segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Participação brasileira na missão europeia Plato

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Nova missão espacial europeia tem participação brasileira

Brasília, 24 de fevereiro de 2014 – Cientistas e engenheiros brasileiros de algumas das principais universidades e centros de pesquisas em astronomia do país participarão de forma ativa na missão espacial Planetary Transits and Oscillations of Stars (Plato), da Agência Espacial Europeia (ESA), com lançamento previsto para 2024.

Segundo o professor Eduardo Janot Pacheco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), e responsável pelo Comitê Plato no Brasil, a exploração de planetas em torno de estrelas além do Sol (planetas extra-solares, ou “exoplanetas”) é um dos temas mais interessantes da ciência do século 21. Ele explica que um dos objetivos desta pesquisa é descobrir e entender as propriedades de outros mundos semelhantes à Terra em nossa vizinhança.

Hoje, nenhum exoplaneta do tipo da Terra, situado na zona habitável e em torno de uma estrela semelhante ao nosso Sol foi descoberto e totalmente caracterizado. Plato será um pioneiro nesta busca por novos e promissores mundos.

As descobertas confirmadas de planetas parecidos com a Terra em distâncias comparáveis à da nossa e em torno de estrelas semelhantes ao nosso Sol, será produzido após terem sido recolhidos três anos de dados observacionais. Reunido em Paris, na França, à semana passada, o Comité de Programas Científicos (SPC) da ESA votou e escolheu Plato como a nova missão “M” ou “de porte médio”.

Brasil no Plato – Pacheco conta que entre os brasileiros que integram a missão estão engenheiros de algumas das principais universidades e centros de pesquisas em astronomia do país. Entre outras cita a USP, as universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN), de Minas Gerais (UFMG), do Rio de Janeiro (UFRJ), o Observatório Nacional (ON), a Universidade Mackenzie e Fundação Mauá de Engenharia.

Os cientistas brasileiros têm interesses em temas de engenharia, como sistemas eletrônicos (hardware) a serem utilizados no desenvolvimento dos softwares de voo e de controle de atitude, processamento embarcado de sinais e correções de “jitter” nas curvas de luz. Em astrofísica, assuntos dos mais variados serão abordados pelos brasileiros: sismologia estelar, estrelas variáveis, anãs brancas, rotação estelar, evolução comparada do Sol, galáxias próximas, e exoplanetas (determinações orbitais e marés).

O consórcio que conduzirá a missão é dirigido por Heike Rauer da agência espacial alemã, DLR. Ela prevê que o Plato abre um capítulo completamente novo na exploração de planetas extra-solares. “Vamos encontrar planetas que orbitam sua estrela na zona ‘habitável’, região que pode propiciar a existência de vida: são planetas onde se espera que exista água líquida, e onde a vida como a conhecemos pode ser mantida”, diz Rauer.

Plato medirá os tamanhos, massas e idades dos sistemas planetários que encontrar. Por isso, comparações detalhadas com nosso próprio Sistema Solar poderão ser feitas.

Interferência - Plato é um modelo de telescópio espacial completamente novo: ele usará uma rede de telescópios, em vez de uma única lente ou espelho. Utilizará também câmeras de alta qualidade, e terá a vantagem de observar continuamente a partir do espaço, sem a interrupção causada pelo nascer do Sol e sem sofrer os efeitos causados pela turbulência atmosférica. Isso permite que Plato descubra planetas menores que a Terra e com distâncias de suas estrelas semelhantes à distância Terra-Sol.

Pacheco lembra ainda que a missão Plato segue os passos do satélite franco-europeu-brasileiro CoRoT, o primeiro do qual a astronomia nacional participou, sobe a liderança da USP, e que já foi desativado. “O País adquiriu com isso know-how em engenharia de software espacial e participou fortemente dos avanços científicos em física estelar e na descoberta e análise de exoplanetas, usufruindo também de colaborações com cientistas europeus”, afirma o cientista.

“Os resultados e a experiência obtidos com o CoRoT balisarão as pesquisas com o Plato, que avançará na precisão que vamos obter sobre os novos exoplanetas, sobretudo os parecidos com a Terra, que são os mais interessantes para a astrobiologia”.

Fonte: Agência USP, via website da Agência Espacial Brasileira.
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