domingo, 9 de março de 2014

Lançadores: teste do Tronador II argentino

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Frequentemente, abordamos os planos da Argentina de desenvolver meios autônomos de acesso ao espaço, a exemplo do Brasil, com o VLS. Nos últimos anos, o projeto aos poucos tem avançado, com a realização de testes de pequenos foguetes da família Tronador visando o desenvolvimento de tecnologia e capacitações para a posterior construção de um veiculo lançador de pequeno porte, o Tronador II.

No início do mês, o diário "Clarin" publicou uma reportagem informando sobre a suposta falha da missão VEX 1A, discretamente realizada em 26 de fevereiro, em Punta Indio, coordenada pela Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE). Após sua ignição, o VEX 1A, monoestágio e com cerca de 14,5 metros de altura, teria subido apenas 2 metros e depois caído próximo a plataforma (esperava-se um apogeu de 16 km). A CONAE reconheceu a falha na decolagem, mas afirmou que o lançamento proporcionou o teste de subsistemas do veículo, classificando o de "positivo e exitoso".

Os argentinos optaram por desenvolver o Tronador II a partir do desenvolvimento de vários veículos experimentais (além da missão de fevereiro, outros cinco testes estão programados para os próximos anos), tendo o objetivo de ensaiar vários subsistemas a um custo mais reduzido antes de incorporá-los ao lançador final.

Polêmica com o combustível

Na quinta-feira passada (6), o "Clarín" publicou outra reportagem sobre a missão, desta vez noticiando que o combustível utilizado pelo foguete (hidrazina), seria "contaminante e cancerígeno". No mesmo dia, a CONAE divulgou nota dando maiores informações e divulgando as medidas de segurança que foram tomadas para evitar contaminações ou danos.

A nota da agência argentina também destaca que este tipo de combustível é utilizado por outros lançadores, como da família Longa Marcha (China), PSLV e GSLV (Índia), e também pelo Cyclone 4, da binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space. No caso do lançador ucraniano, os três estágios exigirão cerca de 180 mil kg de hidrazina e ácido nítrico em cada operação de lançamento.

De fato, embora ainda seja utilizada em alguns veículos espaciais, os projetos mais modernos têm buscado outros combustíveis, considerados menos poluentes e mais seguros. No meio especializado, existe uma piada de que "a hidrazina é um combustível que ninguém sabe o cheiro que tem, pois ninguém sobreviveu para contar"...
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