segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Amazônia, R-99B e satélites radares

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Semana passada, foi colocado no web-site de T&D uma pequena reportagem que escrevi sobre o Projeto Cartografia da Amazônia (para lê-la, clique aqui), iniciativa coordenada pelo SIPAM com o objetivo de eliminar os chamados "vazios cartográficos" da região amazônica.

A matéria não trata diretamente de projetos espaciais, mas enquanto eu a preparava, num telefonema para a coleta de informações, um funcionário do SIPAM comentou comigo o bem-sucedido trabalho da Força Aérea Brasileira (FAB) na checagem de dados sobre o desmatamento em 36 municípios amazônicos. Estes municípios foram, segundo os dados gerados pelo sistema PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsáveis por mais de 50% do desmatamento da região em um dado período, o que causou no meio deste ano uma polêmica entre o INPE e o governo do Mato Grosso, que contestava tais dados.

Diante da polêmica, a FAB foi chamada a ajudar. Usou para tanto os aviões R-99B, fabricados pela Embraer e dotados de vários sensores, inclusive um radar de abertura sintética (SAR), que "penetra" as nuvens, produzido pela canadense MDA (fabricante dos satélites Radarsat). Os sobrevôos para a checagem das áreas exigiram vários dias e custaram ao todo mais de US$ 1 milhão. Um satélite radar faria este trabalho em menor tempo e por uma fração deste valor.

No melhor cenário, sem problemas técnicos, orçamentários (e de licitações!), o primeiro satélite brasileiro com sensor SAR, o MAPSAR, só estará em órbita em 2014. Até lá, o INPE e os outros órgãos responsáveis por observar o desmatamento amazônico deverão confiar em satélites estrangeiros (o PRODES e o DETER ainda não contam com imagens produzidas por radares orbitais) e, em escala mais limitada, nos aviões da FAB.
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