sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Entrevista com Stéphane Israël, presidente da Arianespace

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Stéphane Israël, diretor-presidente da Arianespace, esteve ontem (12) no Brasil para assinar (veja a nota "SGDC: contratos assinados") com a Visiona o contrato de lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), integrando a comitiva do presidente francês François Hollande. Executivo com passagens no setor aeroespacial desde 2007, Israël assumiu a presidência da Arianespace em abril deste ano e gentilmente concedeu uma curta entrevista para a revista Tecnologia & Defesa e blog Panorama Espacial com um enfoque na presença da Arianespace no País e região e perspectivas para o futuro.

Com o SGDC, a Arianespace conquistou um novo cliente na região. Poderia falar um pouco sobre a história da empresa e sua presença no Brasil?

Deixe-me primeiramente dizer que estou extremamente orgulhoso e feliz pela seleção da Arianespace para o lançamento do SGDC, e dou boas vindas a Visiona, as suas acionistas Telebras e Embraer, a bordo do sistema de lançamento Ariane 5 e à comunidade de clientes da Arianespace. De fato, a Arianespace tem acompanhado este programa, anteriormente chamado SGB [Satélite Geoestacionário Brasileiro], por algum tempo, mas sempre com a confiança de que se concretizaria, estimulado pelo rápido crescimento do mercado de telecomunicações e pelo muito dinâmico setor espacial no Brasil.

Nosso histórico no Brasil é forte e remonta os anos oitenta com o lançamento do primeiro satélite de comunicações do País, o Brasilsat A1, a bordo de um Ariane 3. Desde então, lançamos com sucesso nove satélites para a Embratel, como operadora nacional de telecomunicações e posteriormente para o grupo privado Embratel - Star One. Entre 2014 e 2016, dois satélites adicionais, o Star One C4 e o Star One D1 serão lançados.

Obviamente, nosso objetivo é desenvolver nossa presença no Brasil mantendo nosso excelente relacionamento com a Embratel - Star One, nosso cliente histórico, e apoiando futuros projetos governamentais para comunicações, observação terrestre ou meteorologia. Graças a nossa família de veículos lançadores e à disponibilidade do Ariane 5, Soyuz e Vega no Centro Espacial da Guiana, podemos endereçar quaisquer necessidades. Então, estamos aqui com perspectivas de longo prazo.

O mercado de comunicações por satélite na América Latina tem crescido significativamente nos últimos anos. Como está a Arianespace na região e quais são as perspectivas para o futuro?

De fato, a América Latina é atualmente a mais dinâmica região do mundo em relação a comunicações por satélite, atingindo taxas anuais de crescimento de cerca de 10%. O crescimento na região é estimulado por grandes investimentos tanto em telecomunicações como serviços de TV, acelerados em razão do forte desenvolvimento econômico observado nos anos recentes.

A Arianespace acompanha os operadores latino-americanos em seus desenvolvimentos, tendo colocado em órbita 71% de seus satélites. Refletindo a importância da região, a atual carteira de pedidos da Arianespace conta com 11 satélites destinados à região. Isto ilustra o dinamismo deste mercado, e vários operadores, como a Hispasat, Intelsat, Echostar, DirecTV estão posicionando seus satélites sobre a região para servir este mercado em franco crescimento. Isto vem, é claro, em adição à Star One, que desempenha um papel principal como um forte operador regional com capacidades técnicas e comerciais amplamente reconhecidas. A Copa Mundo e os Jogos Olímpicos no Brasil são eventos que demandarão capacidade em curto prazo. Ainda, no longo prazo as dinâmicas estão aí para sustentar a demanda.

Alguns países latino-americanos estão adquirindo ou planejam adquirir satélites de sensoriamento remoto, um dos nichos explorados pelo Vega. Você vê oportunidades para missões do Vega na região?

Países latino-americanos estão desenvolvendo suas capacidades espaciais muito rapidamente, não apenas no campo das telecomunicações, mas também para sensoriamento remoto. A Arianespace lançou em 2011 o primeiro satélite chileno para observação. Muitos países da região, como o Peru, a Argentina e a Colômbia estão desenvolvendo tais capacidades. A Arianespace, graças a sua família de veículos lançadores, cuja confiabilidade não é superada, e que é capaz de lançar qualquer massa, a qualquer órbita e a qualquer momento, está estimulada a participar do desenvolvimento de tais infraestruturas.

Neste segmento de mercado também, a Arianespace espera ser parte do programa brasileiro de futuros satélites de sensoriamento remoto. Eu acho que as ligações existentes entre nossos dois países, como ilustrado por esta visita do presidente Hollande ao Brasil, permitirá uma cooperação frutífera neste campo de atividade. A França e a Europa têm tecnologias para melhor servir o Brasil, atender suas necessidades e mesmo possibilitar a cooperação para o desenvolvimento de capacidades locais.
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