espacial da Ucrânia com o Brasil em matéria de lançadores (Cyclone 4 em Alcântara), ucranianos e canadenses chegaram a fazer propostas conjuntas para o SGB.

A aquisição pode ter reflexos, que ainda precisam ser mais bem analisados, sobre a disputa industrial que se desenha para o SGB.

Um fato curioso. Em 2008, a MDA, agora compradora, foi quase adquirida pelo grupo americano ATK, por 1,3 bilhão de dólares (veja a postagem "Aquisições no setor espacial"). A oferta americana, no entanto, não foi aprovada pelo governo do Canadá, que entendeu que a operação poria em risco o programa espacial canadense.
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Entrevista com o novo diretor do INPE


Hoje (27) pela manhã, o blog Panorama Espacial entrevistou Leonel Perondi, novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O blog dá assim início a uma série de entrevistas com os principais dirigentes do Programa Espacial Brasileiro, a serem publicadas ao longo das próximas semanas.

Na conversa com Perondi, assuntos como o programa CBERS, o satélite Amazônia-1, recursos humanos, política industrial, o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), dentre outros, foram abordados. O conteúdo da entrevista será publicado no blog dentro dos próximos dias.
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CBERS 3: novos testes na China


Realizados novos testes do satélite sino-brasileiro

26-06-2012

Na China, foi concluída mais uma etapa dos testes que antecedem o lançamento do satélite sino-brasileiro CBERS-3, previsto para o final do ano. Especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST, na sigla em inglês) checaram a autocompatibilidade do satélite e a sua compatibilidade eletromagnética com o veículo lançador.

Esses testes são necessários para comprovar que um equipamento do satélite não interfere em outro. A impossibilidade de reparo em órbita torna imprescindível a simulação em Terra de todas as condições que o satélite irá enfrentar desde o seu lançamento até o final de sua vida útil no espaço.

Antes de embarcar para a China, o CBERS-3 enfrentou uma série de ensaios ambientais, em todos os seus equipamentos e subsistemas, no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE, em São José dos Campos (SP).

No Brasil, o satélite passou por vários testes de interferência e compatibilidade eletromagnéticas, vibração, vibroacústicos e vacuotérmicos, além das medidas de propriedades de massa. Agora, na China, estão em curso os testes finais necessários para qualificar o CBERS-3 ao lançamento, que será realizado a partir de base chinesa.

Eficiência

O uso de satélites permite monitorar com mais eficiência e economia as transformações no meio ambiente, tanto as naturais quanto aquelas causadas pela ação do homem. A observação a partir do espaço é ainda mais importante para países de dimensões continentais, como o Brasil e a China.

Em 1988, os dois países criaram o Programa CBERS (sigla em inglês para Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) para juntar esforços pela capacitação na área de Observação da Terra. Já foram lançados três satélites - CBERS-1, em 1999, CBERS-2, em 2003, e CBERS-2B, em 2007. O quarto satélite da série, o CBERS-3, tem lançamento previsto para o final de 2012, enquanto o CBERS-4, para 2014.

Imagens de satélites são fundamentais para coletar, de forma rotineira e consistente, informações sobre a superfície da Terra como as necessárias para avaliar mudanças globais, as florestas, a evolução do agronegócio, estudos urbanos e costeiros. Satélites também são essenciais para obter informação de forma rápida sobre eventos cuja localização e ocorrência é de difícil previsão ou acesso, como desastres naturais (enchentes, por exemplo), ou produzidos pelo homem (queimadas, poluição causada por derramamento de óleo no mar).

O INPE distribui diariamente pela internet centenas de imagens de satélites a 1,5 mil instituições públicas e privadas do país. A disponibilidade de dados CBERS permite que se desenvolvam cada vez mais novas aplicações de sensoriamento remoto no Brasil.


Fonte: INPE
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segunda-feira, 25 de junho de 2012

SGB: novas informações sobre o projeto


Conforme divulgado pelo blog no último dia 24, a Agência Espacial Brasileira (AEB) publicou o novo número de sua revista institucional, a "Espaço Brasileiro". Dentre as várias reportagens, uma merece especial destaque, a que trata sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Informações como a responsabilidade pela administração do projeto, as áreas de competência da Visiona Tecnologias Espaciais e o domínio de tecnologias críticas, dentre outras, são abordadas com detalhes possivelmente inéditos.

O texto não tem um autor identificado, mas deve ser lido como oficial do governo, tendo em vista a sua publicação em revista institucional do principal órgão do Programa Espacial Brasileiro.

Abaixo, reproduzimos os parágrafos mais interessantes:

"Quem administra o projeto? - O Comitê Diretor de Projeto (CDP) é seu mais alto nível decisório. Ele aprova os planos, orçamentos, cronogramas. Seus membros representam os principais interessados e clientes do projeto, isto é, três Ministérios: das Comunicações, da Defesa e de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ao Comitê Diretor reporta-se o Escritório de Projeto (EP), composto por órgãos técnicos do governo: Agência Espacial Brasileira (AEB), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ministérios da Defesa e das Comunicações e Telebras. O Escritório de Projeto prepara a documentação técnica do projeto e acompanha o seu cumprimento, nas áreas administrativa e técnica, mantendo permanente contato com as equipes técnicas da nova empresa.

Áreas de competência do consórcio - A nova empresa está comprometida a dominar know-how, conhecimentos e tecnologias, sobretudo nas seguintes áreas:

- Projeto dos elementos do sistema: satélite (plataforma e carga-útil de comunicações) e segmento solo;
- Gerenciamento de projetos complexos;
- Garantia de qualidade, gerenciamento de configuração e análises de risco;
- Análise de missão (órbita, atitude, lançamento);
- Engenharia de sistemas espaciais;
- Desenvolvimento de simuladores de alta fidelidade;
- Integração e testes de equipamentos, subsistemas e sistemas completos;
- Suporte ao lançamento e primeiras órbitas; e
- Operação.

Engenheiros e técnicos residentes deverão permanecer nas instalações de cada empresa fornecedora, acompanhando as revisões do projeto, testes, discussões e análises, assegurando que o contrato seja cumprido dentro do prazo e dos custos previstos.

Dominar tecnologias críticas - Caberá à AEB, ao INPE e à nova empresa selecionar as tecnologias críticas e estratégicas que o Brasil precisa dominar. Tais tecnologias serão desenvolvidas - com financiamento da AEB e da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação) - por companhias da indústria espacial - futuros fornecedores de equipamentos, partes, materiais e processos da nova empresa.

A estratégia de capacitação e absorção tecnológica, baseada no trabalho conjunto entre a nova empresa e os fornecedores estrangeiros, bem como no desenvolvimento tecnológico realizado pelas empresas da indústria espacial local, permitirá que o segundo satélite de comunicações e outros satélites do Programa Espacial Brasileiro sejam também desenvolvidos e integrados pela nova empresa e pela cadeia produtiva espacial nacional, com apoio e participação do INPE e de seu Laboratório de Integração e Testes (LIT).

Modelo para outros projetos - A gestão multiministerial, com participação de empresa privada industrial como prime-contractor (contratante principal), adotada para a construção do primeiro satélite geoestacionário brasileiro, servirá de modelo para outros projetos como, por exemplo, o do satélite meteorológico.

As empresas integradoras fortalecerão as cadeias produtivas por meio de subcontratos com empresas de pequeno e médio porte, além de incentivar o surgimento de novos fornecedores e atrais parceiros de outras áreas industriais. Essas empresas virão, ainda, preservar e usar as competências e infraestruturas disponíveis em órgãos governamentais, como o INPE e o Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA), para agregar valor e qualidade aos contratos comerciais.

Com esta nova dinâmica, espera-se que o Brasil adquira independência tecnológica, algo fundamental para o setor espacial."

domingo, 24 de junho de 2012

Revista "Espaço Brasileiro" nº 13 no ar


A Agência Espacial Brasileira (AEB) disponibilizou em seu website a 13ª edição da revista institucional "Espaço Brasileiro", referente ao 1ª semestre de 2012.

Dentre as reportagens, destaques para um texto sobre o projeto do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), iniciativa conjunta entre o Brasil e a Alemanha, e outro sobre o programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), com algumas informações inéditas.

A edição também traz entrevistas com o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho, e com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Leonel Perondi.

Para acessar a revista, disponível em arquivo PDF (25,2 MB), clique aqui.
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Operação SHEFEX-2: VS-40M lançado com sucesso


Lançado com sucesso o foguete VS-40M com o experimento Shefex 2

Campo Montenegro, 22/06/2012

Hoje, dia 22 de junho de 2012, às 21h18m local, foi lançado com sucesso, a partir do Centro de Lançamento de Andoya (Noruega), o veículo suborbital brasileiro VS-40M, transportando como carga-útil o experimento alemão Shefex 2.

A operação desse veículo, o qual foi integralmente financiado pelo Centro Espacial Alemão (DLR), veio ratificar a excelente reputação conquistada pela tecnologia brasileira de veículos suborbitais junto à Agência Espacial Européia. Adicionalmente, o VS-40M significou um importante avanço para o alcance da autonomia brasileira de acesso ao Espaço, pois consiste da parte superior do VLS-1, com os motores S40 e S44.

