segunda-feira, 9 de maio de 2011

Israel interessado em Alcântara?

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A edição desta semana da revista "Space News" traz uma interessante reportagem, intitulada "Israel Eyes Overseas Launch of Next Ofeq Spy Satellite", sobre as alternativas consideradas pelo governo israelense para o lançamento de seu próximo satélite "espião", o Ofeq-10.

Para evitar sobrevoar territórios de países considerados inimigos, os lançamentos espaciais feitos pelo país hebreu são executados no sentido oeste, sobre o Mediterrâneo, não se aproveitando, portanto, da rotação terrestre (de oeste para leste). Estima-se que esta trajetória implicaria perda de até 40% da capacidade de satelitização do foguete usado nas operações, o Shavit.

Curiosamente, dentre as alternativas analisadas, o texto cita o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, e dá a entender que a ideia seria operar o pequeno lançador Shavit, fabricado pela estatal IAI, a partir do Brasil.

De acordo com a reportagem, citando oficiais do Ministério da Defesa israelense, o interesse de Tel Aviv reuniria uma necessidade do governo (a de ter o satélite em órbita) com uma estratégia comercial, uma vez que o mercado aeroespacial e de defesa sul-americano tem se tornado bastante atraente. "É um mercado alvo com enorme potencial, não apenas no país, mas no restante da região", afirmou a fonte. O uso do centro de Alcântara poderia estimular e ampliar os laços comerciais entre os dois países, levando a uma possível compra pelo Brasil de satélites ou serviços de satélites de firmas israelenses.

Histórias sobre a eventual operação do Shavit em Alcântara, no entanto, não são uma novidade. Em meados de 2003, foram publicadas na imprensa internacional algumas notícias dando conta sobre um possível acordo entre o Brasil e Israel para a operação do foguete a partir do CLA. Apesar de discussões na época, o acordo, que envolveria outros tópicos de cooperação no campo espacial não avançou.

Há, contudo, grande interesse do lado israelense em ampliar seus laços com o Brasil nos setores aeroespacial e de defesa, motivado principalmente por questões comerciais. Empresas de Israel, como as estatais IAI, Rafael e IMI, e a Elbit Systems já têm negócios com as Forças Armadas brasileiras e, algumas delas, inclusive, presença industrial local e intensas atividades de prospecção. Em abril, durante a LAAD 2011, a IAI promoveu ativamente a sua linha de satélites de observação terrestre (óticos e radar), tendo em vista os programas do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), ambos do Ministério da Defesa.
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