Conforme divulgado pelo blog no último dia 24, a Agência Espacial Brasileira
(AEB) publicou o novo número de sua revista institucional, a "Espaço
Brasileiro". Dentre as várias reportagens, uma merece especial destaque, a
que trata sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Informações como a
responsabilidade pela administração do projeto, as áreas de competência da
Visiona Tecnologias Espaciais e o domínio de tecnologias críticas, dentre
outras, são abordadas com detalhes possivelmente inéditos.
O texto não tem um autor identificado, mas deve ser
lido como oficial do governo, tendo em vista a sua publicação em revista
institucional do principal órgão do Programa Espacial Brasileiro.
Abaixo, reproduzimos os parágrafos mais interessantes:
"Quem administra o
projeto? - O Comitê Diretor de Projeto (CDP) é seu mais alto nível decisório.
Ele aprova os planos, orçamentos, cronogramas. Seus membros representam os
principais interessados e clientes do projeto, isto é, três Ministérios: das
Comunicações, da Defesa e de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ao Comitê Diretor
reporta-se o Escritório de Projeto (EP), composto por órgãos técnicos do
governo: Agência Espacial Brasileira (AEB), Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), Ministérios da Defesa e das Comunicações e Telebras. O
Escritório de Projeto prepara a documentação técnica do projeto e acompanha o
seu cumprimento, nas áreas administrativa e técnica, mantendo permanente
contato com as equipes técnicas da nova empresa.
Áreas
de competência do consórcio - A nova empresa está comprometida a dominar
know-how, conhecimentos e tecnologias, sobretudo nas seguintes áreas:
-
Projeto dos elementos do sistema: satélite (plataforma e carga-útil de
comunicações) e segmento solo;
- Gerenciamento
de projetos complexos;
- Garantia de
qualidade, gerenciamento de configuração e análises de risco;
- Análise de
missão (órbita, atitude, lançamento);
- Engenharia de
sistemas espaciais;
-
Desenvolvimento de simuladores de alta fidelidade;
- Integração e
testes de equipamentos, subsistemas e sistemas completos;
- Suporte ao
lançamento e primeiras órbitas; e
- Operação.
Engenheiros
e técnicos residentes deverão permanecer nas instalações de cada empresa
fornecedora, acompanhando as revisões do projeto, testes, discussões e
análises, assegurando que o contrato seja cumprido dentro do prazo e dos custos
previstos.
Dominar
tecnologias críticas - Caberá à AEB, ao INPE e à nova empresa selecionar as
tecnologias críticas e estratégicas que o Brasil precisa dominar. Tais
tecnologias serão desenvolvidas - com financiamento da AEB e da FINEP
(Financiadora de Estudos e Projetos, do Ministério de Ciência, Tecnologia e
Inovação) - por companhias da indústria espacial - futuros fornecedores de
equipamentos, partes, materiais e processos da nova empresa.
A
estratégia de capacitação e absorção tecnológica, baseada no trabalho conjunto
entre a nova empresa e os fornecedores estrangeiros, bem como no
desenvolvimento tecnológico realizado pelas empresas da indústria espacial
local, permitirá que o segundo satélite de comunicações e outros satélites do
Programa Espacial Brasileiro sejam também desenvolvidos e integrados pela nova
empresa e pela cadeia produtiva espacial nacional, com apoio e participação do
INPE e de seu Laboratório de Integração e Testes (LIT).
Modelo para
outros projetos - A gestão multiministerial, com participação de empresa
privada industrial como prime-contractor (contratante principal), adotada para
a construção do primeiro satélite geoestacionário brasileiro, servirá de modelo
para outros projetos como, por exemplo, o do satélite meteorológico.
As empresas
integradoras fortalecerão as cadeias produtivas por meio de subcontratos com
empresas de pequeno e médio porte, além de incentivar o surgimento de novos
fornecedores e atrais parceiros de outras áreas industriais. Essas empresas
virão, ainda, preservar e usar as competências e infraestruturas disponíveis em
órgãos governamentais, como o INPE e o Departamento de Ciência e Tecnologia da
Aeronáutica (DCTA), para agregar valor e qualidade aos contratos comerciais.
Com esta nova
dinâmica, espera-se que o Brasil adquira independência tecnológica, algo
fundamental para o setor espacial."
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