O perfeito funcionamento dos motores S40 e S44M, bem como de todos os eventos do voo, garantiram a trajetória nominal do experimento.

O experimento Shefex 2 (Sharp Edge Flight Experiment) é parte de um importante Programa alemão de desenvolvimento de tecnologia de vôos hipersônicos e de reentrada atmosférica, e teve como objetivos testar novos materiais e tipos de proteção térmica necessários para operação nessas condições, incluindo placas de carbeto de silício, desenvolvida no IAE, a ser utilizada na estrutura do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA).

Somente o custo dos experimentos da missão espacial Shefex 2 somou 10 milhões de euros, estimando-se que outros 6 milhões tenham sido investidos durante o desenvolvimento desse experimento. Importante ressaltar que o Shefex 1, ocorrido em 2005, foi lançado com o foguete brasileiro VS-30 Orion, e que o Shefex 3 está previsto para voar, em 2016, a bordo do Veículo Lançador Microssatélites (VLM-1), em desenvolvimento conjunto pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e DLR, com participação de indústrias brasileiras e alemãs.

Esse foi mais um resultado positivo alcançado dentro da Cooperação Brasil-Alemanha.

Fonte: IAE/DCTA

Comentários: interessante à referência ao VLM-1, a ser desenvolvido em conjunto pelo IAE e DLR, segundo a nota do IAE. Há, no entanto, informações de que o desenvolvimento conjunto não está totalmente confirmado. Para mais informações sobre a iniciativa entre os dois países, vejam a postagem "O VLS alemão". Em breve, o blog abordará o tema de forma mais aprofundada.
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"Parceria Brasil-China": artigo de José Monserrat Filho


Novíssima etapa na parceria Brasil-China

José Monserrat Filho, Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB)

Duas maiúsculas novidades se destacam no Comunicado Conjunto firmado pela Presidenta Dilma Rousseff e pelo Primeiro Ministro da China, Wen Jiabao, durante a Rio+20, na quinta-feira passada, 21 de junho – ambas com forte impacto na cooperação espacial entre os dois países.

1) A hora e a vez da “Parceria estratégica global”

O Brasil e a China elevam o status de “parceria estratégica”, adotado em 1993, para "parceria estratégica global", previlério que ultrapassa os assuntos bilaterais e incorpora as mais relevantes questões globais de política e economia, a serem discutidas pelos respectivos chanceleres, pelo menos, uma vez por ano.

"Essa decisão atesta o reconhecimento da crescente influência estratégica e global dos dois países, cuja cooperação será cada vez mais abrangente, numa conjuntura internacional marcada por mudanças profundas", afirma o comunicado. Os dois países também “reiteraram o compromisso de promover salto qualitativo das relações sino-brasileiras, por meio da intensificação do diálogo político e da ampliação da agenda de cooperação bilateral”.

A relação Brasil-EUA tem status similar, com o nome de "diálogo de parceria global", que promove duas reuniões anuais dos chanceleres e produz bons resultados. Mas a parceria Brasil-China parece crescer em ritmo mais intenso e beneficiar áreas de maior valor estratégico. Eles se comprometem a seguir os “princípios do benefício mútuo, desenvolvimento conjunto, parâmetros de mercado, viabilidade e eficiência”. A China já é o maior parceiro comercial do Brasil. Agora, resolvem aumentar os investimentos recíprocos. E estabelecer em ambos os mercados, por meio da emissão de títulos, um crédito de até US$ 30 bilhões. Assumem, também, ambicioso Plano Decenal de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação, envolvendo centros de pesquisa e empresas em áreas vitais, como nanotecnologia, telecomunicações, educação – com a formação e aproveitamento mútuo de especialistas altamente qualificados, através do Programa “Ciência sem Fronteiras”. Instalaram-se o Centro Conjunto Brasil-China de Satélites Meteorológicos e o Centro Brasil-China de Biotecnologia.

Os acordos firmados mobilizam os âmbitos comercial, científico, tecnológico, financeiro e cultural. Haverá importante colaboração nas áreas automotiva e de petróleo e gás. A Embraer firmou contrato com o governo chinês para exportar aviões e foi criada a joint venture Harbin Embraer Aircraft Industry (HEAI) para a produção de jatos executivos na China. Hoje, o Brasil é grande exportador de commodities para a China. Para amanhã, a meta é aumentar o peso dos produtos manufaturados nestas exportações.

Na área espacial, pelo novo status, o Brasil e a China poderão tratar de temas estratégicos como:

– segurança espacial, sustentabilidade a longo prazo das atividades espaciais, proibição da instalação de armas em órbitas da Terra e do uso da força militar no espaço, impedindo que ele se torne novo campo de batalha;
– redução dos detritos nas órbitas terrestres mais utilizadas, que não param de crescer, ameaçando o inestimável patrimônio de satélites, naves e estações espaciais hoje ativos, e os serviços de primeira necessidade por eles prestados a toda a comunidade internacional de nações;
– criação de um sistema global de conhecimento permanente sobre a situação e o desempenho de cada objeto espacial, para garantir transparência, confiabilidade e previsibilidade das atividades espaciais de qualquer país – é a expansão da ideia de se estabelecer um sistema de gerenciamento do tráfico espacial, surgido anteriormente como imperativo de segurança global;
– Atuação conjunta para fortalecer e dinamizar os mais relevantes fóruns multilaterais, como o Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS), a Conferência sobre Desarmamento (CD) e a própria Organização das Nações Unidas (UN);
– Atuação conjunta para estimular o desenvolvimento equânime e progressivo do Direito Espacial, incluindo todas as áreas e formas de regulamentação internacional e nacional das atividades espaciais visando propósitos exclusivamente pacíficos e benéficos para todos os países, sem qualquer discriminação.
– Programas espaciais cooperativos de largo alcance, com a participação simultânea de inúmeros países.

Tudo isso, se bem feito, poderá ter inevitável repercussão internacional, inclusive ampliando o papel conjunto dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no tabuleiro global, fator de mudanças substanciais nas relações internacionais contemporâneas. Não por acaso, Brasil e China buscarão aprofundar o exame da economia mundial no âmbito do BRICS e do G-20, visando “a adoção de ações coordenadas, para superar a atual conjuntura adversa”.

Como se não bastasse, os dois países consideram que “as atuais instâncias de governança global precisam ser reformadas, a fim de responder adequadamente às demandas da nova ordem internacional” e que, por isso, “apoiam uma reforma abrangente da ONU, incluindo como prioridade o aumento da representação dos países em desenvolvimento no Conselho de Segurança, de forma a torná-lo mais eficiente e apto a responder aos desafios globais atuais”.

Como se vê, a “cooperação estratégica global” tem tudo para não ser mero jogo de palavras ou simples expressão de efeito propagandístico.

2) Mais uma ideia pioneira: Plano Decenal de Cooperação Espacial

O Brasil e a China decidem “promover discussão mais aprofundada” sobre um Plano Decenal de Cooperação Espacial, “com vistas a acelerar a sua negociação, por meio da coordenação entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a China National Space Administration (CNSA).

A iniciativa é inédita nos 55 anos da Era Espacial, inaugurada em 1957 pelo Sputnik I, o primeiro satélite construído pelos seres humanos, lançado pela ex-União Soviética.

Cabe lembrar que, em 1988, com o Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite – Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), os dois países foram os primeiros a estabelecer um acordo de cooperação em tecnologia avançada entre nações em desenvolvimento, que até então não tinham essa possibilidade.

Os “temas principais” da discussão mais aprofundada entre a AEB e a CNSA sobre o Plano Decenal já foram definidos. São eles:

– Nova direção e mecanismo de cooperação para os futuros satélites CBERS e outros satélites;
– Política de dados do CBERS-3 e CBERS-4;
– Cooperação na aplicação de dados do Satélite de Sensoriamento Remoto;
– Componente de satélite, elemento componente e equipamentos de teste;
– Cooperação em matéria de satélite de comunicação;
– Serviços de lançamento;
– Cooperação em ciência espacial;
– Cooperação na aplicação de Satélites Meteorológicos.

Para quem ainda não sabe, o CBERS-3 (4º satélite da série, após o CBERS-1, lançado em 1999, o CBERS-2, lançado em 2003, e o CBERS-2B, lançado em 2007) deve subir ao espaço em novembro próximo e o CBERS-4, em 2014.

No comunicado conjunto, o Brasil e a China enfatizam o interesse em “estimular o trabalho conjunto para a distribuição internacional dos dados daqueles satélites”. O Brasil lidera hoje o ranking mundial da distribuição gratuita de imagens de satélite. Já cedeu mais de um milhão delas. A atualidade da questão do acesso facilitado aos dados e imagens de satélite em benefício dos programas nacionais de desenvolvimento sustentável ficou evidente no evento da Rio+20 sobre “Espaço para o Desenvolvimento Sustentável”, onde foi um dos temas abordados.

