terça-feira, 25 de setembro de 2012

Cooperação Brasil - Ucrânia: recursos humanos


Alunos da UnB fazem parte de mestrado na área espacial na Ucrânia 

25-09-2012

A falta de recursos humanos é um dos principais gargalos do Programa Espacial Brasileiro. O Brasil precisa de mão de obra especializada nos institutos, empresas e indústrias do setor. Mas, em breve, o país deve ganhar mais mestres na área. Os dez alunos da Universidade de Brasília (UnB) que foram à Ucrânia fazer parte do mestrado com foco na área espacial estão de volta ao país. Agora, eles devem terminar suas dissertações e defendê-las entre o final deste ano e o início do próximo. Assim, estarão habilitados a trabalharem em qualquer instituição brasileira que atua no setor aeroespacial.

Os alunos da UnB foram à Ucrânia praticar as teorias de construção de foguetes espaciais aprendidas em sala de aula. Ao todo foram nove meses entre cursos na Universidade de Dnipropetrovsk e visitas ao complexo Yuzhnoye SDO e Yuzhmash Machine Building Plant -empresas estatais que projetam e fabricam foguetes e satélites ucranianos.

Cada aluno tem uma área de pesquisa e por isso frequentou aulas e fez visitas a laboratórios específicos. “A diversidade em nossos campos de estudo foi tamanha que meu orientador ucraniano chegou a dizer que o grupo da UnB poderia formar um mini-bureau de projeto na área espacial”, conta um dos estudantes participantes do intercâmbio.

A única mulher do grupo, Adriana Correa, 27 anos, explica que os ucranianos desenvolvem foguetes e satélites há mais de 50 anos e, por isso, têm muito a ensinar. “Não teria a oportunidade de presenciar aqui no Brasil algumas das tecnologias que vi na Ucrânia. Mas nossos profissionais estão se desenvolvendo de forma rápida e em pouco tempo os alcançaremos”, acredita Adriana.

Rodrigo Gomes, 25 anos, foi para a Ucrânia desenvolver parte de seu projeto - um motor a propelente pastoso que será utilizado em satélites e também no terceiro estágio de foguetes. “O projeto foi bem sucedido e, juntamente com meu professor ucraniano, tenho um pedido de patente para esse motor”, conta o aluno. O pedido está em andamento na Ucrânia e deve sair em três ou quatro meses.

O mestrado começou, em 2011, no Brasil, com aulas que tinham como objetivo o nivelamento em conhecimentos avançados de engenharia e a formação específica em sistemas aeroespaciais. Para isso, os alunos cursaram disciplinas com conteúdo matemático e técnico nas áreas analítica, experimental e numérica, o que foi necessário para que conhecessem o vocabulário, especificidades e aspectos técnico-científicos do campo.

Para finalizar o programa de formação, os alunos farão a defesa de suas dissertações de mestrado. Segundo o coordenador do curso de Engenharia Aeroespacial da UnB, Manuel Barcelos, ao concluírem a pós-graduação, os estudantes estarão aptos a trabalhar para o Programa Espacial Brasileiro. “O conhecimento que adquiriram possibilita que eles trabalhem em qualquer empresa ou setor que envolva a área aeroespacial. Nosso programa espacial precisa de mão de obra formada e especializada”, afirma o coordenador.

O comitê aeroespacial da UnB deseja que o programa tenha outras edições. “Essa foi a primeira vez que mandamos os alunos para a Ucrânia e o resultado foi satisfatório”, afirma Manuel Barcelos.  “Já temos algumas  ideias de como ampliar o programa. Uma delas é levá-lo para outras universidades brasileiras”, conclui.

Histórico - A ideia de intercâmbio partiu da Embaixada da Ucrânia, que há aproximadamente quatro anos buscou a UnB para estreitar relações entre os dois países. A partir disso, foi criado um comitê formado pelos professores da UnB Geovany Borges, Carlos Gurgel, José Leonardo Ferreira, Manuel Barcelos e mais recentemente, o professor Paolo Gessini. O grupo fez uma visita à Universidade Nacional de Dnipropetrovsk e, em 2009, os reitores José Geraldo de Sousa Júnior e Nikolay Polyakov assinaram um acordo de cooperação.

Segundo o professor da UnB Paolo Gessini, o objetivo principal deste projeto é a formação de recursos humanos na área aeroespacial. No entanto, o professor garante que a troca de experiências também favorece o país do leste europeu. “Os ucranianos são muito bons em propulsão sólida e líquida, e nós somos muito bons em propulsão híbrida”, explica.

O programa foi financiado por uma parceria entre a Agência Espacial Brasileira, o CNPq, a UnB e a ACS.

 Conheça as áreas de pesquisa dos alunos:

- Estimação, determinação e controle de atitude de nano-satélites lançados em órbita baixa para sensoriamento remoto;

- Projeto de estação de solo para a comunicação e rastreamento de satélites com finalidade de envio de comandos e o recebimento de telemetria e dados de sensoriamento remoto;

- Desenvolvimento de ferramentas computacionais para a simulação de escoamentos sobre geometrias de foguetes;

- Estudo de propelentes líquidos utilizados na família de foguetes Cyclone e projeto de motor foguete líquido;

- Estudo e desenvolvimento de metodologia de projeto de lançadores;

- Desenvolvimento de ferramentas computacionais para a simulação e a predição da balística interna de motores foguetes híbridos;

- Desenvolvimento de motor foguete com sistemas de propelentes pastosos aplicada a estágios superiores de veículos lançadores, a satélites e a espaçonaves;

- Estudo da dinâmica e modelagem matemática de veículos lançadores;

- Estudo de diferentes materiais para a fabricação ou proteção de bocais aplicados em motores foguetes híbridos;

- Estudo de processos de soldagem e metalurgia da soldagem aplicados a foguetes.

Fonte: AEB
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