Em suma, o Brasil e a China, situados – um em face do outro – no outro lado do mundo, não poderiam estar mais próximos na linha de frente dos novos rumos da globalidade.
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Obras da ACS em imagens

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Reproduzimos abaixo algumas imagens sobre o andamento das obras das instalações da Alcântara Cyclone Space, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. As fotos são do final de abril e foram divulgadas pela agência espacial ucraniana:


Construção das instalações de integração e testes de cargas úteis


Construção das instalações de integração e testes do Cyclone 4


Construção das instalações de abastecimento do lançador
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sábado, 23 de junho de 2012

Cooperação Brasil - China


Brasil e China reafirmam parceria espacial

Sexta-feira, 22 de Junho de 2012

Durante encontro entre a presidenta Dilma Rousseff e o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, nesta quinta-feira (21), na Rio+20, os governos do Brasil e da China elevaram o nível de sua parceria para “estratégica global”.

Na oportunidade, as autoridades também confirmaram a decisão de ampliar os esforços conjuntos com vistas ao lançamento dos satélites sino-brasileiros de recursos terrestres CBERS-3, em 2012, e CBERS-4, em 2014, e concordaram quanto ao interesse em estimular o trabalho conjunto para a distribuição internacional dos dados daqueles satélites.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é o responsável no Brasil pelo Programa CBERS. A parceria iniciada com a China há mais de 20 anos garantiu a ambos os países o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto para observação da Terra.

Com o Programa CBERS, o INPE fomenta a inovação tecnológica no parque industrial brasileiro, através do desenvolvimento por empresas nacionais de subsistemas e equipamentos para os satélites.

Acordos

A presidente e o primeiro-ministro chinês assinaram acordos no âmbito do Plano Decenal de Cooperação 2012-2021, nas áreas de ciência, tecnologia, inovação, cooperação espacial, energia, mineração, infraestrutura, transporte, indústria, financeira, econômico-comercial, cultural, educacional e intercâmbio entre sociedades civis.

Os dois mandatários ratificaram que a ênfase ao plano está diretamente ligada à cooperação nos setores da ciência, tecnologia e inovação, considerada fundamental para a promoção do bem-estar de seus povos e a inserção internacional adequada de ambos os países na economia do conhecimento. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, participou da assinatura.

As novas iniciativas conjuntas englobam segmentos como nanociência e nanotecnologia, meteorologia, meio ambiente, mudanças do clima, tecnologias do bambu, energias limpas, renováveis e economia verde, biotecnologia e tecnologias agrícolas, tecnologia da informação e das comunicações (TICs) e promoção do diálogo entre parques tecnológicos, com vistas a associações entre pequenas e médias empresas de base tecnológica de ambos os países.

A assinatura dos acordos estabelece a criação dos centros virtuais conjuntos Brasil-China de Satélites Meteorológicos e de Biotecnologia, que poderão contemplar atividades de pesquisa conjunta em áreas como informação meteorológica, alerta sobre desastres naturais, biomedicina, bioinformática e biomateriais.  (Com informações da Ascom MCTI)

Fonte: INPE
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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Avanços no SGB


O portal especializado em comunicações Teletime publicou uma reportagem sobre os planos de investimentos da Telebras para esse ano. A estatal deve encerrar o primeiro semestre com um investimento próximo de R$ 100 milhões, e a expectativa é que até o final do ano sejam investidos mais R$ 300 milhões.

Dentre os projetos que receberão recursos, o presidente da Telebras, Caio Bonilha, citou o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), mencionando ainda que a especificação técnica do satélite deve ser finalizada dentro dos próximos dias pela PUC do Rio de Janeiro, contratada para esse trabalho pela Visiona Tecnologia Espacial. Reproduzimos abaixo o parágrafo sobre o SGB:

'Sobre o SGB, Bonilha informa que dentro de poucos dias será finalizada a especificação técnica que está sendo elaborada pela PUC-Rio. “Já estamos sendo procurados por empresas americanas e europeias, que são as mais fortes nesse segmento, mas queremos uma proposta que nos ofereça um bom preço, um bom produto e um pacote de transferência de tecnologia compatível com as nossas necessidades”, disse ele.'
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Avanços chineses na Venezuela e Bolívia


Na Venezuela, VRSS-1 em órbita no final de setembro...

O VRSS-1 (Venezuelan Remote Sensing Satélite), também conhecido como Francisco Miranda, primeiro satélite de observação da Venezuela, pode ser colocado em órbita já a partir de 30 de setembro, segundo divulgou o governo venezuelano.

"O satélite conta com três sementos e dentro de poucos dias será lançado... A data está programada para 30 de setembro aproximadamente ou para os primeiros dias de outubro... Estamos lançando... 53 profissionais estão capacitando o pessoal venezuelano", afirmou representante do governo em entrevista concedida ao jornal local "El Universal".

O satélite está sendo construído pela China Great Wall Industry Corporation (CGWIC), da China, dentro de um contrato turn key (entrega em funcionamento em órbita) no valor de 140 milhões de dólares. A CGWIC foi também responsável pela construção e entrega em órbita do primeiro satélite de comunicações da Venezuela, o Venesat-1 (ou Simon Bolívar), lançado em outrubro de 2008.

...E na Bolívia, 33% do Tupac Katari já foi concluído

A estatal CGWIC também é responsável pela construção do primeiro satélite de comunicações da Bolívia, similar ao modelo adquirido pela Venezuela. O satélite boliviano, que se chamará Tupac Katari, já teve 33% de sua construção concluída, segundo informações da Agência Boliviana Espacial (ABE), reproduzidas pelo website Infoespacial.

"Temos que informar à opinião pública que o cronograma está sendo cumprido, o lançamento do satélite está previsto para 20 de dezembro de 2013 e se avançou em torno de 33% [de sua execução]", explicou Iván Zambrana, diretor da ABE.

O Tupac Katari, também contratado em base turn key, em 2010, tem custo estimado em 300 milhões de dólares, dos quais 250 milhões estão sendo financiados pelo Banco de Desenvolvimento da China.

Paralelamente à construção do Tupac Katari, os bolivianos já consideram um segundo satélite, para observação terrestre, seguindo o exemplo venezuelano. O satélite, de órbita baixa, seria utilizado para o monitoramento dos recursos naturais, numa iniciativa que poderia ser desenvolvida, segundo afirmou o representante da ABE, em conjunto com o Japão.

Órgãos governamentais e indústrias japonesas ligadas ao setor espacial visitaram vários países sul-americanos, inclusive o Brasil, no ano passado, em esforços para projetos conjuntos de cooperação e prospecção de negócios.

"O novo satélite é apenas uma ideia no papel, enão se tem o valor aproximado de quanto pode custar um satélite dessa natureza", afirmou o diretor da ABE, destacando, no entanto, que seu custo seria inferior ao do projeto do Tupac Katari.

Colômbia e Peru também querem satélites próprios

Em linha com o processo de "satelitização" do continente sul-americano, os governos da Colômbia e do Peru também têm demonstrado interesse em contar com satélites de observação, juntando-se ao Brasil, Argentina, Chile e Venezuela, que já dispõem e/ou desenvolvem projetos nesse campo. Eventualmente, surgem na imprensa local desses dois países informações sobre discussões para a aquisição de pequenos satélites junto à companhias europeias.
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terça-feira, 19 de junho de 2012

Notícias do IAE: SARA e Plataforma Suborbital


Apresentada a carga útil brasileira para o Programa de Microgravidade

Representantes do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) estiveram nas instalações da Orbital Engenharia para conhecer o primeiro protótipo da PLataforma Suborbital de Microgravidade (PSM). A PSM substituirá a plataforma da agência espacial alemã (DLR), que tem sido usada pelo Brasil em seus experimentos em ambiente de gravidade reduzida utilizando-se do foguete de sondagem VSB-30.

Modelo de voo mecânico do SARA Suborbital é entregue ao IAE

Em 14 de junh, foi entregue ao IAE pela indústria CENIC, de São José dos Campos (SP), o modelo de voo mecânico do SARA Suborbital. O modelo de Voo mecânico do SARA Suborbital compreende três dos quatro subsistemas do veículo: subsistema estrutural, módulo de experimentação e subsistema de recuperação. O desenvolvimento deste modelo foi resultado de uma parceria coordenada pelo IAE, contando com a empresa CENIC no papel de “main contractor”, e outras indústrias nacionais como, a EQE e a Orbital Engenharia.

IAE certifica subsistema de recuperação do SARA Suborbital

Em 5 de junho, o IAE completou a qualificação em solo do subsistema de recuperação do SARA Suborbital, com a realização bem sucedida de ensaio de abertura dinâmica dos para-quedas.
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Modernização do CLA


Concert assina novo contrato com a Agência Espacial Brasileira

18 de junho de 2012

A CONCERT TECHNOLOGIES assinou na semana passada, em Brasília, um contrato junto à Agência Espacial Brasileira (AEB) para o desenvolvimento do SITDR – Sistema Integrado de Tratamento de Dados de Rastreio do CLA – Centro de Lançamento de Alcântara. O SITDR realiza o tratamento de dados de rastreio durante todas as fases de uma operação de lançamento. Para isto, processa em tempo real os dados de trajetografia dos radares e de estações de telemedidas visando monitorar a trajetória dos veículos lançadores com foco na garantia da segurança de voo e nos dados de entrada em órbita dos satélites.

“Este sistema, em sua versão anterior, foi também de fornecimento da equipe da Concert Technologies e, com orgulho ressaltamos, que nunca foi desenvolvida ao sul do Equador uma solução com as características e desempenho da mesma”, afirma Leonardo Fares, diretor da Concert Technologies.

Sobre a CONCERT

Empresa de soluções tecnológicas para Centros de Operação de Concessionárias, grandes consumidores de energia, água e gás e outras aplicações de missão crítica como as desenvolvidas para o Programa Espacial Brasileiro. Os sistemas de missão crítica da CONCERT estão presentes também no Programa Espacial Brasileiro onde equipamentos e sistemas de software de tempo real controlam as principais operações do CLA – Centro de Lançamento de Alcântara e CLBI – Centro de Lançamento da Barreira do Inferno. Alguns destes sistemas foram homologados pela NASA para operações conjuntas. Através de sua subsidiária nos Estados Unidos, a CONCERT Technologies Corp., a empresa teve também destacada participação no Projeto SIVAM – Sistema de Vigilância. Mais informações no site www.concert.com.br.

Fonte: Concert Technologies
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domingo, 17 de junho de 2012

END, Sistemas Espaciais e a CCISE


Desde a edição da Estratégia Nacional de Defesa (END), no final de 2008, temos frequentemente abordado no blog iniciativas em atividades espaciais relacionadas às diretrizes da END. Em postagem de meados de 2009 ("Estratégia Nacional de Defesa e Espaço"), destacamos os trechos "espaciais" da END, como lançadores e satélites (de comunicações, sensoriamento remoto, tanto ótico como radar, e meteorologia). De tempos em tempos, também discorremos sobre as intenções e planos do Comando da Aeronáutica, por meio do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA), em matéria de meios de acesso ao espaço.

Dos projetos espaciais direta ou indiretamente citados na END, o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) é o programa que se encontra em estágio mais avançado, com orçamento e caminho a ser percorrido já definidos. Mas, há também outros, como, por exemplo, satélites de observação terrestre, necessários aos sistemas de monitoramento de fronteiras e costa marítima (Sisfron e SisGAAz). Em fevereiro de 2012, a partir da análise de publicação oficial sobre a Estratégia Nacional de CT&I, tratamos brevemente desses satélites, que exigirão, segundo números do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, investimentos de 900 milhões de reais até 2020.

A CCISE

Levando-se em conta a END e as iniciativas espaciais em andamento no âmbito da Defesa, e também com o intuito de melhor organizar todas as ações em andamento, o Comando da Aeronáutica constituiu no final de fevereiro, e sem alarde, a Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE).

Criada por meio da Portaria nº 79/GC3, de 29 de fevereiro de 2012, do Comando da Aeronáutica, a CCISE teve seu presidente indicado alguns dias depois, em 7 de março. O indicado foi o Brigadeiro-do-Ar Carlos Vuyk de Aquino, que também preside a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), organização do Comando da Aeronáutica envolvida com a implantação e operação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). A CISCEA, aliás, tem prestado apoio administrativo à CCISE.

Em 17 de abril, a Portaria nº 79/GC3 foi revogada e substituída pela Portaria nº 184/GC3, que estabelece as seguintes atribuições à Comissão:

"I - Definir, sob supervisão do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) e em coordenação com o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), com os Estados-Maiores da Armada (EMA) e do Exército (EME), as estratégias de implantação, de integração e de financiamento de sistemas espaciais relativos à defesa;
II - Dirigir, coordenar e integrar, à luz das diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa e em estreita ligação com o EMCFA, o EMA, o EME e o EMAER, todos os trabalhos concernentes à concepção, à definição de requisitos, à integração e à implantação de sistemas espaciais concernentes à defesa, incluindo os respectivos segmentos orbitais e a relativa infraestrutura de operação, tanto dos componentes de uso exclusivo do Ministério da Defesa quanto daqueles de uso compartilhado com outros órgãos públicos e/ou privados; e
III - Representar, após prévia coordenação, o Ministério da Defesa e as Forças Singulares, em todos os atos que se fizerem necessários à implantação de sistemas espaciais relativos à defesa."

Em breve, o blog trará mais informações sobre a CCISE e as atividades e projetos espaciais relacionados à END.
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SAC-D/Aquarius: um ano em órbita


Em 10 de junho, o satélite SAC-D/Aquarius, uma iniciativa conjunta entre a Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE) e a agência espacial norte-americana (NASA) completou um ano em órbita, com muito o que se comemorar.

Em setembro de 2011, o satélite produziu o seu primeiro mapa global de salinidade dos oceanos, atendendo a um dos seus principais objetivos, que é colaborar para os estudos dos níveis de salinidade dos oceanos e sua influência nas mudanças climáticas. Além de seu principal sensor, o Aquarius, desenvolvido pela NASA, o SAC-D conta com outros sete instrumentos para estudos sobre riscos naturais, qualidade do ar, entre outras aplicações. A missão contou ainda com a participação de instituições do Canadá, Itália, França e Brasil (LIT/INPE).

No website da empresa INVAP, prime-contractor do satélite, foi disponibilizado um interessante vídeo sobre a missão. Clique aqui para assisti-lo.

Colaborou José Ildefonso.
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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Alcântara Cyclone Space: programa ameaçado


Em maio, o repórter especial Kaiser Konrad, da revista Tecnologia & Defesa, publicação ao qual o blog Panorama Espacial é vinculado, esteve nas instalações das empresas Yuznhoye e Yuznmash, em Dnepropetrovsk, Ucrânia para conhecer mais sobre o projeto da binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space (ACS).

Questões financeiras, o status do programa, a importância de um acordo de salvaguardas com os EUA e uma análise dos competidores são alguns dos tópicos abordados na reportagem, que pode ser acessada clicando-se aqui. T&D e o blog continuarão a abordar o projeto e trarão em breve mais informações exclusivas.
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INPE na missão chinesa Shenzhou-9


INPE acompanha missão tripulada chinesa

Sexta-feira, 15 de Junho de 2012

A Shenzhou-9, nave espacial tripulada da China que será lançada às 07h37 deste sábado (16), terá o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nas suas primeiras operações em órbita. A missão leva três astronautas, incluindo a primeira mulher chinesa a ir ao espaço, para realizar a acoplagem com o módulo Tiangong-1, lançado em setembro do ano passado.

O apoio será dado pela estação de rastreio de Alcântara, no Maranhão, do Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) do INPE, que transmitirá à espaçonave telecomandos recebidos em tempo real do Centro de Controle Chinês, efetuará medidas distância e Doppler para determinação de órbita e receberá dados de telemetria para monitorar o estado de funcionamento da Shenzhou-9.

O CRC/INPE rastreará a Shenzhou-9 durante as suas oito primeiras passagens pela estação terrena de Alcântara. Todos os dados gerados serão transmitidos em tempo real ao Centro de Controle Chinês, em Xi'an.

As atividades devem iniciar às 10h13deste sábado, horário do início da primeira passagem da espaçonave pela estação de Alcântara, e continuar até as 22h00 de segunda-feira (18/6), quando se encerra a participação do INPE.

Em São José dos Campos, o centro de controle do CRC/INPE receberá da China informações atualizadas sobre a órbita da espaçonave e gerará dados de cada futura passagem sobre Alcântara como, por exemplo, os instantes de entrada e saída de visibilidade e os ângulos de apontamento da antena da estação de rastreio.

Em 2011, o CRC/INPE também acompanhou os primeiros dias de operações da Shenzhou-8, lançada em 31 de outubro. O apoio às missões chinesas foi solicitado pelo CLTC (China Satellite Launch and Tracking Control), que mantém longa parceria com o INPE no âmbito do Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite).

Estrutura

O Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) realiza a operação em órbita dos satélites desenvolvidos pelo INPE ou em cooperação com instituições estrangeiras. O Centro está capacitado, ainda, a dar suporte às missões espaciais de terceiros. É composto pelo Centro de Controle de Satélites (CCS) em São José dos Campos (SP), pela Estação Terrena de Cuiabá (MT), pela Estação Terrena de Alcântara (MA), bem como pela rede de comunicação de dados e voz que conecta os três locais.

Atualmente, ao mesmo tempo em que dá suporte aos parceiros internacionais, o CRC/INPE realiza o controle e a recepção de dados dos satélites brasileiros SCD-1 e 2 e se prepara para a operação do sino-brasileiro CBERS-3 e do brasileiro Amazônia-1.
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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Testes de recepção para o CBERS 3


Brasil e China testam recepção do satélite CBERS-3

Quarta-feira, 13 de Junho de 2012

Testes de compatibilidade entre o satélite sino-brasileiro CBERS-3 e a estação de recepção de imagens de Miyun, na China, foram concluídos com sucesso pelas equipes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Centro Chinês para Dados e Aplicações de Satélites de Recursos Terrestres (CRESDA) e da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST).

Realizados nos dias 27 e 28 de maio no Centro de Observação da Terra e Terra Digital, os testes de compatibilidade eletromagnética tinham como finalidade garantir o perfeito entendimento entre o satélite, que será lançado em novembro, e a estação de recepção e gravação chinesa, incluído o software do sistema de ingestão, gravação e processamento desenvolvido pela indústria brasileira AMS Kepler Engenharia de Sistemas Ltda.

Nesses testes são utilizados os subsistemas transmissores de dados brasileiro (MWT) e chinês (PIT). Imagens previamente gravadas das câmeras brasileiras MUX WFI e das câmeras chinesas PANMUX e IRS  são injetadas nos subsistemas MWT e PIT e transmitidas simultaneamente via cabo para a estação. Após a recepção e a demodulação, é realizada a descompressão, decodificação e visualização em tempo real das imagens. Os dados recebidos devem ser idênticos aos enviados.

Os testes são importantes para garantir a recepção de imagens e, também, para verificar a correta decodificação e recuperação dos dados auxiliares transmitidos junto com a imagem, como os dados de telemetria das câmeras e os dados de órbita e atitude.

Pelo INPE, participaram dos testes os engenheiros Carlos Gonçalves e Rodolfo Araújo, da Divisão de Eletrônica Aeroespacial (DEA/ETE), José Bacellar, da Divisão de Processamento de Imagens (DPI/OBT) e Leandro Silva, do Laboratório de Integração e Testes (LIT).

Os ensaios de compatibilidade entre o satélite e as estações terrenas brasileira e chinesa estão previstos no Plano de Desenvolvimento e Testes do Programa CBERS. A validação da estação de Cuiabá para a recepção do CBERS 3 foi realizada com sucesso em março de 2011.

O satélite é o quarto desenvolvido pelo Programa CBERS (sigla para China-Brazil Earth Resources Satellite; em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), no âmbito da parceria iniciada com a China há mais de 20 anos e que garantiu a ambos os países o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto para observação da Terra.

Mais informações sobre o Programa CBERS no site www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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Eurosatory: Sagem leva a Optovac


Ontem (13), durante a Eurosatory, feira que acontece esta semana em Paris, na França, a empresa francesa Sagem, do grupo Safran, anunciou a aquisição, por um valor não revelado, da Optovac, indústria brasileira especializada no desenvolvimento e fabricação de sistemas optrônicos e de visão noturna. "A aquisição reflete a estratégia da Sagem, baseada no desenvolvimento de parcerias locais com as indústrias brasileiras de defesa", afirmou em nota a companhia. "A Optovac produzirá e assistirá uma ampla gama de equipamentos da linha da Sagem. Seus negócios também incluirão o desenvolvimento de soluções que atendam aos requisitos das forças armadas brasileiras".

A Optovac teve alguma atuação no setor espacial. Há alguns anos, a empresa participou da concorrência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para o fornecimento do imageador do satélite Amazônia-1, em parceria com a Equatorial Sistemas, de São José dos Campos (SP). Anteriormente, a indústria também já havia desenvolvido um sensor de estrelas para o INPE.

A aquisição é mais um indicativo de que o processo de consolidação do setor industrial brasileiro de defesa ainda não terminou. Em março, na coluna "Defesa & Negócios" da edição n.º 128 da revista Tecnologia & Defesa, já havíamos revelado que os principais players do setor analisavam oportunidades no setor ótico. Novos movimentos não são descartados.

T&D está fazendo a cobertura de Eurosatory, considerada a feira mais importante sobre forças terrestres do mundo. Ainda hoje, serão publicadas em seu website notas exclusivas sobre o que se comenta nos bastidores. Abaixo, adiantamos algumas, relacionadas a projetos de defesa, mas também com implicações em programas espaciais.

Sisfron e SisGAAz avançam

Nos bastidores da Eurosatory, são muitos os comentários sobre os avanços no projeto do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). Na última semana, o Exército Brasileiro enviou às empresas que responderam às solicitações de informações (RFI, sigla em inglês) a solicitação de propostas (RFP, sigla em inglês), que deverá ser respondida até o início de julho. Em paralelo, a Marinha do Brasil também está avançando com o programa do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), que se encontra em fase de RFI. As informações das empresas devem ser enviadas à MB até o final dessa semana.

Sisfron: Thales, AG e Avibrás?

Ainda sobre o Sisfron, uma informação surpreendente. A joint-venture do grupo francês Thales com a construtora brasileira Andrade Gutierrez, criada no final do ano passado, respondeu o RFI em parceria com a Avibras Aeroespacial, de São José dos Campos (SP). Ao que tudo indica, o "namoro" com a Odebrecht, muito comentado desde o final de 2012, parece ter desandado.
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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Operação SHEFEX-2


Operação de Lançamento SHEFEX 2 tem início na Noruega

Campo Montenegro, 12/06/2012

Foi iniciada, no dia 07 de junho, no Andoya Rocket Range, na cidade de Andenes, Noruega, a Operação SHEFEX 2, que utilizará os propulsores nacionais S40 e S44, desenvolvidos pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA), para realizar o experimento de reentrada SHEFEX 2, desenvolvido pela Agência Espacial Alemã (DLR).

O Motor S40M do 1º estágio está pronto, com a Saia Traseira, Empenas, Ignitor/DMS e com os Adesivos.

Nesta semana, está sendo preparado o S44 2º estágio que, em seguida, será disponibilizado para integração com a Carga Útil.

Esta operação de lançamento possui muitas variáveis inéditas, principalmente com relação à Carga Útil, que é extremamente cara e complexa e também no que se refere  ao foguete VS-40M, que vai realizar seu primeiro voo após ter sofrido modificações em relação ao seu projeto original. Ainda sim, as equipes estão trabalhando com bastante empenho e confiança, dando máxima atenção aos itens de segurança e funcionalidade dos subsistemas.

A 1ª simulação de lançamento está prevista para segunda-feira, dia 18 de junho, e a 1ª tentativa de lançamento está prevista para 20 de junho.

Fonte: IAE/DCTA, com edição do blog Panorama Espacial.


Comentários do blog: a missão Shefex-2 tem por objetivo principal oferecer um tempo de voo de até 50 segundos para um experimento de reentrada suborbital (Sharp Edged Flight Experiment - SHEFEX) da DLR. O foguete brasileiro VS-40 deverá lançar o experimento até uma altitude de 200 km, quando então ocorrerá a separação. O voo deve ter uma duração total de 10 minutos.
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SGB: instrumento de Política Espacial


Aos poucos, informações sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) que antes eram rumores vão se confirmando. No início desta semana, Nelson Salgado, da Embraer, foi confirmado com o presidente da Visiona Tecnologia Espacial. Apesar da nomeação ter saído há apenas alguns dias, Salgado já atuava de fato há meses como o responsável pelo projeto, sendo interlocutor com os vários interessados no projeto (veja a postagem "O SGB para a Embraer").

Um instrumento de Política Espacial

A criação da joint-venture também revela o objetivo do governo brasileiro em utilizar o SGB como um instrumento de Política Espacial. Esta intenção fica clara na menção, nas duas notas sobre a Visiona divulgadas pela Embraer nas últimas semanas, ao Centro de Desenvolvimento de Tecnologias Espaciais, que será criado em São José dos Campos (SP), e que atuará em parceria com instituições de pesquisa e ensino, com o intuito de acelerar a capacitação do setor espacial brasileiro.

No início do ano, foi comentado ao blog Panorama Espacial que um dos motivos pela demora em se constituir a joint-venture entre a Embraer e a Telebrás era justamente a indefinição das partes quanto ao grau de envolvimento esperado da Visiona com outros projetos e iniciativas do Programa Espacial. Para alguns, a Visiona seria meramente uma empresa prestadora de serviços de comunicações via satélite, adquirindo e operando o satélite, enquanto que para outros, especialmente às autoridades ligadas ao Programa Espacial, a expectativa era de que a Visiona atuasse como um instrumento de Política Espacial, desenvolvendo capacidades no programa brasileiro, não apenas no campo das comunicações, mas nas outras áreas de interesse, funcionando como um catalisador de desenvolvimento e capacitação do setor espacial nacional. A segunda função, bem linha com o desejo de Marco Antonio Raupp e outras autoridades por um maior envolvimento da iniciativa privada com o setor espacial parece ter prevalecido.

Ao que tudo indica, este aspecto de Política Espacial deve ter papel significativo no processo de seleção do fornecedor do satélite. No processo de análise das ofertas, a Visiona e o governo brasileiro não analisarão apenas questões industriais e específicas de comunicações, mas também as contrapartidas e perspectivas de cooperação, que podem ir bem além dos satélites de comunicações.

2015 e não 2014

Em 5 de junho, em reportagem da AFP reproduzida por vários jornais e websites brasileiros, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, informou que o SGB será lançado no final de 2015. Tal data representa um atraso de um ano no cronograma inicial, algo que já era aguardado pelo mercado. Quando anunciado na formatação atualmente conhecida, em setembro de 2012, a expectativa era que o SGB tivesse sua fabricação contratada até o início deste ano, o que viabilizaria sua colocação em órbita até o final de 2014. Em geral, um satélite geoestacionário de comunicações leva até dois anos para ser desenvolvido e construído.
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segunda-feira, 11 de junho de 2012

SGB: Embraer nomeia presidente da Visiona

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Embraer designa novo presidente da Visiona Tecnologia Espacial

São Paulo – SP, 11 de junho de 2012 – Nelson Krahenbuhl Salgado foi nomeado, hoje, presidente da Visiona Tecnologia Espacial S.A.

Com sede no Parque Tecnológico de São José dos Campos, em São Paulo, a Visiona terá como objetivo inicial atuar no programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro que visa atender às necessidades de comunicação satelital do Governo Federal, incluindo o Programa Nacional de Banda Larga e um amplo espectro de transmissões estratégicas de defesa.

A Visiona também assumirá o papel de líder do Centro de Desenvolvimento de Tecnologias Espaciais, atuando em parceria com as mais relevantes entidades de ensino e pesquisa aeroespacial do País e acelerando a capacitação do setor espacial brasileiro. A Embraer detém 51% do capital social da Empresa e a Telebras controla os 49% restantes.

Engenheiro de formação, Nelson Salgado tem doutorado na Inglaterra e MBA em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo. Na Embraer desde 1987, ele participou da estruturação do programa de desenvolvimento da família de jatos EMBRAER 170/190 e foi responsável por áreas corporativas, tais como Planejamento Estratégico, Planejamento Econômico e Financeiro, Controladoria e, mais recentemente, Associações e Aquisições. Nesta última função, tem representado a Embraer em negociações para expansão de seu portfólio de negócios através da aquisição de participação no capital de outras empresas, tanto no Brasil como no exterior.

“O desafio de empreender e ajudar a construir esta nova etapa do programa espacial brasileiro é uma grande oportunidade. Em especial, em um contexto em que se busca somar as competências empresariais da Embraer ao conhecimento desenvolvido pelo Brasil nesta área”, disse o novo presidente da Visiona.

Fonte: Embraer
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sábado, 9 de junho de 2012

Tecnologia & Defesa n.º 129



Está chegando às bancas o número 129 da revista Tecnologia & Defesa, que começa a circular na próxima semana, por ocasião da Eurosatory 2012, maior feira de forças terrestres do mundo, que acontece em Paris, na França. Destacamos abaixo as principais reportagens:

- Entrevista com o General Douglas Fraser, comandante do USSOUTHCOM
- A modernização dos A-1
- Cooperação Brasil - França
- VBTP-MR Guarani: Vencido o primeiro desafio
- Defesa Antiaérea no Brasil
- Conhecendo a mais moderna unidade de carros de combate do Exército Brasileiro
- Atentados terroristas, como evitá-los no Brasil
- Na festa da Fumaça, um show a parte: voamos o Boeing F-18F Super Hornet (veja aqui)
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Perondi no INPE: o discurso de posse


O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) disponibilizou o discurso de Leonel Perondi, novo diretor do Instituto, empossado na última sexta-feira (1º/6). Dentre os grandes desafios a serem enfrentados pelo Instituto, Perondi destacou o aprimoramento e ampliação de programas de pesquisa e desenvolvimento, o cronograma de execução do programa CBERS, política industrial, articulação com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), dentre outros.

Um desafio em especial chama mais a atenção: capacitação do INPE (e do Programa Espacial como um todo) em controle de atitude e órbita de satélites. "Consideramos que  o desenvolvimento de competência nacional em sistemas inerciais constitui-se, presentemente, no maior desafio tecnológico do programa espacial brasileiro", afirmou.

Nesse campo, o principal projeto em desenvolvimento é o Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial (SIA), iniciativa na qual já foram investidos mais de R$40 milhões desde 2006, e da qual participam vários órgãos, como o próprio INPE, Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Instituto de Estudos Avançados (IEAv), indústrias, dentre outros. No final de 2008, o INPE contratou o desenvolvimento de um sistema de controle de atitude e órbita para o satélite Amazônia-1 junto à empresa argentina INVAP, o que gerou muitas críticas de vários setores no Brasil, em especial da indústria nacional.

Para acessar o discurso na íntegra, de leitura recomendável, clique aqui.
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"Mineração em asteróides", artigo de José Monserrat Filho


Mineração em asteroides: questões legais 

José Monserrat Filho, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB)


“A desigualdade não é apenas um incômodo moral: é ineficiente.” Tony Judt, in O Mal Ronda a Terra, Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 171.

A mineração em asteroides está sendo apresentada como nova corrida do ouro, similar à ocorrida no Oeste (far West) dos Estados Unidos (EUA) no século XIX. A perspectiva de alguns investidores é de entrar numa empreitada extremamente difícil e cara, e dela sair multimilionário. De olho nessa riqueza ainda inestimável, já surgiu a empresa Planetary Resources, sediada em Washington, a capital norte-americana, o que não é pouca coisa.

Há, porém, uma diferença essencial entre as duas corridas: uma era uma questão nacional, norte-americana, e a outra é uma questão internacional. A primeira podia ser impulsionada – como o foi – pelo governo do país, os EUA, soberano em seu território. Já a segunda, a de agora, requer necessariamente decisão bem mais ampla, multilateral, discutida e aprovada pela comunidade internacional de países, de preferência através da Organização das Nações Unidas (ONU), que, conforme sua Carta, tem por fim, entre outros, o de “empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos”.

A mineração em asteroides, cumpre frisar desde logo, é atividade espacial, pois desenvolve-se no espaço exterior, que inclui os corpos celestes. O espaço exterior fica fora, além, do espaço aéreo, onde cada país exerce sua jurisdição e controle. Embora os países ainda não tenham logrado delimitar por consenso os dois espaços, sabe-se perfeitamente que o espaço exterior não pode ser submetido à soberania de qualquer país. Nenhum deles tem o direito individual ou coletivo de dominar ou governar o espaço exterior. Essa área é de interesse e uso comum de todos os países da Terra, como os mares e oceanos (à exceção das águas territoriais, litorâneas, dos países).

Tudo isso foi estabelecido, de comum acordo, no “Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, inclusive a Lua e demais Corpos Celestes”, de 1967, em pleno vigor, ratificado hoje por 101 países e firmado por outros 26 – entre eles todos os países envolvidos com programas espaciais. A ONU, vale lembrar, tem 192 países membros. Louvado e aceito universalmente, o Tratado do Espaço, nome pelo qual se tornou conhecido, é considerado norma costumeira de vigência global, válida para todos os países que ainda não o firmaram nem ratificaram.

Numa análise jurídica, é preciso, antes de mais nada, definir o que é legalmente um asteroide. Sobre os objetos naturais existentes no espaço exterior, o Tratado do Espaço menciona apenas os corpos celestes, como está em seu próprio título. Por isso, podemos e devemos, até eventual decisão internacional em contrário, definir os asteroides como corpos celestes, do mesmo modo que a Lua, Marte e outros planetas. O fato de eles serem maiores que os asteroides não altera nada. Tamanho também aqui não é documento. Hoje não parece haver dúvidas quanto a isso.

Mas vejamos que princípios e normas do Tratado do Espaço são claramente aplicáveis aos planos de mineração em asteroides, ajustando cada um de seus artigos a esse caso concreto:

Artigo 1º, § 1 – Como forma de usar os corpos celestes, a mineração dos asteroides deve “ter em mira o bem e o interesse de todos os países, qualquer que seja  o estágio de seu desenvolvimento econômico e científico, e são incumbência de toda a humanidade”.

Artigo 1º, § 2 – Os asteroides poderão ser explorados (estudados) e usados livremente por todos os países “sem qualquer discriminação, em condições de igualdade e em conformidade com o direito internacional, devendo haver liberdade de acesso a todas as regiões dos corpos celestes”, ou seja, a todos os asteroides.

Artigo 2º – Os asteroides, como todo corpo celeste, não podem “ser objeto de apropriação nacional por proclamação de soberania, por uso ou ocupação, nem por qualquer outro meio”.

Artigo 3º – As atividades dos países no uso dos asteroides devem efetuar-se segundo “o direito internacional, inclusive a Carta das Nações Unidas, com a finalidade de manter a paz e a segurança internacional e de favorecer a cooperação e a compreensão internacionais”.

Artigo 6º – Cada país responde internacionalmente (ante os outros países) pelas atividades nacionais realizadas em asteroides tanto por suas entidades públicas, quanto por suas empresas privadas, e deve velar para que tais atividades nacionais se efetuem segundo o Tratado do Espaço. As atividades das empresas privadas nos asteroides devem autorizadas e vigiadas continuamente pelo país sede da empresa. Daí que, para minerar num asteroide, a empresa privada Planetary Resources, com sede nos EUA, deve ser autorizada e vigiada pelo governo norte-americano.

Artigo 7º – O país lançador (que promoveu o lançamento ou de cujo território ou instalações o lançamento foi realizado) de um objeto a um asteroide responderá pelos danos que esse objeto e seus componentes causarem a outros países ou às suas pessoas naturais, na Terra, no espaço aéreo, no espaço exterior, inclusive nos corpos celestes, ou seja, no próprio asteroide.

Artigo 8º – O país que registra em seu nome um objeto lançado a um asteroide mantém sob sua jurisdição e controle esse objeto e o pessoal a bordo dele, durante a estada no asteroide. Os direitos de propriedade sobre os objetos lançados a um asteroide e seus elementos constitutivos permanecem inalteráveis enquanto esses objetos e seus elementos se encontrarem no asteroide e durante seu retorno à Terra. Tais objetos ou seus elementos constitutivos encontrados além dos limites do país de registro devem ser restituídos a esse Estado, que por sua vez deve fornecer, sob solicitação, os dados de identificação antes da restituição.

Artigo 9º – Na exploração e uso dos asteroides, os países devem obedecer aos princípios da cooperação e da assistência mútua e exercer suas atividades nos asteroides levando na devida conta os interesses correspondentes dos outros países. Os países devem explorar (estudar) os asteroides de modo a evitar os efeitos prejudiciais de sua contaminação e as modificações nocivas no ambiente da Terra, resultantes da introdução de substâncias extraterrestres, e, quando necessário, devem tomar as medidas apropriadas para este fim. Se um país tem razões para crer que uma atividade ou experiência realizada num asteroide por ele próprio ou por suas entidades públicas ou privadas pode prejudicar as atividades dos outros países na exploração e uso pacífico dos asteroides, deve fazer as consultas internacionais adequadas antes de levar a cabo a mencionada atividade ou experiência. E qualquer país com razões para crer que uma experiência ou atividade realizada por outro país num asteroide é capaz de prejudicar as atividades de exploração e uso pacífico dos asteroides, pode solicitar consultas sobre a referida atividade ou experiência.

Artigo 11 – Para favorecer a cooperação internacional na exploração e uso dos asteroides, os países que desenvolvam atividades num asteroide acordam, na medida do possível e realizável, em informar ao Secretário-Geral da ONU, ao público e à comunidade científica internacional da natureza da condução de tais atividades, o lugar onde serão exercidas e seus resultados. O Secretário-Geral da ONU deve assegurar a difusão dessas informações, tão logo as receba.

Artigo 12 – Todas as estações, instalações, material e veículos espaciais que se encontrarem num asteroide serão acessíveis, em condições de reciprocidade, aos representantes dos outros países. Estes representantes devem notificar com antecedência qualquer visita projetada, a fim de que tais consultas possam ser realizadas com o máximo de precaução, para garantir a segurança e evitar perturbações no funcionamento normal da instalação a ser visitada.

Artigo 13 – O Tratado do Espaço se aplica às atividades dos países na exploração e uso de todos os asteroides, sejam elas realizadas por um país ou grupo de países, o que inclui suas empresas privadas  devidamente autorizadas.

Essa foi uma adaptação formalmente rigorosa do Tratado do Espaço ao caso específico dos asteroides. Vale conferir com o texto original ().

Esclareça-se que, quando se fala em “exploração e uso” dos corpos celestes e, portanto, também dos asteroides, o que se tem em vista é o estudo e o uso dos meios locais necessários para manter a missão ou empreendimento. Não se inclui aí a ideia de exploração industrial e/ou comercial. O termo correto para isso – “explotação” – só começou a ser empregado no Acordo da Lua, como se verá logo a seguir.

O Tratado do Espaço em momento algum se refere à explotação ou à exploração industrial e/ou comercial das riquezas dos corpos celestes e, por conseguinte, dos asteroides. Quem se ocupa disso é o “Acordo que Regula as Atividades dos Estados na Lua e em Outros Corpos Celestes”, conhecido como “Acordo da Lua”, aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral da ONU em 1979 e vigente desde 1984, mas hoje ainda com pouco apoio, ratificado por apenas 13 países e assinado por quatro.

Em seu artigo 1º, o Acordo da Lua estabelece que suas cláusulas “se aplicarão também aos outros corpos celestes do sistema solar, excluída a Terra”; em seu artigo 2º introduz o conceito, até então inédito, de “explotação da Lua”, o que equivale a dizer “explotação de todos os corpos celestes, inclusive os asteroides”; e, em seu artigo 8º determina que os países “podem desenvolver suas atividades na explotação e no uso da Lua em qualquer lugar de seu solo ou subsolo”, o que significa também que “os países podem desenvolver suas atividades na exploração e uso dos asteroides em qualquer lugar de seu solo ou subsolo”.

O artigo 7º, por sua vez, lavra um dever ecológico: “Ao explorar e usar a Lua (e, portanto. qualquer corpo celeste, inclusive asteroides) os países devem adotar medidas para  impedir o rompimento do equilíbrio existente em seu ambiente, seja pela introdução de modificações nocivas a este meio, seja pela contaminação perigosa por substâncias estranhos ao meio, ou de qualquer qualquer outro modo.” E “devem adotar também medidas para evitar alterações indesejáveis no ambiente da Terra pela introdução de materiais extraterrestres ou de qualquer outro modo”.

Se o Acordo da Lua se aplica aos asteroides, como parece claro, seu artigo 11, § 1, pelo qual a Lua e seus recursos naturais “são patrimônio comum da humanidade”, vale também para os asteroides e suas riquezas minerais. Para os asteroides, vale igualmente o § 4, pelo qual “o solo e o subsolo da Lua, bem como partes do solo ou do subsolo e seus recursos naturais, não podem ser propriedade de qualquer Estado, organização internacional intergovernamental ou não-governamental, organização nacional ou entidade não-governamental, ou de qualquer pessoa física; o estabelecimento no solo ou subsolo da Lua de pessoal, veículos, material, estações, instalações e equipamentos espaciais, inclusive obras vinculadas indissoluvelmente a seu solo ou subsolo, não cria o direito de propriedade sobre seu solo ou subsolo e suas partes; esses dispositivos não devem prejudicar o regime internacional referido no § 5 deste Artigo”. Esse § 5, de extrema importância, manda estabelecer um “regime internacional (...) para regulamentar a explotação dos recursos naturais da Lua, quando essa exploração estiver a ponto de se tornar possível”.

A mineração de um asteroide é, pois, bem mais complicada, politica e juridicamente, do que pode parecer à primeira vista. Não pode ser empreitada de uma ou mais empresas privadas apenas por decisão própria, ainda que controladas por seus países. Trata-se de atividade intrinsecamente internacional, com incalculável impacto global. Embora possa trazer recursos naturais fabulosos à Terra, é também capaz de afetar profundamente o mercado mundial de minerais e a economia do planetal, ampliando ainda mais a desigualdade entre os países. Por isso, ela não pode deixar de ser cuidadosa e rigorosamente regulamentada, não só pela legislação interna deste ou daquele país, mas sobretudo pela legislação internacional, com ampla participação de toda a comunidade de países.
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Testes do sistema de propulsão do Amazônia-1


INPE testa o primeiro subsistema de propulsão nacional para satélite

Segunda-feira, 04 de Junho de 2012

O teste do subsistema de propulsão do satélite Amazônia-1 será realizado nos próximos dias pelo Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Cachoeira Paulista. Esse é o primeiro subsistema de propulsão para satélite inteiramente desenvolvido no Brasil que entrará em órbita.

A qualificação de sistemas espaciais exige a prévia simulação das condições operacionais em órbita. No Banco de Testes com Simulação de Altitude (BTSA), do LCP/INPE, o subsistema de propulsão contendo um tanque de 45 litros de hidrazina, o combustível utilizado pelos propulsores, será testado simulando os mesmos procedimentos que o computador de controle de atitude e órbita usará no satélite no espaço.

A área do BTSA é fechada durante todo o período de teste, que tem início previsto para 11 de junho e prosseguirá por alguns dias. Bombeiros acompanham os procedimentos e os técnicos usam máscaras e vestimentas especiais durante a operação dos equipamentos. No teste em câmara de vácuo, os gases da hidrazina utilizada na combustão passam por um grande sistema de neutralização para tratamento e liberação na atmosfera sem toxidade.

O subsistema de propulsão da PMM, a Plataforma Multimissão criada pelo INPE para base de satélites como o Amazônia-1 e o Lattes, foi desenvolvido pela empresa brasileira Fibraforte com a coordenação de engenheiros do Instituto.

BTSA

Inaugurado em 1999, o Banco de Testes com Simulação de Altitude (BTSA) tem por finalidade principal testar propulsores utilizados em várias manobras espaciais, necessárias para o posicionamento e manutenção das órbitas de satélites e plataformas espaciais. Está dimensionado para testar e qualificar propulsores de até 200 N de empuxo, em um ambiente que simule as condições do espaço. O BTSA possui ainda um Laboratório de Análise de Propelentes - hidrazina, mono-metil-hidrazina, dimetil-hidrazina assimétrica, tetróxido de nitrogênio, entre outros.

O banco de teste, inicialmente projetado para testar propulsores individualmente, foi adaptado com inovações para testar o subsistema de propulsão com quatro propulsores ao mesmo tempo.

Além da novidade do teste do próprio subsistema, um dos propulsores está sendo testado com o catalisador nacional (reagente da hidrazina) fabricado pelo LCP, visando a independência de importação desse produto.

O comando e o controle dos vários equipamentos do banco de teste são feitos a partir de uma sala de comando, através de sequenciadores automáticos programáveis gerenciados por software, que controla o conjunto de vácuo, o sistema de refrigeração e um exclusivamente instalado para monitorar os propulsores e programar as sequências de tiro. O BTSA possui um sistema de segurança para o monitoramento da pressão na câmara de vácuo e de possíveis vazamentos de hidrazina no ambiente de teste.

Um sistema de aquisição armazena os dados relativos aos ensaios da campanha para posterior tratamento e análise. Alguns parâmetros mais importantes dos testes podem ser observados em tempo real através de imagens e dados em monitores.

Fonte: INPE
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domingo, 3 de junho de 2012

A posse de Perondi no INPE

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Saia justa e cobrança marcam posse do novo diretor do Inpe


02/06/2012


Arthur Costa / São José Campos

O novo diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Leonel Perondi, tomou posse ontem em cerimônia que reuniu a cúpula do programa espacial brasileiro em São José, com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e do presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), José Raimundo Coelho.

Perondi direcionou seu discurso de 45 minutos a Raupp e, em um texto de 11 páginas, apresentou as prioridades de sua gestão à frente do instituto e voltou a cobrar a necessidade de repor o quadro de colaborações do Inpe.

“Cada pessoa que se aposenta leva uma bagagem de conhecimento. Se não repormos, perderemos esse conhecimento. Nossa média de idade é de 54 anos”, disse Perondi. Ele salientou que seria necessária a contratação de 200 a 300 pessoas nos próximos dois ou três anos para manter a operacionalidade do Inpe.

“Marco Antonio Raupp já foi diretor do Inpe e presidente da AEB. José Raimundo Coelho atuou por muitos anos no Inpe. Assim, são profundos conhecedores das necessidades do programa espacial brasileiro e deste instituto”, disse o novo diretor.

Resposta. Raupp, que discursou depois de Perondi, reconheceu a necessidade de repor o quadro, mas destacou a importância de envolver a iniciativa privada neste processo.

“(A reposição é) absolutamente necessária. A situação do Inpe não é uma normal, mas o governo não tem condições de arcar com tudo isto, nem a sociedade quer encher as instituições com funcionários públicos. Quando falo de empresas parceiras, essas empresas vão contratar gente e participar do programa. Temos que renovar o Inpe”, disse Raupp.

Saia justa. O ministro finalizou seu discurso com uma frase que causou certa ‘saia justa’ e desconforto entre servidores presentes à cerimônia. “Perondi, tenha certeza de que (o Inpe) se integrando com o DCTA, com a agência (AEB) e comigo no ministério, vocês estarão bem”, disse Raupp.

União. O presidente da AEB adotou discurso mais conciliador e destacou a necessidade da integração de todos os órgãos envolvidos no programa espacial brasileiro.

“Essa ideia de subordinação (do Inpe à AEB) não faz sentido para mim. Sei trabalhar em conjunto e é isso que vou fazer. Não vamos escrever mais cartas sozinhos aos nossos superiores, mas em conjunto”, disse Coelho.

Prioridades. Entre os itens citados por Perondi em sua apresentação estão o fortalecimento da indústria brasileira nos projetos espaciais, o cumprimento dos prazos para lançamentos de satélites e a manutenção dos programas desenvolvidos pelo Inpe.

Reação. O SindCT (Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia) considerou o discurso de Raupp muito ‘otimista’ e agendou uma reunião com Perondi para a próxima semana.

“Perondi é um cientista capacitado, mas que está numa posição em que se vê obrigado a cumprir a política proposta pelo MCTI e pela AEB. (...) O Raupp, como mentor dessa nova política, tem uma leitura muito otimista desse modelo”, disse Ivanil Barbosa, presidente do sindicato.

Meta é satélite 100% nacional

O Brasil planeja o lançamento de um satélite 100% nacional na próxima década, afirmou ontem o ministro Marco Antonio Raupp. Ele planeja que o país adquira a expertise necessária para produzir os componentes com o sucesso dos programas do satélite geoestacionário, do Cyclone (em parceria com a Ucrânia) e do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélite).

“O DCTA está junto com a AEB trabalhando na possibilidade de parcerias com empresas internacionais e nacionais para ter capacidade para lançar um satélite médio. Temos vários projetos com empresas francesas, italianas e outras em estudo. Neste satélite de 2012 (geoestacionário), teremos 20% , 30% de composição nacional. No próximo (2019), será um número bem maior”, disse Raupp.

O ministro também falou sobre a necessidade de lançar entre 2012 e 2019 um satélite meteorológico. “Esta é uma reivindicação tão antiga quanto a do satélite de telecomunicações (geoestacionário). Temos que conseguir no governo essa aprovação”, disse Raupp. O custo estimado do satélite meteorológico é de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões.

Fonte: jornal "O Vale".

sábado, 2 de junho de 2012

SpaceX, Falcon 9 e o mercado de lançamentos


A grande notícia espacial desta semana foi a missão bem sucedida da espaçonave Dragon, desenvolvida pela SpaceX, em sua acoplagem à Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês), seguida de reentrada na Terra em 31 de maio.

A missão foi iniciada em 22 de maio, quando decolou do centro espacial de Cabo Canaveral, na costa oeste dos EUA, um lançador Falcon 9, também desenvolvido e construído pela SpaceX. Foi a primeira acoplagem de uma nave comercial à ISS, fato bastante comemorado pelo empreendedor Elon Musk, fundador e diretor-presidente da SpaceX. "Esta missão representa o início de uma nova era da exploração espacial, uma em que há um significativo elemento espacial comercial", declarou.

Apesar desta missão não ter relação direta com o mercado de lançamentos comerciais - tema frequentemente abordado pelo blog, há claros reflexos nesse setor. Foi o terceiro voo consecutivo bem sucedido do Falcon 9, aumentando a expectativa da empresa, que espera conquistar uma relevante fatia do mercado global de lançamentos, hoje dominado pela Arianespace e ILS. Esta não será, porém, uma tarefa fácil.

A SpaceX terá que se provar em seu próprio país, no mercado de lançamentos governamentais, num ambiente de ameaças de cortes orçamentários e também forte competição com a United Launch Alliance, que reúne as gigantes Boeing e Lockheed Martin. O lançamento de satélites e missões governamentais americanas, ressalte-se, é fundamental para que a empresa consiga o ganho de escala necessário para sustentar o preço de seus fretes - no caso do Falcon 9, 54 milhões de dólares, segundo divulgado pela provedora, enquanto que com competidores tal valor pode atingir cifras próximas de 100 milhões de dólares.

Apesar de declaração de concorrente, Jean-Yves Le Gall, diretor-presidente da Arianespace, resumiu bem a situação de sua futura concorrente, indicando que esta precisa se provar. "A SpaceX fala muito, mas eles não lançam muito. Isto é um fato", afirmou há cerca de duas semanas à Aviation Week.

Sobre os desafios que a SpaceX enfrentará, recomendamos a leitura do artigo "SpaceX: Will Elon Musk's Triumph Be Transformative Or Transient?", publicado na Forbes dessa semana.

Loral, Intelsat 19, e os painéis solares

Em 31 de maio, a Sea Launch, que busca se restabelecer no mercado de lançamentos comerciais, realizou com sucesso a colocação em órbita do satélite Intelsat IS 19, levado ao espaço pelo lançador Zenit 3SL. Sucesso no lançamento, mas falha na abertura dos painéis solares do satélite, construído pelo fabricante norte-americano Space Systems/Loral, anunciada hoje (2).

Trata-se de mais um revés para a Loral, que tem tido grande sucesso nos últimos anos ao assinar vários contratos para construção de satélites geoestacionários, com preços muito competitivos. No final do ano passado, a empresa foi contratada pela brasileira Star One, da Embratel, para a construção do Star One C4, com previsão de lançamento em 2014.

Não foi a primeira falha na abertura de painéis solares de satélites da Loral. Dois satélites, contratados por uma operadora brasileira, sofreram falhas parecidas, a mais recente, em maio de 2011 (veja a postagem "A "maldição" do Estrela do Sul").

O "inferno astral" da Loral não está limitado às questões técnicas. A empresa enfrenta também uma desgastante briga judicial com a Viasat, uma antiga cliente, que alega ter tido direitos de patentes infringidos pela fabricante. A Loral é também frequentemente citada como uma empresa à venda, o que resulta em certas restrições financeiras.
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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Preparativos para controle do Amazônia-1


CRC/INPE se prepara para controlar o satélite Amazônia-1

Sexta-feira, 01 de Junho de 2012

Nesta semana foi testado com sucesso o protocolo Space Link Extension (SLE), instalado no Centro de Controle e Rastreio (CRC) de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos.

O protocolo de padronização é necessário para o apoio internacional no controle de satélites e irá beneficiar as operações do Amazônia-1, em desenvolvimento pelo INPE. Para realizar o teste SLE, comandos foram enviados para o SCD-1, o satélite de coleta ambientais do INPE em órbita desde 1993.

O SLE é um protocolo definido pelo Consultative Committee for Space Data Systems (CCSDS), organização internacional criada em 1982 e que reúne as principais agências espaciais do mundo para definição de recomendações sobre operação, interoperabilidade e suporte mútuo de sistemas espaciais. O INPE é membro fundador do CCSDS.

Com esse protocolo, o INPE poderá contar com o apoio de outras estações de rastreio distribuídas pelo mundo para rastrear seus próprios satélites, como é o caso do Amazônia-1, e, da mesma forma, poderá prover serviços de rastreio para outras agências internacionais. Nas próximas semanas será testada a integração entre o CRC e a estação de Svalbard, na Noruega.

CRC/INPE

O Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC) realiza a operação em órbita dos satélites desenvolvidos pelo INPE ou em cooperação com instituições estrangeiras. O Centro está capacitado, ainda, a dar suporte a missões espaciais de terceiros. É composto pelo Centro de Controle de Satélites (CCS) em São José dos Campos (SP), pela Estação Terrena de Cuiabá (MT), pela Estação Terrena de Alcântara (MA), bem como pela rede de comunicação de dados e voz que conecta os três locais.

Fonte: INPE
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